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sexta-feira, abril 30, 2010

senhoras de seios fartos são potenciais terroristas

Segundo os tais especialistas raramente nomeados pelos media, que nunca se sabe quem são e muito menos as suas ligações, mas com 99,9% de certeza serão os senhores da intelligence, indicam de acordo com o jornal Telegraph que cirurgiões plásticos radicais no Paquistão poderão estar a colocar implantes mamários explosivos em diversas mulheres. Segundo o nosso camarada oVigia: "Esta parece ser pelo menos mais uma das lavagens cerebrais que os ditos ‘especialistas‘ anti-terrorismo, (ou será pró-terrorismo), se preparam para colocar no seu arsenal de medos injustificados, gerando eles mesmos o terror que não existe ou quem sabe sugerindo aos seus terroristas fantoches e à vista de todos, mais um meio para efectuar umas quantas false flags e atentados perpetrados e programados pela intelligence da qual fazem parte... (para ler aqui)
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quinta-feira, abril 29, 2010

O declínio da UE e de Portugal no mundo actual

O FMI acabou de divulgar as "Perspectivas da Economia Mundial: Reequilibrar o crescimento", onde apresenta

previsões até 2015
. Apesar da fragilidade dessas previsões elas revelam uma tendência clara de declínio da UE e de Portugal. Segundo o FMI, no período 1992-2001, a taxa anual de crescimento económico na Zona Euro foi de 2,1% e, em Portugal, de 2,9%. Mas a partir de 2001, certamente como consequência dos Pactos de Estabilidade, preocupados apenas com a redução do défice orçamental, a quebra no crescimento económico foi acentuada. Entre 2002 e 2009, a média das taxas anuais de crescimento na Zona do Euro baixou para 1%, e em Portugal para apenas 0,4%. As previsões do FMI para o período 2010 -2015 revelam que o declínio vai continuar, já que a média das taxas anuais de crescimento neste período será apenas 1,4% na Zona do Euro e de 0,8% em Portugal (quase metade). Se compararmos as taxas de crescimento económico previstas pelo FMI para o período 2010-2015 para a Zona do Euro (1,4%/ano) e para Portugal (0,8%/ano), com as previstas também pelo FMI para as "Economias Avançadas" (2,3%/ano) e para os EUA (2,7%/ano), conclui-se que os desequilíbrios mundiais vão-se acentuar. E isto porque as taxas de crescimento económico das "Economias avançadas" e dos EUA são quase o dobro das previstas para a Zona do Euro, e o triplo das previstas para Portugal. E isto já para não referir a China com taxas anuais de crescimento que se situam entre os 9% e os 10%. O declínio da U.E. e, com ela, de Portugal é evidente no mundo actual e vai continuar a um ritmo acelerado se persistir na mesma politica. (Eugénio Rosa, no Resistir)

pela 1ª vez na História a Europa não está no centro do mundo

Tal como aconteceu na bolha financeira asiática ao tecido produtivo do Japão em 1994, desta vez trata-se de ser a Europa a pagar a crise global. Portugal, tal como outra qualquer nação dependente de patrões, crédito, investimento e clientes, está equiparado a uma qualquer empresa multinacional cotada em Bolsa (que precisa de aumentar as vendas); Como na óptica neoliberal funciona mal (custos exagerados de gestão, taxas fiscais caninas aplicadas sobre o consumo e valores irrisórios para taxar sobre a produção) a empresa cada vez mais se desvaloriza. A crítica económica para resolver a crise não deve por isso ser dirigida aos poderes instituidos que sempre tiveram a liderança do processo. Para a saída da crise, na óptica dos trabalhadores, só será válida e eficaz a crítica à essência do capitalismo
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quarta-feira, abril 28, 2010

evocação pagã ao Deus da burguesia inválida

"o momento é crítico" (Teixeira dos Santos)

Deitamo-nos exaustos pelo esforço na arte de tentar compreender o mundo (ontem no IndieLisboa "a Religiosa Portuguesa" na Culturgest). Acordamos com as parangonas dos jornais difundindo o alarme para o facto de esta manhã tudo estar pior.
"Os juros da dívida portuguesa já superam os dos gregos quando pediram ajuda" (Público); e o remédio receitado pelos mesmos que criaram a dívida (nao são "especuladores estrangeiros") é reunir os dois actuais clones PS/PSD para concertar um pacto de regime destinado a agravar ainda mais as condições de exploração de todo o povo português. Ontem a sessão na sala principal da Culturgest começou atrasada.
Motivo: a atribuição do prémio Pessoa a um Padre com obra em Teologia - é mesmo disso que precisamos, premiar o autor dos inovadores sites "www.passo-a-rezar.net" e "Curia online". Mais de uma centena de convidados luxuosamente enfarpelados ocuparam o salão de alcatifa vermelha com a respectiva corte de chauffeurs e viaturas de alto gabarito à porta.

Programa do evento onde se distinguiam num rápido à voile du vieux entre outros habitués Cavaco Silva, Ferreira Leite, a ministralha do costume e as respectivas câmaras de televisão: 19 horas, Recepção dos convidados e cocktail. 20 horas, Inicio da cerimónia de entrega do prémio por sua excelência. 20,30, Apontamento musical por um quarteto da Metropolitana de Lisboa de excertos da obra "Quotuor pour la fin du temps" englobando os andamentos "Lounge à l`éternité de Jésus" e "Foullis d`arcs-en-ciel pour l`Anje qui annonce la fin du temps". 21 horas, Jantar de Gala - estamos em crise? - não se nota. Para último fica a citação do intermezzo VI "Dance de la fureur, pour les sept trompettes". Dir-se-ia não sete nem 70 ou 700, 70 mil 700 mil ou 7 milhões de trompetes para varrer a chusma de cena. Enquanto o povo não tomar em mãos os instrumentos e seja livre de os tocar qualquer hipóteses de reconstrução do país jamais será possivel
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terça-feira, abril 27, 2010

a sociedade civil alvo de ataque

não há chafurdices financeiras grátis (Howard Davies)"

A History of Central Banking in Great Britain and the United States" (John H. Wood)


"Banking on the Future: The Fall and Rise of Central Banking" (Howard Davies)

A seguir à declaração de George W. Bush da “Guerra Global contra o Terrorismo” na sequência dos “ataques” em 11 de Setembro, os lideres políticos em todo o mundo introduziram um pacote de medidas contra-terroristas nas legislações nacionais. Muitas vezes uma misturada confusa e imposta à pressa, não compreendendo que a percepção pública num Estado forte não responderia a leis tão extraordinárias redigidas de forma ambígua que desavergonhadamente ultrapassam os mais básicos direitos democráticos. (Civil Society under Strain). Em muitos países (como no Paquistão) a introdução de tais medidas teve um efeito contrário: desencadeou um clima de medo e suspeição, danificando todos os esforços dos actores das sociedades civis no esclarecimento da verdade e tomada das opções democráticas subsquentes. Pois bem. É isso mesmo que se pretende. Facturar com base numa falácia inicial sobre uma nova forma de acumulação capitalista baseada na “sociedade militar” e no estado de excepção permanente.

Guerra contra a Democracia

Recorde-se que a nível interno dos EUA, logo a seguir ao nunca cabalmente explicado atentado de Oklahoma cujo aniversário passou recentemente, o Congresso aprovou uma série de medidas legislativas que restringiram as liberdades individuais. Recentemente mais 2000 fotos do 11 de Setembro foram tornadas públicas. Novas observações suscitam um reavivar da questão das investigações, concluindo-se:
1. Aquilo que apresentaram como “investigação oficial” foi uma vergonha!
2. Existem evidências de pontos onde se verificam explosões múltiplas durante a derrocada dos edifícios
3. Os governos e os “Mass Media” continuam a insistir em mentiras sobre estes factos, marginalizam as noticias inconvenientes e diabolizam os investigadores.
4. As demolições foram usadas como pretexto para invadir o Afeganistão e o Iraque sendo o próximo objectivo outra guerra ilegal contra o Irão.
É este o triste estado dos negócios do complexo politico militar global sob a direcção do Império. Se o 11/9 não for questionado, qual será a próxima atrocidade a ter lugar?

o 11 de Setembro foi sem dúvida a acção decisiva da última década. Ele deu ao Governo/Pentágono “justificação” para:
1. Lançar guerras intermináveis no Sudoeste da Ásia, cujo custo já é maior que o dispendido pelos EUA na 2ª Grande Guerra.
2. Restringir as liberdades individuais e criar Estados dependentes num grau que todos julgaríamos impensável há apenas uma década atrás



Enquanto a CNN descrevia a coisa como "fumarada", o que estávamos a ver era o remanescente dos pilares da estrutura metálica da Torre Norte a serem convertidos em pó...
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segunda-feira, abril 26, 2010

Abril, Old Regulations e Pensamento Sistémico

a ideia que o Presidente não governa * é a maior falácia da actualidade

Mais de 50% do Orçamento dos Estados Unidos vai directamente para despesas com as Forças Armadas (1) - portanto malta intoxicada e moribunda pelo uso excessivo de "abril", sejam responsáveis de um país aliado, tenham lá cuidado com aquilo que pedem ...

Em 19 de Março a taxa de juro para créditos portugueses estava nos 4,30%. Um mês depois está nos 4,58%. Em vésperas da Grécia meter o FMI no negócio monetário do Euro (cobrando mais 4,5% a somar aos 4,50% do BCE)… “os juros das obrigações a 10 anos subiram para 7.89% alargando para um novo recorde o fosso para a dívida alemã (482 pontos base). No Portugal de Cavaco desde 2006 duplicou o número de trabalhadores que recebem o salário mínimo. O desemprego aumentou. Enquanto as condições se degradam, o trabalho precário enriquece os novos negreiros da oferta de mão de obra temporária… e o Estado preocupa-se com o facto dos reformados não gastarem as magras pensões a fazer turismo europeu… Hoje mesmo a dívida portuguesa continua sob forte pressão e os juros saltam para valores máximos e o "spread" já supera os 200 pontos base - o que significa (3) aumento do crédito existente para valores descomunais e novos créditos em condições quase impossiveis de obter...

A gravura que representa os prussianos jogos de poder ilustra um artigo saída um destes dias num jornal pelo qual se pretende fazer crer que o que nos acontece tem a ver com a escolha de “maus dirigentes”, qualidades de liderança de bons lideres na visão do mundo e a traçar rumos, selecção acertada de colaboradores e chefes rigorosos nas direcções executivas.
Mas a chave para compreender as grandes determinantes no que nos acontece não está nos dirigentes que trabalham nos ateliers de proximidade e que seguem regras segundo velhas regulações. Para se compreender o que nos acontece é preciso estudar a evolução das estruturas globais complexas onde o Poder local nos integra – é preciso o estudo Sistémico (2) dos níveis de organização, equacionar a emergência de novos níveis de pressão na sociedade – “os tecidos e órgãos de um mesmo corpo são solidários entre eles; Se um ou dois sofre uma transformação ou uma mutação, todos os outros reagem e se reorganizam harmoniosamente de forma a que a vida continue. A solicitação do mais pequeno componente desencadeia o reajustamento da totalidade do compósito.

Quando o equilíbrio é quebrado num ponto, o corpo reestrutura-se automaticamente tendo em vista um novo equilíbrio” – enfim, a dinâmica organizacional dos sistemas vivos. Reportando-nos à sociedade portuguesa, que factores terão levado à assinatura do Pacto das Lages com o perfeito acordo de Sampaio?, que determinou a colocação de Durão Barroso em Bruxelas?, que azar deixou o país à mercê de Santana Lopes? Que se pagou a Guterres pela chefia do negócio dos refugiados globais? Porquê Cavaco Silva retirou os custos militares com a Nato do orçamento geral do Estado?, porque razão é Vítor Constâncio promovido a vice do BCE depois de deixar o país que “supervisou” financeiramente degradado? quem convidará Balsemão (para além de Passos Coelho) à reunião Bilderberg deste ano? Que mais andam a congeminar (4) os promitentes serventuários de todos estes cavalheiros?... Porque enquanto a situação geral da maioria piora enquanto esta restrita “elite” melhora? São estas as causas pelas quais pouco ou nada se trata aqui neste blogue de assuntos de agenda dos capangas partidários do bloco central nacional, enfiando-os directamente no esgoto de saneamento dos que obram a nação (5)

(1) Despesas militares imperialistas. Mais detalhes aqui
(2) Entre os representantes do pensamento sistémico contam-se autores como Niels Bohr, Carl Jung, Fritjof Capra, Bateson, Rosnay, Lovelock, Margulis, Maturana e Francisco Varela entre muitos outros; estes dois últimos os que teorizaram o conceito de Autopoiese - a capacidade dos seres vivos de se produzirem a si próprios. O principal problema da nossa estagnação politica é que os gabinetes do Poder estudam estes paradigmas sociológicos aplicando-os na prática em proveito das classes dominantes; enquanto no movimento operário (nos resíduos que ainda subsistem) se insiste apenas nas reinvindicações sobre as fracções do sistema que lhe são mais próximas, e que de forma imediata o afecta, ignorando praticamente a contestação ao sistema global que o condiciona
(3) A japonização da Europa (Expresso)
(4) A zona Euro deverá crescer 1% e 1,5% em 2010 e 2011, abaixo dos EUA que sairão mais rapidamente da crise com taxas de, respectivamente, 3,1% e 2,6%. (Expresso)
(5) o 25 de Abril está Morto (Gaia)
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domingo, abril 25, 2010

Leonard Cohen e Durão Barroso no concerto da Ilha de Wight



o documentário de Murray Lerner filmado ao vivo na época que evoca a lendária actuação foi visto ontem à meia noite no Indie Lisboa. Naquele ano mais de meio milhão de jovens ocidentais de classe média a atirar para o rebelde possuidos por uma ilusão indómita de que iriam mudar o mundo juntaram-se numa ilha inóspita do sul da Grâ-Bretanha para o fazer através da música. Estiveram presentes Joan Baez, Jimi Hendrix, os Pink Floyd e muitos outros futuros icones comerciais de massas; Vimos agora ao longe que estes mega-eventos, onde não existe uma direcção politica centralizada nem objectivos concretos para além de meros e inúteis protestos de circunstância...

... derivam sempre no mínimo em três coisas: arame farpado para quem não paga bilhete, enorme confusão no acesso (Cohen teve de lutar tanto a abrir caminho para chegar à ilha que rotelou a sua banda com o nome de "The Army") e muito, muitissimo lixo - e eis que chega à sala Durão Barroso acompanhado por um casal de chavalos para assistir à sessão. Choque e Espanto. Ali estava ele, anónimo, para embasbacanço geral, sem qualquer segurança no meio da sala repleta de potenciais terroristas. Acreditará a patusca personagem ela própria no papel que anda a representar? - a propósito, naquela época (1970) a maioria da juventude portuguesa enfiada nas matas da guerra colonial nada viu de festivais, este, Woodstock ou até da ida dos cowboys à Lua. Pelo contrário, ao agora Presidente da Comissão Europeia deve ter-lhe sabido bem o revivalismo da época em que andava a roubar cadeiras e mesas na universidade...

Abraço o imutável:
os homens entregues a tutela pública
esquecidos como Hassidim
que acreditam que são outros.
Bravo! Abelardo, viva! Rockefeller,
toma estes bolos, Napoleão,
hurrah! duquesa atraiçoada.
Longa vida masturbadores crónicos!
monoteístas!
familiares do Absoluto
chupando em círculos!

Sois todo o meu consolo
enquanto me volto para enfrentar a colmeia
enquanto desgraço o meu estilo
enquanto embruteço a minha natureza
enquanto invento piadas
enquanto puxo as minhas jarreteiras
enquanto aceito responsabilidade

Consolais-me
incorrigiveis traidores do ego
enquanto saúdo a moda
e convenço a minha mente
como uma hospedeira de bordo promíscua
repartindo pára-quedas numa queda a pico
convenço a minha mente despedaçada
a examinar os factos.

(Leonard Cohen, Poemas e Canções, Volume I, 1999)

sábado, abril 24, 2010

o crédito é quem mais ordenha

"a chanceler alemã, Angela Merkel, afirmou que Atenas só receberá a ajuda se "a estabilidade da zona euro estiver ameaçada" e se o governo de Papandreou apresentar "um programa de economia credível". O governo já está a aplicar um rigoroso plano de austeridade para cortar 4 pontos percentuais ao défice de 2009, que foi esta semana revisto em alta de 12,7 por cento do PIB para 13,6 por cento. De acordo com a decisão de dia 11, a ajuda à Grécia, terá a forma de empréstimos bilaterais dos países do euro durante três anos podendo chegar aos 30 mil milhões de euros no primeiro ano, complementados com 10 a 15 mil milhões do FMI, que, por imposição da Alemanha, entra pela primeira vez nos assuntos internos da zona euro" (Público)

Para situar a criação do problema, tal como cá com mais de 40 anos, entenda-se que a Grécia é praticamente governada em exclusivo desde há três gerações pela familia Papandreou, sempre sob a égide "socialista liberal" de bloco central, a qual cumpriu funções importantes na banca e no organigrama da partidocracia inclusivé sob a tenebrosa ditadura militar, entre 1967 e 1974 - ainda durante a Monarquia com George Papandreou, depois com o filho Andreas Papandreou que se garantiu aos EUA como um fiel servidor da Nato, e agora com o neto George Papandreou Júnior que inclusivé já nasceu nos EUA e foi formado em escolas ocidentais sob a égide imperialista.

(nas fotos: Papandreou I, Andreas II, o neto Papandreou III
e a mesma politica neoliberal de Choque de sempre)

sexta-feira, abril 23, 2010

Fantasia Lusitana (II)

É gratificante que o filme de João Canijo seja uma boa montagem de imagens raras do Estado Novo destinadas a explicar “que a par do Portugal dos anos 40 nas mãos messiânicas de Salazar havia um mundo em guerra à sua volta". Pretendendo-se igualmente explorar a relação do povo português com os estrangeiros refugiados dessa guerra.

