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domingo, setembro 30, 2012

competências


o Portugal governado (!?) pelos neocons de direita gasta, segundo o OE2012, com a Educação a irrisória verba de 3,5% do PIB (4,9% em 2008) sendo uma das áreas onde os cortes orçamentais mais se assanham. Isto apesar da média europeia ser quase o dobro (6% do PIB). Os resultados estão à vista, na competência em novas tecnologias do homúnculo que actualmente ocupa o ministério da (des)edudação

 
Noutras competências porém o minstro é exemplar na gestão de crise: Crato paga 61 mil euros por parecer jurídico
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sábado, setembro 29, 2012

“Como Funciona o Marxismo”

Existe um mito muito difundido de que “o Marxismo é complicado”. Porém na realidade as ideias básicas do Marxismo são particularmente simples e explicam, como nenhum outro conjunto de ideias consegue fazê-lo, a sociedade em que vivemos.

O mito tem sido propagado pelos inimigos do Socialismo – Harold Wilson, um importante líder trabalhista inglês, gabava-se de nunca ter sido capaz de ir além da primeira página de “O Capital”. E é também um mito que vem sendo respaldado por um tipo particular de académicos, que se dizem “marxistas”, mas deliberadamente utilizam frases obscuras e expressões místicas, com a finalidade de dar a impressão que possuem um conhecimento especial, negado a outros. Portanto, nada há de surpreendente que para muitos socialistas que trabalham 48 horas semanais em fábricas, minas e escritórios, eles acabem concebendo o Marxismo como algo que nunca terão tempo ou oportunidade de entender”

O livro de Chris Harman, publicado originalmente em inglês com o titulo “How Marxism Works” no ano de 1997, está integralmente disponível online em língua castelhana aqui

O medo das elites: Esquerda à esquerda do PS vale eleitoralmente mais que o partido do Governo
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Sessão Pública


o PCTP/MRPP irá realizar uma sessão política, amanhã domingo, dia 30 de Setembro na Voz do Operário pelas 15,30, aberta a todos que quiserem comparecer, a todos que desejem e lutam pelo derrube deste governo vende-pátrias, primeira condição para a libertação do povo do jugo de uma dívida que é, já uma grande maioria o reconhece, fraudulenta - objectivo de libertação que só pode ser conseguido por um Governo democrático, patriótico, formado por todas as forças politicas que se empenhem nesta base de entendimento mínimo. Compareçam e tragam um amigo. O Povo Vencerá!
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sexta-feira, setembro 28, 2012

AS MANIFESTAÇÕES DE SÁBADO 29

O carácter grandioso das manifestações de sábado dia 15, que levou 660 mil cidadãos às ruas por todo o país, mostra que algo mudou. A cidadania reagiu, abandonou o conformismo e a base social deste governo esboroou-se do dia para a noite. Já ninguém acredita nos capatazes da troika que fazem de governo. A sua legitimidade acabou. No entanto a luta ainda não acabou e deve prosseguir. Para isso será preciso ganhos em organização, organicidade e objectivos políticos – até o rasgar dos compromissos assumidos no memorando da troika. O carácter espontaneísta das manifestações de sábado foi simpático, mas pode ser pouco eficaz se persistir no futuro. A grande manifestação nacional do próximo dia 29, no Terreiro do Paço, será mais um passo importante nesta luta árdua (Resistir)

A manifes- tação de amanhã deve evoluir para uma acção mais radical, quer os reformistas da CGTP vão atrás ou não. (Afinal apenas 19% dos trabalha- dores são sindicalizados e esses têm interesses sócio-profissionais próprios a defender, ao contrário de precários, desempregados e reformados).  O povo já demonstrou que o ódio que ganhou ao sistema é transversal e despreza as organizações que nunca passam de conciliações com o governo (porque recebem subsidios do Estado e por isso se bastam "na mudança de políticas" e não de regime) - os povos de Espanha mostram o caminho, tanto na gigantesca tentativa de cercar o Parlamento, como na luta pelas autonomias regionais.

quinta-feira, setembro 27, 2012

Garcia Pereira no "Em Foco"

"Estamos perante uma situação de emergência, com uma contra-revolução em marcha, que impõe que este governo seja afastado"

Para além de caracterizar o recuo do governo relativamente ao roubo dos trabalhadores com o aumento da TSU como uma derrota, mas simultaneamente um recuo táctico, por detrás do qual o governo se prepara para endurecer ainda mais as medidas de austeridade contra o Povo, Garcia Pereira advertiu para a gravidade da situação decorrente do desenvolvimento de uma contra-revolução que procura levar até ao fim as medidas terroristas de aniquilamento dos trabalhadores, contra-revolução que só poderá ser travada com o derrube deste governo.

A Taxa Tobin – não passa de folclore – a natureza da Dívida, que faz dela uma dívida impagável e que não deve ser paga, e a atitude da CGTP de, na concertação social, deitar a mão ao governo em lugar de o enterrar, foram outros dos temas abordados

quarta-feira, setembro 26, 2012

a Dívida Existe?

Finalmente, e a pouco e pouco, vai chegando aos jornais a posição justa que nos pomos aqui nos últimos meses, senão mais de um ano:
Porque deveremos ser obrigados a pagar uma dívida que não contraímos, não foi contraída em nosso benefício, da qual não existem dados oficiais, de que não se conhecem os valores porque nunca foi feita uma auditoria independente, nem se sabe quem beneficia com o dinheiro extorquido à população, nem quem o mete ao bolso, quem recebe comissões sobre a sua cobrança, etc

Devemos aceitar pagar uma Dívida sobre a qual nada sabemos?

Espanha, Portugal, Grécia, a mesma luta, a mesma reacção da autocracia europeia: a Violência

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Querem reformular o modo como não estamos representados na Democracia? querem mecanismos que permitam a demissão de governos mentirosos e corruptos? como responde o sistema a estas reivindicações? com a Violência dos seus cães treinados

(ver no video: em última instância são os próprios manifestantes, como pessoas de bem, que salvam um pequeno grupo de policias de choque isolados, os quais podiam perfeitamente ter sido linchados)



Depois do rapto da democracia de ontem, protestos voltam hoje à rua em Madrid (transmissão em directo aqui)

Os 35 presos de ontem serão julgados pelo mesmo "Tribunal" (a Audiência Nacional fascista) que criminaliza os "actos de terrorismo" dos movimentos pela independência do País Basco, da Catalunya e da Galicia - desta vez por actos terroristas contra Instituições do Estado (fonte) 
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terça-feira, setembro 25, 2012

depois do spin inicial, a TSU está a ser cozinhada de outra maneira ainda mais gravosa

Apressem-se seus Lacaios!

o Governo recuou na questão da Taxa Social Única, mas será que o povo venceu? ou a cobrança de impostos sobre a generalidade da classe média e em particular dos que trabalham não virá a ser ainda mais gravosa? Pelas intenções do Governo, se a luta não continuar a austeridade em 2013 será bem mais drástica do que em 2012


o que eles disseram e o que nós dizemos 

 • Foram "ultrapassadas as dificuldades que podiam afectar a solidez da coligação do Governo" (Comunicado do Conselho de Estado)
• Os ladrões estão lá dentro e a Policia está cá fora (palavra de ordem da multidão)


• “Sinto uma certa angústia porque entendo que já não tenho tempo para ver o país melhorar” (Ramalho Eanes, ex-presidente, actual eminência parda da Opus Dei)
• Reproduzem-se como Coelhos, este já fodeu 10 milhões (cartaz)
• “o PR deverá pedir ao Tribunal Constitucional a fiscalização preventiva das novas medidas” (Provedor de Justiça)
• Acabou a era da conversa fiada em amena cavaqueira (anónimo)
• “Acho que se deu a machadada final no regime previdencial” (Bagão Félix)
• Ali dentro sempre couberam o “Anibal Bábá e todos os restantes ladrões” (cartaz)


• “Passos fez um discurso no mínimo descuidado e no máximo desastroso” (Professor Marcelo na TVI, que recorde-se é filho do ministro salazarista Baltazar Rebelo de Sousa)
• Estamos fartos. E a evoluir para o “1984”. Fim dos partidos políticos, o Governo ao Povo! (cartaz)
• “Todos os deputados dos Açores deveriam dizer já que votarão contra estas medidas” (Carlos César) • Gatunos, Mentirosos, os Deputados são uns vendidos (cartaz)
• “Se o governo não se sente moribundo é porque não tem sensibilidade. Se tivesse talvez se demitisse” (Mário Soares)
• Portugal é o único país da União Europeia que faz fronteira com os Estados Unidos (cartaz)
• “Todos os portugueses levaram um grande murro no estômago” (Jorge Sampaio)
• Plano Mateus, Expo98, Euro2004, Fundações, PPP. Submarinos. Não foi o Povo que endividou o país (cartaz)
• “o PS apresentará uma moção de censura se não houver recuo na TSU” (António José Seguro)
• Definição de Loucura: Fazer o mesmo vezes sem conta e esperar resultados diferentes! (anónimo, citando Albert Einstein)
• “Claro que o Governo tem condições para continuar” (Almeida Santos, senador do P”S”)
• Basta! Fim ao Terrorismo Social, Rua com o governo da Troika (faixa na manifestação)


Vasco Lourenço esteve no protesto em Belém, talvez para lembrar aos ingénuos quem foi que inflectiu o regime sugerido no 25 de Abril para a recuperação do capitalismo dos grandes banqueiros e latifundiários com o golpe do 25 de Novembro

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segunda-feira, setembro 24, 2012

as contas ao capital do Banco Central Europeu

Os custos das duas torres que irão servir de nova sede ao BCE em Frankfurt, cuja construção estava inicialmente orçamentada em cerca de 850 milhões de euros, derraparam qualquer coisa como 40 por cento!. É obra!. A instituição que tem inscrito nos seus estatutos a obrigatoriedade da contenção de preços na zona Euro, impondo gravosas medidas de austeridade sobre quem vive de rendimentos do trabalho, nem a si própria se consegue controlar... porque para os gestores do capital no actual paradigma, este é praticamente gratuito - dependendo apenas dos custos operativos das máquinas de impressão...

schiu!, estamos todos de acordo

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domingo, setembro 23, 2012

A reunião da Quadrilha de Estado produziu apenas mais Mentiras


A facilidade de acesso a informação não condicionada pelos Media controlados pelo Poder acabou de vez com a credibilidade de políticos corruptos. É impossível continuarem a mentir-nos nos mesmos termos por mais tempo. Diz-se que da reunião dos Conselheiros de Estado não saiu nada. Mas saiu (além de Soares antes do fim para se dar ares de “esquerda”), e no comunicado saiu mais aldrabice da grossa: A esperança que o BCE resolva a questão do emprego fabricando e emprestando mais dinheiro aos bancos (e ganhando mais juros); a reconversão da TSU para aplicar o mesmo valor de impostos de outra maneira; a ideia que o (des)Governo está sólido e tem condições para continuar... e, finalmente, o peregrino desabafo engasgado de Cavaco de que "a crise acabou" sendo preciso continuar os planos de austeridade impostos pela Troika. É dificil encontrar tanto Mentiroso junto por metro quadrado, mas o que é um facto é que aconteceu… senão vejamos a realidade:

O juro composto (mais juros cobrados sobre juros) faz a Dívida Externa crescer muito mais rápida e exponenci- almente que a economia. Portanto, no caso de Portugal, para pagar essa dívida externa nacional o país teria de aumentar extraordinariamente as suas exportações e reduzir significativamente as suas importações. Teria de passar a registar substanciais excedentes comerciais durante mais de uma década, algo que o país nunca foi capaz de fazer desde, pelo menos, meados do século XX. Desde meados do século passado que Portugal nunca teve um excedente da balança de bens e serviços. E o défice comercial médio foi de 7,4% do PIB entre 1953 e 2010. Ora, para colocar a dívida externa numa trajectória sustentável, seria necessário que Portugal passasse a ter um excedente na balança de bens e serviços de cerca de 6% do PIB durante mais de uma década e uma taxa de crescimento de 4% ao ano. É irrealista esperar, no âmbito da União Económica e Monetária e com as regras vigentes da política de concorrência da União Europeia, que tal seja possível.

