Pesquisar neste blogue

terça-feira, outubro 31, 2006

efemérides em véspera de finados

Jorge Rodrigues, o autor de um dos melhores programas da rádio portuguesa, despediu-se por hoje com uma dedicatória triste: “De cinco em cinco segundos morre uma criança de fome no mundo. Os seus nomes ficam para sempre no anonimato. Para evitar que esta abjecção possa ser esquecida, dedicarei um “Ritornello” a cada uma dessas crianças. A de hoje chamava-se Jenifer Gonçalves e morreu de fome aos quinze meses com pouco mais de 4 quilos”

“Isto, de acordo com John Morely, é a experiência da Inglaterra ao trazer a paz à humanidade que sofre nos trópicos: “Primeiro entram de rompante em territórios onde não tinham negócios a fazer, e onde tinham prometido não ir; em segundo lugar, apercebem-se que esta intrusão provoca ressentimentos e, nestes paises selvagens, ressentimento significa resistência; terceiro, instantâneamente começa-se a choradeira que esses povos são rebeldes por natureza e que os seus actos são rebeliões contra a ordem (ao mesmo tempo que se assegura que não existe intenção de exercer um dominio permanente sobre a soberania deles; quarto, enviam-se reforços armados para pôr fim à rebelião; e em quinto lugar, depois de se ter espalhado sangue, confusão e anarquia, declara-se, de mãos postas para o céu, razões morais os levam a permanecer, porque se pretendessem sair, esse território seria deixado em tal condição que nenhum poder civilizado poderia ser formado. Estes são os 5 estádios do Progresso nas nossas estruturas do futuro”

David Starr Jordan, in “Imperial Democracy” 1899.

As pessoas escravizadas e alienadas degradam-se, mas o património livre e anárquico fluoresce

(...) “mas, o que foi e continua a ser um processo àparte é o exemplo do “Fidelismo”. A representação do magnifico sucesso da Revolução Cubana é uma fonte de esperança e inspiração para os povos em toda a América Latina. O que é ameaçado por Cuba é aquilo que o Presidente Kennedy e o Professor Schlesinger referem como sendo o sistema inter-americano. E o sistema inter-americano é apenas uma expressão eufemista que encobre o controlo da América Latina pelas corporações norte-americanas. O que é ameaçado por Cuba é a continuação da exploração dos povos da América Latina. E estes povos, inspirados pelo radioso exemplo de Cuba podem decidir subsistuir o sistema inter-americano do Presidente Kennedy por outro sistema. Um sistema de liberdade, de progresso, de socialismo. Eis porque o “Fidelismo” tem de ser esmagado. Esta é a razão porque nenhuns meios são considerados demasiado sujos para serem usados no processo de estrangulamento da Revolução Cubana”

Paul A. Baran, in “Cuba Invadida” publicado na Monthly Review em Jul/Agosto de 1961.

As pessoas livres fluorescem, mas o terrivel bloqueio que lhes movem obriga o património a degradar-se.

segunda-feira, outubro 30, 2006

os Cavaleiros da Tormenta

Há muito tempo atrás, alguém nos tinha avisado,,, que andavam a formar assassinos, para os lançar no nosso caminho

in memoriam - Brad Will, o repórter do Indymedia assassinado em Oaxaca no México.

O seu último artígo, publicado a 17 de Outubro intitulado “Morte em Oaxaca” reportava o assassinato de Alejandro García Hernández numa das barricadas instaladas pela Assembleia Popular dos Pueblos de Oaxaca (APPO) contra o governador neocon Ulises Ruiz e os grupos armados paramilitares que o apoiam na repressão. A luta continua, havendo a registar mais mortos desde a última sexta-feira, perante a indiferença dos meios de comunicação oficial e a indignação das opiniões públicas em todo o mundo.

Confrontados com a situação de pré-insurgência generalizada que se faz sentir no México desde que o pré-nomeado Governo sucessor de Vicente Fox pretendeu dar por concluido o processo fraudulento do último acto eleitoral - dos Estados Unidos,,, depois da decisão da construção do muro da vergonha numa extensão de mais de 1500 quilómetros na fronteira Sul, chegam vozes alarmadas (que gozo!) como a do senador neocon Pat Buchanann que diz que Bush poderá ser o presidente dos Gringos que ficará na História por perder (para uma possivel autonomia?) os Estados do sul da Federação: o Texas e o Novo México.

* Saiba como é o grupo mercenário paramilitar "Los Zetas" que aplica a "justiça neoliberal" no México.
* colabore na contestação: Bloqueio Electrónico das Embaixadas e Consulados do México nos EUA e Canadá.
* as ultimas 10 horas de resistência

* últimas notícias: Indymedia.México.org
.

domingo, outubro 29, 2006

Brasil Disney Corporation

dia de eleições no Brasil - inauguração da temporada de música neste blogue.
a disputa do Poder entre dois canalhas que se insultam mutuamente,
com o coro do Povo espoliado pela Corrupção em pano de fundo.


Canalhocracia
na "escolha" neoliberal entre a peste e a cólera não ficaram outras alternativas além de uma pseudo- escolha entre a mesma coisa; ou a opção 1- Lula e o povo mantém-se miserável mas sereno com umas esmolinhas, ou a opção 2- Alckmin e a rápida prossecução das privatizações, em nome de Deus cujo representante na Terra para a secção de negócios é a Opus Dei - qualquer das duas opções serve aos designios dos donos da Disneylândia que do exterior comandam as marionetas animadas - no sistema de alternância partidária que funciona como os interruptores eléctricos, consoante quem comanda os acciona, qualquer partido que se sente em governos reformistas conciliadores, será obrigado a fazer automaticamente uma politica de direita neoconservadora. Restam-nos soluções de ruptura. De imediato, a melhor solução nem é votar em branco - é a abstenção!. Se a grande maioria não votar, o "vencedor" vai fazer a conta aos votos que sobraram - 30 ou 40% dos eleitores, e concluirá que nunca por nunca poderá dizer que governa em nome do Povo.

relacionado:
"A Crise Estrutural da Politica", por István Mészáros
.

sábado, outubro 28, 2006

O Pão Nosso de Cada Dia

Our Daily Bread” é a única longa metragem apresentada no DOC Lisboa, e uma fortissima candidata ao titulo de melhor filme a concurso nesta edição de 2006.

adaptado do texto de Jorge Mourinha, no Público

“O título é para ser levado à letra. O austriaco Nikolaus Geyrhalter andou durante dois anos a recolher imagens em explorações alimentares industriais para dar a ver como é recolhida e processada a comida que consumimos diáriamente. Sem voz off nem diálogos, o filme deixa as imagens falarem por si e é capaz de fazer os espectadores sairem perturbados da sala ou jurarem que a partir de agora se tornam vegetarianos. Legumes, carne, peixe, fruta: pouco interesam as diferenças, tudo está automatizado de modo a poupar o esforço humano e a maximizar a rendibilidade de cada alimento, mas com o efeito irónico de desumanizar a mão-de-obra, reduzida ao mero estatuto de “máquina” que repete incessantemente os mesmos gestos para manter a linha de montagem a funcionar”
Portanto já sabe, a partir daqui não tem desculpa, de cada vez que entrar nas grandes superficies dos Hipermercados já sabe do que é que a casa gasta.
“Nikolaus Geyrhalter propõe ver-nos a nós, os humanos que inventámos a linha de montagem, como mais uma rodinha na engrenagem do “pão nosso de cada dia” – mas, entrando numa perturbante dimensão (quase paredes meias com o voyeurismo) fá-lo com um distanciamento glacial, ele próprio “quase desumano”, sem julgar nem tomar partido, mostrando-nos o que já sabemos mas preferimos ignorar, à laia de segredo de polichinelo. Our Daily Bread é uma espécie de apocalipse da natureza domesticada filmado em câmara lenta, enquanto os homens vão mastigando a sua sanduiche e bebendo o café na pausa para o almoço, como se não fosse nada com eles”. Ainda por cima, sempre de olho na omnipresente TV.

