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quinta-feira, outubro 29, 2009

Vestigios da República Democrática Alemã

MATERIAL de Thomas Heise (Alemanha)
é uma colecção de documentos filmados entre 1988 e 2009 na zona Oriental de Berlim, peças que entretanto se tornaram históricas, 20 anos depois em pleno periodo de "comemo- rações do fim do comunismo". Grand Prix no FID, Marselha, 2009.

Com a duração de quase 3 horas o seu visionamento é uma empreitada extenuante, um pouco fastidiosa pela monotonia e lentidão dos (quasi-não) acontecimentos; mas de que, no final, se recebe uma boa recompensa, mormente por via da desmistificação de certos compassos propagandísticos exaustivamente repetidos na música ambiente sob o chavão “a queda do Muro

1ª cena – o produtor teatral Fritz Marquard assiste à encenação da peça do autor judeu Heiner Müller A Morte da Alemanha em Berlim, a apenas alguns quarteirões das manifestações de massas em Alexanderplatz em Novembro de 1989. (simbolicamente o mesmo local onde abriu um centro comercial da Sonae em 2007)
2ª cena – uma reunião de moradores no bairro de Hessenwinkel sobre a situação em Berlim e de como se hão-de organizar para fazer frente a possíveis instabilidades. As decisões colectivas são tomadas de forma democrática com uma participação alargada; e também de alguns bonzos à mistura, como é natural.

Do outro lado do muro. Mobilização popular, o objectivo a destruir

3ª cena – uma assembleia dos parlamentares recém eleitos no Palácio do Povo (ex-parlamento da Alemanha de Leste (DDR). Uma multidão concentra-se em redor do edificio exigindo reformas no sentido do regresso do regime aos seus princípios democráticos. Os deputados saem para a rua e em tribunas improvisadas explicam-se aos manifestantes. Estes gritam pelo dirigente comunista de maior prestigio, Egon Krenz, que é recebido com aplauso geral. Pede calma e contenção aos circunstantes e promete politicas eficazes.

4ª cena – entrevistas com jovens adolescentes detidos que cumprem penas por crimes violentos e com guardas do estabelecimento prisional de Brandenburgo. Os presos desejam revisões das sentenças e amnistias, pedidos contrapostos por depoimentos de psicólogos e assistentes sociais que põem ênfase no trabalho de recuperação e reinserção social destes indivíduos.
5ª cena – alguém questiona o papel da Stasi por insuficiência no combate ao banditismo. Como suspeitávamos tratava-se de um organismo de regulação do Estado para vigiar a corrupção, desvios de dinheiro das contas públicas, fiscalizar a adjudicação de obras, etc. E o mais grave de todos os delitos lesivos do Estado, a venda secreta de patentes e segredos industriais para o Ocidente. De todo, a Stasi não era a policia politica que nos quiseram (querem) fazer acreditar à conta da museolização capitalista do assunto. Mais tarde, toda a gente haveria de confessar a sua colaboração com o Ministério da Segurança Interna, cujas entrevistas não eram públicas. Lógico não? (para que, passados tantos anos) não houvesse hipótese de acontecer isto, isto ou isto (fora o resto)

Intermezzo – o Muro caiu conforme o histórico anúncio público de Günter Schabowski um militante filiado no “Partido socialista em liberdade” (SED). Uma questão sobre a liberdade dos cidadãos poderem abandonar o país, colocada estrategicamente em directo na televisão por um jornalista judeu estrangeiro, Riccardo Ehrman, ajudou a desencadear os acontecimentos. (ler: "One Question Brings Down the Wall"). Milhares de pessoas precipitam-se para a fronteira da RFA

o dialecto estrangeiro dos grafittis...

6ª cena - Em 1997 estamos em plena fase de integração da DDR na República Federal Alemã. Na parte oriental reina o desespero. O realizador assiste a uma sessão de cinema num clube em Mainzer Straße. Entram os mais variados tipos de espectadores, até que irrompe na sala um grupo de jovens ociosos com práticas de extrema direita. Há uma tentativa desesperada de diálogo, mas as garrafas e o mobiliário começam a voar. Querem combater a intrusão da cultura hollywodesca que supõem lhes veio roubar os empregos. Lá fora na rua um grupo de anti-fascistas ataca o edifício à pedrada. Os vidros partem-se, as janelas são barricadas, há gente ferida com estilhaços: “vamos todos lá para fora e matamos esses comunas de merda” diz um dos vândalos ao mesmo tempo que dá um murro na câmara de filmar. O filme de origem ocidental continua a correr… no meio dos destroços

Cena final. Ano de 2006. Trata-se de apagar os vestigios. Imagens paradas de um edifício em demolição. Operários trabalham no corte da robusta estrutura metálica.Vêem-se montes de entulho (a existência de amianto na construção foi a desculpa prévia) para o desmantelamento do Palácio de Governo da ex-República Democrática Alemã, vizinho da catedral de São Paulo. Nos tapumes que cercam a obra pode ler-se “obra em execução aprovada segundo plebiscito feito ao povo de Berlim”. 2009, Há um debate em curso sobre o que fazer no sitio agora limpo de memória; uns pretendem que passe a ser um simples terreno relvado, outros pretendem reconstruir o Palácio do Rei da Prússia outrora ali existente.
(duplo clique para ampliar)
O autor, Thomas Heise, expressa deste modo a opinião sobre a sua obra: "Those residual images have besieged my head, constantly reassembling themselves into new shapes that are further and further removed from their original meaning and function. They remain in motion. They become history. The material remains incomplete. It consists of what I held on to, what remained important to me. It is my picture"
Epilogo