O que acontecerá se uma parte significativa da população continuar a dar ouvidos e a assimilar mentiras de aldrabões compulsivos colocados em altos cargos?, bem, "podemos ignorar a politica, mas a politica não nos irá ignorar"…

(fonte)
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sábado, setembro 22, 2012

que saída para a "crise" decretada pela Burguesia?

«É certo que a arma da crítica não pode substituir a crítica das armas, que a força material tem de ser derrubada pela força material, mas a teoria converte-se em força material quando penetra nas massas» (Karl Marx)


a RTP entrevista um grupo de militares que integraram ontem a manifestação em Belém. Não vimos a reportagem, mas, obviamente e por dever de ofício, não devem ter dito nada de importante...


"As associações das forças armadas e forças de segurança ameaçam sair à rua em protesto contra as novas medidas de austeridade" (Ionline). Algumas declarações que têm saído na imprensa:

* "A obrigação das Forças Armadas é estar ao lado da população" (Manuel Cracel, Asoc. Oficiais das F.Armadas)
* "Que ninguém ouse pensar que as Forças Armadas poderão ser usadas na repressão à convulsão civil" (António Lima Coelho, Assoc. Sargentos das F. Armadas)
* "Além de policias somos cidadãos e estamos a preparar formas de luta" (Peixoto Rodrigues, Sindicato Unificado da PSP)
* "Estamos preocupados com a situação do povo. Não temos meios suficientes para actuar na rua se alguma coisa correr mal" (José Alho, Assoc. Independente da GNR)
* "Vai haver revolta generalizada nas forças de segurança" (Armando Ferreira, Sindicato Nacional da PSP)
* "Vamos para a rua se for preciso" (César Nogueira, Assoc. Profissional da GNR"
* "Há milhares que vão à manifestação à civil" (José O`Neill, Assoc. Sargentos da GNR)


John Perkins. “Portugal está a ser assassinado, como muitos países do terceiro mundo já foram” 
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sexta-feira, setembro 21, 2012

a Dívida Externa da Banca e das Empresas Privadas é muito maior (mais do dobro!) que a Dívida do Estado

Qual é então a razão para os sucessivos governos neoliberais invocarem o pagamento da Dívida como se esta tivesse sido contraída pelo Estado? isto é, incluindo muitos e muitos milhões de contribuintes que não devem nada?

Foi a partir da última intervenção do FMI em Portugal (1983-4), que se iniciaram, com o então 1º ministro Cavaco Silva, as privati- zações em larga escala das Empresas Públicas, perdendo o Estado instrumentos importantes de politica macroeconómica a favor dos Privados, e passando o poder económico a dominar o poder politico e a condicionar toda a politica económica do País. Pode-se mesmo dizer que a situação actual do Pais resulta de uma politica económica orientada para servir os objectivos desses grupos de elevados lucros. Para o conseguir, face ao crescimento anémico da economia portuguesa, desde então o País, o Estado, as Empresas e as Famílias endividaram-se profundamente (no interesse da Banca, que enriquece com o ultra-lucrativo negócio do endividamento)

Segundo o Banco de Portugal, entre 2000 e 2010, a Divida Externa do País, aumentou em 269%, enquanto a divida liquida externa do Estado cresceu 122,6%, ou seja, menos de metade (45,6%) do crescimento da divida liquida total do País. No entanto, a da Banca e das Empresas ao estrangeiro aumentou 629,2%, isto é, cinco vezes (5,13) mais do que o aumento percentual da divida externa do Estado – quer dizer, a situação da Banca e das Empresas é ainda muito mais grave do que a do Estado. No entanto, os Media e os Banqueiros nunca falam dela.

Adam Smith, na sua obra A Riqueza das Nações (1776), referia que um país não fica mais pobre ao pagar juros se a dívida for doméstica, dado que a despesa com juros de empréstimos ao Estado constitui rendimento de residentes, que é poupado ou gasto em larga medida no próprio país criando emprego e gerando receitas fiscais. Contudo, se essa dívida for externa, o pagamento de juros é poder de compra que sai do país. É por isso que o Japão, sendo um dos países mais endividados do mundo (224% do PIB), nunca é referido como um problema grave, porque os títulos de dívida são detidos praticamente a cem por cento por investidores japoneses. Ao contrário, no caso português a Dívida é detida maioritariamente por investidores e especuladores estrangeiros.

a Dívida Externa e os Juros que recaem sobre essa dívida são essencialmente pagos com receitas de exportações. Para níveis elevados de dívida externa, através do juro composto, a dívida e os juros que se pagam sobre essa dívida tendem a crescer mais rapidamente do que a actividade económica (i.e., medida pelo PIB), que pode ser aqui interpretado como uma medida do rendimento que pode ser utilizado para pagar essa dívida. De facto, passivos externos líquidos crescentes exigem excedentes comerciais crescentes para evitar que o juro composto (juros em cima de juros) resulte numa dinâmica de crescimento de Dívida Externa insustentável, ou seja, impagável (e que continua a crescer inexoralvelmente)

clique para ampliar

«Em conformidade com o Protocolo sobre o procedimento relativo aos défices excessivos do Eurostat, a Dívida Pública é a Dívida Bruta por liquidar no final do exercício do sector das administrações públicas medida pelo valor nominal consolidado». No entanto, os gestores do Orçamento de Estado misturam tudo, dívida do Estado e dívida da Banca privada e das Empresas, num único serviço de Dívida - que actualmente no OE2012 se situa nos 131,8 mil milhões (aprx. 90% do PIB). Os juros desta auto-nomeada "Operação de Dívida Pública" representam 8,013,8 milhões, ou seja, quase tanto como a verba total consignada à Segurança Social (10.692 mm). Para os abecenragens deste (des)Governo a Segurança Social é insustentável, porém os juros exorbitantes da Dívida não o são.

