Bush é o diabo que corresponde às necessidades intrinsecas do capitalismo actual, cujos objectivos neste estádio de exploração só se conseguem levar por diante pela fria declaração de guerra pelos recursos naturais tentando tomar posições geo-estratégicas determinantes. Quando a situação estiver à beira do esgotamento e se tornar insustentável perante as opiniões publicas, o Império mudará de gerência politica, as ânimos serão apaziguados e as boas consciências descansarão na pax americana.Sem que se abra mão do que foi entretanto consquistado, muito menos que algeum seja responsabilizado pelos crimes cometidos. ¿Não será isto mesmo assim? – seja quem for que aí venha a natureza do Imperialismo não mudará por Bush se remeter à condição de bêbado marginal de onde, se Deus existisse, nunca deveria ter saido. Porque a estrutura de dominação tem vindo a ser construida ao longo de todo o ultimo século e tanto antes como depois de Bush a sua natureza não mudou nem vai mudar em nada de essencial. Porque os presidentes são figuras-títeres compradas pelos poderes convenientemente ocultados às opiniões públicas. No sentido de explicitar isto, dá-se aqui inicio à publicação de um pequeno livro disponivel na Editora Frenesi (pedidos p/ frenesi@netc.pt), traduzido da obra original de Thierry Meyssan. No total são 8 páginas A4 que se devem dividir por 8 posts.
Numa altura em que se reabre o debate sobre a concepção do mundo que resultou da chegada à Europa da colonização americana no pós-Guerra, mormente pela divulgação das imagens do campo de concentração britânico (iguais às dos campos Nazis) que foram publicadas no Guardian - é muito útil para os desenvolvimentos futuros que se repense que o III Reich não foi, seria, ou é assim tão diferente do IV Reich, para onde, realce-se, uma parte considerável da ciência e da nomenklatura foi aliás transferida. Façam o favor de reler a história.
Os Senhores da Guerra – o CSP, um grupo militarista na sombra do poderio norte-americano
“Caso existisse a menor dúvida sobre o poder das vossas ideias, bastaria ver o número de associados do Centro (Center for Security Policy – CSP) actualmente colocados nesta administração – e em particular no Departamento de Defesa – para o dissipar”
Donald Rumsfeld, secretário da Defesa
5 de Setembro, 2002
Nos meios diplomáticos murmura-se que, em Washington, o verdadeiro poder ter-se-ia deslocado da Casa Branca para o Centro de Política de Segurança (Center for Security Policy – CSP). Desde o 11 de Setembro que este think-tank procura fixar a polícia externa dos EUA; uma pretensão que alguns julgam exagerada, mas que não parece desprovida de fundamento. Com efeito, os homens que impõemos seus pontos de vista no seio da actual administração norte -americana formam um grupo coeso, que se constituiu durante a Guerra Fria e que se identifica com o CSP. Para se poderem compreender os jogos internos do poder em Washington e os verdadeiros móbiles dos “falcões”, impõe-se uma resenha histórica.
Acto 1 – A Comissão Sobre o Perigo Presente
No final da Segunda Guerra Mundial, a rede “stay-behind” recuperou mais de um milhar de cientistas nazis e transferiu-os para os Estados Unidos durante a Operação Paperclip. Alguns deles eram especialistas em armas químicas que haviam efectuado experiências em cobaias humanas no campo de Dachau. Outros, cerca de uma centena, eram peritos e engenheiros do centro de foguetões de Penemünde. Sob o comando de Wernher von Braun, essa equipa havia inventando e contruído os V2 que bombardearam Londres a partir do continente. Todos eles foram transferidos para Fort Bliss (no Texas) e integrados no Comando Aéreo do Exército (Army Air Defense Command – ARADCOM). Esta transferência de tecnologia encorajou os industriais norte-americanos de armamento a imaginarem a fabricação de um novo arsenal, que tanto incluia misseis intercontinentais como naves espaciais, uns e outras aptos a transportarem armas de destruição macissa (quimicas, biológicas ou nucleares). Mas, paradoxalmente, após a vitória sobre a Alemanha este gigantesco projecto deixara de ter razão para existir. A menos que, bem entendido, os Estados Unidos tivessem de fazer face a um novo inimigo. O general George F. Kennan, embaixador dos EUA em Moscovo, descreveu o perigo soviético num “longo telegrama” enviado para Washington em 1946. Quando regressou à capital, publicou as suas análises sob anonimato na revista do Conselho para as Relações Externas (Council for Foreign Relations – CFR). Rápidamente, toda a classe dirigente norte-americana ficou persuadida de que o perigo vermelho em germinação seria ainda mais perigoso do que o III Reich. Seguiram-se dois anos e meio de debates internos nos altos circulos da administração para avaliar a ameaça, elaborar uma resposta e torná-la popular. Tirando as devidas lições da impreparação do seu país para a Segunda Guerra Mundial, o presidente Harry Truman criou o Conselho de Segurança Nacional (National Security Council – NSC) para coordenar a diplomacia e o conjunto das forças militares norte-americanas, não apenas em tempo de guerra, mas tambem em tempo de paz. Na mesma ocasião, instituiu um serviço secreto permanente, a Agência Central de Informações (Central Intelligence Agency – CIA).
