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sexta-feira, outubro 06, 2006

revivalismo mediático de indole fascistóide

a RTP volta a adoptar o tom oficioso de “informação” com a mesma antiga competência que se lhe conheceu durante a ditadura. Para além do estilo das vozes em off que realçam com circunspecta gravidade as opiniões dos Chefes, temos investigadores e historiadores que quase nos obrigam a ver (como somos burros) o Portugal de sucesso que só os autores vêem (pela via remunerada dos cachets), como por exemplo aquele em que pela mão da apresentadora Filomena Mónica nos sugerem altas personalidades disto e daquilo. E vem aí a intransponível Maria Elisa com um género de Best-Of, dos melhores de Portugal. Para quando um programinha sobre as virtudes da juventude (ou mocidade?) Portuguesa?
"produtividade"
o artista judeu Erwin Singer, em “Os Escuteiros” (1932) enaltece
as virtudes da militarização do Trabalho no escutismo judaico.
Foi aqui que os Nazis se inspiraram para criar as Juventudes Hitlerianas.

Um dos autores deste género televisivo é o até há pouco desconhecido Rui Ramos, que inicia crónicas no jornal da Sonae deste modo: “Há-de ser duro, aos 50 ou aos 60 anos, ver desmoronar-se o mundo em que se viveu. Mas é talvez ainda mais duro, aos 20 ou 30 anos, ver desmoronar-se o mundo em que se ia viver”. Trompeteiro de fatalidades certas adquiridas, porque provocadas para as enormes massas excomungadas de Abril, o inefável Ramos encobre o admirável mundo novo que se está a construir para os poucos eleitos.

Recentemente opinou também o historiador* que “o 28 de Maio é comparável ao 25 de Abril, pois que também teve a “intervenção não partidária das Forças Armadas para conseguirem levar a cabo um plano de reformas”. Nos anos iniciais, informa, a ditadura esteve na mão de um “soviete de tenentes”, comparável ao Copcon, e viveu o seu PREC, “com confrontos constantes. Felizmente que o soviete de tenentes derrotou a revolta republicana de Fevereiro de 1927, caso contrário poderia ter havido uma guerra civil em Portugal”.
O 28M, uma prefiguração do 25A? Não digo que não. Se descontarmos, obviamente, umas pequenas diferenças – enquanto o 28 de Maio e o seu soviete de tenentes (?!) decapitava o movimento operário e liquidava as liberdades, ao serviço dos latifundiários, monopolistas e roceiros das colónias, o 25 de Abril restaurou as liberdades, abriu as portas à imposição de novos direitos pelos assalariados e reconheceu a independência das colónias. Ou seja: a sua semelhança foi serem antagónicamente opostos...
A utilidade das opiniões “fracturantes” de ideólogos como Rui Ramos é recordarem-nos a espécie de inimigo que defrontamos”.

* citado por Mário Fontes, na “Politica Operária” no artigo “28 Maio = 25 Abril”

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