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terça-feira, maio 31, 2011

União Europeia ameaça expropriar meia Grécia

Se a Grécia incorre no incumprimento da Dívida (diz o ministro alemão Wolfgang Schäuble) os efeitos nas entidades financeiras globais serão muito piores que a falência da Lehman Brothers, que já foram desastrosos uma vez que pôs em causa a estabilidade do sistema.

A Lehman possuía centenas de milhares de títulos de dívida em bolsa e meio milhão de pacotes financeiros derivados “tóxicos”, mas ainda assim os credores dispuseram de uma reserva de capital que diminuiu em grande parte o efeito da quebra inicial. E quando essas reservas se esgotaram foram repostas pelas ajudas aos bancos na forma de biliões em TARP Money (dólares-papel fabricados de propósito para acudir às perdas em bolsa). Esse dinheiro foi espalhado, da mesma forma que os bonds do subprime o tinham sido, pelos bancos centrais de todo o mundo, especialmente pelos da Europa com a concordância dos que a governam. E a especulação prosseguiu.

Como se disse aqui, os países com a percentagem de títulos de divida mais exposta a credores estrangeiros (Grécia, Portugal, Irlanda e agora a Eslovénia) são os mais vulneráveis à especulação e por essa razão é por aí que se desencadeia o ataque ao Euro. Quando existe ameaça de incumprimento (default, bancarrota, inevitável no caso da Grécia afirma o New York Times) os especuladores entram em pânico e tentam vender os títulos que possuem e que correm o risco de desvalorização. Havendo muito papel desse à venda, duvidoso, a moeda que o cobre desvaloriza-se. Mas o Banco Central Europeu trata das dividas públicas e dos bancos privados avalizados pelos Estados como se não existisse risco. È o negócio deles, fundamentalmente na Europa o do sub-imperialismo alemão ao serviço de Wall-Street e da Reserva Federal. Quanto maior é o risco, maior o juro, maior se torna a rentabilidade desses empréstimos. Para bem relembrar uma obscura personalidade do Bloco-PS-PSD-Cavaco, só assim se compreende que o ex-governador do Banco de Portugal Vitor Constâncio tenha deixado um país desregulamentado e à beira da falência e apesar disso tenha sido promovido a vice-presidente do BCE – banco que com o desenrolar da crise para cima da Europa até ele está em vias de necessitar de ser recapitalizado. Quanto mais dinheiro fabricam, maior será a obrigação do povo pagar essas dívidas, mais se agravarão as suas condições de vida. A solução está no levantamento e insurreição dos povos e na recusa ao pagamento de dívidas que não foram contraídas por eles e muito menos em seu benefício.

Face à “crise do Euro” - mais vale pouco que nada - conservadores como Nouriel Roubini defendem a "reestruturação ordenada" da dívida grega. Mas, mais à direita, a “solução” pretendida pelos actuais governantes e activistas ultraliberais é outra, vender a terra em que nascemos em saldo e a pataco às multinacionais: "a Grécia deve privatizar rápidamente 50.000 milhões de euros em activos para que a sua dívida pública a médio e longo prazo seja sustentável, porque neste momento não o é", afirmou o presidente do Eurogrupo Jean-Claude Juncker. Cavalgando a lucrativa crise, os especuladores apropriam-se de novos negócios. Para relançar o capitalismo lançam milhões de pessoas na miséria. Nem o Salazar nem as suas aliadas divisões panzer alemãs de Hitler tiveram engenho e arte para se aventurar a tanto

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segunda-feira, maio 30, 2011

a Democracia está bloqueada pelos aparelhos partidários

Inicialmente confrontado com a falta de equidade de todas as candidaturas nos debates programados pela RTP Passos Coelho demorou nove dias a dar uma resposta a Garcia Pereira sobre a posição do PSD. Fê-lo em cima da hora de inicio do primeiro debate a cinco. Tal habilidade esteve na origem do protesto do MRPP e dos restantes partidos sem representação parlamentar junto às instalações do canal público nessa noite e motivou a apresentação da providência cautelar que levaria o Tribunal a condenar os 3 canais à transmissão de novos debates nas mesmas condições dos já realizados.

Dos cinco partidos parlamentares até esta hora apenas a CDU manifesta disponibilidade para participar e cumprir o que a lei determina. Passos Coelho recusou alegando "ser inviável por estar no Norte no dia 3". Francisco Louçã respondeu evasivamente garantindo disponibilidade "se a agenda o permitir, mas não vamos cancelar um comício que já está marcado para ir a um debate". Paulo Portas parvejou ao estilo troca-tintas a que nos habitou: "Garcia Pereira até é meu advogado e tenho muito gosto em debater com ele", mas depois não respondeu ao comunicado conjunto dos 3 canais. O PS anda coligado com o CDS e também não respondeu.

Depois disto, hoje, as televisões apresentaram uma proposta "tão engenhosa como legalmente inadmissível na tentativa de revogação da sentença judicial" pretendendo gravar previamente os restantes debates com menor tempo de duração para depois os transmitir editados com cortes ou comentários acrescentados por pivots às horas que muito bem entendessem, por exemplo, às 4 da manhã. Mas o que o Tribunal obrigava era à transmissão nos mesmos moldes e em directo destes novos debates. Resumindo, ERC, RTP, TVI, SIC e Directórios partidários de 4 partidos parlamentares conluiaram-se para boicotar a decisão do Tribunal de Oeiras.

Resposta do MRPP: "A postura vertida no referido mail conjunto (enviado à candidatura de Garcia Pereira) consubstancia uma tão engenhosa quanto legalmente inadmissível tentativa de boicote e de revogação da sentença judicial proferida naquele Tribunal mas que vos irá custar muito caro. Na verdade, o que a Candidatura do PCTP/MRPP pretendeu, peticionou judicialmente, lhe foi deferido e continua agora a pretender é, simplesmente, o respeito do princípio da igualdade de tratamento e de oportunidades das diversas candidaturas, não desejando nem pactuando com discriminações de espécie alguma". (Ler o comunicado completo aqui)

Concluindo, há uma mensagem que incomoda os partidos do Poder ou com ele comprometidos a qual pretendem encobrir a todo o custo: que não temos de cumprir o programa da troika nem temos de pagar dívidas que não contraímos. Se esta voz pode provocar semelhante alarme debaixo do fogo cerrado da censura, imagine-se o desconforto que seria eleger o dr. Garcia Pereira como deputado para provocar o pânico permanente no Parlamento:
"Fogo sobre os quartéis-generais da burguesia!"

