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quinta-feira, março 31, 2011

põe-te a pau Patrick Monteiro de Barros

Um atentado à bomba atingiu hoje as instalações do lobie nuclear na Suiça - o ataque por carta armadilhada enviada à Swissnuclear, a federação que reúne as empresas que administram as centrais nucleares, quis enviar por meios explosivos a mensagem que "nuclear não obrigado". Esperamos que entendam. O empresário Patrick Monteiro de Barros é um dos accionistas de referência da Petroplus, um grupo de investimentos no ramo da Energia, que tem sede na Suíça

relacionado:
* a central nuclear de Cofrenses ligada ao grupo espanhol Iberdrola proporcionou um lucro de 2,9 mil milhões de euros apenas no exercicio de 2010 (Entrevista ao porta-voz do Grupo de Acção Ecologista de Valência)
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terça-feira, março 29, 2011

Cavaco com as orelhas a arder

Marinho Pinto, bastionário da Ordem dos advogados (eleito pela maioria de jovens licenciados precários) produz um discurso, nem de esquerda nem de direita, com o qual ninguém poderá discordar. Por ele ficamos a saber que herdámos do tempo da Ditadura valores e um património fabuloso que foi insanemente desbaratado pela Democracia... lá pelo meio fica-se igualmente a saber que a única coisa que ainda funciona mais ou menos em Portugal é a Igreja... Como em Georg Grosz nos quatro pilares da sociedade, temos o Banqueiro, o General, o Padre e o Juiz, que de facto não funcionam porque nenhum deles é nosso - senão vejamos, o Banqueiro trabalha na sustentação da rede de Wall Street, o General franchizou-se à Nato, o Padre reporta ao Vaticano e o Juiz abstém-se não metendo sentença que possa prejudicar a engrenagem...



... por fim como se vê, passando pela corrupção e perante a falência do Estado, Marinho Pinto faz uma vistosa elegia à piedosa actividade da Igreja na distribuição de esmolas aos pobres. Porém esqueceu-se de perguntar qual será a contribuição que o Estado entrega à Igreja? para que esta possua tão lautos cabedais para acudir às maleitas da sociedade (Se é que lhe compete tal função; e porque não toma o Estado para si essa função como lhe compete sem intermediários?). Talvez que a Igreja pretenda agora informar-se da situação para resolver os problemas do capitalismo no país recorrendo aos gestores que forma nas suas madrassas religiosas (se é que por acaso não repararam que andaram já a fazê-lo nos últimos trinta anos)
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segunda-feira, março 28, 2011

Krugmanmania

O Bloco de Esquerda anda muito embevecidamente a promover o liberal-imperialismo na pessoa do prémio nóbel da treta económica Paul Krugman, assim:

"O mundo pode estar nos primeiros estágios de uma terceira depressão, alerta o nóbel Paul Krugman, com o custo de milhões de vidas arruinadas pela falta de empregos. Para ele, esta terceira depressão será o resultado do fracasso das políticas económicas espantosamente ortodoxas quanto a empréstimos e orçamentos equilibrados" (Esquerda.Net)
"Cortar gastos com desemprego elevado é um erro, diz Krugman. O Prémio Nobel da Economia cita Portugal como um exemplo deste erro. Prioridade deveria ser criar empregos. Corte de gastos numa economia em depressão profunda é contraproducente, mesmo em termos puramente fiscais. Krugman cita Portugal como um exemplo do erro que consiste em reduzir a despesa pública quando existe um desemprego elevado" (Esquerda.Net)
"Krugman contra “falcão monetário” à frente do BCE. O economista norte-americano Paul Krugman considera o presidente do Banco Central Alemão, Axel Weber, “um risco para a zona euro”, e adverte contra a sua eleição para presidir ao Banco Central Europeu" (Esquerda.Net)

Krugman e o Bloco de "Esquerda", por promoção de determinado paradigma, estarão particularmente interessados numa hipotética cura dos efeitos da crise provocada pela especulação da banca imperialista. Mas esta terminologia não faz parte do programa do BE nem tampouco averiguar as causas e obrigar a que sejam os responsáveis a pagar as consequências. De outra forma teriam de revelar o essencial do segredo, pois se até o judeu Bernanke já veio a público sugerir que ia levantar o secretismo para melhor o encobrir, por que carga de água haveria o BE de ajudar a revelar segredos de polichinelo inconvenientes?

o Banco Central norte Americano que dá pelo nome de Reserva Federal é um consórcio de 9 Bancos propriedade privada de banqueiros judeus e bancos associados tendo à cabeça a familia dos Rothschilds, a saber:

1. Rothschild Banks of London and Berlin
2. Lazard Brothers Banks de Paris
3. Israel Moses Seif Banks of Italy
4. Warburg Bank of Hamburg and Amsterdam
5. Lehman Brothers of New York
6. Kuhn, Loeb Bank of NY (agora Shearson American Express)
7. Goldman, Sachs of New York
8. National Bank of Commerce NY/Morgan Guaranty Trust (J. P. Morgan Bank - Equitable Life - Levi P. Morton são os principais accionistas)
9. Hanover Trust of New York (William e David Rockefeller e o Chase National Bank NY são os principais accionistas)

A falência da Lehman Brothers, desenhada para salvar a restante estrutura, obrigou a uma reconversão e concentração destes bancos (1) que está a projectar o pagamento dos prejuizos da especulação imobiliária nos EUA pela generalidade dos bancos centrais subservientes do resto do mundo. Bancos Centrais que de seguida obrigam cada Estado subserviente a cobrar o quinhão dos prejuizos um a um a cada cidadão, na forma de juros, impostos e aumento do custo de vida – ou seja, trata-se de um autêntico Sistema Global de Impostos para financiar uma nova ordem mundial ao serviço do neoconservadorismo yankee

Disse o porta-voz da coqueluche da moda Wikileaks que o próximo alvo das revelações de escândalos seria a Banca. Mas que banca pretende Julian Assange botar a abaixo? Embora nada neste campo tenha sido ainda revelado, Assange deu pistas no sentido que o alvo seria o Bank of America, o maior banco comercial norte americano que não faz parte da estrutura supracitada. Porquê este banco comercial e nenhum dos outros que reportam directamente à entidade emissora de dinheiro FED?

(1) Em vésperas da crise os cinco grandes bancos de investimento estado-unidenses tinham tido lucros na ordem dos 130 mil milhões de dólares (AlterEconomia.org) e depois da crise os bancos reconvertidos continuaram a receber ajudas milionárias, 9 Triliões até Dezembro de 2010 que reencaminham para a rede usuária global (RussiaToday.com)
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domingo, março 27, 2011

incutir o medo às pessoas

segundo o tablóide CdM... Cavaco quer "saber a situação financeira real do país". Quer dizer, qualquer jornalista estrangeiro de economia sabe, mas Cavaco não sabe. No próximo mês de Abril (antes dos cravos, agora dos cravas) o Estado português gerido pelo actual gang precisa de pagar dívidas de quatro mil quatrocentos e vinte milhões de euros, mas só tem nos cofres quatro mil milhões. Entretando Cavaco "não sabe", mas o governo já encetou negociações com o FMI; com o aval de Madame Merkel o braço politico do BCE: "Portugal apresentou um programa muito corajoso para cumprir até 2013"

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Próximo alvo: Espanha. Para resolver a "crise" o povo da Irlanda dá uma sugestão, frizando que não deve nada nem a Banqueiros nem a Milionários especuladores

sábado, março 26, 2011

Banksters (II)

















Da ópera em cena no São Carlos: Isto só lá vai à porrada. Só o chicote pode ditar leis profícuas. O banqueiro Santiago Malpago acha que o povo o quer tramar. Até da mulher, Mimi Kitsch, ele desconfia. Estávamos nisto quando o banqueiro vê uma personagem misteriosa, será um Anjo? ou um Demónio? ah... afinal é só um jornalista: Angelino Rigoletto

Em apoio de um governo de iniciativa presidencial cavaqueirista, qualquer coisa parecida com o "governo de salvação das finanças" de Salazar, José Manuel Fernandes já vai no Guardian:
"Discussions had barely started on Wednesday night when the then prime minister, José Sócrates, made an abrupt exit from a crucial meeting at the Portuguese parliament, running down the stairs of the building in order to escape (...) press had wanted to know why he was so disrespectful towards the representatives of the nation (...) Sócrates soon announced his resignation, plunging Portugal – and Europe – deep into political crisis. (...) Now the more obvious historical parallel is not the golden era, but 1890, when Portugal became the first European country to go bankrupt. As every Portuguese citizen knows, the political turmoil that followed only came to an end in 1926, with a military coup and the rise of António de Oliveira Salazar's far-right party". (Guardian)
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sexta-feira, março 25, 2011

revisão do esquema PEC IV - 2011-2014

O Estado português (o "Monstro") foi desenhado durante a década de 90 (a maior parte dela com Cavaco Silva no governo) durante um periodo com expectivas de crescimento elevadas. No final dessa década essas perspectivas, com a derrocada do dinheiro ficticio especulativo, tinham implodido. Mas a grande, complexa e untuosa máquina composta por inúteis (a maioria deles sustentados pela descomunal burocracia da União Europeia) que se juntou á sombra da mangedoura Estado, ao contrário do dinheiro, essa permaneceu e ainda existe. Embora já não exista crescimento, os direitos adquiridos pelos individuos bem instalados do topo da pirâmide social são para manter; não querem de modo nenhum largar a palha. Para eles "a luta continua", enquanto uma revolta popular não pendurar ao sol as tripas do último chulo de colarinho branco na escadaria da Assembleia da República, a "crise" continuará. Claro que, o apelo à acção violenta por parte dos deserdados é uma figura metafórica. As coisas passam-se de forma pacífica e bem mais lenta.

O que é que, face ao decrescimento, esta imensa tropa armada de ipad, portátil e jornal expresso debaixo do sovaco imaginou sob o terrôr da falência? organizada nos partidos do "arco do poder" conluiaram-se com a máfia imperialista (2001) e decidiram: se aqui o dinheiro se evaporou, vamos buscá-lo lá fora. É a declaração de guerra universal contra os pobres que aspiravam vir a ser remediados. Hoje em dia cada norte americano paga mais 5000 dólares por ano para cobrir o aumento de 9% com as despesas militares. Nos paises do pacto da NATO como Portugal, embora os dados sejam ocultados, a percentagem não deverá ser muito diferente. Neste item em particular, como Paulo Portas e outros pulhas muito bem sabem, a economia cresce. Mas se olharmos para o discurso de Obama no Brasil os lucros da empreitada guerrófila trazem beneficios a todos por igual. Para Obama não existe classe operária, desempregados, camponeses sem terras, nem sequer analfabetos - Obama, o herdeiro de Bush, propõe um pacto social entre esfomeados e milionários. Ontem Obama visitou o Brasil, hoje o Brasil aprova novas acções contra o Irão, a provável próxima vítima do saque para sustentar as oligarquias ocidentais

Em Portugal os do PSD abriram a crise por não aceitarem um aumento de impostos. Ontem Passos Coelho na UE admitiu a subida de impostos. Face à charlatanice, o economista de esquerda Eugénio Rosa estudou a situação nacional face às medidas propostas:

mais cortes de 5.679 milhões € nas pensões, saúde, educação, prestações sociais e investimento,
mais 2.324 milhões € de impostos,
mais ajuda de 9.000 milhões € à banca
mais privatizações (5.584 milhões €)
"Cenário macroeconómico irrealista poderá gerar mais PEC,s no futuro" (Resistir.info)
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quinta-feira, março 24, 2011

democracia em rede?

a Ciberguerra é a nova forma de invasão que se pratica no mundo desenvolvido (ver este exemplo, que é já um clássico) Os factos recentes que despoletaram as chamadas "revoluções" no Norte de África demonstram que através das redes sociais se criam situações desestabilizadoras. Temos um exemplo de destabilização em Hillary Clinton ao promover, galardoar e pagar a famosa blogueira cubana Yoani Sanchez, uma espécie de "arrastona à lá daniel oliveira (para além do Expresso quem pagará este?). Outro exemplo claro são os quatro garotos que trabalharam na internet a manifestação "apartidária" do ultimo dia 12 em Portugal. De que caverna apareceram estes promotores nascidos do nada? que interesses os sustentam senão embaralhar e tornar a dar as mesmas cartas do baralho capitalista?. Ou a operação "Cavalo de Tróia" lançada sobre o Irão. Contudo, as grandes redes informáticas de comunicação como o Facebook do judeu Zuckenberg que a transaccionou recentemente por uma verba milionária como uma peça importante no espectáculo politico-económico da nova ordem neocon, podem e devem ser desmascaradas.

* Para aprofundar o tema, ler "a Guerra de Quarta Geração": o rol de medias corporativos como o novo exército repressivo dos sistema"
* Casos concretos: "EUA destinam milhões para financiar Ciberguerra contra Cuba. O diario espanhol "El País" e outros grandes medias entregam prémios a ciberdisidentes cubanos para aassim financiar campanha mediática contra Cuba" (ler)
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quarta-feira, março 23, 2011

mais um desempregado

o maçon Manuel Alegre regressou do periodo de parto pós-eleitoral, em entrevista ao I: "Eu preveni. Uma eventual reeleição de Cavaco Silva seria abrir a porta a estimular a Direita a desencadear uma crise politica, e é o que está a acontecer"

Não é nada disso que está a acontecer. O que se passa é que a União Europeia "descobriu" que Sócrates aldrabou as contas do défice que apurava 6,9% para 2010 quando na realidade este ultrapassa largamente os 8% e forçou uma auditoria para apurar as contas certas, sem a qual não haverá acesso ao Fundo que vai salvar os juros dos especuladores. Tudo isto provocado pela "esperteza" do lançamento nas contas públicas dos gigantescos prejuizos do escândalo BPN (originário na tribo do presidente Cavaco, 1,2% do PIB) que não foram aceites na contabilidade de 2010. A partir daí as três vertentes do poder, Cavaco/PS/PSD, não se entendem sobre qual a melhor forma de fazer pagar aos contribuintes portugueses os prejuizos da falência do consórcio milionário de Dias Loureiro, entretanto retirado, possivelmente para reaparecer no reality-show da TVI, precisamente sobre epopeias de famosos entre as tribos perdidas. José Sócrates deverá juntar-se-lhe hoje. Cavaco Silva esticou a corda do PS como instrumento ideal da Direita na prossecução do programa económico-politico neoliberal e agora, esgotado e o mais malvisto primeiro ministro pós-fascismo, como funcionário tornou-se inoperante, portanto inútil. Mas há parolos que continuam a acreditar que do que a "crise" trata é de escolhas entre dois programas diferentes. Como por exemplo a maioria dos tipos do magazine blogosférico 5Dias (que mais uma vez censuram os comentários, não publicando o corpo do conteúdo aqui descrito, para além dos exercicios comparativos estapafúrdios para distrair o pagode)

ps: depois de 5 comentários com hora posterior publicados, 4 horas depois, o autor do post do 5Dias em epígrafe, decerto graças ao feed-back, lá se resolveu a publicar o meu comentário
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terça-feira, março 22, 2011

Banksters, Atentados, e os apelos à salvação das Nações

“O livro que leste ontem não é um livro idiota”, diz serenamente o Bobo ao Rei, não me contradigas responde-lhe este. “Não é um livro idiota. É um livro cheio de verdades mais luminosas que a razão do Homem. Por isso parece obscuro à maioria dos olhos. Mas eu vim abrir os teu olhos rei. Vim explicar-te a luta de Jacob e o Anjo, que ontem leste sem nada entender... Se tivesses entendido, saberias que não vim na perturbação dos teus sonhos; mas num momento em que o sono libertara a tua verdadeira inteligência das mentiras que te estrangulam”. O rei levanta-se – Tu, foste tu que quiseste estrangular-me! (...) a Rainha atira um riso agudo e como que cacarejado, meneando-se. Diz-lhe o Bobo: “não houve atentado, senhora, peço-lhe uma graça, manda calar esse papagaio do oficial poeta” Poeta oficial: peço-vos humildemente, mandai sair esse Bobo. Não posso falar diante de bobos, incomodam-me; e o Bobo: É natural. E o Rei: não é um Bobo, é o monstro do atentado. Afinal parece que sempre houve atentado! Quis estrangular-me. Não quis estrangular-te senhor. Rainha: sempre houve atentado? Ora ainda bem! Sempre houve atentado! É interessantíssimo. Adianta-te monstro. O Bobo adianta-se dois passos. O Poeta Oficial recua, até ficar alinhado com o Sumo Sacerdote e o Juiz Supremo. a Rainha fala, não julgava que o meu amado e poderoso esposo tivesse medo dum pobre tonto! – “não é um pobre tonto, é um bruxo habilíssimo. Vê através dos corpos opacos, deve ter ligações com o Diabo, faz notar o Rei. Não é com o Diabo que tenho ligação, é com Deus. Nem isso que chamas Diabo existe. Ou antes, existe sim, mas não é senão um dos aspectos incompreensíveis de Deus! uma manifestação da sua omnipotência. O Sumo Sacerdote fala... com voz cavernosa, grave, aterrada e enfática: Blasfemou, senhor! Disse que o Diabo era uma forma de Deus! - o terror que te inspiro, rei da bola da Terra, goza o Bobo, é o do homem que sente aproximarem-se as potências divinas. Nada apavora tanto o homem miseravelmente humano. Mandai-o calar, senhor!, não ouvis que se julga como fazendo parte da legião celeste? Que será da religião se todos os bobos se julgam Anjos? um bobo ou um louco, tanto faz. Sentai-vos senhor, o que um bobo diz não tem consequências. Pois não! nem o que diz um lacaio. É essa a vossa teoria. Mas o que vos disse uma vez um dos vossos lacaios teve consequências. Rainha: cala-te Bobo! Nem uma palavra! Nem um sinal da tua presença! – Eis o que me é totalmente impossível: Não dar sinal da minha presença. Eu estou sempre diante de mim! Só digo o que devo. Continuas a afirmar que és um Anjo? E sou... para quem crê nos Anjos. Mais facilmente creio nos Demónios. É a mesma coisa. Supõe então que eu sou um Demónio!”

(Extractos condensados de “Jacob e o Anjo” de 1941, a peça de teatro de José Régio que inspira o libreto da ópera Banksters)

relacionado:
"A economia só irá recuperar depois dos grandes bancos abrirem falência"
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segunda-feira, março 21, 2011

desviar as atenções do essencial... e uma constatação...

vista pelo lado de um beto da direita:
"Fatalmente, o Ocidente decidiu ser o idiota útil na guerra civil líbia, sem perguntar primeiro que tipo de gente está a apoiar" (J.Pereira Coutinho, no Correio da Manhã)
e uma correcção: o Ocidente já tinha escolhido esta gente antes do início do conflito (sem essa gente não haveria guerra) tal como há uma década escolheu a Máfia local para "governar" o Kosovo (fora do perímetro da base militar dos EUA, Camp BondSteel, entretanto ali instalada)

Informação sobre o que acontece na Líbia, visto a partir do interior do país, no blogue: www.leonorenlibia.blogspot.com/ (por cortesia de um leitor anónimo no post anterior)

E um lembrete sobre o que escreveram outros betos, desta feita próximos do Bloco de "Esquerda" há apenas duas semanas: "Como evitar que o apelo à comunidade internacional se transforme em mais uma intervenção da NATO?... A grande questão, mais urgente a cada dia que passa: uma intervenção sob a égide das Nações Unidas seria ou não a melhor forma de evitar uma intervenção da Nato? Há que distinguir entre a responsabilidade da comunidade internacional em combater o genocídio e o oportunismo de alguma comunidade internacional em aproveitá-lo para fins tudo menos humanitários" (ATTAC)

relacionado: "a Armadilha do Petróleo", Mike Whitney
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O 'balet macabro' dos civis decidirá a guerra na Líbia

a Alemanha absteve-se de participar no ataque (disse Merkel) invocando a independência nacional: de facto "trata-se de uma operação multilateral sob a coordenação do comando americano para as forças americanas na Europa, com sede em Stuttgart, na Alemanha" (fonte: AFP)

Sabe-se agora que mais de uma centena de soldados das forças especiais britânicas actuavam já desde há três semanas na Libia em conjunto com os rebeldes - mas a partir que a canalha da comunidade internacional de governos facínoras resolveu assumir descaradamente a mentira, "a palavra mais usada no conflito líbio até agora é civis”. Foi em nome deles que o Conselho de Segurança das Nações Unidas aprovou a Resolução 1973/2011, autorizando os bombardeamentos que acontecem neste exacto momento. No primeiro dia de bombardeamentos por ocidentais estes já causaram mais mortos que em qualquer outro dia dos confrontos de baixa intensidade que existiram previamente com os rebeldes.
É precisamente aos civis que o líder líbio Muammar el-Ghadafi promete agora distribuir um milhão de armas, na esperança de que um exército revolucionário de “homens e mulheres” faça frente às forças internacionais. As consequências já começaram a aparecer: a Rússia, a China e a Liga Árabe acusam a coligação de ter matado 48 pessoas no primeiro dia, que eram “alvos não militares”, um jargão para “civis”. Mas este é apenas o começo (1). A operação "Massacre ao Amanhecer" já matou mais de 90 pessoas. E por incrivel que pareça, a Human Rights Watch acaba de minimizar as baixas de civis causadas por erros militares da coligação neocon na Líbia

(1) ÓperaMundi

domingo, março 20, 2011

em mais uma acção de agressão, foi decretada a zona de exclusão de petróleo para os Libios

Isto é, não enganando Obama já quase ninguém, os deputados do Bloco de Esquerda votaram no Parlamento Europeu a favor do acto de gangsterismo da coligação pela guerra contra a Líbia.

Na primeira acção da empreitada comemorativa do 8º aniversário da invasão do Iraque (1),coadjuvando a aviação dos neocon-sionistas Sarkozy e Cameron,
a marinha americana disparou 112 mísseis, daqueles que levam o significativo nome indígena de "Tomahawk" e custam cerca de 3.000 contos cada um (2). Causaram 48 mortos, legalizados pela ONU, o que dá uma quantia de pouco mais de 300 euros por peça abatida (eventualmente) simpatizante de el-Gadhafi. Um investimento irrisório, quando se trata de conquistar, para além do óbvio,
um dos últimos Bancos Centrais que não se encontram sob o domínio dos Rothschilds


el-Gadhafi: “Vocês (EUA) pensaram que ganhariam no Iraque e no Irão, mas foram derrotados, e também na Somália e no Vietname. Vocês não irão ganhar desta vez também. Sairemos vitoriosos, sem dúvida alguma. Este é o nosso país (...) os vossos povos (UE-EUA) estão contra os vossos actos criminosos"



(1) Fonte original: Marinha dos EUA
(2) Milhares de norte americanos manifestam-se em frente à Casa Branca contra a agressão à Libia: "Obama é igual a Bush"
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sábado, março 19, 2011

protestar contra o mundo existente

Se o que vemos na realidade tivesse sido pago com dinheiro ganho com trabalho, mais de dois terços da paisagem desapareceria. O problema actual do capitalismo é que toda a construção material que vemos (obtida com dinheiro ficticio) de facto existe, mas não está paga...

sermos isentos sem nunca sermos apartidários
(Eduardo Chitas)

As duas manifestações destes dois fins de semana (porque não interromper o repasto dos politicos profissionais burgueses nos dias da semana?) podem bem classificar-se como de duas esferas distintas; a primeira (de dia 12) independente e apartidária, da ordem do privado, e a manifestação de hoje (dia 19) convocada por partidos de esquerda e sindicatos progressistas que se inscreve na ordem do direito público. A primeira tenta o esboço de um movimento constituido por indivíduos avulso que trata dos seus direitos (jus privatum) e pretende salvar o capitalismo naquilo que é útil às pessoas, emprego e imunidade face à omnipotência do Estado em cobrar impostos para salvar a classse dominante, banqueiros, patrões e eunucos correlatos sem bolsos para além do salário certo. Esta segunda manifestação, bem distinta, reclama o direito colectivo (jus publicum) sobre aquilo que se entende como conceito de património do Estado posto ao serviço da maioria da comunidade, para o que advoga a reforma pacífica do capitalismo, por etapas, de modo a que os patrões que acumulam as mais valias do trabalho tenham tempo de ensaio para fugir em frente na busca de novas formas de exploração.
Escusado será dizer que ambas as sugestões de acção (capitalistas) estão desactualizadas, porque o direito criminal, inscrito no direito romano como “publicum ius in sacris, in sacerdotibus, in magistratibus consisti” (o direito público respeita às coisas sagradas, aos sacerdotes e aos magistrados), hoje em dia está mais que actualizado que nunca, enquanto o crime de lesa património público se passeia por aí de rédea completamente solta.

Isto porque, como os tribunais comuns expressavam na Prússia desde 1653, “os assuntos de governo que envolvem os regalia (direitos da Coroa) não são assuntos de justiça”. Entender esta questão é meio caminho andado para os trabalhadores (da produção de bens concretos) tomarem consciência que, de uma maneira ou de outra, a dia 12 ou a dia 19, estão bem fodidos, porque trabalhar na sociedade neoliberalizada é hoje (como era ontem nas sociedades primitivas) considerado desprestigiante. Para os operários, o único remédio que já fará efeito determinante é tomarem o aparelho de Estado, não para exigir a funcionários mais isto e aquilo, mas para destruir o Estado, tomando nas mãos das organizações de trabalhadores a construção de uma sociedade autogestionária. Imaginem um mundo sem fronteiras, sem cavacos, gamas, sócrates, loureiros, amados ou passoscoelhos... e o regresso ao verdadeiro valor das coisas.

(nunca perdendo de vista o despudorado aproveitamento que a sociedade do espectáculo faz das genuinas aspirações populares, integrando-as, quando não as conseguem assassinar, Willie Nelson, Carter e tutti quanti...)

sexta-feira, março 18, 2011

mas que "empenho em partir para a guerra colonial" sua alimária?

(e anda uma mãe a criar um filho para isto). Há 50 anos iniciava-se uma rebelião contra os Portugueses localizada no norte de Angola. Hoje é o resto do mundo inteiro que ataca Portugal, segundo a visão dos actuais parasitas governantes. Recordando a efeméride Cavaco Silva apela aos actuais jovens que se "empenhem em missões e causas essenciais ao futuro do País com a mesma coragem e determinação com que os jovens de há 50 anos assumiram a sua participação na guerra do Ultramar" - se Cavaco, na qualidade de oficial miliciano salazarista que foi, pressentiu a carnificina e uma geração estropiada na luta pelos lucros do colonialismo e os toma como seus, então pobres dos jovens de hoje, futuros traumatizados de novas guerras globais pelos mercados, que devem partir armados (de espingarda ou de computador portátil) para as ex-Jugoslavias, Libanos, Libias, Afeganistão, Venezuela, Brasil ou para onde quer que seja que a NATO determine que os devem mandar. Sim, porque trabalho para jovens e não jovens no país do Cavaco que não se conformava em 2006 é coisa que, cinco anos depois, cada vez menos existe

Nem os próprios revoltosos da Libia querem a intervanção estrangeira: "o Imperialismo é a imposição, pela força das armas, de quem são os bons e maus ditadores. Já ninguém acredita na tanga humanitária"
deixem-nos antes invadir os locais onde se cometem verdadeiros crimes, por exemplo, a Palestina

quinta-feira, março 17, 2011

prémio nóbel Obama faz campanha pela paz…

… entregando este ano, depois de uma igual para George H.W.Bush, a mais alta condecoração civil, a Medalha da Liberdade, a um dos homens mais ricos do planeta, o multibilionário Warren Buffett, por... a ver se percebemos a complexidade da verborreia:
uma meritória e especial contribuição para os interesses da segurança nacional dos Estados Unidos, para a paz mundial, para a cultura e outras aspirações públicas e privadas(fonte)

Existem 3 multimilionários brasileiros entre os 6 homens mais ricos do mundo, depois do supracitado Warren Buffett, o mexicano Carlos Slim e o incontornável homem das novas tecnologias de comunicação. É este Brasil das mais gritantes desigualdades sociais que é agora visitado pelo presidente Barack Obama, parecendo num primeiro olhar de relance que politica e a riqueza de individuos e nações não têm correlação directa imediata. Mas tem. Em apenas um ano, o tesouro acumulado na bolsa de valores de Warren Buffett cresceu US$ 10 biliões de dólares, cifra igual a toda a fortuna do empresário António Ermírio de Moraes, o homem mais rico do Brasil. E, sinal destes tempos neoliberais de globalização financeira selvagem, o Brasil colaborou com a ascensão financeira de Buffett. Desde o periodo em que Bush fez a famosa visita de alinhamento com o compadre Lula, "o governo brasileiro segurou a cotação do Real e deu suporte à moeda, comprando dólares no mercado” - apenas num ano o dólar recuou 17,3% em relação à moeda brasileira... e os lucros de Buffett com o Real foram de US$ 2,3 biliões apenas nesse ano de 2007, verba que põe qualquer população de favela brasileira a sonhar com filmes de cowboys - coincidências que mais que justificam umas boas boladas de tomate e ovo podre no focinho de Obama quando ele nos vier falar de cultura e liberdade no próximo fim de semana

relacionado:
Perspectiva de transferência para nova bolha financeira? "o crédito para o imobiliário no Brasil representa ainda pouco mais de 2%, contra os 65% dos EUA"
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quarta-feira, março 16, 2011

"Sem crescimento a situação não se resolve", então? "Aumenta-se a produção" sem cuidar de ver a que bolsos vão parar a maior talhada dos lucros?

Ponto prévio. A critica ao PCP não pode ser entendida como uma critica contra o PCP. De facto o que se pretende é uma radicalização do partido à esquerda, o abandono do reformismo legalista na óptica burguesa, enfim, a inconsequente actividade parlamentar deverá ser relegada para segundo plano, em beneficio das acções directas alinhadas com as lutas e aspirações das massas populares. Ainda que esta opção relegue também para uma segunda linha as figuras eleitas no Comité Central, em beneficio da ideia de uma grande Esquerda em Portugal

Raquel Varela entrou para a história recente das opções revolucionárias, quando diagnosticou que a derrota da Revolução de Abril se ficou a dever a um momento fulcral - à desmobilização imposta pelos directórios reformistas aos operários que cercavam o Assembleia Constituinte no “verão quente” de 1975, ao invés de os incitar a invadir o Parlamento (1) e provocar a queda do Poder ousando fazer a sua gestão através das suas organizações de classe. A historiadora Raquel Varela acaba de editar “A História do PCP na Revolução dos Cravos” (Edit.Bertrand). Ficam dois excertos.

“Importa referir que mais dependente do Estado do que o PCP para sobreviver era o próprio PS, uma vez que os comunistas dirigiam a Intersindical e, no Sul as UCP, e o PS não. Por isso, para os socialistas, ter influência na comunicação social, dirigir autarquias, ganhar eleições era tão ou mais importante do que para o PCP. Isso não significa que o PCP não tenha feito todos os esforços para aumentar essa influência. Vinha com uma clara vantagem, que era ter sido o único que no momento da queda da ditadura estava apto a preencher os lugares que iam caindo. O PCP disputou, numa luta aguerrida com o PS, a organização do Estado, mas isso não significa que tenha querido “tomar o poder”, ou seja, transformar a natureza de classe do Estado (…) porque esse Estado conseguiu, com contradições, gerir e enquadrar essa ocupação de lugares chave, sem colocar em causa a sua natureza de classe. (página 299)

o PCP, a “Batalha da Produção” e o Controlo Operário

“A partir das nacionalizações, a questão da gestão das empresas e do controlo operário vai estar na ordem do dia. Na década de 70 do século XX o controlo operário era uma reinvindicação comum entre jovens liberais, trabalhistas de esquerda, sindicalistas reformistas. Estes diferentes sectores não falavam do mesmo quando usavam esta terminologia. O tema foi amplamente estudado e discutido por várias obras centrais. Maurice Brinton, por exemplo, considera que o controlo operário é uma forma de “distrair” os operários da auto-gestão, a única que coloca em causa o lucro. Ernest Mandel também defendeu que, para além do controlo democrático das empresas capitalistas a definição de controlo operário só faria sentido como medida de transição. John L. Hammond usa uma definição mínima: controlo colectivo dos trabalhadores sobre as empresas, deixando em aberto o nível de controlo, o que podia ir desde questões de gestão como despedimentos a questões de distribuição da produção (…) Esta discussão é indispensável para compreendermos a politica do PCP face às nacionalizações mas também à conflituosidade social no país, na medida em qua as propostas se estendem ao secotr privado. O partido tem uma definição de controlo operário que não se enquadra de forma clara em nenhuma das enunciadas acima” (pags 224/227)



(1) Sondagem: "78 por cento dos europeus não acreditam nos politicos eleitos para os governos nem nos da oposição"
(2) Ilustração no topo. Pormenor dos painéis de Diego Rivera para a fábrica da Chrysler em Detroit (1932)
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segunda-feira, março 14, 2011

o Espectador Enrascado

“O presente não é alegre porque não há esperanças fortes, digamos assim, que sustentem os movimentos existentes(Jacques Rancière) e perante isto alegram-se os nossos liberais: “este pessoal da manif deve querer obrigar os empreendedores a empregar pessoal sem necessidade”; e concorda José Manuel Fernandes: "sem despedimentos não há contratações; não há meritocracia" o mesmo jmf aliado do governo que odeia, mas que está já a tratar de reduzir a quase zero as indemnizações por despedimento.

