Just in case, agradece-se a presença amanhã Sábado dia 18
aos que quiserem comparecer a este piedoso acto
aos que quiserem comparecer a este piedoso acto
“As revoluções, como os vulcões, têm os seus dias de chamas e os seus anos de fumaça” (Victor Hugo 1802-1885)
Após o desmantelamento da ideia de democratização iniciada em Abril de 1974, poucos anos depois, já com Mário Soares de papo cheio de funções em ministérios, a conversa era a mesma – “a gravíssima crise que punha em causa a Nação… o problema da dívida que por “nossa” honra tinha de ser paga”, embora a maioria do povo, a viver em condições pouco menos que miseráveis, não tivesse sido ouvido nem achado sobre o endividamento, a falta de produtividade assente numa indústria inexistente, ou o parasitismo das classes possidentes em fuga a quem se pretendia restituir bens que haviam sido nacionalizados. Por esta altura, o então secretário-geral Arnaldo de Matos explicou qual era o caminho a seguir: (Esta conversa é um embuste)… “analisemos então o problema da dívida pública na perspectiva dos comunistas marxistas-leninistas, na perspectiva do proletariado consciente e do povo trabalhador. A dívida pública externa do Estado português não é, nem de perto nem de longe, o principal problema do nosso povo. O problema fundamental do povo trabalhador é derrubar o capitalismo e edificar o socialismo. Tudo o resto é música”
Arnaldo de Matos, a este propósito e a solicitação do jornal Expresso escreveu o artigo “O Repúdio da Dívida” que foi publicado no semanário “Expresso” com cortes censórios no dia 7 de Abril de 1982, que seria republicado na íntegra no jornal Luta Popular, órgão central de informação do MRPP, do qual se transcreve, pela sua inegável actualidade, algumas passagens:
“A dívida pública foi assim catapultada não apenas à categoria de signo sob o qual deveria realizar-se o sufrágio do próximo dia 25, mas, pior ainda do que isso, à categoria de chantagem sobre o cidadão eleitor: o eleitor só poderá escolher com o seu voto os deputados que apresentarem a “melhor” proposta para o pagamento da dívida… O que é mais curioso é que esta manobra chantagista, digna dos melhores gangsters dos velhos tempos de Chicago, é imposta ao cidadão eleitor em nome da verdade. “É preciso falar verdade ao povo português” (…)
“Ter-se-á uma ideia mais concreta do endividamento externo do país, se dissermos que cada trabalhador português, ao valor do salário mínimo da indústria, terá de trabalhar vinte e oito meses seguidos, sem comer nem beber, para pagar o calote do Estado a Washington, Bona, Londres, Paris e alguns outros. Sucede que a dívida do Estado não é apenas a dívida externa, medida da exploração do nosso povo e do nosso país pelo imperialismo estrangeiro e seus lacaios locais. A dívida é também a dívida interna, que em termos globais ultrapassa o dobro do valor da dívida externa. Para pagar aos exploradores estrangeiros e aos lacaios nacionais a dívida total do Estado, o povo português teria de trabalhar continuamente durante oito anos, sem receber um só tostão de salário”
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