O primeiro mito é que Portugal foi um país neutro. Como se disse aqui, o estatuto de neutralidade foi negociado com as potências europeias em guerra por forma a que o país servisse de refúgio seguro para o ouro nazi e outros tráficos. O segundo mito é que entre os “refugiados se sentia um cheiro a sujidade e pobreza” – o discurso lido em off contradiz-se com as imagens da maioria dos refugiados estrangeiros ricos no gozo dos prazeres da vida na época áurea do Estoril da Costa do Sol. A Lisboa que conhecemos como destino em “Casablanca” exibe-se assim numa falsa opulência em plena ascenção de Salazar, enquanto o povo era extremamente pobre e analfabeto. Apesar disso a Lisboa do fado encontra-se em festa. Para entender o clima nacional é necessário levar em consideração que esse estilo “português suave” se manifestou na mais grandiosa de todas as obras do regime: o Santuário de Fátima, ícone da ICAR que, como também de viu, guardou o seu largo quinhão nos lucros do atraso português. Ninguém que navegue nas águas dos meios oficiais pode tomar partido sobre a “neutralidade salazarista”, nem a ministra da cultura que botou faladura na estreia conspurcando o espíritoindie” (1) do festival; nem o comentador do JL que interpreta a questão sublinhando que “Portugal se demitiu do estatuto de porto de abrigo e quis apenas ser posto de passagem tratando os refugiados como farrapos”. Como vimos, farrapos ricos.

a Pompa e a Circunstância, Fascismo e Ignorância

Diz a recensão que o ipsilon dedica ao filme: “O cruzamento das imagens triunfalistas do Portugal paradisiaco que as imagens da época sugerem e os textos lidos funciona então como uma desmontagem metódica e meticulosa desse inicial “tudo pela nação” salazarista que ilustra ao mesmo tempo esse Portugal dos anos 40 e o Portugal contemporâneo”. Um olhar traumatizante: Cavaco diz hoje o mesmo sobre “os portugueses” e até os tiques de voz nas ideias de Sócrates têm perturbantes semelhanças com os discursos escritos de propósito para não se perceber o que ele está a dizer. Lá estavam também as imagens dos cumpridores de promessas de joelhos em Fátima, como voltarão (serão os mesmos imortais?) a estar prostrados dentro de duas semanas aos pés do Papa. No tempo da outra senhora "Portugal não teve o dia D, teve o dia S, de Carmona e Salazar" ouviu-se dizer; mas desta vez, quem é que poderá salvar Portugal da subserviência e pavoneio bacôco das suas elites?

Fantasia Lusitana” centra-se na Exposição do Mundo Português, sendo um dos episódios mais divertidos o lançamento à água da Nau Portugal, um barco construido nos estaleiros de Aveiro que durante a cerimónia de inauguração devido a erros de manuseamento rapidamente se afundou após a partida - tombou para o lado.

Diz o realizador: “não percebo como é que essa reportagem passou na Censura... mas explico porquê: não podiam esconder que a nau tinha virado, de forma que houve uma reportagem seguinte, maior, sobre a capacidade genial da engenharia portuguesa de pôr de novo a flutuar a “nau Portugal”. Outra mentira. Elementar para se perceber que a nossa dependência sempre foi apanágio dos governos, pró-fascistas ou pró-democráticos, seria João Canijo ter acescentado que “os grandes esforços para se repôr a nau em pé” acabou por ser feita por marinheiros ingleses que pilotaram a Nau até Lisboa sob a direcção do comandante Spencer

(1) "Indie", de Independente. Na realidade não faz muito sentido que produtores descomprometidos com o regime se desfaçam em lamúrias implorando subsidios oficiais. "Entalados" na questão ficam os espectadores que esgotaram a sala, a 5 euros por cabeça, para ouvir a ministra Canavilhas debitar triunfantes estatísticas e os realizadores independentes a dizer que não filmam porque o Estado não lhes dá dinheiro. Óbviamente, se filmarem e distribuirem as obras condicionados por subsidios do Estado Neoliberal, nunca irão filmar aquilo que queremos, merecemos e temos direito a ver (ler)
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peditório nacional para as presidenciais

sempre a marrar à direita

O vice-presidente da Comissão Política do PS, afirma que lhe custa que "os socialistas" tenham o mesmo candidato presidencial que o Bloco de Esquerda, contrapondo que a candidatura ideal deverá disputar o eleitorado do centro (...) Durão Barroso vai usar o seu último mandato na Comissão Europeia como a pré campanha das presidenciais de 2016", adverte o euro- deputado do PS. (fonte)

(este post integra-se na série "mostruário da nossa pobreza", conceito que o Pacheco em autocritica aplicou aos blogues nacionais. Disse bem: blogues, televisões, jornais, rádios, escolas de todos os matizes onde se aprende nada e se ensina tudo, igrejas, seitas corruptas, comissariados de partidos politicos neoliberais, etc)
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quinta-feira, abril 22, 2010

o IndieLisboa´10

estreia-se hoje com Fantasia Lusitana de João Canijo, uma obra que, ao que se diz, pretende retratar o alheamento dos portugueses perante a realidade violenta da II Grande Guerra quando um enorme fluxo de refugiados chegava a Lisboa – “um oásis de paz totalmente alheio a uma guerra longínqua que dizia respeito a outros” – imagina-se pelas imagens fantasistas da propaganda salazarista dos anos 40. (a que o realizador recorre para recriar a época). A foto abaixo foi publicada nesse tempo no DN, e pelo andar da carruagem e pela natureza dos patrocinadores do festival, decerto não aparecerá no filme.

















A obra fundamenta-se também em testemunhos escritos de refugiados célebres em trânsito para os Estados Unidos ("à espera do barco que os livre do nazismo” segundo realça o intróito ao filme) “expressando a bizarra noção de realidade dos portugueses. Canijo recorre a três depoimentos de personagens tidas hoje como progressistas: Alfred Döblin o romancista “alemão” que era afinal judeu polaco de tendência socialista (Berlim Alexanderplatz, 1929); Erika Mann, a filha do autor da Montanha Mágica, actriz e produtora teatral anti-fascista e o célebre escritor aristocrata que foi o terceiro filho do visconde Jean Saint-Exupéry.