LinkActividades de Campanha
Luta Popular
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o Vice-Presidente do PSD explica o que é um salário de miséria.

num país onde a maioria das reformas pouco passam em média dos 300 euros e o ordenado mínimo não chega aos 500 euros

"é uma ironia que esta sociedade pobre, de privilégios para alguns, tenha sido construída por socialistas" (Passos Coelho)



Temos portanto, em versão rock-Bandex, a candidatura PSD dos executantes que pretendem aplicar o programa de um maior enriquecimento dos ricos



Agora a sério. "O que o PSD tem andado a dizer é que se ganhar, aplicará um mix de politicas que permita respeitar a sua agenda ultraliberal" (André Freire) - a agenda do PS é apenas neoliberal

domingo, maio 29, 2011

Venceremos (mas não desta maneira)

"primeiro ignoram-te, depois riem-se de ti, por fim atacam-te, depois ganhas" é uma frase de Ghandi - resta saber se, com apenas um grupo restrito essencialmente ligado ao terciário urbano, sem ligação efectiva às classes trabalhadoras que tratam efectivamente dos meios de produção, sem organização politica, sem um partido revolucionário, o que é que se ganha, se é que se vai ganhar alguma coisa





Revolução Europeia? ou outro Maio de 68 sem outras consequências politicas senão permitir ao Poder o principio da instauração do fascismo social? WebCâmara em directo da concentração em frente ao Parlamento de Atenas

adenda:
* Baralhar e voltar a dar as mesmas cartas, voltar ao principio, embora haja sempre um ou outro "labrincha" que adquire estatuto face à máquina burocrática capitalista: "das manifestações dos Islandeses até à Puerta del Sol, passando pelo 12 de Março em Portugal, já há um movimento de protestos que vai a votos em Itália"

actualização:
Policia de choque carrega sobre acampada de Paris. Comunicações video-web interrompidas.
(Bellaciao.Org)
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sábado, maio 28, 2011

a Luta Continua

Pela primeira vez as Televisões em Portugal serão obrigadas por um Tribunal a transmitirem debates entre António Garcia Pereira porta-voz do PCTP-MRPP, e os partidos ditos "grandes" (de facto os que monopolizam ilegalmente o espaço público). O Movimento Reorganizativo do Partido do Proletariado (MRPP) tem uma longa história de perseguições, assassinato e aprisionamento de militantes antes e depois do 25 de Abril, acções que culminaram na ilegalização e impedimento de participação do Partido nas primeiras eleições ditas "democráticas" em 1976 para a constituição do presente regime. O terror que os partidos das classes dominantes pressentem, sempre que "as suas verdades" estão em risco de desmascaramento perante o povo, continua. Hoje a Policia Municipal de Lisboa tentou impedir a pintura de um Mural de apoio à Candidatura em frente à sede na Av. do Brasil, 200 para seguir aqui

"os 5 partidos que aceitaram colaborar nos debates televisivos censurando a participação de todos os outros concorrentes vão ter de explicar ao povo português qual é o conceito de Democracia que têm"

fazer cumprir a lei - uma competência que não está ao alcance dos que não lutam - Garcia Pereira a Deputado!

o Tribunal de Oeiras condenou esta sexta-feira as televisões generalistas a realizarem debates frente a frente com TODOS os partidos concorrentes às legislativas até ao último dia da campanha, dando razão a uma providência cautelar interposta pelo PCTP/MRPP

As 3 televisões (SIC, RTP e TVI) sob pena de multa e processo-crime, são obrigadas à organização dos debates frente-a-frente com TODAS as forças políticas concorrentes que assim o pretendam. A ver vamos, se não preferem pagar as coimas ou se não seremos confrontados com a indisponiblidade de PS e PSD para comparecerem perante o fogo do genuino sentir das massas populares. O MRPP concedeu hoje à 18,30 uma conferência de imprensa sobre o assunto. Veremos o que aparece nos 3 jornais televisivos

actualização:
A forma como o comunicado conjunto das 3 televisões manipula a equidade dos debates que deveriam ter sido feitos é uma obra prima de manipulação. É uma pulhice inominável que se sugira que o MRPP exigiu debater no modelo frente-a-frente com cada um dos outros 16 partidos concorrentes. As televisões e a ERC poderiam ter respectivamente optado e obrigado a cumprir outro modelo que incluisse debates a 4, por exemplo... desde que não houvesse censura, o que impossibilitou o conhecimento dos programas dos partidos sem representação parlamentar

* Garcia Pereira no Facebook: "Acerca da Providência Cautelar"
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sexta-feira, maio 27, 2011

Indignai-vos

Isto é só o principiosentencia-se aos ingénuos que se dizem apartidários porque o fim, tal como já está a acontecer em Barcelona hoje, é a expulsão dom protesto do espaço público. Acontece a movimentos sem programa nem ideologia nem uma estratégia definida por organização politica... arredados da integração nas forças sociais produtivas, incapazes de uma mobilização geral



A Policia de Intervenção de Barcelona está a desalojar cerca de 400 manifestantes da acampada da praça da Catalunya. Camiões de limpeza camarária estão a limpar a tarecada precária da via pública. Os policias estão inclusivamente a levar objectos pessoais como os computadores portáteis – as “armas do crime” que conclama à participação através das redes sociais. O pretexto é a possível comemoração amanhã da vitória do Barça na Taça dos Campeões Europeus. Para a maioria dos que “não se interessam por futebol ou politica” (um chavão que vem sendo construído pelo poder cultural por décadas) a equiparação será aceitável e legítima.

À semelhança do Maio de 68, o não acontecimento de indignação geral em curso é uma operação oculta que arrasta os ingénuos participantes a cumprir os designios de expansão Sionistas. (Hoje o G8 já prometeu 20 biliões em ajuda financeira, com juros, às jovens democracias do Egipto e da Tunisia). A revolta funda-se no apelo ao grito “Indignai-vos” do velho judeu Stéphane Hessel (autor de uma brochura de 20 páginas que já vendeu 1 milhão e meio de exemplares) filósofo de 93 anos muito elogiado por Mário Soares, que tem no curriculo o facto de ser “um antigo resistente sobrevivente dos campos de concentração nazis”. A invocação do “holocausto” como base de um programa politico é um sistema que serve à universalização do poder de Israel, nado e criado no pós-guerra – depois do Maio 68 ter dizimado a esquerda europeia pelo desaparecido “eurocomunismo”, pretende continuar a construção de uma democracia de escravos liofilizados por uma promessa de liberdade abstracta mais psicológica que outra coisa. Sem democracia económica não existem direitos humanos (cartilha da qual o sr. Stéphane Hessel foi precisamente um dos redactores). Sabem-na toda, estes spinners economicamente judaizantes
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quinta-feira, maio 26, 2011

o conto do vigário monárquico

“escreve-se por aí que quarenta por cento de portugueses estão indecisos sobre quem votar (…) Perante as combinações, os arranjos políticos vis, a mentira organizada e proliferante, o português compreendeu que o voto já não é a arma do povo
("o Poder e a Indecisão", Baptista-Bastos, ontem no DN)

Ontem a Associação 25 de Abril promoveu um “debate entre os "pequenos partidos" já que os "grandes" não aceitam o convite”.
Na ausência de visibilidade de grandes ideias inovadoras em relação ao paradigma vigente salvou-se a intervenção do porta-voz do PCTP-MRPP: “A solução encontrada [fórmula de debates televisivos] faz com que nenhum dos cinco partidos do Poder possa ser confrontado por algum dos partidos sem assento parlamentar. Gostava de ver Passos Coelho ou Sócrates aqui, com estas regras, a apresentar os respectivos programas de Governo em dois minutos” (Garcia Pereira)

Participaram ainda, Manuela Magno (PH), João Carvalho Fernandes (PND, Carmelinda Pereira (POUS), Miguel Lima (PPV) e Aline Gallasch Hall (do Partido Popular Monárquico). Da generalidade discursiva inóqua de “resíduos de cérebros vegetativos” sem marca de classe social, tendo em vista o remoque de Baptista Bastos sobre “a mentira organizada e proliferante”, ressaltou a intervenção da jovem representante do PPM (à direita na foto).

Aline Gallasch Hall, como deputada à Assembleia Municipal de Lisboa integrada na lista do PSD esqueceu-se de relembrar esta sua condição. Lembrou-se que “trabalhou em regime de precariedade por 8 anos a recibos verdes” (mas ainda assim apresenta-se bem ornamentada por bijutaria cara), criticou o “uso abusivo da frota de automóveis de luxo pelo governo”, inflamou-se contra a "permissão dos milhares de Fundações que parasitam o Estado". E no entanto esqueceu-se que integra a mesma lista que tem como candidato a Lisboa o dr. Fernando Nobre, precisamente o administrador da Fundação mais famosa do país. Nobre aufere na AMI 5.226 euros mensais, mais ajudas de custo. Como é habitual neste tipo de instituições os dirigentes dos órgãos da Fundação são quase todos da mesma família (no caso da AMI em 7 são 5) As duas directoras adjuntas são familiares do candidato agora do PSD: Leonor Nobre é irmã e a outra directora, Luísa Nemésio, é mulher de Fernando Nobre e aufere o mesmo nivel de salário do marido, que em 1192 aderiu à causa Monárquica, mas mais recentemente, se candidatou à Presidência da República (!).

A AMI recebeu ao longo dos anos avultados apoios, quer do Estado Português, quer da União Europeia, quer de inúmeras empresas portuguesas que têm contribuído, activamente, com apoios muito significativos. O Conselho Fiscal da AMI é controlado pelo cunhado - o marido da irmã, Leonor Nobre! E no entanto, as contas desta Fundação que movimenta milhões não são conhecidas dos portugueses... e como Fundação está isenta do pagamento de impostos. Quanto recebem em salários mais ajudas de custo de facto o Presidente da AMI os seus familiares e amigos? Fernando Nobre dedica-se exclusivamente a AMI? Não: actualmente junta-se à falta de transparência da partidocracia instituída por um “grande” partido. Qual é o património e o rendimento anual declarado do candidato por Lisboa do PSD?

Obviamente, o PPM pelo inadvertido desabafo da jovem monárquica Aline Gallasch Hall não deveria invocar do apelido de “pequeno partido” - já tem um deputado, fadista de profissão, a quem nunca se ouviu qualquer fado critico com letra e música composta sobre esta situação durante o último mandato. Para vozes inúteis e oportunistas já chegam as que lá (não) temos. São precisas lá outras vozes não comprometidas com o paradigma da tanga:

quarta-feira, maio 25, 2011

nos entrefolhos da mudança

Um dos nossos mais conhecidos bloguers arranjou emprego no jornal I e, por boas causas como essa tem feito gazeta à escrita à borla: "Portugal já não decide quase nada, o governo de facto encontra-se em Berlim (...) aquilo que é trágico nesta campanha é a sua falsidade (...) "democracia significa escolher de uma forma livre e soberana o nosso futuro (...) e em democracia os politicos e as fraldas devem ser mudados regularmente, pelas mesmas razões"

Esta crença nas razões do parlamentarismo burguês conduz ao entendimento por parte dos leitores massificados de que "eles são todos iguais", precisamente porque mudam. Mudam de caras (1), o que não mudam são os programas ocultos, sempre os mesmos, pelos quais os escolhidos pelos partidos burgueses se contratam e são obrigados a reger-se - vá-se lá a saber com que legitimidade de grupo e capelinhas montadas nos bastidores. Nuno Ramos de Almeida, ossos do ofício profissionalizado, ao aligeirar, brincar e não desmontar esta engrenagem presta um péssimo serviço à causa da falta de representação; e a opção tem uma face de esquerda, como sloganeiam os jovens do Rossio: "não queremos que ninguém nos represente, nós representamo-nos a nós mesmos" - cada um com o seu programa, sem partido, e com que programa de todos pá?