A evolução da situação na Europa, nomeadamente a retirada britânica da Grécia e da Turquia, levou Truman a decidir manter uma presença americana permanente no velho continente, a fim de contrariar a influência comunista. O general George C. Marshall, secretário de Estado, concebeu um amplo plano que combinava o auxilio económico e as acções secretas por forma a estabelecer democracias e garantir que estas fariam a “boa escolha”. A directiva NSC 10/2 do Coselho de Segurança Nacional, redigida principalmente por Kennan, oficializou a criação de uma rede de ingerência, a “stay-behind”. Os vivos debates internos da administração Truman acerca da gravidade e da eminência da ameaça soviética tornaram-se ainda mais duros quando estalou a guerra da Coreia. O General George F. Kennan e o secretário da Defesa viram-se definitivamente ultrapassados à sua direita por outros, muito mais belicistas do que eles. Truman reorganizou a sua equipa. O general George C. Marshall tornou-se secretário da Defesa, sendo assistido pelo seu amigo Robert Lovett. Dean Acheson aceitou a secretaria de Estado, sendo coadjuvado por Paul H. Nitze, na qualidade de director da planificação politica. Foi este último que redigiu a versão definitiva da directiva NSC 68, a qual definiu a doutrina da Guerra Fria. Segundo este documento, actualmente desclassificado, dada a sua natureza a URSS visava estender o comunismo ao mundo inteiro. Ora, ela conseguiria provavelmente dotar-se da arma nuclear dentro de quatro anos e não de coibiria, portanto, de a utilizar para destruir o seu adversário principal: a terra da liberdade, ou seja os Estados Unidos da América. As duas superpotências estavam condenadas a prosseguirem um duelo de titãs, que terminaria com o triunfo do capitalismo e o reino da prosperidade sobre a terra, ou então com a queda do género humano nas trevas do comunismo.
A NSC 68 vinha acompanhada de uma dezena de anexos distintos, nos quais se declinavam todos os programas de resposta, a nivel militar, civil,económico, etc. Infelizmente, o povo americano, entregue às alegrias da paz reencontrada, não tinha consciência do perigo crescente, não estando pronto a embrenhar-se numa nova guerra para salvar o mundo. Truman tinha de convencer os seus concidadãos da urgência do perigo para os levar a admitir os sacrifícios, designadamente em termos de orçamento e de reforma administrativa. Obteve-se a colaboração de um dos patrões da stay-behind, Edward W. Barrett, então director do Gabinete de Estratégia Psicológica (Interdepartmental Psychological Strategy Board – IPSB) e editor de secção na Newsweek. Ele organizou uma operação de manipulação para inverter a opinião pública interna. Uma associação, que se apresentava como sendo um grupo apolitico de cidadãos atentos da Costa Leste, o Comité sobre o Perigo Presente (Committee on the Present Danger – CPD), lançou nos meios de comunicação americanos uma campanha em prol do reforço urgente da defesa nacional. Entre os animadores do comité encontravam-se Frank Altschul (director do Conselho para as Relações Externas), William Donovan (ex-patrão dos serviços secretos durante a Guerra Mundial) e o general Dwight D. Eisenhower. O impacto do comité foi tal que um consenso nacional permitiu a Truman triplicar subitamente o orçamento militar e tornar publica a politica do “containment”, ou seja, de um cordão sanitário para conter a URSS.
Truman ordenou a realização dos projectos de arsenal espacial (Orbiter e Jupiter). Foi criada em Redstone (Alabama) uma Agência do Exército para os Misseis Balisticos (Army Ballistic Missile Agency – ABMA), confiada ao ex-SS Wernher von Braun. Em Cape Canaveral (Florida) foi construida uma base de lançamento, colocada sob a direcção do ex-SS Kurt Debus. A Marinha e a Força Aérea foram igualmente solicitadas, tendo sido postos à sua disposição outros cientistas nazis. O projecto futurista de um exército do espaço transformou-se na obscessão dos ideólogos da Guerra-Fria. O seu fito explicito consistia em assegurar o dominio militar dos Estados Unidos sobre todo o planeta para salvar a humanidade do comunismo.
(continua)
Sem comentários:
Enviar um comentário