Pesquisar neste blogue

quarta-feira, março 19, 2008

Política Operária

“O capital não entregará o seu poder aos representantes de nenhum partido anticapitalista “democraticamente eleito” só para obedecer às regras do comportamento democrático e às “tradições democráticas”.
István Mészàros, “Beyond Capital”, 1995

“Está em curso o maior ataque de sempre do patronato português ao mundo do trabalho. Apoiados no “Livro Branco” sobre as relações laborais, governo e patrões iniciaram “negociações” com as centrais sindicais para modernizar as relações entre o Capital e o Trabalho, aumentar a produtividade e dinamizar a economia. A conversa é velha e foi inaugurada há trinta anos pelo Soares, quando introduziu os recibos verdes, uma praga que dizia “temporária” e excepcional. (O Pacote Laboral)
Sem perderem tempo, as associações patronais disseram ao que vinham, exigindo que a manifestação do simples desejo de renovar os quadros das empresas seja suficiente para despedir e que o “Livro Branco” é insuficiente: há que acabar com essa bizarria dos 14 salários anuais, dos 24/26 dias de férias, os contratos de trabalho, as 8 horas de trabalho vezes 5 dias.
Há que abolir o princípio de salário igual para trabalho igual, o pagamento de horas extraordinárias e reduzir as contribuições patronais para a segurança social; instituir a precaridade como única relação laboral e ter os trabalhadores disponiveis 24 horas por dia, conforme as necessidades das empresas.
As centrais sindicais dizem com razão que se quer fazer regressar as relações laborais ao século XIX. Mas, animadas do espírito construtivo, lá vão explicando que as coisas já não são como antes, que trabalho e salário garantido é coisa do passado.
E a vida segue tranquila, como se nada fosse. Um ataque desta envergadura exigia que sindicatos e partidos andassem a amotinar os trabalhadores, a incentivar a sua revolta, a exigir “Sócrates para a rua!”. Mas não. Escolheram combater nos gabinetes da concertação social e o jogo parlamentar.”
mas, embora não sabendo em que é que ele estava a pensar, a frase é de Paul Auster: "Tudo pode mudar a qualquer momento, inesperadamente e para sempre"
.

Sem comentários: