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terça-feira, setembro 07, 2010

a função da Moeda, da Depressão à Guerra

"Os preços subiram de um forma brutal. Deviam ter aumentado gradualmente, mas isso não aconteceu - estávamos em período eleitoral. Agora, tiveram de corrigir isso. E a correcção está a ser violenta” (na Visão, sobre a crise alimentar em Moçambique, 2010, imposta para cumprir o pagamento da dívida antiga ao FMI)

“As pessoas que falam de inflacionar gradualmente… poderiam do mesmo modo falar de disparar uma arma gradualmente... A moeda não pode retomar a sua função numa atmosfera caracterizada pela ameaça de destruir o seu valor” (Bernard Baruch 1870-1965, judeu-alemão especulador em Wall Street e conselheiro económico de Franklin Delano Roosevelt)

No início do Verão de 1929, o banqueiro judeu Paul M. Warburg, um dos governadores arquitectos do sistema de Reserva Federal lançou um aviso contra “a orgia de especulação sem restrições"

“Nesse mesmo ano faliram 659 bancos, a maior parte deles a seguir ao crash. Em 1931 abriram bancarrota outros 1352 e em 1932 foram dados como insolventes 2.294 bancos. As falências continuaram a ser mais numerosas entre os pequenos bancos que não faziam parte do System. Mas de facto nenhum banco estava agora a salvo. Os membros da Federal Reserve também faliam. O Bank of the United States, dispondo de 200 milhões de dólares em depósitos foi o maior banco a abrir bancarrota em toda a história norte americana. A sua falência levou muitos estrangeiros a porem em causa o crédito do Governo dos Estados Unidos. O Federal Reserve Bank of New York tentou convencer os grandes bancos locais a uma operação conjunta de salvamento. Mas considerou-se melhor deixá-lo falir. Era considerado como uma instituição Judaica e de acordo com a atitude vulgar na época não se tratava portanto de uma grande perda” (1)

















30 mil milhões de dólares de depósitos deixaram de poder ser utilizados com a subida de Franklin Delano Roosevelt a presidente a 6 de Março de 1933. A ordem de fecho dos bancos foi fundamentada com a lei “Trading With the Enemy” que proibia transações com os paises inimigos durante a 1ª grande guerra, embora agora os EUA não estivessem em guerra declarada com ninguém. Hitler tinha subido ao poder na Alemanha uns escassos dois meses antes. Em 1933 nos EUA faliram 4.004 bancos ou foram considerados sem condições de reabertura depois do Bank Holiday (um periodo de férias bancárias obrigatórias decretado pelo governo). Em 1934 as bancarrotas diminuiram para 62. A anarquia da actividade bancária foi eliminada pela reforma do FED com a legislação aprovada em 1933, 1934 e 1935, nomeadamente através da lei proposta por Henry B. Seagall e da criação da Federal Deposit Insurance Corporation que tratou de prover um seguro obrigatório para todos os depósitos. Em paralelo o investimento governamental na politica do New Deal (as grandes obras) relançava a economia (2)

Na Alemanha, Konstantin von Neurath falou da valentia de Roosevelt e o ministro das finanças Hjalmar Schaacht (3) disse ao jornal “Volkische Beobachter”, o porta-voz do nacional socialismo, que Roosevelt adoptara a filosofia de Hitler e Mussolini. Escrevendo no Daily Mail, John Maynard Keynes saudou Roosevelt entusiasticamente num artigo que viria a ser citado muitas vezes nos anos que se seguiram, cujo título era “O Presidente Roosevelt está magnificamente correcto

“Em meados da década de 1930 estava em curso na Alemanha um exemplo avançado do sistema Keynesiano: a politica económica de Hitler e do III Reich. Envolvia o recurso a empréstimos públicos em larga escala destinados a cobrir as despesas públicas; e inicialmente estas despesas foram constituidas principalmente por obras civis – caminhos de ferro, canais de navegação e auto-estradas. O resultado foi um ataque muito mais eficaz ao desemprego do que em qualquer outro lado. Em 1935 o desemprego na Alemanha era mínimo - “Hitler descobrira já a forma de curar o desemprego antes de Keynes explicar porque é que este ocorria” (4)

Os nazis foram... mais eficazes na resolução dos problemas económicos dos anos 30 [do que os Estados Unidos]. Reduziram o desemprego e estimularam a produção industrial mais depressa que os norte americanos e, considerando os recursos de que dispunham, enfrentaram os seus problemas monetários e comerciais com maior êxito e certamente de uma forma mais imaginativa. (5) Isto deveu-se ao facto de os Nazis recorrerem em maior escala ao financiamento de uma situação deficitária... Em 1936 a depressão terminara praticamente na Alemanha, ao passo que ainda estava muito longe de acabar nos Estados Unidos. "O relançamento da economia pelo investimento do Estado nas grande obras públicas" advogado por Keynes viria depois...

No caso dos EUA não interferirem, o paradigma económico-produtivo de Hitler poderia vir a triunfar. Até à invasão da França em Maio de 1940 os Estados Unidos mantiveram (como imagem de propaganda) "a esperança de continuar fora do conflito na Europa". Até que o lorde inglês Keynes publicou no The Times de Londres o artigo How to Pay for the War, nos meses de preparação que antecederam a entrada dos EUA na Guerra. O combate final à recessão nos EUA foi por conseguinte levado a cabo em termos da expansão da produção e da colocação da mão de obra inutilizada durante a Grande Depressão, aumentando os números do emprego e trabalhando um maior número de horas para satisfação das compras governamentais para fins militares(6)

«(…) o jornal trazia o anúncio da guerra. E diz a minha tia: - Por que é que não aproveitas o emprego? A guerra é uma coisa muito boa, porque a gente mata, mata, mata, e nunca vai presa!!!...» (vídeo por cortesia do Pimenta Negra)

notas
(1) Citado por John Kenneth Galbraith, in “Moeda, Das suas Origens à Economia Contemporânea”, Edit. Presença, 1975
(2) Arthur M. Schlesinger Jr. “The Coming of the New Deal”, 1958
(3) Respectivamente, Ministro dos Negócios Estrangeiros e Ministro da Economia e Finanças da Alemanha, ambos julgados e condenados em Nuremberga com a recurso a provas falsificadas (fonte: Codoh.com)
(4) “The General Theory” de lorde Keynes consistiu em legitimar teoricamente ideias que já estavam em circulação.
(5) citado em "The Violence of Central Planning". Não se trata de uma elegia ao Nazismo, apenas da análise do confronto entre a Judiaria Norte-Americana que saiu vitoriosa e a necessidade de "desnazificação" da Alemanha no pós-guerra. (Lew Rockwell.com)
(6) Pequenos Segredos Sujos da 2ª Grande Guerra
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