Good Bye Lenine. Na década de 1970 a República Democrática da Alemanha era a 9ª potência industrial na economia global. Cerca de 55% da população possuia frigorifico e máquina de lavar, 70% tinham televisão em casa. Os transportes colectivos tinham primazia: apenas 15% possuiam carro próprio. Num inquérito deste ano 20% dos alemães orientais afirmaram-se nostálgicos desse tempo (pressupondo-se o seu voto no Die Linke). Integrados na RFA 52% consideram-se cidadãos de segunda ordem. Apesar dos subsidios especiais do governo central, actualmente o indice de pobreza na parte oriental é de entre 13 a 15 por cento; enquanto na parte ocidental é de 6 a 8%. O PIB da Alemanha Oriental é cerca de 1 terço menor que o dos restantes alemães. Apenas 33% dos habitantes do Leste são frequentadores de igrejas, contra 80% no lado Oeste.
(a fonte é o Dep. Oficial Federal Alemão de Estatisticas, citado na revista "Histoire" Outubro 2009)
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quarta-feira, outubro 28, 2009

da comichão epistomologica das Elites intelectuais

e no entanto, o discurso pós-moderno - interagir com trauliteiros que usam mocas fisicas segundo Newton arremessando-lhes propostas de vida segundo o indeterminismo das particulas quânticas - continua a ser prioritariamente, e como exemplo eficaz, "dirigido à falta de liberdade da burocracia soviética", ou seja, transplantando o spin segundo a alienação popular, ao Partido Comunista, à facção radical do Bloco, à Politica Operária, entre outros; todas elas entidades ameaçadoras que supostamente na presente conjuntura se constituem nos maiores inimigos da liberdade dos trabalhadores.
A que melhor condenação podem aspirar os ultra-reaccionários dos mais diversos canis?

OK, de facto os intelectuais da treta não se enxergam
porque não perseguem uma politica anti-capitalista..
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Stop The War Coalition

e porque no post aí abaixo se falou de ruas longinquas...

a moral da tropa vai desaparecendo,,, enquanto nos gabinetes vultos estranhos se preparam para nomear um criminoso para presidente da União Europeia, soldado que se recusou voltar ao Afeganistão lidera marcha anti-guerra de centenas de pessoas em Londres

terça-feira, outubro 27, 2009

Orwell e os Intelectuais

Descobrir o caminho da alternativa socialista de poder? Certo, mas, como algum ladrilhador resolveu, por ordem superior, escarrapachar num corredor do metro: “Quando eu nasci os livros que haveriam de salvar o mundo já estavam todos escritos. Só faltava mesmo era salvar o mundo...”

"O mundo (não todo, mas uma boa parte) vive hoje em estado de hipnose e o hipnotizador é Barack Obama (...) E o que se passará depois da hipnose?" (Boaventura Sousa Santos)

Recentemente o respeitável almocreve da Petas resolveu atribuir uma espécie de prémios de mercado eleitoral pelos melhores bloggers no apoio às principais forças em presença nas últimas eleições. Nesse concurso, o melhor apoiante da CDU foi o Carlos Vidal (5 dias), Medeiros Ferreira melhor apoiante do PS; João Gonçalves como apoiante do PSD ex-aquo com a troupe do Blasfémias; e, melhor Blogger votante no BE o Zé Neves (5 Dias). Neste universo restrito há porém uma lacuna a preencher: os apoiantes daqueles 40 por cento dos que não votam nem têm blogues de apoio; Assim sendo, verifica-se que esta coisa da blogosfera é um mundo que vive 40 por cento de candeia apagada, obscuro nas cavernas intelectuais das elites com formação académica ou, nos antípodas, pelas bojardas mais soezes na falsificação das histórias que ocupam o senso comum. Não será grave, porque o que tiver que acontecer acontecerá condicionado a partir da rua repleta de assalariados (1), embora uma rua longinqua, grave tanto menos porque a utilização da internet em casa em Portugal se fica por 29 por cento da população, um atraso, como é costume enraizado em quase todas as nossas áreas de desenvolvimento. Ou como diria o Ricardo: “Onde fica Portugal? Na cauda da Europa. Não se sabe que bicho é a Europa, mas lá que tem uma cauda é garantido. E não há dúvidas nenhumas de que Portugal está nela sozinho” (Visão, 23 de Outubro)

a Culpa dos Intelectuais

«Vivemos num mundo onde ninguém é livre, no qual dificilmente alguém está seguro, sendo quase impossível ser honesto e permanecer vivo» (Orwell)

“todos condenamos a distinção de classe, mas são muito poucos os que querem seriamente aboli-las. Encontramos aqui o facto notável de que qualquer opinião revolucionária extrair parte da sua força de uma convicção secreta de que nada mudará (…) Enquanto se trata simplesmente de melhorar a sorte dos trabalhadores, qualquer pessoa decente está de acordo (…) Mas infelizmente não se vai longe quando nos limitamos a desejar varrer as distinções de classe. Mais exactamente, é necessário desejar que desapareçam, mas trata-se de um desejo que não tem qualquer eficácia a menos que nos demos conta do que implica. O que temos de enfrentar aqui é que abolir as distinções de classe significa abolirmos uma parte de nós próprios. Aqui me têm, um membro típico da classe média. É-me fácil dizer que gostaria de acabar conm as distinções de classe, mas quase tudo o que penso e faço é resultado dessas distinções de classe (…) Tenho de ser capaz de me transformar tão completamente que no fim dificilmente seria reconhecível como continuando a ser a mesma pessoa”

