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sábado, setembro 04, 2010

Inside Job, ou o anti-semitismo financeiro

"(...) Subprime é um termo do dialeto cigano que significa “ai, Lelo, vamos conceder empréstimos imobiliários de alto risco até provocar a insolvência de três ou quatro grandes instituições financeiras

Mais que uma simples peça de humor esta prosa de Ricardo Araújo Pereira é um notável exercício de fino recorte de ironia política... imagine-se se não fosse Sarkozy a expulsar os Ciganos mas antes fosse outro extremista qualquer a pretender expulsar, por ilegalidades cometidas, os Judeus do território central de compras, (os Estados Unidos), que venderam papel bancário de contrafacção...

Razões para a expulsão dos nómadas financeiros, que actuam à revelia de uma lei transnacional inexistente, não faltam - mas que força superior estaria em condições de o fazer? Com o sugestivo título de "Inside Job" o documentário de Charles Ferguson estreado este ano em Cannes irá mostrar-nos (se for estreado por cá em breve) um lauto cardápio das personagens dessa elite misteriosa que impunemente subtrai triliões por todo o mundo

4 comentários:

Anónimo disse...

Não duvido que haja quem beneficie com as crises, assim como não duvido que muitas ilegalidades foram cometidas na finança com acordos com as agências de regulação. Mas a sua prosa é a de que tudo é conspiração - como se o capitalismo não rebentasse periodicamente em crises devido a contradições internas. E depois, como se não bastasse, são sempre judeus e só judeus que têm capital. Pior, imagine-se, capital restringido dentro de fronteiras, o que é por definição contraditório. Nunca deposite dinheiro num banco, Xatoo, não vá o banco decidir investi-lo em negócios noutro país que venham, com o tempo, a desvalorizar-se e perder-se numa crise financeira. Nessa altura, você será acusado de conspirar com os judeus...

Manolo Heredia disse...

Ó anónimo, não percebeu? o que está em causa é a comparação de mentalidades. Entre quem não cumpre as regras do mercado porque se acha "O povo eleito por Deus" e quem não cumpre também as leis do território em que habita porque é Gitano e não gadji. Ser gitano é uma forma tão superior de se sentir quanto ser judeu, só que invocando razões diferentes.

Anónimo disse...

Mas porque há-de trazer a questão da raça para uma questão que a ultrapassa? (Isto é, existem muitos não-judeus podres de ricos nos EUA)

xatoo disse...

Anónimo
1. existem duas ordens de grandeza para as actividades bancárias, uma é a banca comercial que todos mais ou menos utilizamos; a outra é a estrutura bancária internacional que rege a rede dos Bancos Centrais, da qual a maioria das pessoas nem sequer (re)conhece a existência. Portanto não misture.

2. a nota sobre a sobrevalorizada importância dos "Judeus" (não chegam a 3% da população nos EUA)é oportuna. Foi sobre isso que eu pus a ênfase. Veja a maioria das personagens que são citadas no trailer do filme; porquê tanto judeu?: Elliot Spizer, Lloyd Blankfein (da Goldman Sachs a principal beneficiária da "crise", George Soros, Ben Bernanke, Tim Geithner, Alan Greenspan, Robert Rubin.. só para citar os que aparecem, porque o número de judeus na estrutura bancária dos EUA é muito mais impressionante..

3. Obviamente há muita gente "não judia" a beneficiar do esquema da cobrança de juros sobre o individamento dos paises; mas também há vozes como a do senador Michael Capuano que aqui aparece a pedir que de averigue e criminalize os responsáveis por esta crise.

4. Esta crise de (pura) especulação financeira (tal como a de 1929) nada tem a ver com as crises crónicas do capitalismo naturalmente fabricadas pela acumulação de capital inerentes ao sistema, cujo estudo é outra coisa que não cabe agora aqui (Marx e a queda tendencial das taxas de lucro, que inviabiliza o capitalismo a longo prazo)
5. quem traz a razão da "Raça" para o debate são os judeus. O conceito de raça criado no século XIX para melhor instituir os nacionalismos é coisa que não existe. Todos nós somos produtos muito diversicados de cruzamentos ancestrais de inúmeras etnias - não há raças puras. No entanto consta da Declaração de Independência do Estado de Israel de 1948 (inscrito depois e em vigor na Constituição) que só pode ser cidadão quem seja "judeu puro" (por linhagem matrilinear). Por esta ordem de ideias também os Ciganos terão direito a reclamar o seu próprio Estado; mas onde está ele? não existe, porque não são os Ciganos quem dita as regras financeiras que ditam as regras da globalização imperialista comandadadas pela Reserva Federal norte americana desde 1913