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sábado, dezembro 31, 2011

um bom ano (de trabalho escravo)

sob a égide do Ministro da Economia e do Trabalho, que é um mentiroso inqualificável:

um mundo de loucos

2053 engenhos nucleares explodiram no planeta Terra entre 1945 e 1998. O japonês Isao Hashimoto fez um mapa interactivo dos países promotores, conforme a intensidade e o espaçamento no tempo do uso e experiências dessas armas entre os 2 ataques a Hiroshima e Nagasaqui e os 2051 ensaios nucleares que afectam um planeta que é de todos

sexta-feira, dezembro 30, 2011

fogo de artificio na justiça...

Após seis anos da instauração do processo Portucale, o Ministério Público deixa cair o crime de tráfico de influências em que estão envolvidos Ricardo Salgado do Banco Espirito Santo e Paulo Portas lider do CDS por, respectivamente, empresas administradas pelo primeiro terem pago subornos para tentar viabilizar construções ilegais em áreas protegidas e ter cometido crimes ambientais; o segundo por, enquanto ministro da Defesa no governo de Durão Barroso em 2004 (1) ter recebido como dirigente do CDS em 2005 luvas de cerca de 1 milhão de euros na forma de financiamento ao seu partido.

No dia 21 de Dezembro a leitura do acordão ficou mais uma vez adiada: "...numa voz monocórdica e inaudível, a juíza passou cerca de uma hora a ditar alterações a dezenas de artigos da acusação (...) nova data para a leitura da decisão do tribunal ficou marcada para 27 de Janeiro". O sr. Ricardo Salgado foi de reveillon para o Brasil, Paulo Portas está em parte incerta, mas legam-nos a ênfase nalgumas partes da acusação onde apenas o pobre desgraçado ex-tesoureiro do CDS e outros patos menores parecem vir a arcar com uma espécie de consequências, se vierem de facto a arcar:

1. "Após a reunião o arguido Abel Pinheiro iniciou contactos no sentido de corresponder ao que lhe fora solicitado, junto do gabinete do ministro Nobre Guedes..."
2. "o arguido Abel Pinheiro disse que "o ministro Telmo Correia assina qualquer merda", dizendo ainda que Luis Nobre Guedes estava-se a exceder em boa vontade e que estavam a fazer tudo até ao limite das possibilidades..."
3. "Aproveitando o reconhecimento pela sua actuação, que sentia existir por parte dos responsáveis pelas empresas do Grupo Espírito Santo, Abel Pinheiro continuou a difundir os feitos alcançados através da sua intervenção, tendo logo aproveitado um contacto mantido, ainda no mesmo dia, com Vitor Neves, colaborador do BES com ligações ao DAIER, departamento responsável pela negociação dos financiamentos às empresas do Grupo Grão-Pará e disse "nós metemos na mão da sua gente quatrocentos milhões de euros nas últimas três semanas,uma vez que conseguimos que fossem resolvidos negócios que já duravam há dez anos nas áreas do Turismo, das Finanças e do Ambiente"
Nota importante: no acordão da acusação agora alterado, a verba de 400.000.000,00 (quatrocentos milhões de euros), foi alterada pelo Tribunal para 4 milhões de euros - à, e não esquecer: "segundo a acusação a entrada de mais de um milhão de euros nos cofres do CDS/PP ficou por explicar pela falta de documentos a comprovar a sua origem e perante recibos falsificados" em nome de um tal Jacinto Leite Capelo Rego.

(1) Paulo Morais: "Impõe-se ( a todos os governos anteriores) um cabal esclarecimento de qual o destino que tem sido dado aos milhões arrecadados com os impostos"
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quinta-feira, dezembro 29, 2011

a Acusação contra a Reserva Federal

"The Case Against the FED" é um livro de 1994 escrito por Murray N. Rothbard que tece observações críticas sobre a Reserva Federal dos Estados Unidos, o consórcio de bancos privados que detém o poder legalizado de emitir as reservas fraccionárias de dinheiro produzido em dólares e depois distribuido pelos Bancos Centrais em geral. No livro detalha-se:
1. a história da Banca emissora de reservas fraccionais e a influência que os Banqueiros sempre têm tido sobre a politica monetária nos últimos séculos, especialmente desde a fundação da sua versão contemporânea em 1913.
2. Rothbard explica que a afirmação de que o sistema de Reserva Federal está desenhado para lutar contra a inflação* é um sofisma. O autor explica que, dado que a inflação de preços se deve apenas a aumento da oferta de dinheiro e só os bancos aumentam a oferta de dinheiro, os Bancos, incluindo em primeiro lugar a Reserva Federal, são a única fonte de inflação. (Enquanto ao contrário na Europa se afirma que o BCE, que recebe créditos em dólares, tem como única função controlar a subida da inflação!)
* Aquilo que vulgarmente se considera inflação, quer dizer, o aumento dos preços dos bens, não é mais que um sintoma de inflação, e não a inflação em si própria. Esta nasce da criação de dinheiro (ficticio) sem correspondência com qualquer valor real dos bens produzidos (1)

O livro está traduzido em espanhol em versão autorizada e disponivel em pdf no google.docs

a Falácia do Mercado Livre

A invenção dos Bancos de Reserva Fraccional (originalmente uma vigarice, já que o contrato de depósito irregular não impõe obrigações de custódia de valores equivalentes em ouro ou prata) permitiu aos Bancos Privados emprestar o dinheiro dos seus depositantes ao mesmo tempo que lhes garantia a sua disponibilidade, confiando em que apenas uma fracção destes depositantes exigiriam a devolução do valor das dívidas. Desta forma se passou a confundir um contrato de depósito com um um sistema mutualista que se expande com base na massa monetária criada em forma de pirâmide de Ponzi.
Não existem dúvidas que, com a centralização e cartelização do sistema bancário através de Bancos Centrais que detêm o monopólio de emitir dinheiro de circulação legal, a possibilidade de criar dinheiro fundamentado em dívida (moeda fiduciária ou dinheiro fiat) se multiplicam por um crescimento exponencial eterno - logo insustentável.
Á medida que os Bancos Centrais começaram a gerir todas as reservas (principalmente o ouro) desapareceu a disciplina de mercado que impunha a possibilidade dos depositários exigirem o reembolso imediato das suas poupanças depositadas. Face à ausência de um mercado livre de emissão de dinheiro (2) o cálculo económico dos preços reais (no Mercado) do dinheiro é falseado com extrema facilidade pelo conluio das autoridades políticas que gerem a coisa pública com as instituições de planificação monetária privadas(3).

