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domingo, setembro 21, 2008

a Morte de Wall Street (I)

Da queda do civilização ocidental, do uso do baton nos lábios do porco sugerido por McCain, ou ainda, de como o moço de estrebaria Obama não terá voto na matéria na coudelaria regida pelos donos dos cavalos,

Tradução livre do artigo de Mike Stathis publicado no “The Market Oracle

Porquanto não seja ainda oficial, o veridicto está em marcha. O Bear Sterns liderou a marcha da morte desde há uns meses atrás. Agora, a bancarrota do Lehman dá sinais de marca daquilo que acabará por fim na morte de Wall Street. Presentemente a Goldman Sachs permanece sozinha na medida que é a única empresa firme em Wall Street.
E que se passa com a Morgan Stanley? Enquanto não fôr mais que um banco comercial, como por exemplo o Citigroup ou o Bank of America, certamente não pode vir a ser considerado acontecer-lhe algo próximo do que acontece com o Bear Stern, Lehman Brothers ou acontecerá (possivelmente) com a Goldman Sachs. Há alguns meses, todos eles transitaram para o modelo de negócios de banco comercial como a Merrill Lynch.
Como para a Goldman Sachs, enquanto todos eles tentam safar-se pelo meio desta alhada, eventualmente todos ficarão bem sovados e/ou derrotados. Se conseguirem sobreviver à sua eventual desconstrução poderão passar apenas meia dúzia de anos nesta estrada para algo que ainda não se descortina completamente. Mas, nesta crise, ninguém de bom senso apostará em qualquer banco. Com certeza, todos mantêm os mesmos traumas em relação a Wall Street, apenas que agora a Bolsa será conduzida por empresas que são apenas quasi-Wall Street: os Bancos Comerciais.

Alan Greenspan

A legislação do "Glass-Steagal Act", promulgada em 1933, estabeleceu o FDIC e trouxe muitos outros controlos regulatórios ao sistema bancário. Na verdade, a lei foi concebida para prevenir a especulação. Mas este era um objectivo desmesurado, numa nação onde a indústria financeira comanda o espectáculo. Nestes termos, a lei não ajudou a reduzir a curva especulativa nem por um momento. Mas então começou a Era Greenspan. Nos anos 90, o maestro da Bolha elevou o sistema financeiro à experiência de uma “idade de renascimento” com toda a espécie de derivados exóticos e hipotecas apoiadas por empresas seguradoras a entrarem na fotografia. As mãos-fora de Greenspan conduziram a um Oeste Selvagem Financeiro, mas as coisas pareceram trabalhar bem. Hoje, sabemos que esse bloqueio de regulação conduziu à crise financeira. O mercado de derivados continua enormemente desregulamentado.

Clinton e o erro da lei Gramm-Leach-Bliley

Depois do Glass-Steagal Act ser revogado em 1999, através da passagem ao Gramm-Leach-Bliley Act, as coisas começaram a ficar fora de controlo. Esta lei removeu a separação prévia entre bancos de investimento e bancos comerciais estabelecida pela Glass-Steagal em 1933. Por isso, isto conduziu a muitos dos berbicachos que ocorreram a partir da Bolha das DotCom – levando em mãos os patetas alegres dos IPO,s (operações de abertura do capital das empresas a ofertas públicas) a seleccionar clientes e administradores de empresas financeiras a aterrar no negócio bancário, misturando-o com outros ramos de negócios... pensamos que toda a gente se lembra da história recente. Imediatamente depois, os bancos comerciais foram guiados até entrar no pesado comboio das DotCom. Como resultado, os bancos comerciais fundiram-se com os bancos financeiros de Wall Street e vice-versa. Traçar o curso destes bancos pode ser algo como seguir a familia dos ramos de uma árvore, a menos que se lembre quais são os acordos feitos. Por exemplo, o Chemical Bank comprou o Chase Manhattan depois da última experiência de perdas massivas no imobiliário na década de 90, mas manteve o mesmo prestígio e o nome da marca “Chase”. Alguns anos depois, o Chase comprou a J.P. Morgan. Mais ou menos pelo tempo da entrada em vigor do Gramm-Leach-Bliley Act, o Chase Manhattan absorveu a operadora Hambrecht & Quist para entrar no lucrativo campo dos IPOS,s e DotCom. Depois de diversas indecisões na finalização do nome, o Banco finalmente decidiu acrescentar atrás o nome Chase, mas mantendo o mais prestigioso J.P. no principio = J.P. Morgan Chase. Tudo parecia correr lindamente; na Era Clinton a economia parecia ser muito forte e toda a gente estava a fazer dinheiro; e assim foi até a realidade cair em cena. O colapso das DotCom engendraram uma série de problemas ameaçando as chances de Bush aí pelo final do seu primeiro mandato. Então a Casa Branca pôs-se a caminho da Reserva Federal e Greenspan tinha, como sempre, uma solução. Ele usou os Bancos para manter à tona uma economia gravemente doente. Depressa a especulação entrou em roda livre. Foi o regresso de novo da “Bolha das DotCom Virtuais” mas multiplicada por duas vezes; só que desta vez a coisa se passava com o imobiliário real e o sistema de crédito. Isso agora tornava claro que, se a lei Glass-Steagal não tivesse sido erradicada, a crise bancária corrente nunca teria ocorrido e o colapso das DotCom talvez não tivesse sido tão desastroso.

O estado de negação continua

Depois de se continuar a ver o desenrolar da crise – a Lehman, Merril, AIG e as muitas mais que estão para vir, podemos ir sonhando com o momento em que os Media, os economistas, Washington e os seus bonecos animados vão parar com as mentiras. Para já, todos permanecem firmes negando que temos uma depressão... “não, não há maneira de estarmos perante uma depressão como a de 1929, as coisas agora são diferentes”. Temos a FDIC, o desemprego não é assim tão alto”, etc. Mas quando vimos os maiores bancos mundiais e as empresas financeiras de Wall Street irem pelo cano abaixo – empresas que existiram durante décadas, algumas ainda muito anteriores à Grande Depressão e outras ainda com mais de 100 anos – coloca-se-nos a questão de saber o que estamos a ver com o permanente re-balanceamento da situação na América do Norte. Quando vemos a nacionalização da Fannie Mae e Freddie Mac – agências estatais criadas durante a depressão para prevenir que a devastação causada no imobiliário pudesse acontecer de novo – devemos começar a adivinhar que estamos de novo no estado inicial de uma depressão, mas que desta vez ela será ainda mais severa do que aquela que teve lugar nos anos de 1930.
Talvez uma vez que o “regulador” FDIC caia fora da massa monetária, possamos de novo ver luz no escuro. Mas num segundo pensamento, duvida-se disso. Continuamos sintonizados com a escuridão, porque conforme continuamos a constatar a devastação está longe de ter terminado; os casos da Washington Mutual, da AIG e da Lehman Brothers vieram confirmá-lo. Só a Goldman Sachs parece escapar ilesa. Porquê? – não perca o próximo episódio,,,
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