Anibal, o filho de Amilcar Barca, entrou em Itália em 218 a.n.e. em busca da hegemonia de Cartago sobre o mar mediterrânico. Foi derrotado em Canas no ano de 216 a.n.e. pela união de uma confederação de povos itálicos.
Depois de uma luta prolongada, a derrota definitiva de Anibal aconteceu em Zama na Numídia em 202 a.n.e.
Este acontecimento foi o pronúncio da passagem da pequena “res-pública” de Roma de pequena cidade-estado, fortalecida pela luta e pela atracção de aliados, em potência hegemónica de toda a península itálica. É também o acontecimento que marca o início do expansionismo romano no Mediterrâneo.
Nos 50 anos seguintes Roma conquistou a Ásia Menor, a Macedónia e a Grécia, saqueando aqui os inacreditáveis tesouros artísticos de Corinto.
No ano 146 a.n.e. os exércitos romanos arrasaram Cartago e conquistaram Numância na península hispânica. A brutalidade e ganância dos saques foi acompanhada pela decadência das antigas virtudes, degeneração dos costumes e do aumento da corrupção causada pelo luxo. O enriquecimento dos oportunistas passou a constituir uma espécie de lugar comum.
“Esta é uma época em que se alarga o fosso entre os diferentes estratos da população: a aristocracia obtém riquezas fabulosas com os despojos das guerras de conquista, e os grupos comerciais vêem aumentar as oportunidades de lucro em virtude da abertura de novos mercados. Pelo contrário, este processo irá revelar-se catastrófico para a classe dos pequenos proprietários que viviam do seu trabalho na agricultura, que constituíam o nervo do exército, na medida em que tinham sido eles a fornecer a base de sustento á expansão romana em Itália. Devido ao prolongamento da sua ausência em campanhas militares que duravam anos a fio, a classe agrícola assiste assim à progressiva improdutividade das suas propriedades. Para conseguirem enfrentar um crescente endividamento, os agricultores acabarão por se verem obrigados a vender ou a abandonar as suas terras. A propriedade fundiária passa a concentrar-se em poucas mãos. Terrenos vastíssimos começam assim a ser intensamente cultivados pelas massas de prisioneiros de guerra reduzidos à escavatura. Muitos dos agricultores arruinados abandonam os campos e imigram para Roma, onde irão engrossar a plebe urbana que, a partir de então, se transformará em constante factor de instabilidade social e em importante grupo de pressão condenado a ser manipulado ao sabor das ambições dos políticos”
fontes:
"Roma Eterna.Org"
"Literatura da Roma Antiga" (M Citroni, E.E Consolino, M. Labate, E. Narducci", na Festa dos Livros Gulbenkian até 23 de Dezembro)
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Uma simples mistificação dos economistas da escola neoliberal norte-americana, fazendo tábua rasa da distinção entre o Valor de Uso e o Valor de Troca das mercadorias de Karl Marx em “O Capital” moldou o mundo do pós-guerra tal e qual o conhecemos. Neste sentido, só o Presente é nosso, não o momento passado nem aquele que aguardamos, porque um está destruido, e do outro, se não lutarmos, não sabemos se existirá.
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domingo, dezembro 04, 2011
O Imperialismo de Roma (depois da II Guerra Púnica”)
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4 comentários:
dois mil e tal depois, continua tudo igual.
que susto, o Aníbal pensei que fosse o nosso...
pois
o facto é que o nosso Anibal também anda envolvido nas guerras de conquista (e pelo andar da carruagem um dia ele e os seus seguidores terão um destino fatal como o imperialismo romano), mas entretanto há muita gente a enriquecer...
Desculpe a ousadia mas Aníbal não foi derrotado em Canas perante o maior exèrcito que roma alguma vez enviou a um campo de batalha.
Pelo contrário obteve uma vitória memorável até hoje dada a inferioridade do seu exército que vinha já debilitado de uma longa jornada que incluiu a travessia dos Alpes, a perda de homens e a quase totalidade dos seus elefantes. Ainda relativo a Canas, conta-se que os romanos perderam 50mil soldados incluindo 80 senadores e uma trintena de tribunos militares (quase a totalidade da oficialidade legionária) -, 19 mil foram tomados como prisioneiros e 15 mil conseguiram fugir.
Aníbal terá mandado cortar os dedos aos romanos caídos em batalha e terá enviado para Cartago os anéis honoríficos como prova da sua vitória.
Só depois de Cartago lhe ter recusado o envio de reforços é que Aníbal seria definitivamente derrotado em Zama.
Sempre a considerá-lo,
fr
carissimo
não é ousadia nenhuma nem tenho a pretensão de conhecer a nivel académico esta matéria (nem nunca li a obra de Edward Gibbon o que é absolutamente imperdoável)
A sua descrição parece-me fidedigna e bem pormenorizada - tem de memória qual é a fonte onde a recolheu?
É que a indicação de Anibal ter sido derrotado em Canas tirei-a eu textualmente do livro citado no post editado pela Gulbenkian no capitulo "Literatura e Sociedade no Tempo das Conquistas", pagina 127
bem, como é muito bem capaz de ser, no melhor pano cai a nódoa...
cumprimentos
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