Mas pelo meio das interpretações possíveis na anábase da expedição dos milhares de precários deste sábado eis que aparece uma lufada de ar fresco, um jovem casal que empunha uma semprieterna saudação a José Estaline, homenagem concreta ao preciso momento em que a sociedade ocidental mais se aproximou do pleno emprego. Um modo de civilização que caiu às mãos da sociedade espectáculo do consumismo. Logo a seguir ao pós guerra os mesmos capitalistas que dão hoje nome à avenida principal de Telavive fizeram de Berlim, de forma artificial, uma feérica mostra consumista que igualou o melhor do mundo em luxo: Paris, Londres, New York, em apenas uma década; a seguir chegou Kennedy e o “somos todos berlinenses”. Quem chegou foi o efeito de contágio a que a URSS reconvertida foi obrigada a responder com a ameaça armamentista, austera, não sobrando daí capital acumulado para saciar eventuais luxos de consumo supérfluo

No tempo do nacional-liberalismo, “a opinião dominante entendia sob a designação de democracia a convergência entre uma forma de governação fundada nas liberdades públicas” (quando a ocidente impunemente a coisa pública ainda não tinha sido usurpada pela máfia governante) “e um modo de vida individual baseado na livre escolha posta à disposição pelo mercado livre”

Enquanto durou o império soviético, a opinião dominante opunha a democracia assim concebida ao inimigo que dava pelo nome de Totalitarismo” – nada mais falso, porque se a datada tese de Hannah Arendt ( a eterna apaixonada judia do professor nazi) tivesse qualquer fundamento além da encomenda que lhe sustentou a escrita, o processo totalitário nunca teria permitido a existência e subida ao poder de facções de opinião, que conduziram primeiro na década de 60 à degeneração do socialismo para capitalismo burocrático de Estado, e segundo, depois na década de 80 para a adesão ao modelo de capitalismo global invocando a mentira grosseira do retorno ao internacionalismo de Lenine.

“Mas o consenso acerca da fórmula que identificava a democracia com o somatório dos direitos do homem, do mercado livre e da livre escolha individual dissipou-se com o desaparecimento do inimigo. Nos anos que se seguiram a 1989, surgiram campanhas intelectuais cada vez mais furiosas denunciando o efeito fatal da conjunção entre os direitos do homem e a livre escolha dos indivíduos. Sociólogos, filósofos políticos e moralistas revezavam-se na tentativa de nos explicar que os direitos do homem, como Marx bem vira, são os direitos do individuo egoísta burguês, os direitos dos consumidores de toda a espécie de mercadorias, e que tais direitos, hoje em dia, levavam esses mesmos consumidores a destruir todo e qualquer entrave ao respectivo frenesim consumista e consequentemente a destruir as formas tradicionais de autoridade que impunham limites ao poder do mercado: a escola, a religião ou a família. Segundo eles, era este o sentido real da democracia: a lei do indivíduo preocupado unicamente com a satisfação dos seus desejos. Os indivíduos democráticos querem a igualdade. Mas a igualdade que querem é a que governa a relação entre o vendedor e o comprador de uma mercadoria. O que tais individuos querem, portanto, é o triunfo do mercado em todas as relações humanas. (1) E quanto mais se mostram inflamados na defesa da igualdade (no consumo) mais ardentemente contribuem para esse triunfo” (Jacques Rancière): nesta nova teorização neo-capitalista, o totalitarismo passa a ser a consequência do fanatismo individualista da livre escolha e do consumo ilimitado, visto pelos olhos tanto dos filhos de Marx como dos filhos da Coca-Cola.

Os manifestantes de ontem, adstritos às forças do “intelecto geral” hoje absorvido pelo Capital e pelo Estado (2) são os mesmos que hoje e amanhã vão encher de novo as grandes superfícies dos supermercados globais, as catedrais de gadgets semi-inúteis, as lojas de marca, ler as noticias na óptica das corporações multinacionais, enfim, os mesmos consumidores que esgotam discotecas bebendo umas bejecas em vez de se organizarem para o trabalho politico junto das massas de operários produtores – face ao que acontece, quanto mais querem destruir o poder da besta mais contribuem para o seu triunfo; aliás, não é certo que a revolta seja dirigida contra “as coisas boas” do capitalismo. A grande maioria não está interessada em destruir o sistema, mas apenas “em salvar um capitalismo que teria perdido o seu espírito” (3) e deixou de criar emprego, precisamente porque, sob a égide do neoliberalismo, vem há três décadas desmantelando os empregos que existiam na anterior geração de pais rascas. E no entanto fazer greve ao negócio dos homens mais ricos do país, ao consumo de produtos importados de longe (4), comprando nos mercados tradicionais locais produtos produzidos localmente é hoje mais revolucionário e um modo de luta mais eficaz que desfilar em efémeros cortejos folclóricos.

Nestas circunstâncias (5) - romper com a sujeição ao Capital que ilusoriamente criou riqueza fictícia e hiperconsumo supérfluo para alimentar lucros inviáveis enviando a resolução do problema para um futuro a resolver pelas novas gerações – a emancipação só pode surgir havendo uma reapropriação dos bens colectivos perdidos pela comunidade, isto é, recriando um núcleo de economia planificada posta ao serviço da colectividade local, livre e democraticamente decidido por esta. Noutro paradigma, decerto, mas um regresso ao Estaline da fotografia empunhada pelos jovens, democratizando-o pela purga da alienação ao consumo capitalista, ou aceitando e mantendo esse consumo lucro das multinacionais globais... e caso a escolha reverta para este último caso, quem melhor estará colocado para assumir o papel de Estaline senão Cavaco Silva?