A grande impostura, portanto, está em os governos PS+PSD+CDS considerarem como Dívida do Estado todo um pacote que inclui a Dívida dos Bancos comerciais, a divida avalizada pelo Banco de Portugal, a dívida das Empresas e dos Particulares – num total de 160 mil milhões de euros – contra a dívida da Administração Pública – que é apenas de 68,8 mil milhões (ver quadro anexo, ou verificar no portal Pordata)

(outros dados retirados de estudos do economista Eugénio Rosa, publicados no "Resistir" aqui: " O estado a que Portugal chegou, porque chegou e como sair dele" e aqui "Banqueiros obrigam Sócrates a pedir a intervenção estrangeira – com a ajuda de agências de rating americanas")
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quinta-feira, setembro 20, 2012

cubram-se canalhas, que se ouvem já os clamores

Ouvem-se já os tambores / Venha a maré cheia / Duma ideia / Para nos empurrar / Só um pensamento / No momento / Para nos despertar / Eia mais um braço / E outro braço / Nos conduz irmão / Sempre a nossa fome / Nos consome / Dá-me a tua mão / Ergue-te ó Sol de Verão / Somos nós os teus cantores...

Concentração em Belém durante a reunião do Conselho de Estado,

Sexta-Feira 21, 18Horas

"A esmagadora maioria dos cidadãos portugueses nada fez, ao longo da sua vida pessoal e profissional, para produzir a crise em que nos atolamos. Essa esmagadora maioria está em completo estado de inocência, pois não foi ela, no caso dos funcionários públicos não-políticos, a determinar o seu nível remuneratório; não foi ela a furtar-se ao pagamento dos impostos legalmente previstos na lei ; no caso da normal iniciativa privada, não foram estes comerciantes ou industriais – na esmagadora maioria dos casos – a sofismar e contornar a legislação que lhes comandou os negócios; uns e outros não assaltaram bancos, não frequentaram off-shores, não desviaram dinheiros para contas na Suíça, não receberam dinheiros públicos por baixo da mesa, não traficaram influências e não se tornaram réus de evasão fiscal. Se assim foi, a responsabilidade do Povo em geral no descalabro actualmente existente, é nula" (via Facebook)

clique no quadro para ampliar

quarta-feira, setembro 19, 2012

"vão gozar com outros"...

Apesar do seu estatuto elitista, até os apresentadores de televisão já falam nos mesmos termos de gíria da população comum. É uma coisa estranha. Está toda a gente da área Balsemão e arredores apostada em erradicar o Passos, como antes os da TVI o estiveram na fase final da remoção de Sócrates. Dois enganos e mais um, desta vez qual é o leit-motiv de tanta agitação mediática? (sondagens "católicas" incluidas que dão maioria à "esquerda"): Trabalhar no sentido que o povo venha a engolir pacificamente um governo não eleito de tecnocratas salvadores da burguesia nacional 



ps. As palhaçadas de Alberto João Jardim frente aos ecrans da RTP vão no mesmo sentido: "a partidocracia está desacreditada (...) mesmo que nós (os patriotas) queiramos fazer qualquer coisa pela nossa terra estamos bloqueados pela plutocracia..."
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Passos para a Rua!, Independência Nacional!




terça-feira, setembro 18, 2012

a emoção sobre a macro-estrutura da repressão

num clima pré revolucionário, os Media divertem-se com fait-divers 

"Estava só ali, a observar a reacção dos polícias porque sei que por detrás deles há muito poder e que eles são marionetas. Estão ali porque recebem dinheiro para alimentar os filhos. Às vezes vemos os polícias partir para a violência e aproximei-me porque queria perceber o que é que eles eram capazes de fazer. Porque eles também são o povo, também estão a ser prejudicados com as medidas [do Governo]. Fui ter com um deles e perguntei-lhe: ‘Por que é que vocês estão aqui? Para provocar alguma reacção má?’ Ele disse: ‘É o meu trabalho’ Depois perguntei: ‘Não gostava de estar deste lado?’ E ele não respondeu". Outros por ele explicariam à menina sonsinha como é que
se cumprem ordens...

"economia global"

Mentiras sem Nexo. Os banqueiros da Reserva Federal norte americana dizem que vão imprimir a quantidade de dólares necessária (40 biliões por mês) para comprar titulos do Tesouro dos Estados Unidos até que o pleno emprego regresse (ReutersDada a natureza imperialista e de recolha tributária global do Dólar, esta medida destina-se essencialmente a saquear o dobro fora dos Estados Unidos. É também uma medida hiper-inflaccionista. O resto do mundo brevemente irá perceber que uma alface passou a custar 20 euros, sem saber lá muito bem como é que isso aconteceu


Não existe uma Economia Global, (nem ela pode ser culpada em abstracto pela "crise") simplesmente porque não existe uma gestão racionalizada da “economia global”. Na óptica do Ocidente o que existe é um esquema de pirâmide que visa atrair, pela força, pela criação de dependências, corrupção ou por aliciamento, novos territórios e mais uns quantos milhões de Consumidores que possam ir sustentando a capacidade de produção instalada (capital fixo) no centro capitalista. Quando essa expansão contínua falha… todo o sistema ameaça desmoronar-se… 
(... até ao dia em que os Banqueiros, depois de terem posto as contas da vigarice a zeros e o povo de tanga, resolvem recomeçar de novo o chorudo negócio privado das suas familias ...)

As coisas não são (ou são?) o que parecem: "Banco de Portugal empresta mil milhões ao FMI" (que por sua vez os voltará a emprestar a Portugal com mais juros para o Povo pagar)
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segunda-feira, setembro 17, 2012

estamos fartos de aturar Mentirosos

clique no cartoon para ampliar
Cavaco Silva diz que o Presidente é o "Provedor do Povo". Este triste e silencioso turista da apolitica, cada vez mais parecido com o Américo Thomaz na elevada missão de cortar fitas, não percebe que o seu tempo acabou, junto com o Governo que nomeou e com o anterior governo que tolerou. "O provedor do povo" é um refém da corrupção, suportado pelo gang que o elevou ao lugar onde está... O de mentiroso por conta de interesses de todo alheios ao povo português. Mente, senão vejamos a composição do Conselho de Estado a que vai presidir na próxima 6ª feira com muitos milhares de manifestantes à porta:

 Dra. Maria da Assunção Andrade Esteves-Presidente da Assembleia da República
Dr. Pedro Manuel Mamede Passos Coelho- Primeiro-Ministro
Juiz Conselheiro Rui Manuel Gens de Moura Ramos- Presidente do Tribunal Constitucional
Juiz Conselheiro Alfredo José de Sousa- Provedor de Justiça
Sr. Carlos Manuel Martins do Vale César-Presidente do Governo Regional dos Açores
Dr. Alberto João Jardim- Presidente do Governo Regional da Madeira
General António Ramalho Eanes
Dr. Mário Alberto Nobre Soares
Dr. Jorge Fernando Branco Sampaio
Prof. Doutor João Lobo Antunes
Prof. Doutor Marcelo Nuno Duarte Rebelo de Sousa
Dra. Maria Leonor Couceiro Pizarro Beleza de Mendonça Tavares
Dr. Vítor Augusto Brinquete Bento
Dr. António José de Castro Bagão Félix
Dr. Francisco José Pereira Pinto Balsemão
Dr. António José Martins Seguro
Dr. Luís Manuel Gonçalves Marques Mendes
Sr. Manuel Alegre de Melo Duarte
Dr. Luís Filipe Menezes

 Os "especialistas conselheiros" são todos do quadrante político do PSD. Se "isto" é uma democracia, alguém nos explica porque é que o povo não pode eleger os seus próprios representantes para participarem como conselheiros no Conselho de Estado? Que voz efectiva tem o povo ali dentro?
 
Os que te meteram no buraco nunca te vão tirar dele! 


Valendo-se do facto de ter nas suas mãos os meios de produção audiovisual e escrita, a burguesia, a classe dominante, tenta fazer da grandiosa manifestação de 15 de Setembro um mero “exercício cívico” de cidadania onde o povo teve o seu momento “contestatário”, aliviou a bílis e a raiva incontida e que, agora, chegou o momento de Passos, Portas, Seguro e Cavaco fazerem o que é costume, isto é, “amortecer” a contestação” popular... a ler: O Dia Seguinte
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serviço público

"Se queres transmitir a verdade ao povo, fá-lo por forma que lhe provoque o riso, caso contrário vão querer matar-te" (Oscar Wilde)

Concorreram muito mais pessoas à próxima edição da Casa dos Segredos (80 mil candidatos) do que ao Ensino Superior em Portugal (cerca de 45 mil imbecis).

domingo, setembro 16, 2012

a troika que os pariu

Toda a imprensa generalista de hoje é unânime: ontem foi dada uma colossal ordem de expulsão a este governo de serventuários do capital estrangeiro (sim, porque o capital nacional tem uma expressão irrisória).

Mas haverá quem pense que esta quadrilha de pseudo-governantes obedece à vontade da maioria do povo português?
que se vão embora por sua iniciativa?
Não!, têm de ser corridos, expulsos pela luta daqueles que toda a vida trabalharam. Ao contrário de Passos e Seguro, uns jotinhas amestrados que nunca fizeram nada na vida.

Uma certa “esquerda” questiona-se sobre o que será essa coisa de “povo português” e têm fé num sistema eleitoral manipulado desde os seus fundamentos, que permite que grupos políticos anunciem nos seus programas uma coisa e depois de eleitos façam outra coisa diametralmente oposta; sem que isso tenha consequências, excepto na troca, assente na memória curta, de um grupo por outro grupo (ambos pactuados com o neoliberalismo) que nos apresentam mentiras novas como alternativa.
A resposta aos crentes no sistema - de que o voto basta para o exercício pleno da democracia (medida in abstractum, como se esta não fosse sustentada por uma economia redistributiva, afinal a única razão da existência do “Estado”) e existissem regras que impedissem o alastramento da nova figura de “deficiente económico” – foi dada ontem nas ruas: quem vive do rendimento do seu Trabalho foi à manifestação; quem vive de rendimentos do Capital (que mais não é que Trabalho acumulado extorquido ao trabalhadores) naturalmente não foi. É esta a grande unanimidade nacional que está criada, a luta de classes de sempre, que opõe o Trabalho contra o Capital.

Pelo meio desta dicotomia principal existem decerto outras nuances de classes sociais, a dos estúpidos que interpretam a realidade do que acontece pelos títulos dos jornais e televisões que os manipulam. É o caso do Correio da Manhã, que hoje faz capa do “sinal vermelho mostrado pela Policia à violência”. Como se os infiltrados pelas autoridades no acontecimento não estivessem ao serviço do Governo tal como este pasquim (que não por acaso é o de maior tiragem num país onde tem semeado o analfabetismo politico por décadas) . Sabe quem viu que a manifestação foi outra coisa, que irá ter sérias consequências para os detentores do Poder sustentado no monopólio da propriedade privada dos bens públicos e no endividamento crónico aos interesses estrangeiros
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sábado, setembro 15, 2012

que se lixe a Troika


Está convocada uma nova manifestação nos jardins diante do Palácio de Belém, onde se realiza o Conselho de Estado convocado por Cavaco Silva (o que tal finge que a Constituição não está suspensa) para discutir as medidas de austeridade e ouvir as directivas transmitidas pela Troika ao ministro-capanga das finanças Vitor Gaspar. Recorde-se que, depois da casa roubada, praticamente todos os conselheiros de Estado (comprometidos desde sempre com a génese do descalabro nacional) já afirmaram serem contra a descida da TSU para os patrões e o aumento de 60% (sete pontos percentuais) da contribuição dos trabalhadores para a Segurança Social. A manifestação está convocada para as 18 horas e a palavra de ordem consensual é a mesma de hoje: "Fora com os Gatunos!"

A gigantesca onda gerada pela manifestação de hoje (mais de 1 milhão de pessoas na rua) leva a concluir por efeitos práticos que possam fazer demitir este pseudo-governo: a realização de uma greve geral popular nacional, que reúna não só os trabalhadores contratados como também os precários e até os desempregados. Não uma greve apenas por reivindicações salariais do que resta do nosso sector produtivo, mas também uma greve de utentes e consumidores que paralise efectivamente o país


A revolta do povo é genuína, por isso não se deve aceitar fazer o jogo do inimigo, neste caso trasvestidos de infiltrados na manifestação do povo em São Bento… Quando se vai para um combate deve-se estar preparado para combater pelo menos com as mesmas armas do inimigo, isto não se passa neste momento em São Bento… ao contrário dos bolcheviques quando tomaram o Palácio de Inverno. O Povo Vencerá organizadamente e mais tarde ou mais cedo imporá um Governo Democrático Patriótico, isso sim uma resposta à altura dos acontecimentos e da situação que se exige com grande premência.
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sexta-feira, setembro 14, 2012

o Ouro ao Bandido


O "socialista" que foi o principal responsável pelo encobrimento do escândalo BPN que envolve os homens do presidente em Portugal, está indigitado para dirigir o mecanismo de supervisão da Zona Euro. Comenta a eurodeputada luxemburguesa Astrid Lulling: Como se pode explicar que um homem que fracassou no seu país possa ser responsável pela supervisão europeia? - um membro do Banco Central da Islândia vai mais longe e defende uma investigação aos governos portugueses que estiveram na origem do elevado endividamento do Estado e dos Bancos 
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quinta-feira, setembro 13, 2012

TODOS À MANIFESTAÇÃO NA PRAÇA JOSÉ FONTANA – SÁBADO 15 de SETEMBRO de 2012

Concentração junto ao Liceu Camões – 16H30 

o MRPP/PCTP, no âmbito da sua política de promover e integrar todos os movimentos democráticos contra a política do governo o memorando e a Tróica, decidiu participar na manifestação convocada por um vasto leque de democratas, intelectuais e não só, para o próximo dia 15 de Setembro às 17H00, que terá início na Praça José Fontana (ao cimo da Av. Duque de Loulé).

Nesta fase de uma intensificação inevitável e imparável da luta política contra os biltres de um governo de traição nacional que persistem em agravar as condições de miséria do povo trabalhador português, é de uma enorme importância estarmos presentes e darmos a conhecer as nossas posições – cada vez mais apoiadas – do derrube do governo e da convocação de uma greve geral, tudo para impor o não pagamento da dívida.

Passos para a rua! 
Não pagamos uma dívida que não contraímos! 
Por um governo democrático e patriótico!

quarta-feira, setembro 12, 2012

de governo de vilões a desgoverno de aldrabões


A meta para o défice imposta pelos credores internacionais era para ser de 4,5%. Afinal situar-se-á acima dos 6% ao mesmo tempo que aumentam os encargos com o serviço da dívida, pelo que se subentende uma divida eterna. Para onde foi o dinheiro subtraído aos contribuintes por sucessivos planos de austeridade e os 78 mil milhões do empréstimo da troika? falta acrescentar um epipeto ao titulo deste post: estes executivos lacaios de ladrões - serão escorraçados do Poder pela fúria do Povo!

Cuidado! 
No projecto de eleições burguesas, as sondagens na óptica neoliberal jogam o eterno joguinho entre o P"SD" e o P"S"


Em cima: imagem desta noite à porta da RTP. Em baixo, imagem de arquivo do governo anterior
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domingo, setembro 09, 2012

de como o BCE (relançando em parceria a actividade do desacreditado FMI) aparece agora a controlar o destino da economia mundial

o BCE teve sempre o poder de acabar com a crise da zona do euro assim que ela começou. Mas recusou fazê-lo porque esteve apostado em promover uma agenda política recessiva”. Mark Weisbrot é co-director do “Centro de Pesquisa Política e Econômica” em Washington. É também presidente da "Just Foreign Policy”. É dele a autoria deste artigo (aqui traduzido na integra), mas que deve ser lido de acordo com aquilo que se conhece do modo operativo das instituições financeiras que actuam globalmente.

Os manobradores dos mercados mundiais de valores e mercados obrigacionistas europeus reuniram-se há poucas semanas ensaiando uma resposta às três palavras que saíram da boca de Mario Draghi, o presidente do Banco Central Europeu: a de que o BCE gostaria de fazer “tudo que for preciso" para preservar o euro. O recado foi amplamente interpretado como uma promessa de intervir nos mercados de obrigações soberanas para agravar os custos de empréstimos para Espanha e Itália. O que significa isso para as pessoas na zona euro, ou em Espanha, onde o desemprego atingiu um recorde de 24,6%? ou para as regiões em desenvolvimento da Ásia ou na África ou na América Latina - ou mesmo nos EUA?
Mais importante ainda, significa que o BCE sempre teve, e continua a ter, o poder de acabar imediatamente com a crise na zona do euro, mas recusa-se a fazê-lo. Não por qualquer um dos motivos económicos em que as pessoas comummente acreditam - como as preocupações sobre a dívida soberana ou a inflação. Em vez disso, o BCE recusa-se a acabar com a crise por uma razão política nefasta: a fim de forçar as economias mais débeis da Europa a aceitar uma agenda política recessiva - incluindo cortes nos salários mínimos e nas pensões, a flexibilização das leis de contratação laboral e da negociação colectiva, e cortando nos serviços públicos prestados pelo Estado.

