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domingo, setembro 19, 2010

90 dias sem Saramago

na literária despedida de Harold Bloom, este esqueceu-se de evocar a obra maior do nosso Nobel: "o Memorial do Convento" (1)
Autor de "O Cânone Ocidental" (1994) , em 2003 no seu livro "Genius: A Mosaic of One Hundred Exemplary Creative Minds", Bloom "named the late Portuguese writer and Nobel Prize winner José Saramago as "the most gifted novelist alive in the world today", and as "one of the last titans of an expiring literary genre" (wikipédia). Concluindo em entrevista no elogio fúnebre: "Um talento que lembrava Shakespeare..."

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(Time Magazine, 5 de Julho)

(1) ..."Como foi, digam-no outros que mais saibam. Seiscentos homens agarrados desesperadamente aos doze calabres que tinham sido fixados na traseira da plataforma, seiscentos homens que sentiam, com o tempo e o esforço, ir-se-lhes embora aos poucos a tesura dos músculos, seiscentos homens que eram seiscentos medos de ser, agora sim, ontem aquilo foi uma brincadeira de rapazes, e a história de Manuel Milho uma fantasia, que é realmente um homem quando só for a força que tiver, quando mais não for que o medo de que lhe não chegue essa força para reter o monstro se implacavelmente o arrasta, e tudo por causa de uma pedra que não precisaria ser tão grande, com três ou dez mais pequenas se faria do mesmo modo a varanda, apenas não teríamos o orgulho de poder dizer a sua majestade, É só uma pedra, e aos visitantes, antes de passarem à outra sala, É uma pedra só, por via destas e outros tolos orgulhos é que se vai disseminando o ludíbrio geral, com suas formas nacionais e particulares, como esta de afirmar nos compêndios e histórias, Deve-se a construção do convento de Mafra ao rei D. João V, por um voto que fez se lhe nascesse um filho, vão aqui seiscentos homens que não fizeram filho nenhum à rainha e eles é que pagam o voto, que se lixam, com perdão da anacrónica voz. (...) Dormiram ainda outra noite no caminho. Entre Pêro Pinheiro e Mafra gastaram oito dias completos. Quando entraram no terreiro, foi como se tivessem chegado de uma guerra perdida, sujos, esfarrapados, sem riquezas. Toda a gente se admirava com o tamanho desmedido da pedra, Tão grande. Mas Baltazar murmurou, olhando a basílica, Tão pequena"

relacionado
João Teixeira Lopes: "o Ódio. A recusa da actual maioria da Câmara do Porto em atribuir o nome de uma rua a Saramago é da mais elementar cegueira"
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1 comentário:

Anónimo disse...

¿Y tú qué opinas del juez Baltasar Garzón?