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segunda-feira, dezembro 19, 2011

a Dívida, os Gasparzinhos, o Racismo económico e uma Blasfémia final

O debate centra-se entre os dois pólos opostos: ou pagamos ou não pagamos - pelo meio, dizem os reformistas, existe todo um mundo de possibilidades. O que será um facto é que se não tivermos por onde pagar, realmente não pagamos – e a Dívida (mais os juros astronómicos) aliada à recessão, aceite pelos governos nos presentes moldes é impagável; porém o Poder e os Media ao seu serviço brotam em catadupas o discurso moralista da família honrada que paga as suas dívidas, mas, como é normal, qualquer família honesta negar-se-á a pagar por acções de parentes afastados que andem a roubar, que paguem na cadeia (1), tampouco se poderá crer que deixem os filhos morrer à fome para cumprir compromissos de estranhos.

Comunicação de Garcia Pereira à Assembleia da IAC


(apreciação final do PCTP/MRPP aqui)

Outro falso maniqueísmo na moda é que existem países virtuosos, os laboriosos do Norte, e países de população preguiçosa, os do Sul – das tribos anglo germânicas ao Mediterrâneo e ao Magrebe, dos anglo caçadores de escalpes e terras de socialistas Iroqueses a Norte, à mestiçagem indolente dos ameríndios brasileiros e peruanos a Sul, historicamente sempre foi assim que aconteceu - O novo racismo económico deriva em linha directa do caminho das lágrimas (2) do velho racismo escravizante tout-court. Há contudo um erro em analisar o sistema procedendo à divisão como se de “paises” se tratasse. Hoje a teoria imperialista de Lenine concretizou-se: a geografia do capital é global. As burguesias dominantes "dos países" encontram-se dissolvidas nesse mar. A ter em conta apenas que há dívida detida por pequenos aforradores locais e há divida detida por grandes especuladores internacionais.

Se aceitarmos qualquer outra divisão como uma coisa boa no progresso económico, que não seja fundada no valor do trabalho produtivo (e aqui é que bate o ponto a Sul) – estamos a aceitar a submissão aos que têm a capacidade tecno-militarizada de imprimir dinheiro fictício como moeda global a Norte. A libertação da canga do endividamento a Sul passa pela extinção dessa capacidade, ou seja a bem ou a mal e com forças fora do nosso alcance, pela extinção do consórcio privado Reserva Federal norte-americano. Por alguma razão essa foi a palavra de ordem presente na fundação do movimento “Occupy Wall Street”. No nossa caso, contra a ingerência estrangeira a resposta adequada envolverá a criação de um movimento dinâmico de mobilização da sociedade visando boicotar as instituições dos mercados financeiros, a banca e as leis ilegítimas saídas dos gabinetes de políticos que mais não são que funcionários do sistema monetário fraudulento existente (3).

Onde começa a dívida ilegítima e acaba a dívida legitima? Qual foi a parte que foi impingida pelos próprios especuladores? Só com a suspensão imediata do pagamento até ao apuramento cabal das circunstâncias em que se processou o endividamento e quem são os culpados a criminalizar por actos de gestão ilícitos é que se poderá tomar uma decisão ponderada. Esta acção de suspensão não é necessariamente objecto exclusivo de um grupo de técnicos limitados – é uma acção orgânica de toda uma sociedade empenhada em resolver os seus problemas pela única via que os trabalhadores conhecem: a valorização pelo valor real do trabalho produtivo, pela erradicação do trabalho parasitário improdutivo indexado ao capital. Como diz Marx: “o capital é trabalho morto acumulado que só sobrevive sugando mais trabalho vivo” – actualizando: puta que os pariu! (4)

(1) a mesa da Assembleia da IAC na resolução final negou-se de forma capciosa admitir a ideia de introduzir uma nota (6.1 alinea c) expressa sobre a criminalização dos responsáveis pela dívida. Omitir esta questão fulcral é apoiar tacitamente a fuga de responsabilidades.
(2) Alusão aos caminhos de expulsão e migração forçada dos indígenas norte-americanas para campos de concentração, levada a cabo pelo poder militar dos colonos anglo-americanos. (wikipédia)
(3) Em apreciação está se a criação do Euro foi benéfica para os povos europeus, ou se apenas foi um estratagema de índole maçónica protector dos interesses das exportações do eixo Alemanha-França
(4) Ninguém poderá explicar o que faz o Bispo das Forças Armadas e das Forças de Segurança como subscritor num documento que pretende a libertação civil do jugo da Dívida. Januário Torgal Ferreira ao prevenir, em tempo, expressamente “tenham cuidado com os cortes nas forças armadas” pensa enganar alguém sobre o facto da pertença das organizações que abençoa à NATO (ao lado das Policias de Choque), não constituirem uma boa parcela do endividamento ilegítimo?
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1 comentário:

Anónimo disse...

eles fogem e agora sabe-se o que ficou debaixo do tapete!

http://www.nytimes.com/2011/12/15/world/middleeast/united-states-marines-haditha-interviews-found-in-iraq-junkyard.html?_r=1