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quarta-feira, fevereiro 10, 2010

Capital e Religião (sem Trabalho) II

Segundo monsenhor António Barbosa, Ramalho Eanes, o insigne católico Conselheiro de Estado e mandatário de Cavaco Silva, não pertence à Opus Dei.
a conferir com a regra 191 de “O Caminho” consagrado na Constituição da Ordem religiosa em 1950: “…os membros supranumerários deverão observar sempre um silêncio prudente no respeitante aos nomes de outros membros; e nunca revelar a ninguém o facto de eles pertencerem ao Opus Dei… a menos que expressamente autorizado a fazê-lo pelo seu director espiritual local” - será por esta razão que o messiânico Cavaco é sempre tão parco em opiniões?

"Uma vez que fui abandonado e traído por aqueles que eu considerava como meus aliados mais fidedignos, não possso deixar de recordar as operações que empreendi em nome dos representantes de São Pedro... Eu providenciei financiamento, através da América Latina, para navios de guerra e outro equipamento militar para ser utilizado para contrariar as actividades subversivas das bem organizadas e temíveis forças comunistas. Graças a estas operações, hoje a Igreja pode gabar-se de uma nova autoridade em países como a Argentina, Colômbia, Peru e Nicarágua”. (Roberto Calvi, em carta à prelatura católica de Roma, 1981)

Edward Biberman - Pietá

Calvi foi um banqueiro italiano dissidente da Opus Dei que foi assassinado depois do escândalo financeiro da insolvência do Banco Ambrosiano (o banco do Vaticano) aparecendo enforcado em 1982 debaixo de uma ponte em Londres.
No julgamento do crime que as “autoridades” italianas iniciaram em 2005 (com a “justiça” muito conveniente- mente a funcionar apenas 23 anos depois) a defesa sugeriu que havia um grande número de gente com motivos para ter cometido o crime, desde oficiais da prelatura do Vaticano que queriam assegurar o silêncio do banqueiro até aos operacionais da Máfia que teriam sido os seus executores e cujos negócios passavam pelos depósitos no banco de investimentos da Opus Dei. Especialistas em “direito legal” que seguiram o julgamento afirmaram que os procuradores não teriam qualquer oportunidade de provar as suspeitas tanto tempo depois; um factor adicional seria o da ausência de testemunhas chave, umas de que se desconhecia o paradeiro, outras já mortas.
A partir dos anos 60 a Igreja católica (sigla técnica ICAR), sob influência crescente da Opus Dei, deixou de interditar a Maçonaria, cujo Grão Mestre do Grande Oriente em Itália era Licio Gelli (da Loja maçónica Propaganda Due) parceiro privilegiado do governo democrata-Cristão de Giulio Andreotti. Como se sabe a Maçonaria é uma associação semi-secreta formada por um grupo de pessoas declaradamente anti-marxistas – a Igreja/Opus Dei invadiu o movimento Maçon e colonizou-o, constituindo-se como uma rede secreta “de direito” que controla bancos e imprensa, fazendo espionagem através dos executivos dos principais partidos em prol da pirataria empresária sobre as obras públicas do Estado. Da combinação “ao modus operandi italiano” de suborno e protecção ao estilo da Máfia resultou na Itália dos anos 90 a célebre Operação Mãos Limpas (Operazione Mani Pulite) que desmantelou o sistema partidário no país, (onde não havia quase quase ninguém limpo) abrindo caminho à hegemonia da “Força Itália” de Berlusconi, em cujo regime continua a não haver ninguém limpo em redor do aparelho de Estado. Nos anos 80 Andreotti, o primeiro ministro da democracia cristã, tinha ameaçado matar Roberto Calvi, o que mereceu o remoque do alvo: “se eles me matarem o Papa terá de se demitir

Transcrição da página 321 do livro “O Mundo Secreto da Opus Dei" de Robert Hutchison: “O que dá à Opus Dei a sua importância é a influência que exerce a também autilização dos seus imensos recursos financeiros para espalhar o seu apostolado… A Opus Dei sabe muito bem que o dinheiro governa o mundo e que a hegemonia religiosa de um país ou de um continente está dependente da obtenção da hegemonia financeira (…) pela sua audácia a “Obra de Deus” atreve-se a fazer aquilo que outras ordens religiosas nunca sonhariam fazer: eles usam as mesma armas que os seus inimigos. Por isso contratam gente que considera indigna de respeito para que essas pessoas façam o seu trabalho sujo. (como por exemplo surripiar livros de contabilidade de bancos para empresas separadas onde o capital sonegado está a coberto de falência)… a Opus Dei faz distinção entre os seus membros e o resto do mundo. A instituição não tem receio de cooperar com gente de reputação duvidosa, escroques e até políticos socialistas. Mas a hierarquia da Opus Dei é cautelosa para garantir que essas pessoas não contaminem ou se aproximem demais da Obra. Uma vez usados lava deles as suas mãos, lança-os à mercê dos seu destino, abandona-os e despreza-os
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4 comentários:

Karocha disse...

Muito interessante, muito mesmo!
Eu estou rodeada pela Opus dei e Maçonaria.
Já entendi mais coisas.
Obrigada

Anónimo disse...

Como associações secretas com intervenção nos dominios politico-económicos não configuram como organizações terroristas?Bom ,nos EUA,também há os bons terroristas q são acarinhados e apreciados....

xatoo disse...

Acrescentei agora o link para conhecer a biografia do maçon italiano Licio Gelli:"começou a carreira sendo voluntário ao lado das tropas fascistas de Franco..."
http://en.wikipedia.org/wiki/Licio_Gelli

Karocha disse...

Obrigada xatoo.