(1) A Mudança (Change em Obama) é uma táctica encobridora das verdadeiras politicas. Almeida Santos: "não é fácil o PS vencer estas eleições (...) no caso de ser Passos Coelho a vencê-las ele tem de mudar de opinião sobre a grande coligação maioritária ao centro. Caso não mude o PSD muda de lider". No PS anuncia-se "outra mudança" com Manuel Alegre a entrar brevemente na campanha em Coimbra

"o FMI realiza o filme, ao vencedor (das eleições) cabe aplicar a ideologia John Wayne: disparar sobre tudo o que mexe"
(Jornal de Negócios)
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terça-feira, maio 24, 2011

Levantando o Véu, a Queda do Capitalismo Democrático

Eles dizem que pagam, mas toda a gente sabe que não terão meios para o fazer. Hoje foi a vez do nóbel Paul Krugman vir dizer que "Portugal não vai pagar a dívida". Os do tripé do Bloco Único sabem disso, portanto a jogada deve ser outra - estão à espera que se determine a falência do dólar para de seguida só pagarem 20 por cento ou menos do valor que devem. A jogada tem antecedentes, os EUA já a fizeram para limpar o défice após o tenebroso investimento na II Grande Guerra

“Neste início do século XXI, no contexto de uma gravíssima crise mundial de civilização, o capitalismo, na sua fase senil, cola o rótulo de democracia representativa a ditaduras da burguesia de fachada democrática.” (Miguel Urbano Rodrigues). "Logo há que ignorar as escolha do povo em eleições livres e permanecer acampado no centro de uma capital europeia" conclui este tipo do blogue "Blasfémias". Exactamente, acertou sem querer - as duas propostas veiculadas pelos agentes que usurpam o Poder não servem à maioria. A liberdade de escolha de representação é uma mentira, construida sobre manipulações grosseiras. Toda a comunicação oficial veiculada tenta fazer crer que "não existe alternativa ao PS-PSD-CDS", mas é falso.

Como falsas, cínicas e hipócritas são as ideias difundidas pelo então senador Barack Obama, desde 2007, sobre tudo aquilo que mudaria assim que fosse eleito, desde a regulamentação da banca para travar a impunidade de Wall-Street, ao desmantelamento de Guantanamo, da abertura ao livre comércio com Cuba até ao desmantelamento da legislação fascizante sobre os direitos civis herdada de George W. Bush - está aqui tudo, escarrapachado pelo mentiroso prémio nóbel da paz que está cada vez mais envolvido em mais guerras - guerras que se assumem cada vez mais como uma guerra civil,, desta vez global, dos ricos contra os pobres:

segunda-feira, maio 23, 2011

quem paga o quê e a quem?

Ninguém sabe. Exigimos uma auditoria para que sejam determinados os valores da dívida, quem a contraíu, de quem é a responsabilidade. Não nos podem, à totalidade do povo, exigir um pagamento sem nos mostrarem a factura daquilo que estamos a pagar. Assembleia Popular no Rossio, 22 de Maio:



Os défices dos Governos na Europa dispararam desde que foi declarada a crise financeira (primeiramente originada na bolha da construção imobiliária, depois de insolvência dos bancos centrais via Wall-Street com a emissão de "tarp-money", depois espalhada pela banca global, afectando agora de Estados soberanos). Mas a natureza desses défices não é toda igual. Depende de quem detém os Titulos da Divida. A agora apontada como "a rica Alemanha da senhora Merkel" tem um défice de 81% do PIB, mas na qualidade de correia de transmissão do imperialismo norte-americano para a Europa (via Euro-BCE) não lhe acontece nada senão os programas de austeridade auto-impostos a partir do interior (desde a Agenda2000). Não há melhor escravo que aquele que aceita a canga alegre e de livre vontade.

Os próprios Estados Unidos têm um défice de 99% do PIB e é o "país" com menor probabilidade de declarar incumprimento de pagamento e falência (quando não há dinheiro, fabricam-no); isto porque quem detém a Dívida são maioritariamente entidades nacionais, contra apenas 31% de títulos na posse de investidores estrangeiros. Os papéis dos EUA são sempre "considerados bons" porque esses investidores esperam o retorno do pagamento dos juros oriundos de todo o resto do mundo. No Japão (que pagou a suas expensas a crise global dos anos 90) e que é o caso mais grave de endividamento - uns astronómicos 204% do PIB - apenas 7% dessa Dívida é detida por estrangeiros, estando os restantes valores em poder de investidores nacionais japoneses que apostam nas capacidades do seu país. É este factor que interessa. Quando surgem indícios de problemas, os investidores estrangeiros têm a tendência imediata para vender essas obrigações, fazendo o mercado subir os juros consoante o aumento do risco de default, tornando mais dificil ao Estado endividado no mercado o cumprir do pagamento das suas obrigações. No caso de Portugal, catalogado por Wall-Street & FMI (1) na zona periférica de risco (o FMI denomina-a EA4, European Area 4) que usa indevidamente o Euro (junto com a Grécia e Irlanda) 80% da Dívida é detida por estrangeiros (83% na Irlanda, 75% na Grécia, apenas 39% em Espanha (clique para ampliar o gráfico). Concluindo, os sub-capitalistas portugueses nem para capitalistas servem, porque na sua mera qualidade de comissionistas, como qualquer vendedor de panelas ou automóveis usados, se satisfazem com os tostões das grandes negociatas que são vendidas lá para fora, traição continuada que afecta toda a sociedade portuguesa.

O resultado da acção destes agentes que detêm a máquina de coacção eleitoral tornam-se evidentes, levando as pessoas por medo a "escolher" sempre os mesmos. É preciso inverter a tendência de voto. Levar para o Parlamento alguém capaz de no quotidiano desmascarar perante a opinião pública estas verdades de forma simples, competente e eficaz



(1) Os Estados Unidos, desde Bretton Woods, detém uma maioria de 85% de accionistas no FMI, o que lhes confere a capacidade de veto a todas as decisões que eventualmente lhes pudessem ser adversas. (When-Thirsty-Business-Meets-Thirsty-People, ProjectTZ)
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domingo, maio 22, 2011

o debate "principal"

O que há a assinalar no debate entre as duas principais forças politicas que são dadas à visibilidade pública pelos media corporativos é de facto importante. De igual modo, a (falta de) ideias que se "opõem" entre os dois são simples: quem teve funções de ministro, roubou e enriqueceu não vai preso, quem não roubou ainda o suficiente pode continuar a roubar que não irá preso. Você escolhe.

"Julgar" judicialmente os responsáveis por "Roubo" e pela crise de usurpação corporativa dos bens públicos por privados com posições de privilégio são talvez termos técnicos demasiado fortes. O novo prémio Camões coloca a ênfase dos "desvios" nos contabilistas e gestores do sistema: "Não, não são os portugueses quem vive acima das suas possibilidades (...). Os bancos é que vivem acima das possibilidades dos portugueses". O bastionário da Ordem dos Advogados conclui:
"O poder judicial está partidarizado. Algumas decisões judiciais são autênticos panfletos politicos..."