o BCE e os seus aliados temiam que, se estes mercados obrigacionistas ficassem estabilizados, a sua influência sobre os países periféricos ficaria reduzida. Assim, por mais de seis meses, o BCE tem vindo a recusar a compra de títulos espanhóis que empurram para cima os juros da dívida, como fez em crises semelhantes no ano passado. Este é um jogo perigoso, porque o BCE, obviamente, não quer chegar a um ponto onde a crise saia fora de controlo.
O que aconteceu é que o BCE finalmente deu sinais, diante de temores crescentes de agravamento da recessão, de uma maior pressão política. Segundo a imprensa, parte dessa pressão veio do presidente francês François Hollande, que foi içado ao poder por eleitores anti-austeridade, e algumas influências até mesmo de dentro do próprio FMI. O BCE é parte da Troika (juntamente com o FMI e a Comissão Europeia) que determina a política económica na zona Euro, mas é um parceiro subordinado. O governo Obama também tem vindo a pressionar as autoridades europeias para não serem tão ortodoxas, uma vez que a lenta recuperação da economia dos EUA está a prejudicar as chances de re-eleição do actual presidente.

Enquanto os mercados financeiros, que agora se mobilizaram não são a mesma coisa que a economia mundial, a incerteza económica que foi criada e agravada pelas autoridades europeias foi agradecida não apenas por estes mercados, mas também pelo crescimento económico real em grande parte da economia mundial, da Coreia do Sul até ao Brasil. A economia mundial deverá crescer apenas 3,5% este ano, ao contrário dos 5,3% de 2010. Esta é uma diferença de dezenas de milhões de empregos em todo o mundo, e mais de um trilião de dólares de lucros sobre rendimentos perdidos. Embora existam fraquezas no crescimento em vários países e regiões, incluindo as duas economias nacionais maiores do mundo, a China e os Estados Unidos - parece que a confusão na Europa (onde a economia decresce esta ano 0,5%) é actualmente o maior entrave à economia mundial.

O epicentro da tempestade foi recentemente a Espanha, primeiro por causa de problemas graves no seu sistema bancário. Mas, então, os mercados começaram a especular contra os seus títulos soberanos, com a Itália também sob ameaça. Estes governos too-big-to-fail - em termos da sua dívida soberana – viram os seus juros de financiamento com títulos soberanos subir a níveis recorde, o que têm gerado um medo crescente e incerteza nos mercados europeus e mundiais. E é aqui que uma Instituição, tida como "independente" pelos seus fundadores, tem a chave.
Com apenas três palavras Mario Draghi atacou os juros sobre os títulos espanhóis e italianos, que a partir de então continuaram a cair, com Hollande e Merkel a emitirem uma declaração conjunta visando apoiar Draghi no "fazer tudo para proteger" o Euro.

Os juros da emissão de divida espanhola a 10 anos (benchmark) ficou imediata- mente abaixo mais de um ponto percentual e depois subiu para 6,6%. Isto é demasiadamente alto, mas teme-se que estes números alcancem o nível onde a Espanha já não seria capaz de contrair empréstimos nos mercados privados e venha a desaparecer - como aconteceu com a Grécia, Irlanda e Portugal.
Naturalmente, os mercados têm vindo a exagerar grosseiramente a probabilidade de que a Espanha poderia “ferrar o calote” com a sua dívida. A Espanha tem cerca de 94 biliões de Euros de dívida para pagar no próximo ano, e é por essa razão que teve que pedir emprestado às taxas de juro altas de hoje, o que de qualquer forma não irá acrescentar muito à sua dívida total. Mas pode aumentar o seu endividamento de curto prazo. A Espanha está actualmente a pagar cerca de 2,4% do PIB em juros da dívida pública, o que é bastante razoável.
Realmente foram as acções dos especuladores nos mercados financeiros que levaram os juros dos títulos espanhóis a esses níveis elevados. Mas o BCE concordou, deixando que isso acontecesse, a fim de atingir os seus fins políticos. O que Draghi fez foi informar os especuladores que a sua aposta contra esses títulos poderia ser uma aposta em dois sentidos - ou seja, eles poderiam perder dinheiro quando o BCE interviesse. Agora vamos ver se, e em que medida, o BCE está empenhado em estabilizar estes mercados de títulos.
Em menos de 24 horas, o Banco Central alemão tentou deitar um pouco de água fria sobre a declaração de Draghi, declarando a sua oposição à compra de títulos soberanos. Apesar de representar o país mais poderoso na zona Euro, o Bundesbank não pode necessariamente fazer vetar tal decisão no Conselho de 23 membros do BCE. Mas ele carrega muito peso, e sua oposição indica que vai haver luta contínua entre os governantes da Europa a respeito de quanto o BCE vai fazer para conter a crise actual.

Claro, contendo e até mesmo tentando resolver de imediato a crise é uma coisa, puxar a zona do Euro para fora da recessão em direcção a níveis mais elevados de emprego é outra; o BCE poderia acabar de imediato com a crise, basta estabelecer um tecto razoável para os títulos soberanos da Espanha e Itália, terminando assim os riscos de incumprimento das dívidas soberanas destes países. Mas, para trazer uma recuperação económica à Europa, as autoridades europeias teriam de reverter as suas políticas destrutivas, de austeridade fiscal – e os programas orçamentais que têm empurrado a zona do Euro para a sua segunda recessão em três anos. Isto é, fazer aquilo por que as pessoas de bom senso estão a lutar na Europa.