Nos "paises fast food" alimentam-se
"consumidores" como quem cria carneiros.

Nós somos aquilo que comemos? – então, nos "Países Fast-Food" as nossas sociedades precisam de novas ideias.




















À atenção daqueles que pululam pelos centros comerciais e se deixaram alienar como “consumidores” pelas luzes do grande consumo de massas, habilmente manipuladas pelo marketing das empresas: Existem alternativas para quase tudo - consumir de preferência produtos tradicionais produzidos localmente, onde as condições são mais facilmente verificáveis e de mais fácil controlo de origem e onde, além do mais, contribuem para o fortalecimento das comunidades locais.

quarta-feira, outubro 25, 2006

Sexus Politicus ou o Marialvismo

Para disfarçar, os jornalistas passam a vida a perguntar coisas. A um inquérito sobre qual devia ser o principal objectivo da nossa sociedade hoje em dia, 37% dos inquiridos responderam que deveria ser maior respeito pelos valores sociais e morais tradicionais, enquanto 24% sugeriam maior tolerância em relação a pessoas com diferentes tradições e estilos de vida.

Mas, se as pessoas pensam uma coisa nas intenções, se calhar na hora de votar riscam outra. Fazem lembrar os Fiéis atrevidotes que vão à missa ao domingo com a perversa intenção de darem beliscões nas “nalguinhas” às adolescentes casadoiras – impedidas de refilar por vergonha do padre.

Áparte os inconvenientes do moralismo, Santana Lopes, um dos mais famosos machos latinos tugas, está de volta à ribalta e, – por via de ter sido um dos ultimos participantes nas fatais reuniões do grupo Bildelberg – parece que estamos condenados a aturar a remake.

Bem pergunta o ICS quem são as Élites que mandam nos paises da Europa do Sul – e a resposta parece estar escrita na condição feminina, herança grego-latina de tradição cristã e contra reformista. O caso da Madonna que emprenhou de uma pomba é treta e parte imprtante dessa mesma herança medieval. Ao contrário do frio pragmatismo dos nórdicos, cá por baixo os Cavalheiros Rústicos de sangue quente, têm sido tudo menos pombas, e se tradicionalmente costumavam resolver de forma dramática os assuntos de credibilidade nos adros das Igrejas, são agora mais propensos a resolvê-los no Lux; nunca o slogan popular “putas e vinho verde” veio tão a propósito.

Viva il vino spumeggiante!



enfim, misturar Sexo, uma imagem sedutora e Politica de fofocas parece ser uma boa receita para se ter êxito em eleições – tanto mais quanto o eleitorado feminino supera os 50%. – e a discriminação fundada na ideia perversa de “sexo oposto” continua a dar frutos na baixa representatividade das mulheres nos cargos de responsabilidade a todos os níveis. Para dar alguma credibilidade a este post assim a atirar para o brejeiro (o discurso não é meu, é deles) aqui convém recomendar a leitura de “Mulheres, Participação e Democracia”, revista Ex-Aequo, edit. Afrontamento. Ou, "Políticas neoliberais e participação política e social das mulheres" escrito por Manuela Tavares.

E, passando ao lado de comédias como o "Esganarelo ou o Cornudo Imaginário" de Moliére, voltamos às Élites que governam,

Aznar confrontado com uma jovem jornalista que insistentemente procurava uma resposta por escrito sobre a questão Basca, não encontrou melhor saída do que enfiar-lhe a esferográfica pelo decote adentro.

Sobre “Sexus Politicus”, à margem do best-seller publicado agora em França, o NYT faz campanha eleitoral em terra alheia dizendo que Chirac teve um filho de uma amante japonesa e sugere que um putativo candidato socialista às presidenciais frequenta soirées sexuais libertinas. Afinal nas condições que pré-determinam as relações na sociedade parece que descobriram algo mais do que as fundamentais determinações económicas apontadas por Marx. É adquirido que andam por aí gajas no engate. No livro os autores, os jornalistas C. Dubois e C. Deloire contam, entre outras, a história de Edgar Faure que foi 1º ministro nos anos 50 que reconheceu que se antes algumas mulheres o recusavam, o facto de depois se tornar presidente do Conselho fazia toda a diferença deixando de lhe oferecerem resistência. Faure morreu na cama aos 79 anos a espernear entre as pernas da amante. Abençoado. Se alguma vez fôr a Fátima em viagem de auto-ressarcimento pelos meus pecados originais prometo que lhe vou acender uma vela Chanel em forma de pichota.









match the results in Diebold machines

terça-feira, outubro 24, 2006

Fronteiras resedesenhadas, questões redefenidas, religião secularizada



afinal Deus não morreu como disse Nietzsche, foi sequestrado pelo Império norte-americano.

A judia Madeleine Albright discorre em “os Poderosos e o Todo-Poderoso” sobre os Estados Unidos, Deus e o Mundo.
compreende-se:
"o dragão deu-lhe o seu poder, o seu trono, e grande poderio"

Gustave Flaubert morreu em 1880 sem ter concluido “Bouvard et Péchuchet”, o seu romance cómico e enciclopédico sobre a degeneração do conhecimento e a inanidade do esforço humano. Os dois personagens são funcionários e membros da burguesia que, por causa de uma herança de que um deles é beneficiário (alguém disse que a transmissão das heranças é que haveria de matar o sistema capitalista), se retiram da cidade para passar o resto das suas vidas “fazendo o que lhes apetecer”. Fazer o que querem, de acordo com Flaubert, significa para Bouvard e Pécuchet um passeio prático e teórico através da agricultura, da história, da quimica, da educação, da arqueologia e da literatura, sempre com resultados pouco satisfatórios; passam por várias áreas de erudição como viajantes no tempo e no conhecimento, vivendo os desapontamentos, desastres e abandonos de amadores desinspirados. O que eles percorrem, na verdade, é toda a experiência decepcionante dos últimos cem anos, nos quais “os burgueses conquistadores” acabam por ser as vítimas espalhafatosas das suas próprias incompetência e mediocridade niveladoras. Cada entusiasmo acaba por transformar-se num cliché aborrecido, e cada disciplina ou tipo de conhecimento passa da esperança e do poder para a desordem, a ruína e a amargura. Entre os esboços de Flaubert para a conclusão deste panorama de desespero encontram-se dois itens que aqui nos interessam especialmente. Os dois homens discutem o futuro da humanidade. Pécuchet vê “através de um vidro o futuro da humanidade obscuro”, enquanto Bouvard o vê “brilhante!” e diz:
“o homem moderno está a progredir, a Europa será regenerada pela Ásia. Na lei histórica segundo a qual a civilização se desloca de Oriente para Ocidente, as duas formas de humanidade serão por fim soldadas uma à outra”

Para uma pessoa que nunca viu o Oriente, disse Nerval a Gautier, um lótus é sempre um lótus; para mim é apenas uma espécie de cebola

Ora, para se inventar a si próprio e afirmar-se sobre uma amálgama de civilizações e culturas multidiversificadas grosseiramente reunidas sob a noção geral de “Oriente”,como se fossem uma só, o “Ocidente” sempre precisou de “maus": Kaddafi, Nasser, Khomeini, Bin Laden, Saddam... e ontem voltou o mullah Omar. Alguns ajudamos a criá-los, outros convertem-se em homens de Estado e outros são capturados para o espectáculo. A noção de supremacia e de superioridade foi sempre construída no processo de demonização: dos índios, espanhóis, mexicanos, negros, alemães, japoneses, soviéticos, sérvios, latinos, islâmicos, ou seja, de todos os que não são americanizáveis. (ver: Estados Unidos: Imperialismo e Guerra – uma Resenha Histórica)

Hello! I`m back!
Este tipo de pensamento prolonga-se pelas atitudes típicas do que viria a seguir, e por extensão ao que vem a seguir agora, por isso a actualidade das figuras que Flaubert satiriza. A noção de “regeneração” leva-nos, portanto e citando, de volta a:

“(...) depois de uma conspicua tendência romântica, após o racionalismo e o decoro do Iluminismo(...) voltamos ao drama absoluto e aos mistérios supra- racionais da história e das doutrinas cristãs e aos violentos conflitos e abruptas reviravoltas da vida interior cristã, voltando-se para os extremos de destruição e de criação, inferno e céu, exílio e reunião, morte e renascimento, tristeza e alegria, paraiso perdido e paraiso reconquistado. (...) Mas, visto que viviam, impreterivelmente, depois do Iluminismo, os românticos reviveram estas antigas questões com uma diferença: encarregaram-se de preservar a visão geral da história e do destino humanos, os paradigmas existenciais e os valores fundamentais da sua herança religiosa, reconstituindo-os de modo a torná-los aceitáveis do ponto de vista intelectual, bem como pertinentes do ponto de vista emocional, por enquanto”.

Flaubert, claro está, faz com que os seus pobres tolos se confrontem com estas dificuldades. Bouvard e Pécuchet aprendem por fim que é melhor não traficar simultaneamente ideias e realidade. A conclusão do romance é a imagem das duas personagens perfeitamente satisfeitas a copiar fielmente as suas ideias favoritas do livro para o papel. O conhecimento deixa de ter de se aplicar à realidade; conhecimento é aquilo que é passado silenciosamente, sem comentários de um texto para outro. As ideias são difundidas e disseminadas anonimamente, repetidas sem atribuição; tornaram-se, literalmente, idées reçues; o que é importante é que estejam lá, para serem repetidas, ecoadas e re-ecoadas acríticamente. Contudo, apesar do esforço dos neocons

De seguida, veremos como actualmente “o Ocidente se regenera” pela via Asiática – mormente pela re-invenção de uma Economia que vive, como sempre do mesmo sistema de trocas desiguais, e da importação de mercadorias fundadas sobre o trabalho escravo.
(continua)

segunda-feira, outubro 23, 2006

Hungria - benvindos à Nova europa - o reino do Poder institucional dos grandes mentirosos

Confesso que hoje de manhã quando vinha dali práqui, ao ouvir o noticiário da TSF, deu-me um tal ataque de riso que tive de encostar o pópó à berma para limpar a vista. A "enviada especial" do lado de lá, em Budapeste, no meio da manifestação sob ataque da policia teve de interromper a emissão engasgada pelos gases lacrimogéneos. Entretanto lá foi gaguejando que não sabia por onde andava o "nosso" presidente Cavaco. Se calhar, esganiçava-se ela, tinha sido dos poucos que tinha conseguido escapar do Parlamento onde duas dezenas de chefes de Estado europeus entraram para a celebração solene da "Declaração da Liberdade, 1956" e, tendo-se safo (safa!) por caminhos alternativos já estava em Lisboa, eheheh!! Entretanto na rádio continuava-se a ouvir em pano de fundo a bordoada de três em pipa e os ordeiros tirinhos disparados pela GNR lá do sítio, para desconvocar a missa dos não-crentes.

Os húngaros, claramente frustrados com os custos sociais da "transição", demoraram 50 anos para perceberem finalmente que não há nada a comemorar. Foram aldrabados, como nós o somos desde há três décadas.
O "portugal diário", que deve ter andado lá de bloco de notas em punho a assentar as filiações partidárias da turba, (eheheheh) dizia em simultâneo "que alguns milhares de manifestantes "de direita" (note-se: se calhar o Cavaco "pirou-se" pela porta das traseiras porque é de esquerda) circulavam na baixa de Budapeste reivindicando-se «os verdadeiros herdeiros de 1956 e não os que assistem às cerimónias oficiais», mas não disse, mas nós sabemos de fonte fidedigna que alguns veteranos da “Revolta Húngara de 1956" (patrocinada pela diáspora húngara nos Estados Unidos) se recusaram a apertar a mão ao primeiro-ministro Ferenc Gyurcsany, o Mentiroso que este ano aldrabou o programa apresentado a votos para poder ser eleito.
Afinal as reinvidicações populares até são simples: que haja honestidade básica!. O que é pedir muito, atendendo ao calibre dos bushexecutivos.

Entretanto, ali ao lado na Alemanha, sob uma forte cortina de silêncio da "comunicação social", lá como cá, após os grandes protestos de trabalhadores ocorridos no último fim de semana nas maiores cidades do país, a “Grande Coligação” neoliberal e os líderes sindicais trocam acusações mútuas sobre as mudanças que se pretendem levar a cabo no sector da Segurança Social e na Saúde.

domingo, outubro 22, 2006

"O microcrédito cria actividade e deixa menos espaço para o fanatismo"
Muhammad Yunus, prémio Nobel da Paz por ter inventado o Grameen Bank, mas,
o que Yunus não quis prever é que há já micro-empresários portugueses que, em vez de fechar a porta porque não têm outra alternativa de vida, preferem recorrer ao crédito para pagar o Imposto Especial por Conta. Eis como o Grameen Bank se transforma num instrumento eficaz de combate à pobreza,,, do Estado fanático.

Nenhum dos gurus da economia pensa que possa estar próxima do limite a actual euforia bolsista. A generalidade das bolsas assiste até a fortes movimentos de valorização, recuperando a totalidade das perdas verificadas recentemente, mas,,,

As Opas, Fusões e Concentrações são impulsos artificialmente injectados no sistema Capitalista para o fazer crescer podendo o organismo sentir a ilusão que continua a melhorar, embora a realidade seja outra. Assim um pouco como as doses de morfina são aplicadas a um doente com cancro em fase terminal (passe o mau gosto da comparação) imagina-se que com a aplicação destes truques se vive na verdade um cenário macroeconómico impar em termos de crescimento mundial e abundância de liquidez.
Descomplexificando a acção dos magotes de eruditos do economês diz um pachola americano (Michael D. Yates), com alguma graça, que tudo o que precisamos saber de Economia é como e onde encontrar motéis baratos e comida quente. Mas são precisamente estas duas coisas essenciais que se tem verificado ser cada vez mais difíceis de obter pelas classes médias, pelo menos entre nós, em que são os mais desafortunados que têm pago a crise, por via da sua crescente proletarização.



"É neste contexto que Manuel Alegre desafia o PS a tocar nos lucros dos bancos advertindo previamente que "já era socialista antes de ser filiado no PS" afirmando que:

"Os sacrificados são os mesmos de sempre"

Na entrevista concedida ao Diário de Noticias, questionado pelo jornalista se "ser filiado no PS não o amarra a situações em que preferia não estar" Alegre riposta que "neste caso, sim. Mas já uma vez suspendi o mandato para não votar uma revisão constitucional"
Vejamos então o que acontece, recordando a propósito que foi quando Santana Lopes teve esta mesma linda ideia de mexer nos lucros da Banca, que foi imediatamente corrido pelo presidente Sampaio. O mais certo é, como de costume, não acontecer nada.

"Um povo imbecilizado e resignado, humilde e macambúzio, fatalista e sonâmbulo, burro de carga, besta de nora, aguentando pauladas, sacos de vergonhas, feixes de misérias, sem uma rebelião, um mostrar de dentes, a energia dum coice, pois que nem já com as orelhas é capaz de sacudir as moscas; um povo em catalepsia ambulante, não se lembrando nem donde vem, nem onde está, nem para onde vai; um povo, enfim,(...)" poupo-me à transcrição do elogio feito na "Pátria" de Guerra Junqueiro no ano longinquo de 1896, para não pensardes que a memória do tempo vos atraiçoa, nada mudou, ou que o retrato não é de ontem, Outubro de 2006.

como diria o adjunto das facturas da electricidade
" se nada acontecer a culpa é tua e,
mais tarde ou mais cedo, hás-de pagá-las!


o Movimento Intervenção e Cidadania (MIC)

Quem participa no MIC não está sujeito a qualquer disciplina de grupo. Ora aqui está uma bela oportunidade para se gerar uma movimentação de cidadãos que obrigue o Poder a taxar a Banca. Quem compra um quilo de bananas paga 21 por cento de IVA; quem transacciona 5 milhões de euros não paga nada. Porquê? - é evidente que isto é assim, porque as decisões importantes que dizem respeito às nossas vidas são tomadas no exterior, e o governo que temos foi nomeado pela Banca Transnacional por interpostas pessoas: os eleitores. Voltando à receita tradicional do Guerra Junqueiro: "temos uma burguesia, cívica e politicamente corrupta até à medula, não descriminando já o bem do mal, sem palavras, sem vergonha, sem carácter, havendo homens que, honrados na vida íntima, descambam na vida pública em pantomineiros e sevandijas, capazes de toda a veniaga e toda a infâmia, da mentira a falsificação, da violência ao roubo, donde provém que na política portuguesa sucedam, entre a indiferença geral, escândalos monstruosos, absolutamente inverosímeis no Limoeiro […] enfim, temos "Um poder legislativo, esfregão de cozinha do Executivo" - (que agora se transferiu para Bruxelas e Washington). Fogo neles!!
(ou então, veremos como o MIC não será mais do que mais uma tábua de salvação para in extremis controlar o resssentimento dos atrevidos que põem o sistema em causa)

sábado, outubro 21, 2006

"Inside Man" o filme de Spike Lee é o objecto mais acessivel no entendimento do que é o sistema da Alta Finança (e por sinal um dos DVD,s mais vendidos, que entre nós dá pelo nome de "Infiltrado")
Repare-se contudo, aqui, como a mensagem principal do filme é ignorada pela maioria dos comentadores ao mesmo tempo que os aspectos secundários são realçados, para melhor os zurzir.
sinopse:
Dalton Russell (Clive Owen) e o seu grupo assaltam um banco em Manhattan, fazendo todos os clientes reféns. Porém Dalton parece mais interessado no conteúdo de um dos cacifos de depósito do que em dinheiro. Com o show off americano tradicional um alto aparato policial cerca e sela todo o quarteirão. Os detectives Keith Frazier (Denzel Washington) e Bill Mitchell (Chiwetel Ejiofor) encarregam-se das negociações com os sequestradores, sob pressão do capitão Darius (Willem Dafoe), um policia que está ansioso por "mostrar serviço" e invadir o banco. Entretanto, o director-geral da instituição, Arthur Case (Christopher Plummer), pretende certificar-se que o conteúdo do seu depósito não se torna público, pelo que contrata Madeline White (Jodie Foster), uma especialista com grandes ligações secretas com os centros decisórios politico-económicos para obter um acordo com o assaltante Russell. Todos introduzem peças de um puzzle intrigante, mas cada peça nunca é aquilo que aparenta ser. Por fim percebe-se que o essencial é salvar o envelope que contém documentação sobre o passado que poderia incriminar o Banqueiro Arthur Case, que oferece milhões ao assaltante, mas o principal obstáculo acaba por ser o de neutralizar o detective Frazier, mais obstinado em descobrir a verdade, que se recusa a condescender com "promoções" que o chutem para cima. No final policia e assaltante (que sai pela porta principal do banco) cruzam-se e trocam um piropo (na forma de um pequeno diamante deitado no bolso do detective); e o espectador que assiste ao espectáculo mediático, apercebe-se de como ambos parecendo ser importantes são peças insignificantes de uma engrenagem que lá muito do alto os transcende.

* Existem 6 clipes de video que podem ser vistos aqui.

sexta-feira, outubro 20, 2006

"ZIONIST FEDERAL RESERVE BANKING SYSTEM"

Quem faz o Dinheiro, faz as Regras

Em 1913 a América era uma país ainda mais ou menos Livre. Então, um bando de poderosos banqueiros sequestrou os ideais dos fundadores da Nação. Sigamos-lhe a pista desde a época imediatamente anterior:
- o Manifesto do Destino baseava-se numa Fé pré-determinada, expressa na crença que o povo dos Estados Unidos tinha sido eleito por Deus para comandar o mundo, o que em si já era um objectivo discutível, embora fosse ainda convocado em nome de "Nós o Povo", preceito que está expresso na Constituição.
- Nos anos 20 do século passado, quando o “judaísmo de esquerda” monopolizou a Alemanha, os banqueiros de Wall Steeet abriram o caminho para o “nacional socialismo” financiando Hitler.
- Desde então, a América nunca mais foi a mesma.



(ver mais)
para ver o video integral clique aqui - 14,42 min

terça-feira, outubro 17, 2006

a propósito da "rivolição"

A Câmara do Porto abriu um concurso para entregar a privados a gestão do teatro Rivoli, recentemente recuperado com dinheiros públicos. A autarquia não tem legitimidade, além da vontade politica, para a decisão que foi tomada de privatizar a gestão do Rivoli.
«A receita do Rivoli cobre 6% da despesa», justificou o presidente da autarquia de maioria PSD/CDS. Um grupo de manifestantes ocupou o teatro. «Iremos permanecer nesta sala até sabermos que garantias é que são dadas de que este equipamento acolherá um serviço público de qualidade e de diversidade, porque estamos a falar de cultura e não de batatas», disse Francisco Alves, do grupo teatral que procedeu à ocupação com a adesão imediata de manifestantes populares no exterior.

* "Eu gostava de estar aí no vosso lugar" - (ultimo comunicado dos ocupantes)

"Ó meu rico São João, viva o santo popular,
leva-me daqui o Rui Rio para a beira do Salazar"

Mudar o mundo sem tomar o Poder?

"Toda a forma de opressão desencadeia resistências e alternativas.‭ ‬Mas as alterntivas capazes de se transformar em movimentos sociais amplos e fortes têm raízes nas formas de‭ ‬construção da vida determinadas pelo sistema dominante.‭ ‬Porque a tarefa essencial que a maior parte dos seres humanos se coloca não é mudar o mundo – ‬e sim construir a sua própria vida,‭ ‬nas condições que lhe são oferecidass.‭ ‬E aqueles que, pelas suas condições materiais ou intelectuais, se tornam capazes de enxergar adiante,‭ ‬de vislumbrar o futuro possivel não deveriam esquecer-se da necessidade de construir este futuro levando em conta as necessidades de fazê-lo ‭para o superar,‭ ‬mas‭ ‬a partir do quotidiano da maioria. As novas formas de acção política sugeridas,‭ ‬convidam a repensar as estratégias de transformação social".
a ler:
Que formas de transformação social continuam actuais,‭ ‬na‭ “‬nova‭” ‬fase do capitalismo?‭ ‬Especulações para a Agenda Pós-Neoliberal‭ - publicado no site do FSM

sexta-feira, outubro 13, 2006

Guerra da Coreia part II ou o regresso do Dr. Strangelove

«I do think the North Koreans have been, frankly, a little bit disappointed that people are not jumping up and down and running around with their hair on fire», Condoleeza Rice ao "The Wall Street Journal"

"A República Democrática da Coreia não é o Iraque. Quando o Império ameaça o que eles dizem ser a “Coreia do Norte” esquecem as maiores pretensões dos coreanos (do norte e do sul):
- a conquista do direito a um clima de Paz,
o livre acesso à tecnologia nuclear para efeito de auto-suficiência energética e,
- a reunificação pacífica da Península Coreana,
onde, depois da Guerra da Coreia (1952-9953) dos americanos contra o Comunismo, se construiu a fronteira mais militarizada do planeta; um "muro de berlim" sem fim previsivel, ainda que não exista inimigo à vista.
Salvo quando se negoceia com o “inimigo” (Clinton tinha prometido vender-lhes (!) uma Central nuclear), qualquer pequena economia de regime planificado está sempre condenada a ser vilipendiada e banida por inconveniência ao “livre desenvolvimento do mercado” - parece contudo de descartar a hipótese de um ataque yanque, ainda que cirúrgico, que poria em perigo Seul e Tóquio. Logo, o polémico alarido que surgiu em tudo o que é órgão de info-propaganda social ocidental tem outro destinatário: a República Islâmica do Irão – outro empecilho no caminho dos empreiteiros da guerra nas obras em curso no Médio Oriente.


Pese embora o esforço dos cruzados da calúnia, estas têm um efeito boomerang engraçado no lado de cá – não passou um dia que não rebentasse um escândalo em Itália com mais de 50 deputados confessando ser viciados em crack, que levou à proibição de transmissão de um programa de televisão – e quanto a corrupção e tráfico de Armamento em Portugal estamos conversados:


"Outra vez a Coreia?"

* diz Wilfred Burchett na reportagem sobre a Guerra da Coreia que: «…sobre Pyongyang, em 11.7.52, revelou a Associeted Press se largaram 870 toneladas de bombas, 43.000 litros de “napalm”, 650 foguetões e que foram ainda disparadas 50.000 descargas de metralhadoras e canhões», o que traduz uma simples mas terrível amostra da mortandade e destruição efectuada pelo exército americano na Coreia, onde após a guerra «… a Coreia era um país destruído por completo – e no sentido mais literal da expressão. Quando a guerra deflagrou, a cidade de Pyongyang contava com 400.000 habitantes; no fim da guerra, havia dois edifícios intactos! Ainda lá se encontram hoje, como peças de museu». A destruição, na Coreia, atingiu de facto níveis inimagináveis, ao ponto de no final da guerra, um general americano ter afirmado que seriam necessários cem anos para reconstruir o país». Enganava-se redondamente! Passados dez anos, a Coreia renascia das cinzas e o povo coreano lançou-se na reconstrução das cidades, das fábricas e da capital, Pyongyang, transformando-a na agradável, calma e laboriosa cidade que é hoje, onde a par de inúmeros equipamentos desportivos e culturais, se desenvolvia, no ano 2000, a construção de mais um vasto, impressionante e moderno complexo habitacional. É um facto que a proliferação de armas nucleares deve ser travada. Mas os EEUU possuem-nas em grande quantidade, a Rússia, o Paquistão, Israel, a China, a França, igualmente, a Índia efectuou este Verão o “seu primeiro teste com um míssil com capacidade nuclear” e isto parece um facto normal, talvez porque «este novo míssil tem um alcance de mais de 3.000 quilómetros, podendo atingir alvos tão longínquos como Pequim ou Xangai». Será só uma questão de “alvos possíveis”??? - ou seja, todos podem – quase todos! – já que alguns – Irão e Coreianão podem sequer avançar na procura de fontes de energia, em princípio para fins pacíficos! (ler artigo completo aqui)


Foi lançado ontem em Lisboa um livro de reportagem do jornalista Ricardo Alexandre da RDP, que passou 3 semanas em Teerão e nos traz em "O Irão Nuclear" uma visão diferente do que é a realidade daquele país. Episódios como aquele em que entrevista uma feminista iraniana que, questionada sobre a liberdade da mulher, nos diz que as mulheres fumam e não andam cobertas por véus e que, apesar de certas restrições consentidas de carácter religioso, os crimes de violência doméstica não atingem metade dos valores que se verificam em Portugal.
Apesar do clima desmistificador do livro, caucionado pela presença no lançamento do jornalista Adelino Gomes, o prefácio escrito por Jorge Sampaio revela-se tendencioso nas “boas intenções” mormente quando se deixa tentar por aconselhamentos em tom paternalista à “teocracia iraniana”, nos capítulos dos “direitos humanos” da “liberdade das mulheres” e na “democratização do regime”. Que diria qualquer português de entendimento mediano se o presidente de 68,6 milhões de Iranianos se atrevesse a aconselhar os nossos bravos 10 milhões de cidadãos a dar uma valente vassourada na corrupção, na manipulação mediática da iliteracia, enfim, no economicismo que preside à definição de politicas nos bens essênciais de uso público que deveriam ser de igual acesso para todos? – e com que estranho ascendente se sentirá Jorge Sampaio para que este pequeno país de que foi presidente da República se arrogue a ter uma importância na cena internacional assim tão desmesurada relativamente à sua efectiva dimensão?

quinta-feira, outubro 12, 2006

o Imperialismo vai Nu








mau negócio é aquele em que todos perdem,,,
o objectivo falhado da dominação global - de John Bellamy Foster, edição Monthly Review




Aurora” (Sunrise, 1927) o primeiro filme americano do realizador judeu-alemão Friedrich W. Murnau, considerado “o mais belo filme de sempre”, passou recentemente na Cinemateca, depois de ter sido re-exibido no circuito comercial com um "ganda êxito". Numa época em que o inicio da industrialização apelava às migrações de mão de obra intensiva, o filme capta perfeitamente o contraste entre os valores e os estilos de vida citadino e do campo. No limbo entre o kitsch, a lamechice e o melodrama, é uma história de amor que seria banal, não fosse a forma magistral e intemporal como foi contada. Tão bem contada que a noção de felicidade ficou desde logo a insinuar-se como sendo apanágio exclusivo do homem branco.