Dismisticar a escolha entre os dois partidos do costume, votar por soluções diferentes daquelas que o FMI quer impôr ao povo português: Garcia Pereira na Revista de Imprensa (SIC, 21/5)



* Deputado alemão do "Die Linke" envia carta a Sócrates a pedir que Portugal rejeite pacote de ajuda
* Troika esvazia programas eleitorais
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sábado, maio 21, 2011

Nós Árabes… (II)

“Há quatrocentos Portugal estava na sua primeira experiência de integração política europeia. Hoje chamamos-lhe o “tempo dos Filipes” e ele evoca-nos só a Espanha, mas é por ignorância. Os Filipes pertenciam a uma família do centro da Europa — os Habsburgos”. Verdade. Rui Tavares prossegue o relato dos últimos quatrocentos anos do rectângulo Portugal, cuja inserção foi “mais intercontinental do que europeia” começando precisamente pelas “possessões no “Algarve d’Além-Mar”, ou seja, em África” – Nunca que nos lembremos alguém teria parido uma resenha tão célere da excomunhação da nossa herança Árabe. Compreende-se, Rui Tavares é judeu, colunista oficial da corte, posiciona-se do lado dos interesses da classe dominante, e não deseja que os seus sejam confrontados com concorrências étnicas incómodas às pré-fabricadas desgraças da sua tribo. Desgraças antigas inventadas que ocultam graças concretas contemporâneas.

Ora foi precisamente “no tempo dos Filipes da Casa real dos Habsburgos”, mais precisamente a partir do ano 1609 que foi decretada a partir de Valência a expulsão de todos os Mouriscos da Ibéria unificada.

«Habiéndolo hecho encomendar a nuestro Señor y confiado en su divino favor, por lo que toca a su honra y gloria, he resuelto que saquen a todos los Moriscos de este Reino y que se echen en Berbería.» (Felipe III (1609)

Até 1614 foram “deportados em nome de Deus” cerca de 300.000 mouriscos nascidos nos reinos ibéricos, forçados à conversão ao cristianismo desde a queda do Reino de Granada, embarcados à força para o exilio no estrangeiro para destinos como Argel, Marrocos, Libia e Egipto. A expulsão teve consequências económicas desastrosas, calculando-se que o índice demográfico nas regiões com modo de produção mais avançado regrediu 35 por cento. Curiosamente, este declínio civilizacional contrasta em absoluto com a entrada da família dos incontornáveis banqueiros judeus alemães Jacob Fugger (próximos dos Habsburgos) no financiamento e gestão dos negócios das monarquias ibéricas
clique na imagem para ampliar
O sultão Boabdil, Maomé XII, rende-se a Fernando de Aragão e Isabel de Castela no dia 2 de Janeiro de 1492. "A Capitulação de Granada", Francisco Pradilla y Ortiz (1882).

O expatriamento forçado dos antigos muçulmanos, que eram oficial e obrigatoriamente católicos desde as primeiras décadas do século XVI, completava a uniformização religiosa e racial iniciada pelos Reis católicos Fernando e Isabel que tinham expulso a ralé dos judeus que mal se distinguiam dos mouriscos – uma politica tenazmente prosseguida depois com a perseguição inquisitorial aos cristão-novos sob ataque da difusão dos estatutos de limpeza de sangue. Nos alvores da modernidade persiste em Espanha (e em Portugal por arrastamento) com enorme força o espírito de Cruzada: os castelhanos obliterados pelas visões do cardeal de Toledo Francisco Jiménez de Cisneros sonham com a conquista de Jerúsalem. Fernando o Católico estaria porventura pouco convencido da realidade da conquista do Santo Sepulcro, pretexto para a limpeza étnica das paróquias conquistadas.

Mas o mito persistiu, levando o seu sucessor Carlos V a chocar com grande estrépito contra uma enorme potência emergente, o império otomano de Solimão o Magnifico. O conflito culminou nas águas de Lepanto em 1571 com uma vitória de pirro que permitiu ao monarca espanhol usar o paranóico epipeto de “Subjugador do Poderia Turco”, porém um titulo nobiliárquico que económica e culturalmente não serviu para nada ao povo, excepto para a exportação da Inquisição nacional para os novos mundos a escravizar pelas descobertas. Com a expulsão da identidade cultural ibérica do inicio do século XVI o que os novos “ditadores democráticos” hoje em dia celebram portanto é o IV Centenário de uma ignominia – não, como o falso ignorante Rui Tavares pretende, a partida dos nórdicos do Condado Portucalense para uma aventura ultramarina que tivesse tido êxito ou, a repetir-se, que tenha futuro, sem trabalho na produção nacional, repudiando em definitivo o saque, a rapina e a exploração de outros povos pela pertença ao universo dos descendentes das casa reais que gerem o Tratado do Atlântico Norte.

Nossa Senhora da Vinha, a santinha padroeira da Igreja construída sobre as ruínas da antiga Mesquita de Mértola

Bibliografia de referência:
- "Historia de los Moriscos, Vida Y Tragedia De Una Minoria", Domínguez Ortiz e Bernard Vincent, 1978 (ler)
- "Deportados en Nombre de Dios", Rafael Carrasco, 2009 (ler)
- Wikipédia: "Granada Muçulmana" (ler)
- "Congreso Internacional Los Moriscos. La Expulsión y Después", Madrid 2009 (ler)
- Wikipedia: a familia de banqueiros judeus de Jacob Fugger (ler)
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sexta-feira, maio 20, 2011

Nós Árabes…

"Vinguemos a derrota que os do Norte inflingiram aos Árabes nossos maiores. Expiemos o crime que cometemos expulsando da Península os Árabes que a civilizaram" (Fernando Pessoa in "Da Ibéria e do Iberismo")