Enquanto isso, o ex-primeiro-ministro grego George Papandreou denunciou que não o iria dizer quando ainda estava em funções, ou seja aquilo que alguns de nós já suspeitávamos: que a intenção das políticas da Troika na Grécia foram ainda piores do que forçar as alterações políticas recessivas como descritas acima. "Havia um sentimento de "puni-los ", disse ele. "'Temos que ter cuidado quando se tornam demasiado fáceis as ofertas de socorro, toda a gente vai querer coisas semelhantes".
Essa parece ser uma das razões que as autoridades europeias têm destruído a economia grega. Claramente, não é por falta de recursos que a Troika se dirige para outro confronto com a Grécia onde a economia encolhe os 7% projectados para este ano: os poucos biliões de euros em jogo no orçamento forçado de aperto para os próximos dois anos são trocados pelas autoridades europeias por um novo empréstimo (de 130 biliões de euros), mas vai significar mais dôr e desemprego para o povo grego. Há ainda algum caminho a percorrer antes que as autoridades europeias ponham um fim à sua engenharia social destrutiva e aos danos colaterais que está a provocar na economia mundial”
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sexta-feira, setembro 07, 2012

Breve história dos Resgates Financeiros: Miséria e a Saida das Crises pela Resistência

O esquema imperialista de saque de impostos para financiar o centro capitalista nem sequer é novo. Serviu por mais de cem anos para extorquir rendimentos ao chamado Terceiro Mundo. Actualmente o esquema obrigacionista de todos os cidadãos pagarem um tributo ao Império chegou à Europa pela emissão de “dividas soberanas”, isto é, os gerentes do Euro reforçam a sua aliança com os emissores de Dólares, a moeda global cuja emissão só por si já é a emissão de um imposto global.

Fala-se de resgates de muitos milhões de euros, de acções de risco, dívida bancária, défices por contas correntes, etc. porém raramente se analisam em profundidade as consequências sociais que essas “ajudas” acarretam nem dos processos de luta que se desencadeiam antes, durante e depois.
“Quando instituições do tipo do FMI, Banco Mundial ou o BCE falam de resgates, na realidade o que querem dizer é um financiamento das dívidas privadas mediante a destruição dos serviços públicos, ataques às condições laborais, redução das pensões e deteriorização social e ambiental. Neste sentido é importante entender que a intenção de fundo do 1% dos que governam o mundo é conseguirem ficar ainda mais ricos depois da crise, ainda que alguns deles caiam. A partir daí, entende-se facilmente que os chamados resgates, anteriormente chamados “planos de ajuste estrutural”, só agravam as crises dos países saqueados, desencadeando no entanto um processo de polarização social e fortes lutas.

Nos finais dos anos 70 o ciclo económico de expansão que se seguiu à Segunda Guerra Mundial chegou ao fim. Durante este período a economia armamentista permanente – a produção massiva de armas – e a reconstrução da Europa haviam permitido o desenvolvimento económico capitalista sob as directrizes do keynesianismo (militar). Quer dizer, foi mediante politicas de aumento da procura que se pretendia desenvolver a economia. Teorizava-se então que os salários relativamente altos permitiam o aumento do consumo e, portanto, a expansão da economia. Sem dúvida, estas politicas não foram capazes de travar a deterioração económica dos anos 70 e princípios de 80, uma vez que, fruto da sua irracionalidade, o capitalismo tende irremediavelmente para a crise crónica.

Nesse momento, os agora chamados Neoliberais, encabeçados por Milton Friedman, tiveram a sua opor- tunidade. No livro de Naomi Klein, “A Doutrina de Choque”, descreve-se como os “Chicago Boys” (discípulos de Friedman) aproveitaram os golpes-de-estado na América Latina para poder experimentar as suas teorias económicas. Assim, os generais golpistas argentinos assassinaram 30.000 militantes de partidos de esquerda para aplicar um “pacote financeiro”, que era como se chamavam os “resgates” naquela época. Em toda a América Latina e em grande parte de África impuseram-se ditaduras apoiadas pela CIA e assessoradas pelos Chicago Boys. As condições são as mesmas que hoje são sobejamente conhecidas (particularmente na Europa onde recentemente chegou a obrigação de pagar a crise do Império): cortes nos défices mediante privatizações de serviços públicos, enorme esforço popular para pagar a dívida externa (cada português “deve” mais de 2.400 euros), baixa de salários e menos impostos para os ricos. Tudo isto dando-se ares de restaurar o crédito e converter os Estados em locais ideiais para os negócios.

As conse- quências foram desastrosas para a maioria da população. De acto, os anos 80 ficaram conhecidos na America do Sul como uma década perdida. Os Estados afectados pelos resgates viram reduzidos todos os seus indicadores de desenvolvimento humano, esperança de vida, percentagens de pobreza, alfabetização, habitação, etc. Na Grécia, depois de três anos de resgates a esperança de vida regrediu cinco anos desde o primeiro resgate e um terço da população vive abaixo do limiar de pobreza. Aqui começamos a ver como depois dos cortes na Saúde começa a diminuir, pela primeira vez em 35 anos, a esperança de vida. Cada resgate piorou a situação económica geral enquanto a riqueza se tem concentrado cada vez em menos mãos. As receitas da União Europeia seguidas fielmente pelo neocon Rajoy em Espanha apenas confirmam o agravamento da situação económica e, mais grave, a vida das pessoas.

Um aspecto chave a analisar são as resistências criadas nos países que sofreram os “resgates”. Na Grécia já houve 19 greves gerais, o que permitiu, por exemplo, que existam durante alguns períodos centros de saúde auto-gestionados pelos trabalhadores que atendem gratuitamente a população. E também o bloqueio que impossibilitou o governo grego de privatizar serviços públicos para conseguir angariar 50.000 milhões. Na América Latina, desde o caracazo venezuelano de 1989 – qualificado como a primeira revolta urbana contra os “planos de ajuste estrutural” – inaugurou-se uma década de resistências, como a vitoriosa Comuna de Cochabamba na Bolívia contra a privatização da água (incluindo a das chuvas). Os exemplos de maior êxito deram-se em países que mediante revoltas populares conseguiram derrotar os governos que obedeciam a “memorandos de entendimento”, como a Argentina em 2001, e cujos exemplos mais avançados levaram ao poder governos sociais-democratas revolucionários no Equador e na Venezuela – os quais estão a inverter muitas das consequências dos resgates.
É porém importante assinalar que estes governos apenas rompem a hegemonia dos grandes partidos tradicionais devido aos enormes processos de lutas populares, os quais actualmente enfrentam graves e insolúveis contradições ao intentar conjugar justiça social e capitalismo”