Fora das nossas fronteiras da manipulação de imagens publicitárias repetidas exaustivamente como se fossem realidades, arrastam-se os “goyim”, uns seres tenebrosos que só estorvam a boa harmonia do mundo – porque quem não é consumidor, nem dá lucro aos investidores, não tem o direito de existir.
Ou senão,,, até tem, desde que concorde em se deixar reunir em rebanhos cosmopolitas para a sua exploração ser processada de forma eficaz, com o menor custo e economia nos artifícios e artefactos empregues.

“O império romano expandiu-se graças a dois princípios políticos: o preconceito de que todos os outros fossem iníquos - e que se tivesse que conquistar a vitória a qualquer custo. O primeiro princípio fornecia o pretexto para declarar a guerra; o segundo, para conduzir os conflitos a uma conclusão feliz”
Santo Agostinho – a “Cidade de Deus” livro IV

Basta substituir “império romano” por “EUA” ou “Israel” e chegamos à idade moderna

Angola 2006 – que futuro para quem não nasceu filho de dirigente politico?
Luanda. Cidade construída para 600.000 habitantes, actualmente com perto de cinco milhões de pessoas que estão condicionadas e impedidas de regressar às terras de origem, porque são necessários ali, para constituírem massa crítica para os negócios por atacado da máfia dirigente.
Contudo, há quem prefira,,, viver!, correr os riscos da liberdade, ao invés da segurança ad eternum da escravidão.

Numa terra onde falta tudo, que fazer? – “cumprir o programa de governo” - sonhar com carrinhos desde pikinino, agitar o máximo da parafernália consumista, e ir ao cinema que dá na televisão ver os X-man, claro

relacionado:
* “Vida e Morte do 3º Mundo

* ¿De quem é o séculoXXI? por Immanuel Wallerstein

quarta-feira, outubro 11, 2006

Mark Foley - os republicanos a braços com um escândalo de pedofilia

"As crianças que sofrem não devem ser proibidas de vir até mim; a elas está destinado o reino dos céus" - Marcos 10:14

Apesar dos ultraconservadores do partido de Bush terem despejado 60 milhões de dólares nas milicias activistas, os GOP, contra apenas os 12 milhões gastos pelos democratas, um escândalo de-destruição-macissa parece estar a modificar a opinião pública no "heartland" e a abalar a possibilidade dos bushecos renovarem a maioria no Congresso, nas próximas "eleições" de Novembro. (com aspas porque apenas 1/3 dos senadores são eleitos)

* a ler: "mais prejudicial do que a guerra do Iraque"

* Eleições nos EUA: Justiça e perversão e a perversão da justiça, por James Petras

terça-feira, outubro 10, 2006

A educação para lá do “desenvolvimento”

Hoje, a educação, cada vez mais subordinada à racionalidade económica dominante, ocupa um lugar central nas políticas sociais, mas o optimismo deu lugar à frustração e à incerteza.





Rui Canário,
no "Noticias da Amadora"

As mutações económicas e sociais do último quartel do século XX amplificaram o sentimento de desencanto com a escola, afectando de forma particular a juventude, para quem o prolongamento dos percursos escolares, concomitante com a desvalorização dos diplomas e a rarefacção dos empregos, transformou os sistemas educativos em gigantescos parques de estacionamento para a população juvenil. A retórica sobre a “educação ao longo da vida” e o crescimento quantitativo das ofertas de formação (de carácter recorrente e profissional) passaram a funcionar como uma máquina de distribuição de ilusões: o investimento individual na formação e o mérito de cada um seriam os garantes da sua “empregabilidade” e de um futuro de sucesso.
A incerteza que pesa sobre o conjunto dos assalariados repercute-se, por um lado, no aumento dos níveis de tolerância à injustiça e, por outro lado, no aumento dos níveis de sofrimento que afectam os jovens (a incerteza impede que se façam planos para o futuro), os que trabalham (sujeitos a ritmos e níveis de exploração que recordam os primórdios da industrialização) e a legião de assalariados condenados a uma inactividade forçada, por via do desemprego (“solução” que viabiliza o “emagrecimento” das empresas e o seu aumento de competitividade).
A educação não é um instrumento para viver, mas sim uma maneira de construir a vida. Por isso, o pensamento e as práticas educativas não podem dissociar-se de escolhas que, no contexto actual, se orientam para um projecto social baseado no ter ou no ser. Como escreveu Ivan Illich (1971) cada homem precisa de saber se opta pela riqueza material e por possuir cada vez mais objectos ou se prefere a liberdade e a autonomia de os utilizar.
(continue a ler mais, aqui)

segunda-feira, outubro 09, 2006

a história da Praça de Potsdam

a propósito do Dia da Alemanha e do Dia Mundial da Arquitectura, que passaram ambos esta semana

Antes de 1830 Potsdamer Platz era um parque natural com o nome de uma das portas da cidade de Berlim, para quem vinha ou ía para Potsdam, a antiga capital da Prússia. Graças à inauguração em 1838 da primeira linha ferroviária entre as duas cidades (20 quilómetros) a praça converteu-se num centro fulcral. Uma linha de metro de superficie (S-Bahn) e 31 linhas de eléctricos acrescentadas para distribuir o trânsito trouxeram o caos. Foi aqui que se inventou e foi colocado o 1º semáforo luminoso. No final da 1ª grande Guerra, no auge da Revolução de 1918-1919, foi também aqui, no dia 15 de Janeiro de 1919, durante uma manifestação operária, que a militante judia e socialista Rosa Luxemburgo e Karl Liebknecht foram presos e assassinados pelas milícias apoiadas pelo governo social-democrata. Depois de saneada a Esquerda radical, no dia 19 fizeram-se “eleições” debaixo de um clima de guerra civil. O SPD e os seus aliados que nestas alturas de aflição anti-democrática congrega à sua volta todas as tendências pró-Fascistas, fazendo sua a “vitória” exilaram-se para fora da cidade, em Weimar, onde fundaram uma nova república.
O corpo de Rosa foi atirado para o canal Landwehr, só sendo encontrado em fins de Junho. Em Março o companheiro, o militante comunista Leo Jogiches, também foi brutalmente assassinado. Os assassinos não foram condenados. A Alemanha passou a ser governada por eles.

Rosa Luxemburgo – a propósito da guerra promovida pela burguesia dos Ricos, tinha pronunciado palavras mais actuais do que nunca:
“O sangue corre nos caminhos,,, destes quatro anos de genocídio imperialista. Agora cada gota deste precioso sumo deve ser guardado em copos de cristal. Acção revolucionária decisiva e coração aberto numa perspectiva humanitária – estas duas coisas são o verdadeiro conteúdo do socialismo. O mundo deverá ultrapassar isto, mas cada lágrima derramada, mesmo que se pense que possa ter sido perdida, é uma acusação – e cada Politico envolvido em acções importantes, ainda que se situe na negligência do seu pobre gabinete, saberá que está cometendo um crime”.

No principio de 1923 uma extraordinária inflacção estava instalada na Alemanha – a menor unidade monetária era a nota de 100 mil marcos. Os preços aumentavam de dia para dia, por vezes em horas, e o valor do marco diminuía de forma vertiginosa. Os salários, que não aumentavam ao mesmo ritmo que os preços, eram pagos em cestos cheios de notas.

