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quinta-feira, abril 22, 2010

o IndieLisboa´10

estreia-se hoje com Fantasia Lusitana de João Canijo, uma obra que, ao que se diz, pretende retratar o alheamento dos portugueses perante a realidade violenta da II Grande Guerra quando um enorme fluxo de refugiados chegava a Lisboa – “um oásis de paz totalmente alheio a uma guerra longínqua que dizia respeito a outros” – imagina-se pelas imagens fantasistas da propaganda salazarista dos anos 40. (a que o realizador recorre para recriar a época). A foto abaixo foi publicada nesse tempo no DN, e pelo andar da carruagem e pela natureza dos patrocinadores do festival, decerto não aparecerá no filme.

















A obra fundamenta-se também em testemunhos escritos de refugiados célebres em trânsito para os Estados Unidos ("à espera do barco que os livre do nazismo” segundo realça o intróito ao filme) “expressando a bizarra noção de realidade dos portugueses. Canijo recorre a três depoimentos de personagens tidas hoje como progressistas: Alfred Döblin o romancista “alemão” que era afinal judeu polaco de tendência socialista (Berlim Alexanderplatz, 1929); Erika Mann, a filha do autor da Montanha Mágica, actriz e produtora teatral anti-fascista e o célebre escritor aristocrata que foi o terceiro filho do visconde Jean Saint-Exupéry.

Se se ficar por aqui, teme-se mais um retrato parcial e desfocado da estafada causa do judeu coitadinho fugido dos Nazis. Mas, o que é um facto é que, "refugiados" também os vieram nazis; e não foi coisa pouca - a saber: enquanto durou a supremacia dos submarinos alemães no Atlântico era habitual atracarem ao cais da Rocha de Lisboa barcos de cruzeiro com trabalhadores em férias da “Força da Alegria no Trabalho” (de que copiámos a FNAT, cujo nome original em alemão era "Kraft Durch Freude”); ali os recebiam os meninos do Colégio Alemão cantando o “Deutchland uber Alles” e o hino Nazi. Outros objectos recebidos, causa de escândalos recentes, foram as remessas de Ouro proveniente da Alemanha Nazi que Portugal recebeu na durante a guerra, alvo depois de prolongadas negociações do pós-guerra com os Aliados para se averiguar da legitimidade da posse (1945-1958). Embora a recensão do filme termine com uma ironia: “o Cristo-Rei foi feito para agradecer a salvação de Portugal da Segunda G.Guerra (e presume-se que também da Terceira), o que constitui outro facto é que graças ao nome do Pai, do Fuhrer e do Santíssimo Reich, o ouro nazi também passou por Fátima! É por esse autêntico milagre que até ao fim do século XX o Vaticano se tem desde sempre negado rotundamente a cooperar com a investigação da Comissão Bergier. A acção acusou então o Banco do Vaticano em conjunto com a Ordem Franciscana e o Banco Nacional Suíço da lavagem de centenas de milhões de dólares em ouro.

leituras relacionadas:
* bibliografia publicada pelo historiador António Louçã
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1 comentário:

Anónimo disse...

E já agora alguém investigava a história das centenas de portugueses que combateram e morreram pela Alemanha e pela Europa integrados da Divisão Azul e nas Waffen SS na frente leste, alguns condecorados com medalhas de bravura:

http://nonas-nonas.blogspot.com/2009/07/revista-serga-voluntarios-portugueses.html

http://imageshack.us/photo/my-images/295/194263vm.gif/

http://2.bp.blogspot.com/_7q4EA36PsHQ/R2g917RMHbI/AAAAAAAABso/jtjvTX2lN2I/s400/2.bmp

http://2.bp.blogspot.com/_naOyPcYjA6g/THxWJowtlBI/AAAAAAAAAGo/_BlezY90HAI/s1600/ano1938mpy.jpg


Glórias do passado.