(1) o Ouro como Dinheiro. Como é sabido o padrão-ouro foi descartado do valor do dólar em 1973 pela administração Nixon, passando a partir dessa data o dólar a ser criado e emitido livremente pela FED sem qualquer correlação com valores reais dos bens. O senador conservador libertário Ron Paul (autor do best-seller "END THE FED") é o único candidato presidencial que tem questionado e pedido insistentemente uma auditoria à competência monetária dos Estados Unidos; e por causa disso tem igualmente sido ferozmente marginalizado pelos media. Foi também por questionar este problema - a liberdade de emissão de dinheiro por um monopólio privado de banqueiros, e não pelo controlo das autoridades governamentais eleitas - que John Fitzgerald Kennedy foi alvo de uma conspiração.
(2) De acordo com as politicas neoliberais em voga, comparar esta tese com "a Teoria dos Ciclos de Negócios da Escola Económica Austríaca" (na Wikipedia)
(3) Segundo o pasquim Correio da Manhã, na sua secção de sexo e outras actividades lúdicas fracturantes...

... o presidente do Banco Espirito Santo, Ricardo Salgado, viajou para o Brasil onde vai dar "uma festa inesquecivel para os amigos. Consigo viajaram a esposa Maria João e a amiga Rita Cabral companheira de Marcelo Rebelo de Sousa..." (que viajará mais tarde para se juntar ao reivellon). Recorde-se que o Professor Marcelo é uma eminência parda ligada ao lobie neocon no poder que durante anos a fio nas televisões tem trabalhado sondagens e promovido ou despromovido personagens na politica ao sabor dos interesses dos seus amigos.

* Efeméride: Naquele tempo, a opinião pública ficava irritada por ver uma putéfia amante do Rei dedicar-se à grande política. Mas em 1753, por volta do Natal, já promovida a Madame de Pompadour a marquesa adquire o Hotel d’Evreux, conhecido actualmente por Palácio do Eliseu, a sede do governo francês, ao qual toda a opinião pública reconhece autoridade legitimada. Ou como dizia o outro: toda a propriedade é um roubo... (para ler aqui)

"A apresentação do jovem Mozart a Madame de Pompadour em Versailles em 1763"
Vicente de Paredes, Österreichische Nationalbibliothek
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quarta-feira, dezembro 28, 2011

a Coreia do Norte (e os outros)



Morreu um chefe de Estado estrangeiro, fez-se luto como normal; mas a anormal diplomacia canalha dos media portugueses não vislumbram nada de mais estupidificante que ilustrar a notícia com uma anónima caralheta em riste para o finado, acompanhada das mais infames diabolizações e mentiras grosseiras, tala como ridicularizar o tradicional choro compulsivo das carpideiras. Juntamente com Cuba, (com o rápido aproximar do Irão), a Coreia do Norte é o país que mais sofreu e sofre com as mentiras da propaganda ocidental em todos os tempos (apenas porque é uma das pontas de lança apontadas à destruição do Capitalismo)

"onde nem parece que estamos na Europa", a Reuters mostra a fome ... (da Coreia do Norte é que nada) obviamente, a Agência Reuters esconde o seu lixo nas traseiras do quintal, conforme notou uma comentadora no site: "eu moro em Vancouver no Canadá e aqui na baixa temos 1.600 pessoas a viver na rua, sem nada..."



Depoimento de uma jovem estudante da Coreia do Norte que se comove ao recordar-se ver coreanos quando visitou a parte Sul do país subjugado pelo regime capitalista, sem uma casa para se abrigar, sem alimentos, vivendo na rua como animais:



A etnia coreana espalha-se por toda a peninsula da Coreia e pela China adentro onde coexistem com outras minorias como a dos uigures, tibeto-birmaneses, kmers e outras. Secularmente assim foi até o general Douglas MacArthur desfazer a nação coreana na década de 50. É o resultado disso, sem uma perspectiva de reunificação para breve, que temos ali, uma nação artificialmente partida em duas pelos interesses neocoloniais imperialistas norte-americanos. Na última década a sua importância foi relevada pela famigerada campanha de Bush contra o "Eixo do Mal". Diaboliza-se a Coreia do Norte como o país mais secreto do mundo, fala-se cretinamente em “isolamento”, sabendo-se das suas afinidades com as potencialidades da China (a 2º economia mundial, que é igualmente um regime socialista, não esquecer) com a qual a Coreia do Norte tem uma fronteira franca.

No regime socialista da Coreia do Norte a direcção sempre foi colectiva, é uma inominável pulhice afirmar-se que o povo é dirigido por um ditador avulso ao estilo sul americano aos quais os Estados Unidos deram apoio militar e dinheiro por décadas – o Presidente no regime norte-coreano assume-se apenas como um simbolo da Comunidade, garante das políticas definidas pelo Comité Central do Partido Comunista, que é um orgão colectivo que submete as suas deliberações ao escrutínio do povo e as corrige, emenda e volta a submeter a votação. É um processo perene, de revolução permanente, imaculadamente democrático.