Divididos entre duas abóboras

“a ideia de Orwell é que os (pseudo) radicais invocam a necessidade da transformação revolucionária como uma espécie de símbolo supersticioso que acaba por conduzir ao resultado oposto, impedir que essa transformação realmente aconteça. Hoje o universitário de esquerda que critica o imperialismo cultural capitalista sentir-se-ia na realidade horrorizado perante a ideia do seu campo de estudos desaparecer. Adoptam por isso uma distância sarcástica em relação às nossas verdadeiras crenças” (Slavoj Zizek)

as opiniões de esquerda do “intelectual” médio são em grande parte espúrias. Por puro espírito de imitação troça de coisas nas quais de facto não acredita. Como exemplo entre muitos, pensemos no código de honra dos colégios internos caros, com o seu “espírito de equipa”, o seu “não se bate num homem caído” e todos os restantes chavões do mesmo género. Quem não se riu desse código? Quem, de entre os que se consideram “intelectuais”, ousaria não rir? Mas as coisas são um pouco diferentes quando encontramos alguém que se ri dele do lado de fora; é do mesmo modo que passamos as nossas vidas a dizer mal do nosso país (no caso, a Inglaterra), mas ficamos extremamente irritados quando ouvimos um estrangeiro dizer exactamente as mesmas coisas (…) Só quando encontramos alguém com uma cultura diferente da nossa, começamos a dar-nos conta do que são realmente as nossas crenças

George Orwell, The Road to Wigan Pier”, 1937

(1) leitura recomendada:
"da Insolência à Obediência - Alterações nas atitudes dos despossuídos (1900-1945)" Eduardo Cintra Torres
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segunda-feira, outubro 26, 2009

The Revolution That Wasn`t

Um documentário de Aliona Polunina (produzido com capitais da Estónia e Finlândia). Prémio para a melhor longa metragem na secção “Investigações”

Um ano antes do simulacro-farsa de eleições, em 2007, um partido da oposição radical está determinado a agir e a discutir o poder a Putin. Para além do naufrágio das ideologias sociais ou humanistas da ex- União Soviética, a facção que lidera a coligação com a mediática figura do campeão de xadrez Garry Kasparov e outros dirigentes da Rússia Unida é composta por revolucionários comunistas veteranos, como Eduard Limonov, que desde 1997 viram o PNB (Partido Nacional Bolchevique) ser ilegalizado pelo governo.

Os protestos e a agitação de massas na rua sucedem-se. Os russos pretendem o regresso aos principios básicos de participação nos destinos do país. Querem a vitória e poder para beneficio do povo, enquanto o combate do circulo do poder vertical se aperta. As palavras de ordem ouvidas são “Abaixo o Czar”, “Rússia sem Putin” ao mesmo tempo que se formam contra- manifestações de que se ouve “a Rússia é Putin”.
Como é habitual nestes casos, na escola ocidental importada, a policia intervém sempre que se anunciam acções susceptiveis de descambarem em revoltas. Ilustrando a fotografia para aqueles que se queixavam dos crimes contra o Estado no regime de Estaline, a repressão contra qualquer dissidente radical de esquerda permanece, agora agravada. Dias antes de qualquer manifestação o núcleo dos principais responsáveis são presos preventivamente; nas ruas há confrontos e correrias, cravos vermelhos espalhados pelo chão. Nas prisões há detidos acusados de “violações politicas” que são torturados. Presos são violados por grupos de policias coadjuvados por milicias de extrema direita enquanto são filmados e alvo de glosa: “este video vai bater recordes de audiência na internet” ri-se um destes agentes “da autoridade”.

a Revolução não resulta de nada que se tenha lido num livro

Olhando para as fachadas das monoliticas construções soviéticas, existem dezenas de quilómetros de edificios, onde antes funcionava o coração da economia planificada, esventrados, degradados, em ruínas. Milhares de milhões de rublos travestidos em dólares foram roubados e transferidos para investimento nas bolsas ocidentais, há alguns, poucos, mafiosos presos por isso; vêem-se monumentos nacionais vendidos a pataco onde funcionam hoje lojas de moda de multinacionais ocidentais. A Rússia de Putin procura pôr ordem na devassada casa, agora capitalizada. E claro, esta rússia do ex-agente de segurança sob as ordens de Gorbatchev só conseguiu chegar aqui trazendo milhões de fiéis pela mão da Igreja Ortodoxa Russa.