Se se ficar por aqui, teme-se mais um retrato parcial e desfocado da estafada causa do judeu coitadinho fugido dos Nazis. Mas, o que é um facto é que, "refugiados" também os vieram nazis; e não foi coisa pouca - a saber: enquanto durou a supremacia dos submarinos alemães no Atlântico era habitual atracarem ao cais da Rocha de Lisboa barcos de cruzeiro com trabalhadores em férias da “Força da Alegria no Trabalho” (de que copiámos a FNAT, cujo nome original em alemão era "Kraft Durch Freude”); ali os recebiam os meninos do Colégio Alemão cantando o “Deutchland uber Alles” e o hino Nazi. Outros objectos recebidos, causa de escândalos recentes, foram as remessas de Ouro proveniente da Alemanha Nazi que Portugal recebeu na durante a guerra, alvo depois de prolongadas negociações do pós-guerra com os Aliados para se averiguar da legitimidade da posse (1945-1958). Embora a recensão do filme termine com uma ironia: “o Cristo-Rei foi feito para agradecer a salvação de Portugal da Segunda G.Guerra (e presume-se que também da Terceira), o que constitui outro facto é que graças ao nome do Pai, do Fuhrer e do Santíssimo Reich, o ouro nazi também passou por Fátima! É por esse autêntico milagre que até ao fim do século XX o Vaticano se tem desde sempre negado rotundamente a cooperar com a investigação da Comissão Bergier. A acção acusou então o Banco do Vaticano em conjunto com a Ordem Franciscana e o Banco Nacional Suíço da lavagem de centenas de milhões de dólares em ouro.

leituras relacionadas:
* bibliografia publicada pelo historiador António Louçã
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quarta-feira, abril 21, 2010

se não queria mudar de residência porque é que concorreu a um circulo onde não pertence?

ajudas de militantes andróides são sempre benvindas; e a mafia sucialista concertou-se para resolver o problema:
Parlamento paga viagens de Inês de Medeiros

completamente a despropósito, (uma vez que em epigrafe se trata de garimpo irrisório num país ao qual as elites parasitárias não provocaram a falência) aqui fica no entanto uma amena cavaqueira com o parisience Gilles Deleuze onde, na marcação de territórios de vida, se versa a preferência investigativa do filósofo por incómodos carrapatos, pulgas e outros militococus versus à sua aversão natural por simples animais domésticos de companhia



e já agora, aproveitando a fome turistica de cultura, vá também a Paris sem chular os bolsos dos outros contribuintes; para tal basta carregar AQUI (melhor no modo ecran inteiro)
adenda:
"certamente não foram os habitantes do bairro Saint Germain que a elegeram (...) Chamem-lhe vazio da lei, chamem-lhe o que quiserem para justificar mais esta despesa. Vai ser sempre uma vergonha" (Tiago Mesquita, Expresso)
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demasiado grande para ser limpo?

afinal o homem é a grande esperança da radicalização extrema à direita do regime; e do uso puro e duro dos recursos à disposição dos gestores politicos acreditados pela propagandística neocon oficial; num oceano tão vasto, que importância têm umas meras gotas em comissões?

A Escom, (ver: "China`s Portuguese Connection") empresa do Grupo Espírito Santo que definiu o contrato de contrapartidas dos submarinos (principal colaborador financeiro na área da Defesa Nacional) cobrou uma comissão de 2,8% (21 milhões de euros!) sobre o preço do contrato. A factura da Escom Espírito Santo Commerce (UK) Limited para a German Submarine Consortium (GSC), empresa que comercializou os submarinos, foi emitida em 30 de Setembro de 2004, cinco meses após a assinatura do contrato de aquisição dos submarinos entre o ministro da defesa, Paulo Portas e o GSC. (via Esquerda.net)
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terça-feira, abril 20, 2010

cartas contra a privatização dos Correios

No dia 22 de Abril, vamos juntar-nos nos Restauradores, para enviar uma carta ao Primeiro Ministro, a explicar-lhe porque é que é um erro crasso privatizar os CTT. Traz a tua carta escrita e endereçada e vem ter connosco em frente à estação dos Restauradores (ler mais)

Senhor Primeiro dos Ministros :
(...) "sua graça, que vai sendo pouca, perdeu o juízo, anda por aí alguém a dar-lhe maus conselhos ou deu-lhe agora prós copos? então para além de pretender insultar-me por ser tia do Francisco, agora ameaça-nos de vender os Correios para arranjar uns cobres para dar a esse que dizem que Mexia aí nas coisas da electricidade!!! Deus nos livre… arre demónio… que fiquei logo a pensar na desgraçada história da minha amiga Maria Cola. Sabe senhor primeiro, as histórias das pessoas simples, às vezes, digam lá o que disserem, valem mais que muitos cursos pra doutores, como de resto sua graça deve saber. Na esperança de que ainda possa reconsiderar dessa malfadada ideia de nos vender os correios, não resisto a contar-lhe a história triste da minha querida ama Maria Cola, natural de Cabo Verde, mas trazida cá para a Aldeia pela Mãe, mulher para todo o serviço do agrário Fernandes, que por lá tinha umas propriedades"
Mariana Pão Mole, Aldeia de São Mansos, Évora-Alentejo
Ao cuidado do meu mais novo: Camilo Mortágua, Apartado 12 - 7920 – Alvito.

* "Os falsos argumentos para privatizar Empresas Públicas - Entre 1987 e 2008 as privatizações deram ao Estado receitas de €28 mil milhões - Mas a Divida Pública no mesmo período aumentou 5,8 vezes mais!" por Eugénio Rosa, no Resistir

* Uma das consequências da excelência das privatizações dos serviços públicos pode ser, por exemplo, esta: "PT cortou o telefone aos Bombeiros Voluntários do Porto por falta de pagamento"

* Uma politica neoliberal única europeia; a luta contra a privatização em Espanha: Não à Saúde como Negócio!
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O colapso económico da Argentina, 2001

O próximo no radar será Portugal. A nação esteve largamente fora das atenções, apenas porque a Grécia entrou numa espiral descendente. Mas ambos estão economicamente à beira da falência, e parecem muito mais arriscados do que a Argentina quando sucumbiu em 2001
Simon Johnson, economista do MIT

Este é um documentário sobre os eventos que conduziram ao colapso económico da Argentina em 2001 o qual atingiu violentamente as classes médias levando-as a um nível de pobreza numa percentagem de 57,5%. Elemento central para o colapso foi a implementação das politicas neoliberais (da mesma génese de centro-esquerda sucialista-social democrata tão cara a soaristas e cavaquistas) que possibilitaram a pilhagem de biliões de dólares por bancos estrangeiros e pelas corporações empresariais que lhes estão ligadas. Muitos dos recursos fundiários nacionais foram então vergonhosamente saqueados. No auge da crise a Argentina tinha uma divida 132 biliões de dólares (vindo a ser oito anos mais tarde o presidente deposto indiciado por ter negociado subornos). O sistema financeiro nacional foi inclusivamente usado para a lavagem de dinheiro pelo Citibank, Credit Suisse e J.P. Morgan. O resultado liquido foi a transferência massiva de capitais para o exterior e o empobrecimento geral da sociedade, culminando em muitas mortes, por condições de opressão económica e mal-nutrição. A ideia de colar aqui o vídeo é para que, embora tarde, se tente ainda que não aconteça aqui a mesma coisa. E ela já está a acontecer precisamente neste momento...

"como foi possivel? - o país havia sido alvo de uma nova forma de agressão"

(versão integral, 59:05 min.)

segunda-feira, abril 19, 2010

de como ganhámos o Oeste

Segundo se diz na AlterNet os do partido Republicano querem um regresso à Idade de Ouro de 1880 – o ano do pico da América Libertária. Foi aqui, dizem eles, que houve uma sociedade na qual o povo era livre para manter tudo o que obtinha por mérito próprio, porque não havia lugar ao pagamento de impostos. As pessoas eram também livres para decidir o que fazer com o seu dinheiro: gastá-lo, poupá-lo, investi-lo, doá-lo, o que fosse.

É isto que os neoconservadores têm a dizer depois de seis décadas de dedicados esforços no aperfeiçoamento da palavra “Liberal”, que tornou o radioctivo capitalismo completamente tóxico – falências de bolhas dot.com e imobiliária geridas por Bush. O “liberalismorepublicano fez neste curto espaço de tempo um belo trabalho, associado às derrocadas dos excessos, fetichizando a ignorância, submetendo-se aos Lobies profissionais e usando hipocritamente a malta como actores em temas sexuais legislados pelo Estado. Tudo tangas!

Queremos Menos Estado!

Agora sabemos a verdade. A “Crise” financeira não se ficou a dever a erros ou omissões de regulamentação… houve um complot deliberado: o Goldman Sachs, o banco de investimentos que mais beneficiou e beneficia com as falências, foi finalmente acusado de Fraude. Sem que se ralem muito, ou a Imprensa dê grande destaque ao caso, uma vez que continua a realçar apenas os bónus milionários pagos aos seus gestores – 5 mil milhões de dólares apenas no 1º Trimestre de 2010, apesar do contínuo agravamento da situação. Como resultado da acusação a Bolsa portuguesa perdeu 1,7 milhões de euros no dia seguinte.
Obama, o tal que era “de esquerda”, aponta o dedo ao jogo de interesses que põe em causa a reforma do sistema financeiro nos EUA – Marta Rebelo acrescenta-lhe o subtítulo: Promiscuidade entre direita e alta finança made in USAentão e aesquerdanão está comprometida em nada?

Os terroristas financeiros destruíram as economias, a Banca em geral só nos EUA obteve 33 biliões em ajudas e pagaram pouco mais que Zero em impostos. Mas nós os do povo, pagamos 30 por cento dos nossos limitados rendimentos em impostos.
Os bancos que despoletaram a crise ficam praticamente isentos! – alguém que diga à jovem deputada sucialista Marta Rebelo que isto não acontece por acaso, mas com a conivência e acordo tácito de todo o leque de partidos de governo envolvidos no contrato neoliberal. Para além dos atempados avisos da senadora Elizabeth Warren (aqui referidos faz 1 ano), logo em 2005 o FBI avisou os responsáveis da SEC que os empréstimos sem garantias para adquirir imobiliário constituíam "uma fraude epidémica". O que disseram os nossos “socialistas” a isso? Democraticamente cooperaram. Não podem sequer alegar desconhecimento, senão o que anda tanta gente a fazer com a farda de deputado?

* ler a versão portuguesa da noticia
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domingo, abril 18, 2010

da Origem do Lucro

"Por mais que as coisas tenham mudado desde o tempo de Karl Marx, as suas percepções fundamentais sobre a conexão entre trabalho, exploração e lucro continuam sendo o melhor guia para a compreensão do capitalismo e da sua crise. Teóricos vêm e vão, alternando revisões elaboradas ou alternativas baseadas em conceitos de subconsumo, superprodução, desequilíbrio, etc. Muitos têm encontrado nas características mutantes do capitalismo – como monopolização, automação, integração vertical, descentralização, inovação em chips e robôs, globalização, financiarização, etc. – a alternância entre a lógica da produção capitalista e sua inclinação à disfunção. Outros ainda têm visto as mudanças nas relações gerenciais e de propriedade como mudanças na dinâmica da acumulação capitalista. Ainda que tudo isso reflicta verdades e perspectivas úteis, perdem de vista ou obscurecem o mecanismo que dirige todos os processos capitalistas: a busca do lucro pela exploração da empresa capitalista. Para Marx, a expressão desse mecanismo e da sua propensão para errar o alvo reside na luta para manter lucros mesmo com sua tendência intrínseca ao declínio. Chamem-me de fundamentalista, mas eu acredito que isso era, e ainda é, o melhor, se não o único, caminho para entender a crise capitalista, incluindo a recente profunda recessão".
(Zoltan Zigedy, no Resistir)

leituras aconselhadas:
"Os Problemas da Lei da Queda Tendencial das Taxas de Lucro", Cap. 10.1 in "Anatomia da Crise, Crónica de um Desastre Anunciado", Guilherme da Fonseca-Stratter, Edit. Zéfiro
(com uma recensão do autor, aqui)
ver também a mesma questão em:
"a Análise Marxista na Economia dos Estados Unidos do Pós Guerra"
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para memória futura: actividades politicas do bloco central