Os norte-coreanos, cem por cento educados por escolas gratuitas, compreendem a nossa cultura. O sucessor Kim Jong-un é um fervoroso fã do Eric Clapton... vá lá, não apreciam os nossos banksters e aí é que está o problema; mas a maioria dos trogloditas da nossa praça não entendem nem querem entender um boi da cultura do Outro (e o Outro sou Eu, disse Saramago), por exemplo, o choro compulsivo de grupo por uma perda irreparável ou a estética do sincronismo colectivo (uma coisa impar, quase tão perfeita como as sociedade construidas por formigas ou abelhas, onde a maioria dos operários é capaz de morrer para salvar o seu Simbolo, a Rainha, José Estaline, Kim Jong II, seja quem seja... quando, muitos de nós jamais daríamos um peido pelo Cavaco quanto mais pegar numa arma pelo Barroso, pelo Soares, ou qualquer outro escroque dito "democrata", uma transliteração pós-moderna para o velho fascismo doravante em aplicação global - aplicável a todos, menos à Coreia do Norte, obviamente, a Arte produzida pelo colectivismo é aliciante e socialmente indestrutivel; ora compare-se lá a sua organização com os bandos de escumalha que “democratizaram” a Libia:




(foto de Kim il-Sung e Mao Tse-Tung retirada daqui)
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terça-feira, dezembro 27, 2011

a canção do ano

que nos desculpem o Zé Mario Branco e o Camané, mas esta do Sérgio é que é coisa para rebentar de uma vez por todas com os óscares



Onde num artigo de opinião publicado no DN se reconhece que a Alemanha é um país ocupado (a seguir à 2ª Grande Guerra os Aliados decidiram obrigar a potência vencida a pagar pela manutenção de tropas "para proteger o pais da ameaça soviética), a ocupação continua e a partir desse paradigma, pela via económica, a colonização imperialista se estende a toda a Europa:
"... quem continuar a falar de Eurobonds não percebe mesmo nada da natureza desta crise - o BCE não é a Reserva Federal norte-americana ou o Banco de Inglaterra. Contra factos não há argumentos e não vale a pena andar a lutar contra moinhos de vento. Espera-se é que o principal partido da oposição não repita nesta matéria essencial para Portugal as tristes figuras que andou a fazer na discussão e votação do Orçamento do Estado para 2012. Espera-se que desta vez António José Seguro... etc,etc"

O sistema capitalista, devido ao seu carácter contraditório - que se baseia na apropriação privada por parte de um pequeno grupo de banqueiros e governantes que transformam em capital a produção social fruto do trabalho da esmagadora maioria do povo - gera crises económicas que ameaçam a sua própria existência. Os grandes capitalistas resolvem estas crises cíclicas à custa da destruição em massa das forças produtivas, dos despedimentos em massa, pelo encerramento e deslocalização de unidades de produção, pela destruição de bens activos sem correlação com o capital acumulado (1). No passado, esta enorme destruição de que o grande capital necessita para resolver as crises, já implicou duas guerras mundiais. Actualmente a fabricação de dinheiro ficticio (2) em grandes quantidades para tentar impedir a derrocada do capitalismo está a conduzir o mundo a uma situação de guerras generalizadas. Não é uma guerra convencional - não há inimigo credível (3) a quem o grande capital global possa atribuir estrategicamente qualquer culpa - por todo o lado do que se trata é de uma guerra dos Capitalistas contra os Povos.

a acumulação primitiva de capital sempre foi um roubo violento. O processo torna-se tanto mais violento quanto mais aumentar a concentração canibalista

notas
(1) Nos EUA onde esta crise se iniciou, após os multimilionários empréstimos aos bancos (bailouts), agora a administração Obama decidiu branquear mais uns quantos vigaristas. Na semana passada, quatro ex-executivos do Washington Mutual (WaMu), o grande banco yankee que faliu em 2008, viram as suas dívidas perdoadas. (fonte)
(2) Este Natal foi particularmente generoso para os Banqueiros: “Praticamente 100% dos bancos dos 17 países que utilizam a moeda comum europeia ocorreram ao guichet do BCE para obter um total de € 489,2 biliões na primeira operação de resgate ao Euro que a autoridade monetária fez com prazo de três anos" (fonte)
(3) Parece inacreditável, mas passa-se assim: um Juiz norte-americano esta semana declarou considerar o Irão, conjuntamente com a al-Qaeda e os Talibans, implicado nos atentados do 11 de Setembro de 2001 (fonte)

breve nota às notícias oficiosas:
De facto o BCE entregou a mais de uma centena de bancos europeus semi-falidos 640 mil milhões de DÓLARES... que foram convertidos em 489,2 mil milhões de Euros sob autorização expressa do consórcio de bancos privados norte-americanos que dá pelo nome de Reserva Federal.
O móbil ao serviço do qual Mario Draghi funciona é o de reduzir a União Europeia a uma zona equivalente a quaisquer outras do 3º Mundo
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segunda-feira, dezembro 26, 2011

nasceu o Menino... vai-lhe valer deus?

(Gustave Courbet, "L'Origin du monde")
... depois nasceram muitos meninos, aqui hoje nascem cada vez menos meninos - a actual proposta (imposta) de sociedade capitalista fez do simples acto de nascer uma aposta num investimento - espreitando para o Principio do Mundo está na hora de declarar a morte definitiva do pai da criança desprovida de capital social à nascença - essa entidade abstracta pulha que tem dado pelo nome de Deus.
Pensamento medieval

“Disse para comigo que o mundo era bom e admirável. Que a bondade de Deus se manifesta até nos animais mais horríveis, como explica Honório Augustoduniense. É verdade, há serpentes tão grandes que devoram os cercos e nadam através dos oceanos, há a besta cenocroca, de corpo de burro, cornos de cabra montesa, peito e fauces de leão, pé de cavalo mas fendido como o do boi, um corte na boca que chega até às orelhas, a voz quase humana e no lugar dos dentes um único sólido osso. E há a besta mantícora, de rosto de homem, uma tripla ordem de dentes, corpo de leão, cauda de escorpião, olhos glaucos, cor de sangue e voz semelhante ao sibilo das serpentes, ávida de carne humana.

E há monstros de oito dedos em cada pé, e focinhos de lobo, unhas aduncas, pele de ovelha e latido de cão, que se tornam negros em vez de brancos com a velhice, e excedem em muito a nossa idade. E há criaturas com olhos nos ombros e dois furos no peito em vez de narinas, porque lhes falta a cabeça, e outras ainda habitam ao longo do rio Ganges, que vivendo só do odor de um certo pomo, e morrem quando se afastam dele. Mas mesmo todas estas bestas imundas cantam na sua variedade os louvores do Criador e a sua sabedoria, como o cão, o boi, a ovelha, o cordeiro e o lince. Como é grande, disse então para comigo, repetindo as palavras de Vicente Belovacense, a mais humilde beleza deste mundo, e como é agradável aos olhos da razão considerar atentamente não só os modos e os números e as ordens das coisas, tão decorosamente estabelecidos por todo o universo, mas também o volver dos tempos que incessantemente se enovelam através de sucessões e quedas, marcados pela morte daquilo que nasceu. Confesso, como pecador que sou, com a alma ainda há pouco prisioneira da carne, que fui movido então por espiritual doçura para com o criador e a regra deste mundo, e admirei com jubilosa veneração a grandeza da criação (…) depois da frase em alfabeto zodiacal (secretum finis Africae manus supra idolum age septimum de quatuor) eis o que dizia o texto grego: …” (Umberto Eco, o Nome da Rosa)

Pensamento contemporâneo

"o termo "partícula de deus" foi cunhado, em 1993, num livro de divulgação popular de ciência escrito pelo físico Leon Lederman, o qual, com notável olho para o negócio editorial, compreendeu que o título dado ao livro:”A Partícula de Deus: se o universo é a resposta, então qual é a pergunta”, venderia muito mais exemplares que o título que respeitasse a verdade: "O bosão de Higgs: se o universo é a resposta, então qual é a pergunta”. O que é que o bosão de Higgs tem a ver com Deus? Absolutamente nada. Peter Higgs, quando se apercebeu que o bosão de que havia evidência matemática e andava à procura tinha recebido aquele cognome teísta de "a partícula de deus", não gostou nada da brincadeira e não deixou de protestar: “acho-o embaraçoso, porque embora eu não seja um crente, penso que se trata daquele tipo de uso de terminologia incorrecta que poderá ofender algumas pessoas" (...)nunca ocorreu aos papagaios da notícia a lógica conclusão de que, se uns quantos andavam de cócoras à cata da partícula de Deus, então todas as outras partículas, já encontradas, teriam de ser partículas de Satanás (...) No Centro Europeu de Investigação Nuclear (CERN), instalado na fronteira franco-suíça, perto de Genebra, decorrem duas séries de experiências no Grande Colisor de Partículas, denominadas ATLAS e CMS (...) Deixem Deus em paz, para os que são religiosos; expliquem-lhes, de passagem, a natureza e a beleza do bosão de Higgs, que está prestes a ser apanhado por notáveis homens e mulheres de ciência dentro de um túnel nas fraldas dos Alpes. (daqui)

... e aqui vamos nós de novo: algum empresário se lembra que nasceu o menino em Belém, tocam os anjos na terra, é Natal no Royal Albert Hall



enquanto em Belém está uma fila danada entre o muro e o arame farpado no controlo israelita para entrar e sair de casa para ir ou voltar do trabalho
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domingo, dezembro 25, 2011

em época de boa vontade até Tom e Jerry fazem as pazes

"A Noite Antes do Natal" ("The Night Before Christmas", 1941). Nesse ano, no dia a seguir à estreia deste filme, os Estados Unidos implementavam a false-flag de Pearl Harbor. (1) O argumento do desenho animado é eloquente: Tom fez planos para finalmente comer o seu inimigo mortal, e vai tão longe quanto - aproveitando as emoções natalícias - lhe oferecer uma vistosa prenda sob a qual se esconde a ratoeira. Jerry naturalmente com a sua esperteza de rato não enfia o barrete, mas manobra para ultrapassar a situação e fazer gato-sapato de tudo o que mexe no aconchego do lar do glutão. O que resulta no acto final, faz o beicinho do espectador estremecer de ternura... (embora se esteja mesmo a pressentir que o Gato verá sempre o Rato como uma qualquer espécie de perú a rodar num espeto)



(1) 2ª Grande Guerra, o pretexto para a intervenção: Desclassificados documentos que provam traição dos dirigentes norte americanos na false-flag de Pearl Harbor
(2) Guerra por uma boa causa? o revisionismo histórico sobre as causas do expansionismo japonês
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sábado, dezembro 24, 2011

EDP de candeia na mão à procura de dinheiro fresco

(Portugal falido)

Os trabalhadores da EDP criticaram a venda de 21,35 por cento da empresa aos chineses da Three Gorges Corporation "por constituir uma venda prejudicial do património público nacional e violação da obrigação e dever do Estado de defesa da soberania e interesses superiores do nosso país" e também por "sacrificar simultaneamente os direitos dos seus trabalhadores e os direitos dos consumidores portugueses"

Os que tem empregos estáveis numa grande empresa nos tempos que correm são uns trabalhadores privilegiados. Não lhes ocorre que há muitos anos que a "soberania nacional" anda a ser delapidada pela impossibilidade de concorrência das pequenas empresas desprotegidas e abandonadas pela Banca e pela politica do Estado em benefício do crescente monopólio das grandes corporações transnacionais. O resultado é o que se conhece com o actual indice de desemprego. Primeiro levaram uns e eles não disseram nada, depois vieram buscar os outros. Chegou a vez dos privilegiados da EDP, que não são mais especiais que os da Groundforce, da Delphi, da Opel. A crítica é absurda - a EDP tem 7243 trabalhadores em Portugal, mas a EDP a nivel global (no EUA, Canadá, Brasil, UK, Polónia, Roménia e Espanha, dá trabalho a mais 4839 pessoas, a maior fatia no Brasil onde o salário é bem mais baixo e tem potencial de crescimento (a EDP é a 3ª maior do mundo no sector das eólicas). Além do mais as tarifas obcenas que pagamos não são determinadas pela EDP mas pelo mercado detido pelos accionistas. A globalização é isto, (a Salvador Caetano deslocalizou o fabrico de autocarrros para a China) nada mais natural que a empresa Estatal Chinesa Three Gorges pretenda tirar partido das estruturas que estão montadas. Por esse acesso pagam um cheque de 8,7 milhões!

- um valor que os trabalhadores portugueses da EDP não zelaram por angariar, não ousaram controlar administrativamente e impedir que os capitais que representam trabalho português acumulado fossem investidos na exploração de estrangeiros, ao invés de o ser em Portugal, em benefício dos consumidores nacionais, que têm visto as facturas da energia constantemente a aumentar. Para a elite dos trabalhadores alienados pelas ilusórias promessas burguesas, enquanto houve (ou houver) aumentos nos seus rendimentos a titulo individual, está tudo bem, ainda que o dinheiro seja procedente da exploração desenfreada de outros povos. Agora sobressaltam-se com a eventualidade da entrada de outros trabalhadores (no caso os chineses) em clubes até aqui exclusivos, nós todos como trabalhadores na divisão internacionalizada global do trabalho.

"Nós: não é uma posição ou uma essência, uma "coisa" que declarámos ser pública. O comum não é o nosso fundamento, é a nossa invenção incessantemente recomeçada (...) o comum está diante de nós, sempre, é um processo e um devir (...) Retomar o comum, é reconquistar não uma coisa coisa mas um processo constituinte, quer dizer o espaço onde ele se pode dar." (Antonio Negri, dixit)
para que se compreenda o que Passos Coelho quis dizer quando sugeriu que os que não se safam aqui se fossem safar para outro lado. Serve o barrete igualmente à dona Aiveca do Bloco dito de Esquerda samalequeando contra o Estado português que faz "negócios com a ditadura" chinesa. A propósito de revisionismos ao marxismo, ao menos um, que não o do pró-capitalista social democrata BE, que seja mais útil e não decadente; a República Popular da China assumiu o jogo capitalista no tabuleiro onde se joga a economia global; porém no plano interno subsiste um núcleo primário de economia centralizada em estrito benefício do povo chinês, povo que se organiza e se estrutura no Partido Comunista. Se assim não fosse, se não obtivesse vantagens de uma forma superior de organização social planeada e centralizada, a China já teria sido varrida para o mesmo destino da URSS.

o famoso discurso final do Ditador que acaba por transmitir uma esperança para o futuro da humanidade "peço desculpa, eu não quero ser Imperador, não é o meu ramo de negócio, não pretendo regular ou conquistar quem quer que seja..."

sexta-feira, dezembro 23, 2011

o melhor (e já agora também o pior) do ano

a opus magnum de Vincent van Gogh dita o "Céu Cintilante de Estrelas" (Sterrennacht boven de Rhône, 1888, apenas um "Céu estrelado à beira do Ródano" ) foi a obra mais reproduzida e vendida neste ano da graça de 2011; aqui, uma reprodução entre outras, na versão tapete de Arraiolos:

Esta retrospectiva da obra do pintor holandês foi filmada para servir como educação terapêutica num hospício de doentes mentais nos Estados Unidos:



1 em cada 5 norte-americanos necessita de cuidados psiquiátricos para distúrbios graves, a taxa mais alta do mundo, (onde existem estatísticas)

Extravagâncias e distúrbios psico-politicos afectam o Congresso. Durante o debate de ontem o senador do Wisconsin referiu-se a Michelle Obam nestes termos: "Ela dá-nos palestras sobre alimentação saudável, mas tem um traseiro bem gordo" (para ler aqui)

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quinta-feira, dezembro 22, 2011

portas-luvas

"Dois antigos responsáveis da Ferrostaal foram condenados em tribunal (na Alemanha) por terem pago luvas de 62 milhões de euros na subversão dos contratos de aquisição dos submarinos. No entanto "a queixa tinha sido omissa sobre "eventuais encontros" (que os arguidos confirmaram ter existido de facto) entre os diplomatas agora incriminados e Durão Barroso e a sua pendrive Paulo Portas. Sorte a nossa porém, a do anónimo cidadão honesto, porque o próprio Barroso num exercício notável de auto-crítica (decerto sobre o ano 2004) na sua área honoris-causa da pulhice neocon veio reconhecer o óbvio: "na Europa tem havido governos pouco sérios", disse o tipo na cerimónia da Universidade Técnica de Lisboa, (técnica porreira pá, eco da filosofia ladra de Sócrates)

clique no recorte para ampliar
para ler mais: "Um Romance Português" por Manuel António Pina
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goma arábica

se está dificil acreditar em Deus e no seu séquito de anjinhos, talvez deva tentar Alá... Oxalá, se bem nos lembramos da origem da palavra segundo a explicação do professor Rómulo de Carvalho: in-sha-alá (se deus quiser), oxalá. Contacte já o Iman mais próximo de si:



Israel anuncia novas construções nos colonatos dos territórios ocupados como represália à aceitação da Palestina na Unesco
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quarta-feira, dezembro 21, 2011

suborno de submarinos portas adentro

"... os dois responsáveis alemães agora condenados ligados ao consórcio GSC admitiram que pagaram subornos em Portugal (e na Grécia) para garantirem a assinatura dos contratos de compra dos submarinos à Alemanha (...) os dois ex-gestores pagaram ao ex-cônsul de Portugal em Munique de cerca de 1,6 milhões de euros através de um contrato de consultoria com o objectivo de estreitar relações com membros do governo português, então chefiado por Durão Barroso e com Paulo Portas a tutelar da pasta da Defesa Nacional" - as luvas fazem parte da dívida, vem nos jornais que o ex-cônsul confirma contactos com Barroso e Portas; e então? não há por aí nenhum bolso que se acuse? (1)

clique no recorte para ampliar

Atenção: no julgamento que começará (se começar) em Abril de 2012 o juiz do Tribunal Central de Instrução Criminal (TCIC), Carlos Alexandre, decidiu (em Abril de 2011, portanto fará um ano! sendo o caso conhecido desde Março de 2010) levar a julgamento nove arguidos apenas no caso dos 34 milhões das contrapartidas falsas pela compra dos submarinos. O caso dos subornos pagos não entra no cardápio. Obviamente, Passos Coelho não tem nada a ver com as negociatas de Paulo Portas, ah, ah!
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Para quem está a tratar de cuidar da saúde aos outros, este ministro tem muito mau aspecto

Cada utente do SNS que não tenha preenchido preenchido uma papeleta a requerer a isenção enviando-a para as Finanças, corre o risco de ter de pagar de novo taxas moderadoras – deficientes, doentes crónicos, indigentes económicos e por aí afora. Concentrando cada vez mais informação a DGCI torna-se assim dia a dia cada vez mais a nova PIDE. No caso do Serviço Nacional de Saúde, as medidas são mesmo ao jeito das companhias de seguros, quem quiser um atendimento e serviços decentes, deve dirigir-se à Medis onde será bem tratado.... com a competência que o sr. Ministro Paulo Macedo por lá deixou quando foi administrador dessa empresa do grupo Espirito Santo, antes de ser nomeado para cargos nos governos
(à atenção do Henrique Raposo)

* Paulo Morais diz que "Governo parece preferir beneficiar empresários ricos em detrimento dos pobres dos doentes". Parece? Paulo Morais pertence à Maçonaria... e tem de haver alguém a dizer qualquer coisa contra, senão o povo pensa que não há alternativa à político-ladroagem instalada. Imagine-se, sempre se pode mudar de registo, que não transigir da essência do regime.
* Taxas moderadores aumentam para o dobro
* Ministério prevê cortes na Saúde de 1.000 milhões de euros em 2012.
* Estado obrigado a baixar salários no sector público em 3 mil milhões no próximo ano.
* Por imposição da troika: Governo vai despedir 30 mil funcionários da Função Pública em 2012
* Sindicatos dizem que o Governo anda a aldrabá-los na concertação social, onde continua a garantir que não vai haver despedimentos.
* Segurança no Emprego, para que conste:
Novas regras para despedimentos
em 2012 Troika interna consegue contrair economia em 3%,
mais 1,2% que o exigido pela Troika externa

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terça-feira, dezembro 20, 2011

La Fille Mal Gardée

pequenas coisas boas de uma globalização cultural internacionalista: a poesia do gesto na argentina Marianela Núñez e no cubano Carlos Acosta (Acto 1, cena 2) Royal Ballet House


Bailado completo(1h;54min;44seg) aqui

* Saída de tropas do Iraque é cortina de nevoeiro sobre os ecrans mediáticos. John Pilger confronta a hipocrisia de Obama (aqui)
* Fantoche descontente: Karzay apela ao fim dos ataques nocturnos dos Drones assassinos que diariamente dizimam o seu povo às dezenas (aqui)
* Strauss-Kahn: Medidas tomadas na Cimeira de Bruxelas que aprovam novo Pacto Fiscal apenas atrasam a queda da zona Euro no precipicio (aqui)
* Faz sentido?: BCE entrega 150 bilões de euros ao FMI para este ajudar países europeus em crise, sem limite e a lançar pelos Estados na dívida pública (aqui)
* BCE emprestará a 1% à Banca da Zona Euro todos os euros que estas entidades queiram por um prazo de 3 anos (aqui)
* EUA: a Morte da Autoridade Política: governos de banksters não têm autoridade sobre pessoas boas e inocentes (aqui)
* Resistir: Bancos apossam-se da Europa (aqui)
* É natal: enquanto os americanos se andam consumindo às compras Obama assinou uma espécie de Lei Marcial (aqui)
* A relação entre a liberdade da pessoa como Individuo e os mega-lucros das Corporações como "pessoas" colectivas (aqui)
* Liberdade de Informação: Governos estão atentos sobre legalizar e codificar as suas Mentiras; (aqui) de anotar, para os ingénuos que pensam que vão ser disponibilizados dados e provas sobre vigarices dos grupos que assaltaram o Estado (aqui)

"Não é necessário analisar 10 mil documentos secretos para chegar a qualquer conclusão acerca da dívida soberana; Mais do que ser levada a cabo por um “grupo de especialistas”, o importante é que uma Auditoria Cidadã à Dívida Soberana tenha por detrás um grande levantamento popular" Auditoria Cidadã à Dívida: o rescaldo!, (no Luta Popular)
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segunda-feira, dezembro 19, 2011

a Dívida, os Gasparzinhos, o Racismo económico e uma Blasfémia final

O debate centra-se entre os dois pólos opostos: ou pagamos ou não pagamos - pelo meio, dizem os reformistas, existe todo um mundo de possibilidades. O que será um facto é que se não tivermos por onde pagar, realmente não pagamos – e a Dívida (mais os juros astronómicos) aliada à recessão, aceite pelos governos nos presentes moldes é impagável; porém o Poder e os Media ao seu serviço brotam em catadupas o discurso moralista da família honrada que paga as suas dívidas, mas, como é normal, qualquer família honesta negar-se-á a pagar por acções de parentes afastados que andem a roubar, que paguem na cadeia (1), tampouco se poderá crer que deixem os filhos morrer à fome para cumprir compromissos de estranhos.