Em muitos lares, o dinheiro impresso, sem qualquer valor, servia apenas para ser utilizado como combustível nos fogões de cozinha. Por outro lado, tornava-se quase impossivel fazer pagamentos, porque o Banco Central, embora trabalhando por turnos, não conseguia imprimir a quantidade de notas necessárias, pese que a nota maior tinha o valor facial de 1 milhão de marcos. Se 1 dólar valia 4,2 marcos antes da guerra, no Verão a sua cotação ascendia a 1 milhão de marcos, e no Outono a 4.200 milhões de marcos. A terrivel perda de valor do capital aforrado e a inflacção galopante provocaram a proletarização maciça da classe média alemã. Em 1924 os “sociais-democratas” da Republica de Weimar concertaram o “Plano de ajuda Dawes” (do nome de um importante Banqueiro que ascendeu a Vice-Presidente Americano), foi fundado o Deutche Rentenbank e lançada uma nova moeda, o “rentenmark”. Cada nota passou a valer mil milhões de marcos antigos. Nestas jogadas, como sempre, enquanto a maioria do povo definha, as élites reinantes prosperam.

A partir de meados da década de 1920 a Praça de Potsdam viria a converter-se no centro da vida comercial e de divertimento de Berlim, com locais famosos, cafés ponto de encontro de artistas e intelectuais e vários hotéis de luxo. As meninas ambiciosas vendiam-se nos cabarets, os bordeis tornaram-se nos luxuosos pontos de encontro de diplomatas e da alta sociedade berlinense. "Money, money, money" a canção celebrizada em "All That Jazz" de Bob Fosse retrata fielmente o espírito que se vivia. A situação era de tal forma obscena que viu surgir o movimento artístico “Nova Objectividade” como principal contestatário da imoralidade da situação. É a época do nascimento do Império Químico-Industrial alemão: do cartel I.G.Farben, Badische Anilin, Bayer, Agfa, Hoechst, Weiler-ter-Meer, e a Griesheim-Elektron, da AEG do judeu Emil Rathenau, que depois da guerra apareceria do outro lado do Atlântico com o nome de General Electric (GE) como quase todos os outros grandes empórios. A primeira transmissão radiofónica da Alemanha foi daqui emitida em 1923 da Vox Haus. Por esta altura, a Banca, o Comércio, a Ciência, os meios académicos, os Media e a Cultura estavam todos quase exclusivamente nas mãos de interesses de Judeus, tivessem eles posições politicas de esquerda ou de direita.
Mas, por incrivel que possa parecer, o pior estava ainda para vir. Em 1929 estala a Grande Recessão em Wall Street à qual a “nova economia” alemã estava indexada.

"a Mãe protege as sementes impedidas de germinar"

A partir de 1924 a economia alemã, através do controlo do Banco Central, ficou sob supervisão das potências Aliadas. Dawes viria a receber o prémio Nobel da Paz e os alemães ficariam a trabalhar para sempre em alegre escravidão (vivendo e pensando como porcos) para pagar os juros da dívida, contraida pelos ricos.
Ao contrário da Esquerda que tinha sido dizimada, o Partido Nazi conseguiu chegar legalmente ao Poder por via eleitoral, depois de aturadas congeminações com os fautores da “Democracia”. Nas actuais condições , apostados em sacudir o jugo estrangeiro, o discurso só poderia girar em torno do Nacionalismo e do regresso ao modelo tradicional Continental de capitalismo auto-sustentado – por oposição ao modelo imperialista de expansão colonial Ultramarina, que de uma forma geral é o que subsiste no Pacto Atlântico.

clique para ampliar

O III Reich tinha também grandes ambições arquitectónicas para a capital do Império Mundial, a Germânia, cujo poder emergia. Albert Speer, o arquitecto do regime, de visita à França ocupada exultava: "quando nós concluirmos todas as obras em Berlim, Paris parecerá apenas uma sombra". Foi da escola de Speer o projecto de arquitectura, cedido a titulo de colaboração fraterna com o categorizado ministro das Obras Públicas e Presidente da Câmara, o projecto que serviu à edificação do Hospital de Santa Maria em Lisboa, e por extensão ao de São João no Porto. (são iguais)




Arquitecto Albert Speer: " estou fascinado
com esta oportunidade de poder construir
sem quaisquer restricções"


Vista do Arco do Triunfo na Alameda dos Trofeus de Guerra
para o Grande Palácio dos Povos, com a cúpula de 320 metros
de altura, projectada para a Adolf Hitler Platz


Em 1933 os grandes Banqueiros e Industriais apressaram-se a negociar com Hitler. Existe vasta documentação da colaboração dos Judeus com os Nazis. Como, por outro lado, existem provas de igual colaboração dos Judeus que preferiram transferir os valores financeiros para Wall Street, a verdadeira “terra prometida”. É famosa a história dos avós europeus da familia Bush e dos seus negócios com Hitler quando, desde a década de 20, o consórcio formado pelo Brown Brothers Bank em conjunto com a Averell Harriman, a familia Rockefeller, a Standard Oil, os DuPont's, os Morgan's e os Ford's criaram um fundo que permitiu o financiamento da máquina de guerra alemã. "It runs in the family". Mas parece haver um padrão na familia Bush em entregar dinheiro àqueles que mais tarde se revoltam contra a América.

Da bancarrota de Weimar, o regime Nazi evoluiu rapidamente e, depois do inicio da guerra, começou a transferir toneladas de barras de ouro para a Suiça, provenientes dos bancos centrais dos países ocupados e das vítimas “transportadas” para os campos de trabalho. Recentemente a “Societê de Banques Suisses” ainda admitia ter “adormecidos” desde o final da guerra, muitos milhões de francos suíços, invocando sempre o sigilo bancário para negar indemnizações às vítimas do espólio. As tropas americanas utilizaram depois o mesmo “modus operandis”, quando logo em Abril de 1945 transferiram da mina de Merkers na Turíngia, 220 toneladas de ouro não se sabe para onde; os campos de internamento para prisioneiros dos Aliados eram muito semelhantes aos dos nazis, e anos depois, os métodos de transporte de presos para as prisões da CIA, aqueles que têm vindo a público, não são assim tão diferentes dos métodos do III Reich.
Por alguma influência o Sionismo hoje é o programa politico do maior Império que jamais existiu sobre a face da Terra.

