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terça-feira, março 22, 2011

Banksters, Atentados, e os apelos à salvação das Nações

“O livro que leste ontem não é um livro idiota”, diz serenamente o Bobo ao Rei, não me contradigas responde-lhe este. “Não é um livro idiota. É um livro cheio de verdades mais luminosas que a razão do Homem. Por isso parece obscuro à maioria dos olhos. Mas eu vim abrir os teu olhos rei. Vim explicar-te a luta de Jacob e o Anjo, que ontem leste sem nada entender... Se tivesses entendido, saberias que não vim na perturbação dos teus sonhos; mas num momento em que o sono libertara a tua verdadeira inteligência das mentiras que te estrangulam”. O rei levanta-se – Tu, foste tu que quiseste estrangular-me! (...) a Rainha atira um riso agudo e como que cacarejado, meneando-se. Diz-lhe o Bobo: “não houve atentado, senhora, peço-lhe uma graça, manda calar esse papagaio do oficial poeta” Poeta oficial: peço-vos humildemente, mandai sair esse Bobo. Não posso falar diante de bobos, incomodam-me; e o Bobo: É natural. E o Rei: não é um Bobo, é o monstro do atentado. Afinal parece que sempre houve atentado! Quis estrangular-me. Não quis estrangular-te senhor. Rainha: sempre houve atentado? Ora ainda bem! Sempre houve atentado! É interessantíssimo. Adianta-te monstro. O Bobo adianta-se dois passos. O Poeta Oficial recua, até ficar alinhado com o Sumo Sacerdote e o Juiz Supremo. a Rainha fala, não julgava que o meu amado e poderoso esposo tivesse medo dum pobre tonto! – “não é um pobre tonto, é um bruxo habilíssimo. Vê através dos corpos opacos, deve ter ligações com o Diabo, faz notar o Rei. Não é com o Diabo que tenho ligação, é com Deus. Nem isso que chamas Diabo existe. Ou antes, existe sim, mas não é senão um dos aspectos incompreensíveis de Deus! uma manifestação da sua omnipotência. O Sumo Sacerdote fala... com voz cavernosa, grave, aterrada e enfática: Blasfemou, senhor! Disse que o Diabo era uma forma de Deus! - o terror que te inspiro, rei da bola da Terra, goza o Bobo, é o do homem que sente aproximarem-se as potências divinas. Nada apavora tanto o homem miseravelmente humano. Mandai-o calar, senhor!, não ouvis que se julga como fazendo parte da legião celeste? Que será da religião se todos os bobos se julgam Anjos? um bobo ou um louco, tanto faz. Sentai-vos senhor, o que um bobo diz não tem consequências. Pois não! nem o que diz um lacaio. É essa a vossa teoria. Mas o que vos disse uma vez um dos vossos lacaios teve consequências. Rainha: cala-te Bobo! Nem uma palavra! Nem um sinal da tua presença! – Eis o que me é totalmente impossível: Não dar sinal da minha presença. Eu estou sempre diante de mim! Só digo o que devo. Continuas a afirmar que és um Anjo? E sou... para quem crê nos Anjos. Mais facilmente creio nos Demónios. É a mesma coisa. Supõe então que eu sou um Demónio!”

(Extractos condensados de “Jacob e o Anjo” de 1941, a peça de teatro de José Régio que inspira o libreto da ópera Banksters)

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