Ibn Qasi, Senhor de Mértola 1144-1151

quinta-feira, maio 19, 2011

o debate no Gueto

Quem define quem tem, ou não tem, perfil para ser candidato a deputado, segundo indicações dos grupos de interesses com assento no parlamento, são os conselhos directivos das televisões. A previsivel para breve diminuição de circulos eleitorais e do número de deputados, politica conjugada com o método proporcional de Hondt acabará de vez com a possibilidade de, por exemplo, uma corrente de opinião que tenha 100.000 apoiantes possa alguma vez dispor de representação no parlamento burguês. É um jogo conscientemente viciado. Jamais alguém saberá que errâncias percorreu Caim se não ler Coleridge ou Byron sobre o modo como documentos e decisões são forjados por mão divina. Por agora, muito por força da imposição da Entidade Reguladora (ERC), obrigada a fazer cumprir a lei face à impugnação levada a cabo pelo PCTP-MRPP, o canal de serviço público RTP viu-se obrigado a destinar algum tempo de antena a um debate entre os candidatos de partidos (a manter como “pequenos”) que actualmente não têm representação parlamentar. Como diria Garcia Pereira: “a uns são destinadas 70 horas, a outros 70 segundos”

E no entanto bastaria um só debate entre Garcia Pereira e José Sócrates para que o candidato do PCTP-MRPP fosse finalmente elevado a Deputado, por um movimento que tem uma história de 40 anos – bastaria o nariz do pinóquio ser confrontado com a dismistificação da fraude da “ajuda” da Troika a Portugal: dos 78 mil milhões, 12.000 milhões serão imediatamente enfiados no núcleo duro da Banca para colmatar insolvências, 30.000 milhões são para pagar juros do dinheiro do empréstimo e 34.000 milhões são para avales a bancos comerciais para garantir créditos que não serão concedidos a pequenos empreendedores.
Perante estas condições deveriam estar em julgamento e sujeitos a punição exemplar os responsáveis pelo descalabro... porém a única voz que se levanta e declara que não estamos dispostos a pagar a fraude em curso, não é a de nenhum dos partidos com assento parlamentar, todos eles conciliadores e ávidos de “renegociação” de uma dívida odiosa que a maioria do povo não contraiu – a única voz que se levanta contra a impunidade do actual estado de bancarrota e capaz de armar o povo com uma teoria correcta é a do dr. Garcia Pereira

peixeirada-acoelhada (ver video da RTP)

Se José Manuel Coelho, que beneficiou desse contacto directo com os candidatos institucionais nos debates para as Presidenciais e com isso granjeou alguma aura de popularidade, ontem perdeu-a toda. Como se esgota a invocar, na qualidade de “homem de abril” um demagogo que se reclama de “comunista” e ex-PCP (dos que meteram a viola no saco a 25 de Novembro) José Manuel Coelho conservou a genética de bicho de cúpula de comité central que cumpre directivas anti-comunistas, mantendo os genes no núcleo indivisivel dos agentes patológicos que reformam tudo e todos menos a si próprios – na sua sanha anti-revolucionária, ontem, se pudesse, Coelho teria ressuscitado o Prec, teria ilegalizado de novo o MRPP e teria mandado prender de novo todos os seus militantes (acusados de serem amigos de Alberto João Jardim)

"Diógenes à procura de um homem honesto", Caesar Van Everdingen, 1652, Gal. Mauritshuis, Haia
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quarta-feira, maio 18, 2011

Garcia Pereira a Deputado (IX)

com a declaração de guerra da Troika vamos ficar muito piores que estávamos no dia 24 de Abril de 1974



A voz do único Partido que diz: "não pagamos dívidas que não contraímos"! Aqui Garcia Pereira na inauguração da sede de campanha - Av. do Brasil nº 200 A em Lisboa

terça-feira, maio 17, 2011

A tramóia que botou abaixo o único homem que poderia bater Sarkozy

“em quantos países do mundo se acreditaria imediatamente na história de uma simples empregada negra de um hotel? (editorial Ionline)

Desde Washington Strauss-Khan vinha dispendendo meses de trabalho tentando convencer o eleitorado francês que ele não era o porta-voz dos ricos globalistas, nem um tecnocrata daqueles principescamente pagos para executar as suas ordens, mas um verdadeiro intelectual de esquerda, o único que poderia salvar do tenebroso ataque em curso o modelo de Estado Social em França. Dominique Strauss-Kahn como chefe executivo do Fundo Monetário Internacional (organização estabelecida pelo Tratado de Bretton Woods no pós guerra e extraordinariamente reforçada pelo Consenso de Washington no reaganismo pelo controlo financeiro do terceiro-mundo) trabalha, ou trabalhava, actualmente no mesmo tipo de controlo financeiro sobre a Europa, por forma a que seja o velho continente “livre da ameaça comunista” a pagar, no modelo de vida de 500 milhões de pessoas, a parte de leão da factura da impossibilidade capitalista global.

“It’s time for Europe to accept the rules as they are written, and not as they can be negotiated and fudged.” (The Battle for IMF Top Job)

Se Strauss-Khan se dizia de esquerda, e ainda por cima da não conotada com champagne socialista, não foi lá uma ideia muito brilhante para “a grande esperança dos socialistas” franceses ser fotografado a entrar num Porsche de 100.000 euros à porta da sua penthouse de Paris avaliada em 4 milhões de euros. Numa segunda avaliação veio a saber-se que o Posrche não era dele, mas de um desses assessores lobyistas que trabalham para os homens mais ricos de França, mas o que conta é a primeira impressão. O caso, conhecido por porschegatefoi de tal forma mediatizado que a liofilizada Ségolène Royal, a rival de Strauss-Kahn na nomeação pelos “socialistas” à eleição de 2012, proibiu os seus apoiantes de contar anedotas online sobre carros desportivos de luxo, que são gadgets que abundam às centenas pelo partido.

