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quinta-feira, setembro 30, 2010

Norman Finkelstein em Lisboa

Conferência ontem dia 29, sob a égide da secção portuguesa do Tribunal Russell on Palestine no auditório do Liceu Camões. Sala com metade dos lugares vazios, ninguém do PCP, normalmente tão sensível a esta problemática. Pontos focados por Norman Finkelstein:

Israel é uma potência criminosa que desrespeita o direito internacional e permanece impune graças aos vetos dos EUA a todas as resoluções de condenação da “comunidade internacional” sob a égide da ONU. Assim aconteceu na agressão ao Líbano em 1982 e de novo em 2006 com o ataque ao Hezbollah, em finais de 2008 com a invasão de Gaza e o lançamento de bombas de fósforo branco sobre a população, o assassínio por agentes secretos israelitas de dirigentes palestinianos no Dubai e ainda recentemente com o ataque ao navio de ajuda humanitária Mavi Marmara com comandos armados e lançados de helicóptero a meio da noite matando civis.

Em todos estes casos Israel reclama o direito à sua defesa para fazer a guerra. Mas é um facto que é impróprio chamar-lhe “guerra”, quando não existe inimigo convencional armado, mas apenas populações e milícias civis. Apesar da barbárie, este contudo não é o principal problema, mas sim que Israel não tem, perante o direito internacional qualquer fundamento para proceder ao cerco de Gaza nem o direito de boicotar a sobrevivência de 1 milhão e meio de Palestinianos.
Todas estas operações de agressão têm resultado em derrotas para Israel. Em 2006 no Líbano os militantes do Partido de Deus (Hezbollah) ocultaram-se e quando terminaram os actos de destruição sob o intenso clamor de condenação internacional, o povo saiu dos abrigos e juntos escorraçaram a tropa israelita. O objectivo de destruír a oposição à causa sionista não foi conseguido. Diz Finkelstein que se o Hezbollah não tivesse vencido Israel, a República Islâmica do Irão, com afinidades étnicas com o xiismo, teria intervido ampliando a guerra a toda a região.
Embora Finkelstein tivesse tratado a monstruosidade pelo nome, chora lágrimas de crocodilo sobre as negras perspectivas que se antevêm num futuro próximo. O conferencista lá terá as suas fontes: o Hezbollah será de novo atacado no Líbano (1) e desta vez não será possível evitar a intervenção do Irão – uma desgraça, tanto mais grave quanto terá de se lidar com a famigerada ameaça das “armas nucleares. Fica o aviso. Acaba aqui o diagnóstico dos efeitos do conflito, sem atender às causas profundas do Sionismo às quais se disse nada.

Dizemos nós. No Líbano em 2006, (ou onde quer que seja proximamente), quem de facto perde são os contribuintes da União Europeia, que por alinhamento politico dos seus governos com Israel tem de suportar os custos do envio de tropas “de conciliação”, incluindo um destacamento português, para colaborar na reconstrução e patrulhamento, nesse caso, de uma zona conquistada a sul do rio Litani que permite a Israel roubar esse importante fluxo de água. Por essa altura foi feito prisioneiro o soldado sionista Gilad Shalit o qual continua algures em cativeiro, devido à recusa da sua troca pela libertação de centenas de prisioneiros Palestinianos, incluindo dezenas de mulheres e crianças. Para que não existam dúvidas sobre quem patrocina quem, um enorme retrato de Shalit foi colocado sobre a fachada da Câmara Municipal de Roma (a Itália é um dos principais doadores de soldados para a NATO, pelo que se compreende a solidariedade (1), nomeando Shalit cidadão honorário da cidade, uma espécie de herói da liberdade.

Como nos concertos musicais, no culminar do show off, fazem-se sempre as apresentações dos artistas presentes, no caso no palco que convidou Norman Finkelstein - José Manuel Pureza líder parlamentar do BE na qualidade de membro do Centro de Estudos Sociais da Univ. de Coimbra; Mário Ruivo pela Fundação Mário Soares; Ana Benavente e um raminho de flores para enfeitar a mesa e Alan Stoleroff como moderador pelo TRP – no início do período de debate o primeiro circunstante na assistência a quem é dada a palavra é ao candidato presidencial Fernando Nobre: “Eu estive lá em 1982 e voltei a estar em 2006 e vi bem a destruição…”. (3) Está na altura de sair. No conjunto o evento é uma manobra de diversão que institucionaliza o “fare niente contra o terrorismo do Estado de Israel. O american radical Norman Finkelstein (4), uma desilusão, foi usado na qualidade de “judeu bom”. Fica à imaginação de cada um quem teria pago a deslocação do conferencista e com que propósito.

(1) A fonte das previsões será Michel Hayek, um vidente que todos os 31 de Dezembro aparece na televisão libanesa com as previsões para o ano seguinte?? Hayek, o "Nostradamus libanês" na última passagem de ano previu mais um ataque ao Líbano para 2010 (vídeo)
(2) Uma vez que Israel não conseguiu o mandato da ONU para desarmar o Hezbollah o primeiro ministro Olmert falou ao telefone com o então 1ºministro Romano Prodi e pediu a Itália para tomar a liderança da “força internacional de paz”. A Itália ofereceu-se de imediato para enviar 3.000 soldados, enquanto a França, que tinha ajudado a quebrar o cessar-fogo, reminiscências da partilha da Palestina entre a Grã-Bretanha no final da 1ª GGuerra e ainda a principal fornecedora de armas às facções que apoia, se recusou a enviar mais que 200 soldados (fonte: NYT)
(3) Para uma análise séria do que foi o processo destrutivo perpretado por Israel no Líbano em 2006, ler o livro de Noam Chomski "Inside Lebanon"
(4) False Flag Opposition. Foi feito recentemente um documentário sobre a vida de Norman Finkelstein, intitulado "American Radical"
.

3 comentários:

Anónimo disse...

¿José Antonio Martín Pallín?

Anónimo disse...

Decepción "Finkelstein"?

JORGE GOURGEL disse...

Pelas notícias de crise,
Pelas dúvidas do futuro,
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Setubal e Lisboa

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anónimo