Comunicação de Garcia Pereira à Assembleia da IAC


(apreciação final do PCTP/MRPP aqui)

Outro falso maniqueísmo na moda é que existem países virtuosos, os laboriosos do Norte, e países de população preguiçosa, os do Sul – das tribos anglo germânicas ao Mediterrâneo e ao Magrebe, dos anglo caçadores de escalpes e terras de socialistas Iroqueses a Norte, à mestiçagem indolente dos ameríndios brasileiros e peruanos a Sul, historicamente sempre foi assim que aconteceu - O novo racismo económico deriva em linha directa do caminho das lágrimas (2) do velho racismo escravizante tout-court. Há contudo um erro em analisar o sistema procedendo à divisão como se de “paises” se tratasse. Hoje a teoria imperialista de Lenine concretizou-se: a geografia do capital é global. As burguesias dominantes "dos países" encontram-se dissolvidas nesse mar. A ter em conta apenas que há dívida detida por pequenos aforradores locais e há divida detida por grandes especuladores internacionais.

Se aceitarmos qualquer outra divisão como uma coisa boa no progresso económico, que não seja fundada no valor do trabalho produtivo (e aqui é que bate o ponto a Sul) – estamos a aceitar a submissão aos que têm a capacidade tecno-militarizada de imprimir dinheiro fictício como moeda global a Norte. A libertação da canga do endividamento a Sul passa pela extinção dessa capacidade, ou seja a bem ou a mal e com forças fora do nosso alcance, pela extinção do consórcio privado Reserva Federal norte-americano. Por alguma razão essa foi a palavra de ordem presente na fundação do movimento “Occupy Wall Street”. No nossa caso, contra a ingerência estrangeira a resposta adequada envolverá a criação de um movimento dinâmico de mobilização da sociedade visando boicotar as instituições dos mercados financeiros, a banca e as leis ilegítimas saídas dos gabinetes de políticos que mais não são que funcionários do sistema monetário fraudulento existente (3).

Onde começa a dívida ilegítima e acaba a dívida legitima? Qual foi a parte que foi impingida pelos próprios especuladores? Só com a suspensão imediata do pagamento até ao apuramento cabal das circunstâncias em que se processou o endividamento e quem são os culpados a criminalizar por actos de gestão ilícitos é que se poderá tomar uma decisão ponderada. Esta acção de suspensão não é necessariamente objecto exclusivo de um grupo de técnicos limitados – é uma acção orgânica de toda uma sociedade empenhada em resolver os seus problemas pela única via que os trabalhadores conhecem: a valorização pelo valor real do trabalho produtivo, pela erradicação do trabalho parasitário improdutivo indexado ao capital. Como diz Marx: “o capital é trabalho morto acumulado que só sobrevive sugando mais trabalho vivo” – actualizando: puta que os pariu! (4)

(1) a mesa da Assembleia da IAC na resolução final negou-se de forma capciosa admitir a ideia de introduzir uma nota (6.1 alinea c) expressa sobre a criminalização dos responsáveis pela dívida. Omitir esta questão fulcral é apoiar tacitamente a fuga de responsabilidades.
(2) Alusão aos caminhos de expulsão e migração forçada dos indígenas norte-americanas para campos de concentração, levada a cabo pelo poder militar dos colonos anglo-americanos. (wikipédia)
(3) Em apreciação está se a criação do Euro foi benéfica para os povos europeus, ou se apenas foi um estratagema de índole maçónica protector dos interesses das exportações do eixo Alemanha-França
(4) Ninguém poderá explicar o que faz o Bispo das Forças Armadas e das Forças de Segurança como subscritor num documento que pretende a libertação civil do jugo da Dívida. Januário Torgal Ferreira ao prevenir, em tempo, expressamente “tenham cuidado com os cortes nas forças armadas” pensa enganar alguém sobre o facto da pertença das organizações que abençoa à NATO (ao lado das Policias de Choque), não constituirem uma boa parcela do endividamento ilegítimo?
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sábado, dezembro 17, 2011

Algumas notas sobre o 1º dia de debates na iniciativa pela Auditoria Cidadã à Dívida

1. A primeira oradora, Ana Benavente, limitou-se a debitar um conjunto de lugares comuns, muito ao gosto de uma corrente burguesa que se diz “humanista”, “esquecendo-se” de mencionar que tinha feito parte de um governo, e faz parte de um partido, que aceitou assinar o Memorando de Entendimento com a Tróica - Ana Benavente foi secretária de Estado para a Educação num governo PS liderado por José Sócrates - e que se conheça, nunca se lhe ouviu uma palavra sobre endividamento que não fosse lícito.

2. Na assistência predominavam elementos afectos ao Bloco de Esquerda, muitos jovens ligados às plataformas M12-M e Precários Inflexíveis e alguns simpatizantes ou militantes do PS e do PSD. O economista Júlio Castro Caldas (PS) acabaria por ser nomeado como redactor do Projecto de Resolução desta Convenção que constitui, com pretensa legitimidade popular, a Iniciativa de Auditoria Cidadã à Dívida (IAC) - isto é, como infelizmente se começa já a perceber, uma comissão para "instruir" os governos que se endividaram e os que lhes sucedem, todos da área do neoliberalismo, no modo como deve ser efectuada a “reestruturação da dívida” - e não para a suspensão imediata do pagamento da dívida até que se conheça que parte dela é odiosa e ilegitima e quem são os responsáveis que devem ser criminalizados.