A entourage de Sarkozy e os seus aliados da extrema direita não poderiam andar mais satisfeitos. “Estou rodeado por um bando de imbecis” irrita-se Sarkozy durante a batalha pela conquista do Eliseu. A restante táctica e a vitória do sionismo em França é conhecida, o correr pelas ruas para mostrar superioridade atlética, o uso das “gajas boas” como objecto de marketing, os processos ocultos fabricados para incriminar Chirac e Vilepin; enfim, uma comédia divertidissima - seriam certamente um gozo mediático estes ultraliberais comprometidos com o Sionismo global, não fosse o rol de crimes e vítimas que lhes vão pesando em cima. E a “alternativa” são Porsches para todos. Só a ficção nos dias que correm está habilitada a contar a realidade. "La Conquête", que estreia amanhã, é o filme de abertura do Festival de Cannes


segunda-feira, maio 16, 2011

perda de soberania (para as massas)

Na pouco divulgada (por motivos estratégicos óbvios) Conferência do Despertar Islâmico realizada em Teerão um dos oradores frisou que “o mundo é governado por uma ínfima minoria composta por elites financeiras e económicas do Ocidente que se movem por forma a levar a ONU, organismos como o Banco Mundial, o FMI e as forças militares norte americanas a fazer cumprir os seus designios”

“o futuro do país vai ser uma desgraça se não criarmos condições para que os jovens criem familia” – é com estas palavras que se refere um estudo da ONU que prevê para 2100 uma perda de 37% na população portuguesa. Reduzido, com a tendência de declinio, a 6,7 milhões de pessoas Portugal perde soberania face à massa crítica dos europeus (o que podem 6 milhões de líbios face à ameça de 500 milhões de europeus?) o que consubstancia um proporcional declinio civilizacional, em nome de um projecto de Europa onde só a elite minoritária que legisla (e produziu o Tratado de Lisboa) saberá do que consta. Se a natalidade se mantiver no valor actual o peso dos individuos com 65 ou mais anos sobe para 41,2 por cento. No futuro esta taxa subirá mais; teremos um país de velhos com actividade prolongada no tempo, trabalhando mais até cada vez mais tarde, em actividades no terciário ligado ao turismo numa espécie de resort de férias para europeus que deixará Portugal (então transformado numa mera região) muito debilitado e de soberania ainda mais enfraquecida. “Portugal ficaria sem capacidade de concorrência no pano económico, politico e social – a questão demográfica é no fundo uma questão politica” conclui o artigo do Público
(domingo 15, pags 12/13)

"As pessoas não gostam de amadores (especialmente a mandar nelas)" Vasco Pulido Valente (1)

Sobre demografia e sobre-população é preciso recordar que estes foram precisamente os temas para o estudo dos quais foi fundado em 1968 o “Clube de Roma” (pelo industrial italiano Aurélio Peccei e pelo sociólogo Alexander King que reuniu diversas personalidades da elite europeia em volta do think-tank sedeado em Hamburgo – uma cabala de globalistas que defende o estreitamento da economia internacional através de estreitos laços de ligação entre as elites governantes nacionais, o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional) grupo que esteve na génese da actual União Europeia. O Clube de Roma tornou-se conhecido em 1972 com a publicação de “Os Limites do Crescimento”, que advertia que os recursos do planeta eram finitos e realçava as consequências negativas do rápido crescimento da população mundial. No seu sitio na internet podemos ler que o Clube estabelece como sua missão “agir como um catalizador de mudança não oficial, independente e global através da identificação dos problemas mais cruciais da humanidade, da sua análise no contexto global da problemática mundial, da pesquisa de soluções alternativas futuras e da elaboração de cenários para o futuro (...) e a comunicação destes problemas aos mais importantes decisores públicos e privados, assim como ao público em geral”. É sempre útil saber com que propósitos Portugal vem sendo vendido desde há décadas, compreender a politica de auto-estradas, as ligações prioritárias em TGV ligando as nossas praias ao turismo proveniente da Europa e quais os interesses porque o nosso sector produtivo foi desmantelado e somos hoje um país-região completamente dependente

relacionado: “o Tratado de Copenhaga foi um ensaio sobre um sistema de cobrança de impostos globais?”. Em Dezembro de 2009 quase 200 nações assinaram um acordo proposto pelas Nações Unidas. É este acordo verdadeiramente sobre alterações climáticas, ou é uma moldura que enquadra um sistema de impostos global que impreterivelmente conduzirá a um Governo Mundial? As ramificações do “UN Copenhagen Climate Change Treaty” como o G20 servem os desejos da elite financeira global. Quando se conhece que vivmos numa verdadeira crise de sobre-produção (o modo de produção capitalista instalado poderia produzir mais, mas não produz por não existirem clientes com poder de compra), a problemática do excesso de populações e da escassez de recursos não poderia ter outras competências na sua abordagem?

(1) Ao Clube de Roma pertencem personalidades como Jacques Delors,Fernando Henrique Cardoso do Brasil, Mikhail Gorbachev da ex-URSS, Vaclav Havel da República Checa, o Rei Juan Carlos I, da Espanha, a Rainha Beatriz, dos Países Baixos, Mário Soares, de Portugal entre muitos outros, razão porque estas personalidades nunca são deixadas de fora das manchetes dos jornais
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domingo, maio 15, 2011

papas e bolos para os eleitores "socialistas" que pensam que a sua cruzinha é na esquerda

Depois da triste história da cabala com a finalidade de derrubar a direcção do Partido Socialista em 2002, considerada demasiado à esquerda e pouco alinhada com os executivos do neoliberalismo europeu, Ferro Rodrigues declarou: “Quero deixar claro: a nossa luta será serena mas determinada e dirige-se – e sempre se dirigirá – contra os responsáveis por essa difamação, qualquer que seja o seu objectivo”.

Como é sabido, a trama foi imaginada e executada pelo governo Barroso/Paulo Portas segundo um modelo já testado anteriormente de difamação para afastar de cena e abater personalidades politicas inconvenientes (ler "o Plano Kinkora"). Feito o "trabalhinho" a ministra da Justiça Celeste Cardona desapareceu definitivamente do mapa e a promissora carreira do ex-ministro e promitente lider partidário Paulo Pedroso foi destruida sem apelo nem agravo. Em oito anos muitos dos objectivos de desmantelamento do Estado Social estão cumpridos ou em vias de passar a letra de lei. Melhor que ninguém Ferro Rodrigues sabe que foi "afastado" pelos decisores ocultos que gravitam na órbita do PSD/Opus Dei/Neocons (1) e melhor que ninguém foi o executivo americanizado de Sócrates (2) quem melhor conseguiu cumprir a tarefa. Ferro Rodrigues agora voltou à cúpula directiva do PS e a primeira sensação das ingénuas bases eleitoras do PS será a de que o partido estaria de novo a "virar à esquerda"... quando se lê isto:
"No cenário de vitória do PS sem maioria absoluta (...) ela (a coligação) seria naturalmente entre o PS e o PSD - reconhecendo ser "impossivel qualquer acordo à esquerda" (Ferro Rodrigues, Diário de Noticias, 14/5)

de Salvação Nacional, Aliança "Democrática" ou Bloco Central, como se virá a chamar o próximo governo do Sr. Silva?