"Uma geração que se tenha deixado subverter pelo lixo, será sempre seguida por outra que tem de lidar com esse lixo" (Otto von Bismarck)
1. O presidente executivo da Ferrostaal, Matthias Mitscherlich, está indiciado por suspeita de abuso de confiança no âmbito do caso de corrupção que inclui a venda de submarinos a Portugal. Foi detido como gestor da empresa, que no passado tratou do negócio das contrapartidas com Portugal. O artigo do Sueddeutsche Zeitung, no suplemento de economia, vem encimado por uma fotografia de Mitscherlich..

.. ao lado de uma foto da Torre do Monumento das Descobertas, em Belém. (fonte) ...Mas de noticias da justiça portuguesa iconicamente encimadas pelo Forte de São Julião da Barra é que nada... cadê a nossa pombinha branca, a demagoga assexuada travestida de defensor dos pobres e do “interesse nacional” da supremacia submarina branca?

2. Já faz quase um ano, foi em 15 de Junho de 2009, que Rui Pedro Soares foi a Milão com Miguel Macedo, o sócio de Luís Figo, para acertarem a cedência da imagem do ex-jogador à jóia da côroa de Isaltino Morais, o Taguspark, que conta com uma placa toponimica num arruamento com o nome de Cavaco Silva. A deslocação do insigne enviado sucialista e do promitente contratante foi paga pela Portugal Telecom. Dias antes Paulo Penedos conta a Marcos Perestrelo (que já foi nº 2 de Isaltino Morais na Câmara de Oeiras)

... que Soares lhe disse que conseguiu que Figo apoie Sócrates nas próximas eleições para o cargo de director geral designado para a politica interna: "o gajo conhece toda a gente e mais alguma e toda a gente em que tropeça, do mundo da bola, de repente estão a apoiar o PS e Sócrates, mas depois todos têm por detrás contratos" - daqui a mais um ano, na melhor das hipóteses, se saberá o que andam a contratar neste momento...

sábado, abril 17, 2010

a diáspora das cinzas

"A crise provocada pelo vulcão da Islândia já é maior do que a que se seguiu ao 11 de Setembro", disse Walter Oppenheimer no ElPaís, com a crueza de esta não se fundamentar numa mentira...

num primeiro instante pairou no ar a sensação que o agravamento da erupção do Eyjafjallajökull tinha aspectos bons: parecia possivel que Cavaco não regressasse tão cedo; que ficasse por lá nuns dois minutos de silêncio eterno sobre o destino da cúpula do Estado reaccionário polaco, enfim que a camarilha de tachistas auto-enviada a Praga para averiguar da nacionalidade do lisboeta Santo António de Pádua tivesse o mesmo destino do maralhal das classes low-cost - mas parece que não, a comitiva mobilizou toda a parafernália de recursos high-cost do Estado para regressar rapidamente à sua fonte original de rendimentos. (ver actualização)

Cuidado com os materiais tóxicos que estão a chegar ao ar que respiramos. A núvem de cinzas da Islândia poderá ser o principio de um desastre ecológico?

Uma história horrível

A última vez que o Eyjafjallajokull esteve activo foi em 1821, lançando milhões de toneladas de cinzas que contêm gás tóxico com ácido fluorídrico na atmosfera. Ainda vamos nos primeiros dias, porém nesse ano e até 1823, o episódio causou a morte de muito gado contaminado pelo venenoso flúor facilmente absorvido pela pele e olhos, tendo também efeitos graves na saúde de cavalos e humanos-sapiens. Uma pequena percentagem de gás no valor de 28 miligramas de flúor por quilo de massa corporal é fatal. Nas últimas centenas de anos o vulcão teve quatro erupções: em 920, 1612, 1821-23 e agora em 2010. Todas as anteriores erupções foram precursoras de actividades massivas acrescentadas pelo vizinho vulcão Katla, de que até agora os geólogos ainda não detectaram qualquer actividade sísmica. O Eyjafjallajokull, um glaciar que cobre um vulcão com 1.600 metros de altura e tem uma cratera que ronda os 3 a 4 quilómetros, começou a dar sinais de instabilidade em finais de 2009. Mas face às experiências anteriores, não houve preocupações de tomar quaisquer medidas em relação à Islândia que não fossem financeiras.

Outros exemplos: Nos gases expelidos pelo Hecla bastou a alimentação do gado caprino ser contaminada com 25 ppm para se verificarem doenças. Aos 250 ppm a morte é inevitável. Em 1783, 79% dos caprinos da Islândia foram dizimados pela erupção do Lakagigar. Várias erupções durante o último século causaram uma baixa de temperatura na superfície da Terra de meio grau centigrado por períodos entre um e três anos, conquanto se espere que o relativo pouco impacto desta erupção não tenha um impacto significativo no clima global; este pode ser também um sério aviso da Mãe-Natureza ao homo- economicus para que mude de rumo. (Fontes: Pravda.Ru e Wikipedia)

relacionado:
*Movimento pelo Decrescimento: Comércio justo, Consumo responsável e Soberanía alimentar
* This is just the beginning, warn scientists
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sexta-feira, abril 16, 2010

"Manso é a tua tia pá!"