“Eu penso que este virus da guerra está tão profundamente implantado nos Alemães, que talvez no fim da guerra nós tenhamos de castrar todos os homens alemães, para que eles não continuem a reproduzir-se gerando mais homens que queiram fazer mais guerras”
Franklin D. Roosevelt


1945 - os americanos esbarram
com o Exército Vermelho

“Os corações páram de bater quando lemos sobre os raides aéreos sobre Berlim… eles não estão relacionados com as operações militares, então, não vemos nisso o fim para a guerra, mas o fim para a Alemanha” disse Bertolt Brecht em 1943.
Potsdamer Platz, como toda a cidade, foi quase destruida na totalidade pelos bombardeamentos aliados dos ingleses e americanos em Abril de 1945. A batalha final por Berlim, onde morreram 300.000 soldados soviéticos, é uma epopeia para merecer um capítulo à parte nos compêndios de História.
Depois de terraplanada, perante as divergências que se iriam tornar insanáveis entre os sectores Leste e Oeste, tornou-se um espaço aberto entre os dois campos em confronto, onde pelo meio viria a passar o Muro de Berlim. A praça vazia, terra-de-ninguém, foi o cenário do filme de Wim Wenders “As Asas do Desejo” rodado em1987. Na vida real jogava-se a Guerra Fria cujo fim em 1989 poderia sugerir que se iniciava uma nova Era de doce Paz sob os auspiciosos desígnios do capitalismo liberal. Mas como se está amargamente a constatar, após a queda dos regimes auto-sustentáveis do Leste, critique-se-lhes o que se lhes tenha a criticar, produziu-se um colossal retrocesso do nivel intelectual da humanidade no seu conjunto, ao mesmo tempo que se abrem as portas para uma era de barbárie incontrolável.

o Império das Corporações

O actual boom de construção na Potdamer Platz, começou a partir de 1992, onde já foram investidos mais de 25 mil milhões de dólares. Sintomaticamente o centro fulcral que se converteu actualmente no ícone da área é a grande praça coberta baptizada “Sony Center”, em redor do qual se congregam gigantes torres de escritórios de Multinacionais, hotéis de luxo, cafés e restaurantes. As duas torres norte, denominadas Centro Beisheim (do nome judaico do promotor), são de apartamentos de luxo; o maior deles foi vendido em 2004 por 5 milhões de dólares a um ex-emigrante nos EUA e é decerto o apartamento mais caro de Berlim. Mas, o edificio da mega-empresa germano-americana Daimler-Chrysler, resultado da unificação da fabricante alemã Daimler-Mercedes Benz com o maior fabricante americano Ford-Chrysler, é o melhor exemplo para mostrar que a fénix não renasceu das cinzas, e que o poder económico Imperialista, cujos agentes são normalmente mascarados de heróicos libertadores, não vieram por razões altruistas, antes como resultado da inevitável mega-concentração capitalista na sua lógica ilimitada de expansão. O revivalismo dinâmico de fachada arquitectónica modernista, (para embasbacar turistas), que aparentemente retornou é tão falso quanto o capital financeiro destes mega-monopólios é cada vez mais um valor fictício. É apoiado neste consistente vácuo que o IV Reich, o Império Americano faz a sua entrada em cena.

e quem volta, ou nunca deixou, de estar, novamente "in charge"? vejamos:
quem são os Judeus americanos em Posições de Dominação GlobalCom o judeu Henry Kissinger à cabeça, o maior criminoso do século XX, a sua homóloga de "esquerda" a judia Madeleine Albright, passando pelo verdadeiro "chefe" da Finança mundial o judeu Ben Shalom Bernanke que rendeu o judeu Alan Greenspan, até aos judeu Paul Wolfwitz que no Banco Mundial rendeu o judeu James D. Wolfensohn,,, William Kristol, Robert Kagan ideólogos do Projecto do Novo Século Americano, Randy Scheunemann, o braço direito de Rumsfeld no "Comité de Libertação do Iraque", Richard Perle e Daniel Pipes do "comité de libertação do Líbano", banqueiros como George Soros, Gary Goldberg, Richard Danzig, Mark Bloomfield, o CEO do Nasdaq Robert Greifeld - a lista no controlo da Banca, da Economia onde pontifica o judeu Joseph Stiglitz, da Politica, dos Mass Media, "Think Tanks", Fundações, Universidades, Corporações, Advocacia, Artes& Espectáculos com o judeu Steven Spielberg à cabeça,Cultura, etc - é impressionante e pode ser vista no:
"JEWS AT THE STEERING WHEEL"
que é só uma pequena amostra avisa-se no cabeçalho. A lista poder-se-ia estender por kilómetros nota-se,,,

* Depois dos EUA Israel é o 2º país com mais companhias a negociar em Wall Street. Além disso, e ainda mais importante, devem ser levadas em conta as participações Judaicas no capital social das empresas autóctones. Em 2004, as flutuações no mercado de acções em Israel tiveram uma correlação com o Nasdaq de 87%.
* A maior aquisição de sempre envolvendo empresas israelitas, levada a cabo pelo maior investidor mundial Warren Buffet, ao adquirir o empório Iscar num negócio de 4 biliões de dólares, prova que Israel é considerado um super-poder, com créditos firmados e bem cobertos no universo financeiro. 80% do valor do grupo situa-se em actividades no estrangeiro.
* Os Estados Unidos deram 108 biliões de dólares de ajuda a Israel desde 1949, passando a uma média de 2,6 biliões por ano desde 2001.

sexta-feira, outubro 06, 2006

revivalismo mediático de indole fascistóide

a RTP volta a adoptar o tom oficioso de “informação” com a mesma antiga competência que se lhe conheceu durante a ditadura. Para além do estilo das vozes em off que realçam com circunspecta gravidade as opiniões dos Chefes, temos investigadores e historiadores que quase nos obrigam a ver (como somos burros) o Portugal de sucesso que só os autores vêem (pela via remunerada dos cachets), como por exemplo aquele em que pela mão da apresentadora Filomena Mónica nos sugerem altas personalidades disto e daquilo. E vem aí a intransponível Maria Elisa com um género de Best-Of, dos melhores de Portugal. Para quando um programinha sobre as virtudes da juventude (ou mocidade?) Portuguesa?
"produtividade"
o artista judeu Erwin Singer, em “Os Escuteiros” (1932) enaltece
as virtudes da militarização do Trabalho no escutismo judaico.
Foi aqui que os Nazis se inspiraram para criar as Juventudes Hitlerianas.

Um dos autores deste género televisivo é o até há pouco desconhecido Rui Ramos, que inicia crónicas no jornal da Sonae deste modo: “Há-de ser duro, aos 50 ou aos 60 anos, ver desmoronar-se o mundo em que se viveu. Mas é talvez ainda mais duro, aos 20 ou 30 anos, ver desmoronar-se o mundo em que se ia viver”. Trompeteiro de fatalidades certas adquiridas, porque provocadas para as enormes massas excomungadas de Abril, o inefável Ramos encobre o admirável mundo novo que se está a construir para os poucos eleitos.

Recentemente opinou também o historiador* que “o 28 de Maio é comparável ao 25 de Abril, pois que também teve a “intervenção não partidária das Forças Armadas para conseguirem levar a cabo um plano de reformas”. Nos anos iniciais, informa, a ditadura esteve na mão de um “soviete de tenentes”, comparável ao Copcon, e viveu o seu PREC, “com confrontos constantes. Felizmente que o soviete de tenentes derrotou a revolta republicana de Fevereiro de 1927, caso contrário poderia ter havido uma guerra civil em Portugal”.
O 28M, uma prefiguração do 25A? Não digo que não. Se descontarmos, obviamente, umas pequenas diferenças – enquanto o 28 de Maio e o seu soviete de tenentes (?!) decapitava o movimento operário e liquidava as liberdades, ao serviço dos latifundiários, monopolistas e roceiros das colónias, o 25 de Abril restaurou as liberdades, abriu as portas à imposição de novos direitos pelos assalariados e reconheceu a independência das colónias. Ou seja: a sua semelhança foi serem antagónicamente opostos...
A utilidade das opiniões “fracturantes” de ideólogos como Rui Ramos é recordarem-nos a espécie de inimigo que defrontamos”.

* citado por Mário Fontes, na “Politica Operária” no artigo “28 Maio = 25 Abril”