(1) O cardeal patriarca disse recentemente que a Igreja não se intromete em Politica. Ao último milagre de Fátima assistiu dona Manuela Eanes, o eterno bobo sem côroa e o convidado arcebispo de Boston que discursou: "Deus não improvisa, a vida de João Paulo II foi poupada para que pudesse ser o instrumento na Terra para derrubar a Cortina de Ferro e afastar de vez o perigo do comunismo"
(2) Ler a carta, em inglês, enviada pelo Governo ao FMI com que Francisco Louçã "entalou" o secretário-geral do PS, na qual o Executivo se compromete com uma grande redução da taxa social única (TSU) já em 2012
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sábado, maio 14, 2011

se ele existisse...

... "CIA gostaria de enviar enviar Bin Laden para Guantánamo"

No dia 18 de Feverero passado a RTP, o canal privado de serviço ao imperialismo norte-americano, publicava a seguinte noticia com o evidente propósito de preparar a opinião pública e realçar o evento que em breve se seguiria: "a CIA revelou que planeia enviar Bin Laden para Guantánamo caso o detenha. A afirmação do Director da CIA "reabriu o debate" sobre o futuro da prisão americana em Cuba, depois de Barack Obama ter prometido encerrá-la. Robert Gates (o ex- secretário de Estado de Bush e actual secretário de Estado de Obama) admitiu que a perspectiva de encerrar o campo de prisioneiros é cada vez mais remota"

sexta-feira, maio 13, 2011

Cleveland Contre Wall Street

Desde a implosão do mercado imobiliário, que já se adivinhava em 2006, até ao rebentamento da bolha financeira em 2008, tem-se gerado um entendimento da crise que pretende lançar a ideia que meia dúzia de facínoras praticaram umas quantas mega-burlas e que, uma vez esquecidas estas, se volta a pôr tudo a zeros e a economia neoliberal voltará a funcionar às mil maravilhas como se nada se tivesse passado. Nada mais longe da realidade. A crise é inerente ao próprio sistema e à concentração capitalista nas bolhas motoras da economia que são determinadas pelo centro decisor global. (ontem a indústria da guerra, depois a construção civil, amanhã a venda de quotas sobre a poluição climática, etc.)

Desde meados dos anos 80 que a administração Reagan tinha determinado um programa de incentivo à habitação, de livre iniciativa privada, no sentido de compra de casa própria pelas classes sociais mais baixas, as que não tinham qualquer poder de compra significativo para o poderem fazer. Não se tratava de qualquer programa social segundo os parâmetros europeus. Nos EUA fizeram-no não com um qualquer desígnio altruísta, mas sim pela necessidade de expandir o sistema capitalista a fim que os impostos cobrados registassem um aumento capaz de continuar a sustentar o Estado e a burguesia que tem nele o seu principal instrumento de dominação e exploração sobre as classes trabalhadoras. O epilogo vai sendo conhecido: conforme se foram agravando as condições do modo de acumulação de capital, a crise passou do subprime norte americano para a economia global em geral e seguidamente para a dívida soberana de Estados inteiros...

No dia 11 de Janeiro de 2008 o município de Cleveland no Estado do Ohio encarregou a equipa de advogados de Josh Cohen de processar 21 bancos de Wall Street, pela venda fraudulenta de hipotecas a gente que se sabia não terem rendimentos para pagar os empréstinos, titularizando-os e vendendo em pacotes nos mercados financeiros globais essas obrigações (bonds). Pretendia-se levar esses bancos a julgamento, considerando-os responsáveis pela devastação imobiliária causada pela perda de milhares de habitações e pelo despejo compulsivo dos seus proprietários que arrasou bairros inteiros na cidade, uma das primeiras a ser afectada pela onda de falência de subprime nos EUA. Todos tinham ganho milhares de milhões nesse processo, promotores bancários, agentes imobiliários e executivos da alta finança; todos menos os mais pobres, semi-analfabetos, idosos e desprotegidos que se viram de tarecos no olho da rua enquanto Wall Street esfregava o outro olho.



Mas os 21 bancos de Wall Street sentindo-se atacados opuseram-se com todos os meios ao seu alcance à abertura do processo judicial, nomeando um causídico que habilmente inverteu a nota de culpa: “foram os bancos que resolveram emprestar dinheiro ao desbarato, apostando em produtos financeiros de risco com o fim de obterem lucros, ou foram as pessoas que assinaram os pedidos de empréstimo que sabiam não ter condições para pagar? A uma das testemunhas inquiridas é-lhe perguntado se não tinha achado estranho que um agente local desses bancos o tivesse aliciado para renegociar a hipoteca sobre uma casa que comprou por 26 mil dólares (com juros a 2,5%) para 40 mil dólares (com juros de 8,5%) e no espaço de dois anos para uma segunda hipoteca de 71 mil dólares? (com juros a 14%). Houve angariadores e comissionistas que de marginais se tornaram milionários num curto espaço de tempo...



Há comportamentos chocantes e revoltantes de ambos os lados, de um lado a ganância, de outro a ambição – mas, é uma táctica viciada, os mesmos argumentos utilizados não são válidos para as duas partes como se fossem iguais - pretende-se comparar a ambição de indivíduos avulso que pouco ou nada possuem na sociedade com a máquina diabólica que é uma mega estrutura bancária centralizada, livre e organizada para obter lucro sem olhar a meios. No final o advogado enviado por Wall Street ganha e o processo é arquivado sem sequer ter ido a julgamento. “Cleveland contre Wall Street“, (exibido ontem no IndieLisboa) conta a história encenando o julgamento que não existiu como ele deveria ter sido, recorrendo às personagens reais que intervieram no processo e filmando-as no tribunal onde o caso deveria ser julgado. Nos final da ficção o jurado decide por 5 votos contra 3 que os bancos foram culpados, mas a falta de quórum impediria a sua condenação. Na cena final da obra realizada pelo francês Jean-Stephane Bron apresenta-se Barack Obama ainda em campanha prometendo que os culpados pela devastação da economia norte americana seriam severamente punidos, quando afinal depois de eleito o que foi efectivamente feito foi despejar muitos milhares de milhões de dólares de ajuda em cima desses mesmos bancos