“Olhi, depois d` iste ê cá só digo: a gent`agora quer é uma república!” – oh meu cabeça de vento! Mas vocês já têm uma!” – Atão sô consul... atão a gente quer mais uma!
Thomas Mann, sobre as estivadores romanceados após duas gerações passadas da Revolução de 1848, em Die Buddenbrooks
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quinta-feira, abril 15, 2010

Linhas gerais para a taxação do Capital

Numa primeira noção geral, a (tão estafada) “Economia” é a actividade reflectida de transformação do mundo visando satisfazer as necessidades das pessoas. Não há “crise invocável que possa fundamentar o contrário: pôr as pessoas ao serviço de uma “economiacujas determinantes não conhecem. A utilização dos meios escassos disponíveis, dever ser feita para se atingir determinados fins consoante a sua ordem de importância para as pessoas, não para fins que desconhecem. A definição desses fins entroncam por sua vez no estudo do comportamento humano, face às diferentes alternativas de utilização desses meios – quer sejam o trabalho necessário para produzir os bens essenciais à vida, quer seja o uso do capital que mais não é (e nem pode ser) que o valor da soma de trabalho acumulado.

Na célebre parábola do náufrago Robinson na ilha deserta, a ordem de prioridades não é indiferente: o homem assegura antes do mais a sua vida, e em seguida as restantes necessidades, a começar pelas mais importantes: a paz que o põe a salvo da ameaças, a alimentação de subsistência, o abrigo onde habita, a defesa contra as doenças, as possibilidades de aprendizagem. Desde as primitivas manifestações de habilidade na obtenção destes “direitos humanos” que a tendência sempre se afirmou pela superioridade dos mais fortes. Direitos humanos não é apenas e só a liberdade de lançar gritos guturais contra ou a favor de determinado status. São coisas práticas, fruto da economia. Nos cálculos económicos de ganhos e perdas, tudo se transformou em mercadorias ao serviço do bem estar do homem – até os outros homens. Como evitar a completa transformação do homem em mercadoria sem que haja regulamentação?

Apesar da complexidade da civilização construída sobre o grupo, a nação, o Estado, a União de Estados, enfim o Império, actualmente parece ser tarefa impossível regular a “Economia” que, “com um implacável determinismo transformou a crise do sector financeiro especulativo dos ricos dos EUA numa crise de finanças públicas global que afecta toda a humanidade”. Todos pagam os desvarios dos deliberados jogos financeiros da pequena tribo de milionários, empresas e indivíduos que gravitam em torno desse paradigma. Segundo Frédéric Lordon: “era completamente impossível que os poderes públicos se desinteressassem do risco eminente de colapso total do sector bancário”. Não é justo; e por isso a Justiça tem vindo a ser desactivada. Haverá um dia a possibilidade de impedir o dickat do mais forte e regulamentar o sistema regressando as comunidades à raiz primitiva para a resolução da distribuição dos bens escassos para muitos e indignamente supérfluos para pouquíssimos?

O “vamos avançar já” do ministro, não trata de taxar efectivamente as transacções de Capitais (que deveria ter unicamente como medida o trabalho acumulado), trata apenas de introduzir uma sobre-taxa sobre as mais-valias obtidas em Bolsa, que apenas se irão reflectir em séde de IRS anual, imposto para o qual existem as escapatórias habituais (Não declarações sobre Off-shores, sigilo bancário, holdings e sociedades gestoras de participações isentas, etc. (1). É sobre essa exigência que se debruça o discurso do Bloco de Esquerda; não para já sobre a taxação de todas as transacções financeiras, por exemplo, pela aplicação da Taxa Tobin. Tudo como dantes. O pobre compra um par de botas paga 20% de imposto, um bilionário vende 1 milhão de papel em dinheiro não paga nada.

Franciso Louçã e a tributação das mais-valias no Parlamento:


1ª parte:
Medidas Adicionais exigidas pela União Europeia ao PEC

Desde há mais de trinta anos que se luta pela aplicação da Taxa Tobin, movimento que desde 1997 inspirou a criação da ATTAC, com o célebre artigo de Ignácio Ramonet Desarmar os Mercados, seguido de O Desarmamento Financeiro" de Ricardo Petrella e outros. Nos anos 70 o capitalismo sofreu uma mutação que revelou ainda mais a sua natureza. O factor central de produzir riqueza que tinha funcionado no pós-guerra até aos anos 60, converteu-se no seu contrário. O capitalismo empresarial que funcionou por décadas e durante séculos assentou apenas sobre o valor das mercadorias passou a ser estritamente financeiro (mutação iniciada pela desregulamentação do dólar em relação ao ouro decretada por Nixon), sendo a liderança deste processo feita por um escasso número de famílias cujos nomes são bem conhecidos – Rothschilds, Rockefellers, Soros, Goldman Sachs, etc. que representam sociedades de accionistas de não mais de 5% da população mundial, funcionando como pivots de classes médias de modos de vida insustentável.

Em fins de 2003, no auge do terrorismo financeiro, a capitalização bolsista mundial representava mais de 31.000 milhões de dólares, ou seja, 86% do PIB mundial. Com esse capital gerado ficticiamente, adquiriram-se bens incomensuráveis, em imobiliário, equipamentos e forças produtivas (pessoas incluídas) que reverteram quase exclusivamente para a propriedade privada. Num cômputo geral, a humanidade está hoje pior do que no período imediatamente anterior à Revolução Francesa. Em 1789 a Nobreza e o Clero possuíam três quartas partes da propriedade em França… e em termos políticos era essa também a desproporção de representação da classe dominante nos órgãos do poder. (ler mais sobre propriedade e representação)

E aqui temos alguém que fala de modo simples sobre economia por forma que todos entendem. Ilda Figueiredo, que esta semana defendeu no Parlamento Europeu a criação de um rendimento mínimo com fundos europeus aos pobres da Europa comunitária, uma vez que o rendimento social de inserção já não chega para todos os carenciados. Há quase um ano que a Deputada abdicou da duplicação de salário a que tinha direito, porque lhe pareceu imoral aceitar essa mordomia. Haverá talvez casos de eurodeputados em que até o ordenado português seria excessivo, em proporção com o trabalho realizado

Ilda Figueiredo: Crise, os antecedentes:



(1) Um dia depois, está tudo previsto: "Investidores fogem à futura tributação das mais-valias"
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