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sábado, setembro 17, 2005

Eleições na Alemanha

Reaganomics Revival: uma fatalidade degenerativa para o capitalismo europeu

A biografia do homem forte do Governo social-democrata de Schroeder, o “best seller”do ministro dos Negócios Estrangeiros Joseph Martin “Joschka” Fischer intitula-se “Uma Longa Corrida até Mim Mesmo” – onde conta, como no termo da sua juventude, o triunfo vitória do espartano sobre um estilo de vida excessivo lhe permitiu perder quarenta quilos de peso e tornar-se no mais ilustre dos maratonistas alemães. Esta pode ser tambem uma excelente metáfora para o fim da época dourada pós plano-Marshall que tinha erigido a Alemanha como motor da reconstrução da Europa.
A crise do capitalismo na Alemanha é grave – 5 milhões de desempregados, economia estagnada, (a Deutche Telekom, emblema do país, exibe um défice recorde), a aplicação desde 1998 do plano neoliberal de retoma (denominado Agenda 2010) - reforma que significa cortes no sistema de saúde e de pensões, liberalização das leis laborais tendentes a precarizar o trabalho, etc. – por fim, a “emancipação” germânica do alinhamento com Washington na aventura iraquiana, que esteve na origem da cisão entre a “velha e a nova Europa”.
Depois da dissidência de Oskar Lafontaine, estas eleições foram antecipadas por o SPD ter perdido o reduto da Renânia do Norte-Westfália nas eleições regionais de 22 de Maio.
O novo alinhamento do eixo Berlim-Paris-Moscovo para resolver a crise, fez repicar os sinos do Império, e logo o mais recente livro do ministro Fischer se apressou a colar os cacos das politicas neoliberais – “O Regresso da História- O Mundo depois do 11 de Setembro e a Renovação do Ocidente”. O presidente Bush visita Mainz em Fevereiro e promete os investimentos necessários para o projecto de fazer da Alemanha o Brasil da Europa. O solução ideal americana seria a que revertesse para um eixo Merkel-Blair que colocaria as rédeas da União Europeia nas mãos da Grã Bretanha-Alemanha – finalmente um apoio incondicional ao envolvimento no Iraque. A onda neo-conservadora sobe, mas é insuficiente para garantir uma solução neoliberal governativa maioritária. Está tácitamente decidida à-priori uma ampla coligação entre a coligação de Gerhard Schroeder (que inclui “Os Verdes”) e o partido democrata-cristão de Angela Merkel.
Neste sistema perverso,onde só é visivel quem a comunicação social mostra, o voto não decide nada, porque pela lei das probabilidades os eleitores ao Centro serão sempre maioritários. As decisões serão tomadas no pátio das traseiras das opiniões públicas.

A solução anti-capitalista – Oskar Lafontaine e o novo “Partido de Esquerda”
Do jornal Público:
“A demissão em Março de 1999 do homem forte dos sociais-democratas deixou o partido perplexo. Sociais –democratas e Verdes lamentaram a decisão do mal amado ministro. mas oposição e agentes económicos saudaram-na. Os mercados financeiros não ficaram indiferentes: o euro subiu face ao dólar na bolsa de New York. Lafontaine, conhecido por “Napoleão do Sarre” pela sua pequena estatura, o modo imperial e o amor pela França, assim como pelo temível contra-ataque e capacidade oratória treinada pelos jesuitas, conseguiu erguer os sociais-democratas e arrastá-los até à vitória depois de dezasseis anos de oposição a Helmut Kohl. Como bom táctico cedeu o seu lugar de candidato a Gehard Schroeder, o “marketing-man” do SPD, pois sabia que ele próprio como candidato a chnceler não teria hipóteses. O partido venceu em Setembro de 1998 e Lafontaine conquistou o ministério das Finanças, que transformou a seu gosto num “super-ministério” roubando competências ao da Economia. Algum tempo depois abandona as funções em profundo desacordo com o homem que ajudara a apear do poder o chanceler da reunificação. Muitos consideravam-no um politico “morto”. Ressuscitou nos movimentos de contestação contra a “desmontagem social” preconizada pela Agenda 2010. Previsivelmente a que virá a ser a terceira força politica na Alemanha, o "Partido de Esquerda" (WASG), que Lafontaine encabeça juntamente com dissidentes do SPD, sindicalistas e com o renovador-comunista Gregor Gysi, poderá não só impedir a coligação de centro-direita como também a reeleição de Schroeder”.
Uma pequena faísca, pode incendiar a pradaria.

Relacionado:
"EUROPA - Os (Des)Caminhos da Social-Democracia e o Avanço da Influência Norte Americana" por Ana Maria Stuart.

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