Dizia (diz) a propaganda anti-comunista sobre a URSS que no tempo de Estaline havia presos por serem crentes, mas, contradizendo isso, numa das cenas mais surpreendentes deste documentário, um padre militante do PNB diz: “precisamos de violência boa. Os bolcheviques salvaram a Rússia, e isso é uma ideia sagrada”, concluindo: “deixa que sejamos iluminados pelo espírito santo e te abençoe a ti Estaline
E no entanto, hoje em dia, não é de todo lamentável que os militantes do Partido de Putin tenham como profissão enforcar revolucionários, acusados de “extremistas”, com a complacência dos negócios de Estado, para onde, em nome dos interesses da Europa (e da cremação dos direitos humanos), foram destacados dirigentes como o anterior lider do SPD, "o socialista em liberdade" Gerhard Schroeder, um filósofo-maestro do hino da Gasprom:

"Estão aqui as nossas Vidas, a nossa Fortuna, a nossa Honra sagrada" (sic)

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Simbólico

Um tipo que ontem chegou em oitavo-milésimo-e-picos lugar numa corrida de atletismo cujo tiro de partida foi dado por Isaltino Morais,,, está neste preciso momento a tomar posse do governo do país; que se pode esperar? tanto dele como de quem o investe? ou do patronato dos monopólios que eles representam? Como toda a gente mais ou menos avisada já pressentiu durante o período de férias politicas para eleições, segue-se o agravamento das condições de exploração do sistema; cujo próximo terramoto, mais uma vez vindo daqui, será o previsível anúncio da derrocada dos fundos do sistema nacional de pensões
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domingo, outubro 25, 2009

Mentiras, Ilusões e… Verdades





Qualquer questão que seja verdade, se for passada a cinema, passa a ser verdade 24 vezes por segundo. Esta célebre frase de Jean-Luc Godard faz-nos ter presente uma outra grande tirada de Orson Welles, que cometia sistematicamente o falso lapso de dizer “isto é absolutamente verdadequando se preparava para contar uma mentira… Mas, como já atrás foi dito, o activismo visível tanto de realizadores como de exibidores é falso: depende da vontade e do pisca pisca financeiro dos mecenas e patrocinadores, sem os quais a obra nunca enxergará as luzes da ribalta















Michael Moore em “Capitalismo, a Love Story” toca em todas as feridas da economia norte americana (e por osmose, nas sequelas em toda a economia global), desmontando com exemplos brilhantes e argumentos válidos a desigualdade social, o acesso à saúde, o banditismo de colarinho branco, enfim o crime organizado que tomou conta da mãe de todos os sistemas: o sistema de gestão e crédito bancário. O capitalismo, ainda para mais selvagem, não conduz à degradação das vidas de 99% do povo enquanto apenas 1% dos ricos prosperam?. Moore faz uma listagem exaustiva de personagens que em sua opinião são os grandes responsáveis pela debacle em curso e aponta-lhes a câmara de filmar em jeito de arma de comediante: “saiam de mãos no ar que vou prendê-los a todos”. Pelo grande ecran desfilam grandes nomes, factos e personagens: Larry Summers e Robert Rubin, czares económicos de Clinton (e Obama), Lloyd Blankfein da Goldman Sachs, Donald L. Kohn da Reserva Federal, Alan Greenspan, Henry Paulson, Ben Bernanke, Stephen Roach da Morgan Stanley, Martin Felstein da AIG, Timothy Geithner, e algumas figuras mais de arraia miúda não determinantes na acção. Estes personagens são todos condenadas em directo no filme. Porém nem por uma única vez o realizador menciona o facto de todos eles serem judeus.

E a pergunta nem posta menos respondida que fica é a seguinte: porquê tem esta etnia uma tal importância e responsabilidade no controlo da desgraça (a nova administração Obama gerida pelo chefe do staff Rham Emmanuel acentua a questão) quando a população de origem judaica nos EUA é apenas de 3 por cento dos habitantes do país!?

Esta anedota está mal contada. A figura bojuda de Michael Moore converteu-se nos últimos anos no símbolo da contestação por excelência para consumo fácil de audiências populares, que regra geral pensam e bem - “estes gajos são uns filhos da puta, mas o Michel Moore é que os topa”. Moore precisa de licenças extremamente rigorosas para filmar ficções na área urbana de NY, especialmente como é o caso em Wall Street. Nada lhe é negado nem condicionado, o acesso à liberdade de expressão no mainstream é evidente. Deixem lá o homem trabalhar, é um idiota, mas (ridicularizando-se) acaba por legitimar cá os nossos - é o nosso idiota - pensa para com os seus colarinhos o apositor de carimbos da comissão de fiscalização de espectáculos
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sábado, outubro 24, 2009

ainda Pulido Valente, o grande filósofo do reino da alternância

Vamos lá pôr as coisas no sítio. O Daniel Oliveira, o grande pregador na manipulação de imberbes, está-se cagando para o bom nome do Saramago; o que atingiu o Daniel em pleno peito foi a seta

de também ele pertencer à tribo dos não licenciados académicos do reino. VPV é recorrente nestes ataques aos sem-canudo, que por outra vez dirigiu à Clara Ferreira Alves. Como espectros, isto são tudo tirinhos de pólvora seca, porque a concorrência no acesso a lugares de relevo nos Media é feroz. Vale tudo.

Quanto ao Saramago, ele é bem mais dos mediocres que se abespinham mais com ele que as beatas com um qualquer berimbau murcho. Vejamos o percurso do nosso Nóbel (do qual tem feito aliás uma gestão politica inteligentíssima em termos de visibilidade) e para onde tem caminhado nos últimos tempos:
1. Saramago classificou as FARC como “um bando de assassinos” fazendo passar em claro que o governo de Uribe é outro bando bem mais poderoso, bem apoiado e subsidiado com os próprios recursos que são extorquidos ao seu próprio povo (e lá estão as 6 bases militares yankees para o demonstrar)
2. Saramago tem promovido as acções do seu amigo pessoal, o super-Juiz Garzòn, na “luta pelos direitos humanos”(ad-nihil, claro) o tal que iria processar todos os envolvidos na administração Bush em peso, responsáveis da CIA, etc. Onde estão acções e resultados? a julgar pelos antecedentes vão morrer na cama, como o Pinoxchet. Em contrapartida Garzòn é o mais feroz dos pides na perseguição e ilegalização dos Partidos Bascos que lutam pela independência dos seu país
3. Saramago teceu rasgados elogios a Jesús de Polanco, quando o dono do grupo de comunicação social Prisa bateu a bota, dizendo que ele “tinha sido um dos rostos amáveis do capitalismo”.
Ora, “capitalismo amável” é coisa que qualquer revolucionário (ou reaccionário) sabe não existir. E aí fica o cadáver politico de saramago exposto na grande planicie desértica do grande centrismo que governa para que possa ser depenicado pelos abutres da direita, ou cristãmente enterrado em nome da esquerda

o que leva uma figura pública a parecer aquilo que ela é?
(Exposição de fatos de Hillary Clinton em New York, 2008)
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sexta-feira, outubro 23, 2009

Sócrates 2.0

8,5 mil milhões de crédito mal-parado. Mais de 1 / 2 milhão de desempregados e mais em dobro de outros tantos à força emigrados.
E que há de novo em matéria de des-governo em nome da minoria de privilegiados de sempre?
Temos um governo de transição com o programa que visa consolidar aquilo que foi desmantelado à bruta no governo anterior.
JP Aguiar-Branco, convidado Bilderberg 2008, investido na função de líder parlamentar do PSD, afirma concordar com as linhas gerais do agora proposto pelo PS: “desejando-lhe as maiores felicidades”, disse.

Deus.pt

O neto do comunista Pulido Valente comenta que “Saramago nada disse a mais que aquilo que se dizia nas tabernas republicanas da 1ª República”. Cultura de vinhos àparte, compreende-se o desprezo velado pelos escassos 16 anos da República democrática e por Afonso Costa, o fundador do então novo Ministério da Instrução Pública (1913) num pais embrutecido por séculos de obscurantismo católico.

para ganhar o charuto só me falta tombar quatro
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quinta-feira, outubro 22, 2009

edificios sinistros

“Os maiores acontecimentos e pensamentos são os que mais tardiamente são compreendidos: as gerações que lhe são contemporâneas não vivem tais acontecimentos – a sua vida passa por eles. Aqui acontece algo como no reino das estrelas. A luz da estrelas mais distantes é a que mais tardiamente chega aos homens; e, antes que chegue, o homem nega que ali – haja estrelas”

Friedrich Nietzsche, “Para além do Bem e do Mal”, prelúdio de “Uma Filosofia do Porvir

o Supremo Tribunal de Israel em Jerusalem















Em dois dos lados da Pirâmide estão aberturas em óculo que representam “o Olho que Tudo Vê”, uma figura clássica do Grande Arquitecto da ordem Maçónica, também adoptado como selo dos Estados Unidos e impresso no verso das notas de dólar.
Não existe aqui qualquer “conspiração” e, se existe, deixa de o ser, ela está bem à vista de todos os que queiram apreciar a lógica da exposição: no átrio de entrada do Supremo Tribunal de Israel na nova Jerúsalem conquistada aos árabes existe um quadro de enorme dimensão que agradece o mecenato aos construtores: os diversos representantes da família de banqueiros Rothschild com Shimon Perez e Isaac Rabin posando em conjunto com uma maqueta da obra.

O edifício foi oferecido a Israel em 1992 segundo três condições expressas pela elite dos diversos ramos dos Rothschilds, fundadores do movimento Sionista: que eles escolheriam o local, usariam o seu próprio arquitecto e que nunca fosse divulgado o preço da construção. O edifício está repleto de significados simbólicos retirados dos salmos biblicos. Jerry Golden encontrou pelo menos 33 desses simbolos, que é o número de “degraus” em que se dividem as Ordens na Maçonaria. Da mesma autoria diversas outras obras foram oferecidas pelos mesmos promotores à causa: alguns quarteirões mais acima, no campus de Givat Ram, também em Jerúsalem, o Museu Judaico, e o Knesset (o Parlamento israelita), o Museu das Terras Bíblicas e o Museu da Ciência Bloomfield

na forma de Delta - o triângulo equilátero luminoso,
o Templo
representa o coração humano.
o Olhosímbolo do Sol, visível como fonte de luz e da vida
(saúde, equilíbrio, força), e também define
o Verbo
do principio criador de Deus para os crentes.

A origem da expressão “Novus Ordus Seclorum” oferece ainda hoje alguma controvérsia. “Novus” e “Ordo” são decerto vocábulos de origem latina que significam “Nova Ordem” no sentido de “Nova Ordem dos Tempos”, no caso de “Seclorum” derivar do latim "Saeculorum". Mas esta última palavra é um pouco obscura, na medida em que, associada à data de criação do selo dos Estados Unidos pelos "pais fundadores da pátria, entre eles o designer Charles Thompson em 1782, pode ser um derivativo com raiz no termo "secluded" da língua inglesa; se o foi, e se no caso significar “Separação” então a expressão poderá literalmente querer dizer “a Very Big Brand New Beginning”, ou a “a Maior Transação do Século” uma vez que o ramo bancário de Londres controlado pelos Rothschilds acabava de ceder a representação do negócio da alta finança aos seus representantes, comissionistas “independentes” no Novo Mundo, ou seja, aos Morgan, Loeb, Khun, Brown, Harrimans e, mais tarde, aos Warburg e Rockefellers

logo, quando se fala em Nova Ordem Mundial, é com os herdeiros destes poderes centenários que os direitos humanos e a liberdade estão confrontados. E enquanto a Reserva Federal não for dissolvida, não haverá muito mais a acrescentar à palha espalhada pela "mudança" de Obama

quarta-feira, outubro 21, 2009

da credibilidade da Vulgata católica

"Pela fé, abel ofereceu a deus um sacrificio melhor do que o de caim. por causa da sua fé, deus considerou-o seu amigo e aceitou com agrado as suas ofertas. e é pela fé que abel, embora tenha morrido, ainda fala"
Hebreus, 11,4, Livro dos Disparates

e o senhor disse a caim: «Porque estás zangado e de rosto abatido? Se procederes bem, certamente voltarás a erguer o rosto; se procederes mal, o pecado deitar-se-á à tua porta e andará a espreitar-te. Cuidado, pois ele tem muita inclinação para ti, mas deves dominá-lo»

a Bíblia é um manual de maus costumes, um catálogo de crueldade e do pior da natureza humana”, o maior embuste alguma vez vendido à Humanidade “é um mau exemplo, trata de perseguições, incesto, assassínios”. Terá Saramago razão apenas nestes pontos? então e o resto, a fraude monumental? – dito de outro modo, a Biblia é uma colecção de histórias romanceadas pelos Poderosos que inventaram Deus para controlar a mente e o corpo dos que não se submetem à servidão

“The Bible? it is full of interest. It has noble poetry in it [and] a wealth of obscenity.” (Mark Twain) - procurem então os simples e bem intencionados a poética, ou a parte divertida dos textos, que as há em abundância, e passemos ao making-of do Livro, porque mais urgente é decerto compreender a obscenidade

Na colecção de manuscritos que vêm compondo a Bíblia os primeiros conhecidos datam do ano em que o bispo Eusebio de Vercelli (283-371) os mandou garatujar. Tinham então, nessa época, este aspecto deveras incisivo e concludente:

Estes escritos primitivos, inspirados em contos de tradição oral chamados “as Boas Novas” (traduzindo: os “Evangelhos”) foram passados a caracteres escritos cerca do ano 180 DC, e começaram a ser chamados Codex Vercellensis estando guardados na Catedral de Vercelli, perto de Milão. Fazem parte da colecção de manuscritos conhecidos por “Vetus Latina” o nome dado a textos em latim antigo mais tarde compilados na versão da Bíblia de São Gerónimo (382-405 DC) que, finalmente, constituem o modelo standart usado pelos cristãos falantes de línguas latinas no Ocidente. Se visitarmos a Igreja Ortodoxa Bizantina, na Grécia, na Turquia ou na Rússia, existem outras fontes e ícones mitológicos para a mesma presumível passagem de um personagem chamado Cristo pelo planeta.

Existe um herói análogo na mitologia helenista da Sirach que inspirou a escrita da epopeia do argonauta Jason. Porém num intervalo de oportunidade, como dizem os gestores contemporâneos, o nome do velho Jesus faz a sua aparição em cena:

No principio do século V a versão definitiva da dita Bíblia passou a ser conhecida por a Vulgata, cuja escrita foi comissariada pelo Papa Dâmaso I (366-384 DC) – um patrício (posteriormente passado a Santo) que ficou também famoso pelo cognome 'matronarum auriscalpius' por ter convertido as “grutas sagradas” de Roma em bordéis – tudo isto durante o processo da cisão entre o Concilio de Niceia (325 DC) e o Concilio de Constantinopla (381 DC)

São Gerónimo no seu escritório; uma tela encomendada
pela ICAR a Domenico Ghirlandaio nos bons tempos do
Renascimento quando ainda havia rentabilidade no negócio

Mas foi a re-escrita da chamada Bíblia do Rei Jaime (King James Bible) em Inglaterra no século XVI (1611) que incluía “os evangelhos” considerados apócrifos pela reaccionária Igreja Católica Apostólica Romana (ICAR), que veio trazer um novo incremento à lenda que transmitia a mensagem humanista da passagem de (Jesus) Cristo pela Terra. Expurgada da palha esotérica de origem latina, a interpretação que foi dada pelos padres anglicanos aos preceitos de conduta advogados pela prática do cristianismo era de tal forma poderosa que, muitos consideram, foi a perspectiva de prática efectiva desses mandamentos que conduziu directamente à primeira grande revolução social na Europa: a Revolução Inglesa de 1640 liderada por Oliver Cromwell na distribuição de terras aos deserdados dos feudos e na contenção aos privilégios dos novos burgueses
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terça-feira, outubro 20, 2009

Saramago...

Novembro de 2008


... e a Loucura

Samuel Clemens era um daqueles homens do novo mundo, dos que se esforçavam por sete ofícios para ganhar o sustento e a compreensão da sociedade em que se integravam. Num desses ofícios precários arranjados nas barcaças de transporte do rio Mississipi usava-se um dito para evitar que os homens ficassem encalhados na labuta; Diziam: põe sempre os olhos “duas braças abaixo” para veres a profundidade do rio - traduzindo a frase “mark twain” – e foi esse o pseudónimo usado para assinar algumas das obras mais fundamentais do cânone ocidental, entre elas “O Pregador da Guerra” (Mark Twain, "The War Prayer", 1905):

“Todas as noites multidões compactas se reuniam para ouvir e emocionar-se com a oratória patriótica, que mexia com as profundezas dos seus corações, cortada por breves intervalos de aplausos ciclónicos, as lágrimas rolando pela face; nas igrejas os Padres pregavam a devoção à Bandeira e ao País, e invocavam o Deus das Batalhas, implorando a sua ajuda na nobre causa num derramamento de fervorosa eloquência, que comovia todo e qualquer ouvinte” (Vemos a cena, embora na época ainda não existisse o efeito ampliado pela televisão). Foi verdadeiramente uma época feliz e generosa, e a meia dúzia de espíritos imprudentes que se arriscaram a desaprovar a guerra e a questionar a sua legitimidade receberam imediatamente um aviso sério e furioso de que para o seu próprio bem desaparecessem da nossa vista e nunca mais fizessem algo tão absurdo. (1)














Foi lido um capítulo de guerra do Velho Testamento
; “Deus todo-poderoso! Vós que tudo dominais! O Trovão é o vosso clarim e o relâmpago a vossa espada!”. Com os olhos fechados o Pregador, em tal transe que já nem se apercebia da sua presença, continuou com a sua comovente prece, e no final rematou com estas palavras num apelo fervoroso: “Abençoai as nossas armas, dai-nos a vitória, ó Senhor nosso Deus, Pai e Protector da nossa Terra e da nossa Bandeira! Sobre o acolhedor espírito de Deus caiu também a parte não proferida da prece. Ele me incumbiu de a pôr em palavras. Ouçam!: Ó Senhor nosso Pai, nossos jovens patriotas, ídolos dos nossos corações, avancem para a batalha – estejais Vós perto deles! Com eles – em espírito – também nós avançamos da doce paz de nossos amados lares para atacar o inimigo.

Ó Senhor nosso Deus, ajudai-nos a fazer dos soldados deles pedaços sangrentos de corpos graças às nossas bombas; ajudai-nos a cobrir seus alegres campos com as pálidas formas de seus patriotas mortos; ajudai-nos a sufocar o trovejar das armas com os gritos dos seus feridos contorcendo-se de dor; ajudai-nos a arrasar seus lares humildes com um furacão de fogo; ajudai-nos a esmagar os corações de suas viúvas inocentes com irremediável pesar; ajudai-nos a torná-los desabrigados com criancinhas solitárias a vagar pelos restos de sua desolada terra em farrapos, com fome e com sede, à mercê do sol flamejante de verão e dos ventos gelados do inverno, desolados, acabados pelo trabalho duro, implorando-vos a Vós pelo refúgio do túmulo e não sendo atendidos.

Por nós, que Vos adoramos, Senhor, arrasai as suas esperanças, deteriorai suas vidas, prolongai a sua amarga peregrinação, fazei pesados os seus passos, molhai o seu caminho com suas lágrimas, manchai a neve alva com o sangue dos seus pés feridos! Isto nós pedimos, no espírito do amor, d’Ele que é a Fonte do Amor, e que é o sempre fiel refúgio e amigo de todos os que estão aflitos e sofrendo buscam a Sua ajuda, de corações humildes e contrictos. Amén. (e após uma pausa) “Vocês assim rogaram. Se ainda desejam isto, falem! O mensageiro do Mais Alto aguarda!

Muito tempo depois, acredita-se que aquele homem era apenas um doido, porque as suas palavras não faziam qualquer sentido”. Porém, naquele momento, a acção necessária para a defesa de interesses que a declaração de guerra propicia, tinha sido iniciada. E por falar em Antigo Testamento, o Estado religioso de Israel actualmente fornece ilustrações “mais que concludentes” para as palavras postas por Mark Twain na boca de um louco

(1) o poster é de João Abel Manta sobre a Guerra Colonial. Existem em muitos milhares de portugueses recordações bem vivas sobre o papel dos Padres que eram enviados junto com os batalhões que iam combater "terroristas"
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segunda-feira, outubro 19, 2009

Palestina, 1948

Depois de “Rachel”, de Simone Bitton, uma exaustiva investigação sobre as causas da morte de uma jovem pacifista norte americana que foi trucidada por uma retroescavadora israelita enquanto tentava evitar a destruição de uma casa palestiniana, o DOCLx exibe hoje “O Tempo que Resta(The Time That Remains), uma história semi-autobiográfica do realizador palestiniano Elia Suleiman sobre o percurso da sua familia desde 1948 ao tempo presente. Segundo diz a sinopse, “Suleiman inspira-se nos diários do seu pai, desde os seus tempos de guerrilheiro da resistência, e nas cartas da mãe, escritas a membros da familia forçados a deixar o país. O filme combina memórias íntimas e retrata a vida diária dos palestinianos que permaneceram na sua terra, foram rotulados de “israelo-árabes” e vivem como uma minoria na sua própria pátria”