"Trabalhadores", Ben Shahn, autor da série "a Idade da Ansiedade" (1944)

(1) "O Espectador Emancipado", Jacques Rancière
(2) "Miracle, Virtuosité et "Dejá-vu". Trois Essais sur l´idée de "Monde", Paolo Virno
(3) "Mécréance et Discrédit, l`Espirit Perdu du Capitalisme", Bernard Stiegler
(4) "Greve aos Supermercados", Ben Shahn, 1957
(5) "A Felicidade Paradoxal, Ensaio sobre a Sociedade do Hiperconsumo", Gilles Lipovetsky
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crescimento tecnológico desmesurado, obediência cega às "leis do mercado livre" e a falta de controlo efectivo dos recursos da Natureza

e, para ajudar a resolver a questão alvitrou-se de imediato a ajuda dos 50 mil soldados norte-americanos estacionados em território japonês; pelas razões óbvias lembrança logo imediatamente descartada, não fosse alguém inquirir das razões (obviamente por causa dos terramotos) porque está essa tropa ainda a ocupar o país 60 anos depois da derrota do Japão na guerra
(clique para ampliar)
(Miyagi, Japão - foto Reuters)

Receia-se um desastre nuclear pior que Chernobil
14 de Março; segunda explosão na central nuclear de Fukushima. Radiação ultrapassa um raio de 100 quilómetros
(ler mais e ver infografia)


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domingo, março 13, 2011

a apropriação da manifestação "apartidária"

A nota de 500 euros com a efigie de José Sócrates (a cara da geração dos 500 euros) a que as pessoas acharam imensa piada, que andou a ser distribuida anónimamente era feita por militantes da Juventude Social Democrata (o orgão infantil do PSD) mas que pressupõe por detrás a existência de uma máquina de propaganda bem sustentada financeiramente - a mensagem subliminar (dinheiro, e o seu regresso ao campo do investimento produtivo, dinheiro em circulação de novo abundante, ávido desejo do qual a canalha miuda dos mais espertos se poderiam de novo apropriar) passa por sugerir que com a mera mudança do governo do PS para o PSD a questão ficasse resolvida; quando de facto o que o jovem Passos Coelho fará (se lá chegar) será apertar ainda mais a tenaz, com a desculpa velha-e-relha que "a situação que herdámos está afinal muito pior do que aquela que nos era dada a conhecer"

Portanto, depois do trabalho dos acessores de propaganda de Cavaco na (mal desmentida) apropriação da genuina e legítima contestação do movimento popular: Sócrates para a rua já!, (mas não chega), a prossecução da trapaça por outros meios continua; embora com a cauda neoliberal de fora, a estratégia presidencial de substituição da actual maioria parlamentar adversa por outra de direita e extrema direita não estaria mal pensada para principio do novo "mandato activo" - isto é, vinda de onde vem, não estaria mal pensada senão estivesse a ser topada

sábado, março 12, 2011

a ver vamos... o que há de facto de anticapitalista nas manifestações de hoje

"A actual geração de precários, a primeira condenada a viver pior do que a dos seus pais, dá hoje um passo determinado para a conquista do futuro, rebelando-se contra a violência da economia capitalista. Fá-lo em nome próprio mas também em nome de uma solidariedade mais ampla. Esta não é uma luta entre gerações. Jovens precários, pensionistas pobres, desempregados de longa duração, trabalhadores rejeitados pelo mercado, todos sofrem da estrutura de humilhação sucessiva que começa nos mercados financeiros e termina na casa de cada um" (Joana Mortágua)

"Where Speech Could Have Been Transcribed", Julião Sarmento
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sexta-feira, março 11, 2011

o maior falhanço da história do neoliberalismo

Ronald Reagan 1911-1981 (se porventura o imbecil não se tivesse furtado a ser um belo alvo); assim,, ainda durou mais oito anos no cargo e saiu com o mais alto nivel de popularidade de um presidente durante todo o século XX. Lá que há coisas inexplicáveis, lá isso há. E ainda tem direito à efeméride com um filme novo
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quinta-feira, março 10, 2011

protestar para dar força ao regime

O maior ladrão é o que grita agarra que é ladrão: «é preciso um sobressalto cívico que faça despertar os portugueses para a necessidade de uma sociedade civil forte (...) Façam ouvir a vossa voz. Este é o vosso tempo. Mostrem a todos que é possível viver num país mais justo e mais desenvolvido, com uma cultura cívica e política mais sadia, mais limpa, mais digna. Mostrem às outras gerações que não se acomodam nem se resignam. Sonhem mais alto» (Cavaco Silva)

a instrumentalização e a demagogia (quem sabe senão mesmo uma planificação prévia) dão resultado

'Geração à Rasca' elogia discurso de Cavaco: Organizadora da manifestação de protesto do movimento Geração à Rasca, marcada para o próximo sábado, admitiu hoje à Lusa que o discurso de tomada de posse do Presidente da República foi recebido com muito agrado" (fonte)
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"Parlamento Europeu votou: o nosso interlocutor na Líbia passa a ser o Conselho de Transição criado pelos rebeldes" (a mando de quem?)

Libia, Egipto, Tunisia, Iraque, Afeganistão, Jugoslávia... tudo o que acontece de relevante nos campos petroliferos das batalhas em nome da liberdade ocidental se funda, por exemplo, num bater de asas de borboleta... no Texas. Este video realizado em 7 de Março 2011 ilustra uma indústria fluorescente - centenas de tanques saídos de uma linha de montagem marcham para Leste (o que não deixa muitas margens para dúvidas que se preparam novas intervenções)



Mas há filósofos e há os outros, os enciclopedistas,
que acumulam no seu armazém portátil
informações, como caixotes de vocabulário
mais ou menos organizado
É nestes que a confusão das línguas mais prejudicou
uma carreira internacional
Quanto a Bloom, o nosso herói ele é dotado de uma rara
inteligência mental e prática:
resolve as coisas da matemática e dá um nó eficaz a uma corda

(Gonçalo M. Tavares, “Uma Viagem à India”)
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