3. O segundo Orador, Eric Toussaint (CADTM) de todas as intervenções, foi a que demonstrou uma visão mais avançada. Para além de considerar que a primeira exigência que a Comissão para a Auditoria Cidadã devia fazer ao Governo é a da suspensão imediata do pagamento da dívida, considerou serem autênticas panaceias as propostas de taxas para os ricos, pois não têm qualquer peso face aos sacrifícios que são exigidos aos trabalhadores e ao povo. Discutir a Dívida Pública não é um exercício que precise de envolver grandes especialistas ou pessoas intelectualmente dotadas, devendo a Auditoria Cidadã à Dívida funcionar como um instrumento para demonstrar aos trabalhadores e ao povo como é que esta se formou e que alternativas se lhes colocam para contrariar as medidas de austeridade que lhes estão a impor, isto quando se sabe que desde 2008 grande parte da dívida pública foi contraída para salvar a Banca; e segundo se sabe: "há 10 dias a Reserva Federal Americana, o Banco Central da Suíça e outros Bancos Centrais, determinaram uma medida de emissão de crédito assente na contrafacção de dinheiro "sem quaisquer limitações", o que se pagará em breve com o que resta da economia hiperinflaccionada igualmente sem limitações - agravando cada vez mais a já precária situação dos trabalhadores e do povo em geral. Segundo Toussaint, através desta Auditoria deve pretender-se que os trabalhadores e o povo se auto eduquem, se auto organizem e mobilizem para lutar por alternativas á desordem capitalista neoliberal.

4. O terceiro orador, Costas Lapavitsas, com um discurso e conclusões muito próximas das do Bloco de Esquerda, fez a apresentação do seu trabalho “Debt and the Euro: confronting the eurozone crisis”. Isto é, segundo este orador, depois de apresentar uma profusão de quadros em que se “demonstrava” que o consumo dos privados tinha sido o maior fautor da dívida, o que, acompanhado de um desinvestimento na industria e do recurso a créditos com juros elevadíssimos – fez referência ao facto de os bancos “comprarem” dinheiro a baixo juro para o vender a juros elevadíssimos – fez disparar a nossa dívida soberana e lançar o país numa profunda recessão. No final, é outro adepto da "reestruturação da dívida" - quando, antes do mais, a IAC deverá exigir desde já através do Tribunal de Contas, do Banco de Portugal e de outras entidades, o acesso sem restrições a toda a documentação e informação necessárias ao apuramento de TODA A VERDADE! para se concluir se existe alguma parte a "reestruturar" ou se todo ou alguma parte do endividamento ilicito e criminoso deve ser pago!

5. A Convenção optou por um modelo anti democrático, que não é um bom prenúncio para os resultados que dela se esperavam, isto é, por ter constituído os vários “grupos de trabalho” ou “mesas de discussão” premeditadamente antes da Convenção, quando deveriam ter sido criados no decurso dos debates e das conclusões a que os participantes chegassem. (1)

a Dívida é um processo de transferência de capitais públicos para sectores de interesses privados.
3 exemplos
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a) Parcerias Público Privadas – no sector dos Transportes do orçamento disponível 3 em cada 4 partes são para pagar juros de encargos financeiros com investimentos que teriam de ser decididos segundo outros parâmetros. Não há culpados. Cobrir os disparates de gestores que agiram segundo interesses que não são transparentes cabe agora aos utentes que são chamados a pagar a exorbitância da factura. Desde que o custo dos bilhetes e passes aumentaram, o volume de passageiros baixou em 2,6 milhões. E quanto menos mobilidade, mais declina a economia e o Estado colecta menos impostos. Mas o capital investido comissões e juros encaminhados para privados estão a render.

b) O balanço do BPN representava em 2008 cerca de 1,5 por cento do activo total da banca portuguesa e 2,2 por cento dos depósitos. Apesar desse reduzidíssimo volume de negócios, em vez de deixar falir o pequeno gang de especuladores, o Governo resolveu onerar o Estado e os contribuintes com a nacionalização dos prejuízos do BPN com o fantástico argumento de que todo o sistema bancário corria o risco de se desmoronar. O pretexto utilizado por Cavaco Silva para promulgar o diploma (2) assenta numa mentira!, (3) o Estado português já injectou mais de 5.000 milhões de euros no BPN (aumentando o défice em 2010 em mais de 1% para 9,8%), concedeu 500 milhões em avales e vai contribuir com mais 550 milhões para refinanciar o banco. No final o Estado irá receber uns ridículos 40 milhões pela negociata da venda do imobiliário do banco ao grupo da filha do ditador de Angola. Fica cada vez mais claro que tudo isto foi feito para salvar o grupo de banksters do partido de Cavaco Silva que perderam dezenas de milhões de capital fictício (que não constava no balanço fiscal do BPN) na falência da Bolsa indexada a Wall-Street (4) (5)

c) A transferência do Fundo de Pensões da Banca para o Estado, decidida por Passos Coelho (a pedido da Banca) para salvar o défice deste ano, acrescenta mais encargos com o pagamento das pensões dos beneficiários no futuro. Como contrapartida, esta medida vem acompanhada de isenções fiscais para a Banca durante os próximos 20 anos! A Banca que já pagava pouco, vai passar a pagar cada vez menos. Por estas e por outras o 1ºministro ameaça com uma previsível falência (fraudulenta) de todo o sistema nacional de pensões.

notas
(1) Texto apoiado no registo dos camaradas do PCTP/MRPP para o 1º dia dos trabalhos
(2) a 8 de Novembro de 2008 o Presidente da República promulgou o diploma que nacionaliza o BPN argumentando que teve em conta a "protecção dos depositantes e a estabilidade do sistema financeiro"... (fonte)
(3) ... e 1 ano depois o Banco de Portugal vinha considerar que,” apesar da reduzida dimensão do BPN, a falência da instituição poderia ter efeitos negativos” (fonte)
depois de, entretanto, o habitual inquérito parlamentar limpa-memórias concluir que dar cobertura à fraude no BPN foi a melhor opção devido aos riscos sistémicos associados à falência
(4) No cerne do ciclone: a crise da dívida na União Europeia (no CADTM)
(5) Continua a aparecer mais lixo não contabilizado na Banca portuguesa (fonte)
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