Mesmo confrontados com a recente condenação da Comissão dos Direitos Humanos da ONU que aprovou o relatório que acusa Israel de ter cometido crimes de guerra na Faixa de Gaza com o objectivo de expandir ainda mais o seu território na região - ler uma NATO para o Médio Oriente? – “combater terroristas e acarretar democracia são meros pretextos para assaltos militares”,,

apesar da evidência habitam ainda por aí em folhas de papel umas quantas luminárias atlantistas que defendem que antes da conquista feita pelo exército judeu-Sionista não existia nada de significativo no antigo território do império Otomano, apenas povoado por meia dúzia de tribos nómadas – a velha mentira que a Palestina sob mandato britânico era um deserto ressequido à espera de um povo providencial não passa apenas disso mesmo --- uma mentira.
Um clip filmado na era pré-1947 mostra a toda a gente a harmonia tradicional do Povo Palestiniano antes de ter sido alvo da limpeza étnica e do genocídio que transformou os naturais em refugiados pela acção do Estado de Israel

Todas as fotos estão http://fai.cyberia.net.lb/
Musica Joaquin Rodrigo, Lirica de Helmut Lotti
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Apesar do voto, de certo modo, lhe estar a limpar o currículo,

Paulo Portas, o incontornável lider do CDS, continua com vida dificil face aos “estilhaçosdecorrentes da sua passagem pelo Ministério da Defesa.

Francisco Moita Flores, ex-inspector da Policia Judiciária, outra personalidade mediática que se refugiou na função higienizadora do voto, foi presidente do Conselho de Administração da empresa Introsys/Uninova, “assessorado” na Assembleia Geral pelo engenheiro Ângelo Correia, um dos barões clássicos do PSD. A empresa foi fundada para cumprir uma encomenda do ministério gerido por Paulo Portas para o fabrico de máquinas robotizadas capazes de detectar a existência de minas, um projecto inicialmente financiado pelo Estado Português e pela Introsys/Uninova, sedeada na Moita. Faz sentido - se se ganham milhões com a venda destes sinistros engenhos (como nos gloriosos tempos para os negócios da guerra colonial, quando empresas privadas de coronéis fabricavam esses engenhos e os vendiam às próprias Forças Armadas onde serviam), porque não ganhar também fortunas com a minimização dos efeitos deste tipo de bombas e artefactos explosivos?
Acontece que a encomenda, que seria destinada à revenda pelas Forças Armadas para paises africanos, nunca foi confirmada, deixando Moita Flores em maus lençóis. Mas tinha-se iniciado a sua concretização: o “Semanário Privado” apurou que o fabrico de protótipos deste equipamento decorreu na Auto-Europa e que foi dirigido por dois filhos de Moita Flores... Para além do “estampanço” o que há de ilegal nisto?
O Ministério Público já está na posse de documentos que revelam a prática do crime de alegado favorecimento pessoal devido à ausência de concurso público internacional, e lesão danosa do Estado em cerca de 300 mil euros.
As investigações do MP sobre este caso estão paradas “devido à existência de milhares de outras queixas que são prioritárias, pelo que ainda não foi possivel realizar as diligências necessárias às averiguações sobre a denúncia do negócio”...
(fonte)

domingo, outubro 18, 2009

DOC Lisboa 2009

as Palavras podem ser usadas como instrumentos que provocam mortos. Traduzir essas Palavras, significa dar voz a todas as presumiveis vítimas que não se podem expressar através delas.

A organização do Festival prescindiu este ano do patrocinio da RTP sob a alegação que o Canal 2 do serviço público de televisão não cumpria o acordo, isto é não exibia as quotas de documentários previstos no contrato. Fez bem. Contra o que seria uma obrigação natural, saiu a RTP2, mas ficaram, entre outros, o jornal da Sonae e o grupo BES, o que decerto obriga a organização do DOCLx a assumir e seleccionar entre as obras a concurso as que têm uma certa visão que integre objectivos da politica oficial que se pretendem sejam atingidos.









O documentário que é exibido hoje à noite, "Bassidji" (repete dia 21 no Londres) nessa óptica "é um Irão como nunca o vimos", isto é, até os próprios detractores do regime se obrigam a reconhecer que o país que vemos hoje é "o Irão dos rockers e dos rappers; dos "Green Days" (a liberdade de criação e expressão); o Irão da esperança e da derrota (que permite Moussavi); enfim, um pais moderno, o Irão de Ahmadinejad. Não se pense contudo que será o trabalho de sapa da comunicação dos Media estrangeiros que vão conseguir destruir um regime que é, em última análise, controlado pelas instâncias de base populares eleitas segundo os preceitos constitucionais. Não se faz ideia do que virá dentro do documentário de Meharan Tamadon, mas os "Bassidji" são isso mesmo, os guardas da vontade maioritária do povo sob a forma de milicias organizadas. E a existência de uma "anormalidade" destas é uma coisa que os ricos que aspiram ao controlo da propriedade totalmente privatizada não suportam.

Tendo em vista a abertura, por qualquer meio, do Irão ao Mercado Livre por forma a que possa ser explorado pelas Corporações que subordinam os governos ocidentais, os Media induzem as opiniões públicas a pensar que o Irão é um país “terrivelmente diabólico”. Assim, existem crenças instaladas na mente de quem é bombardeado constantemente por falsidades. Lidas no sitio “Information Clearing House” aqui ficam traduzidas algumas dessas mentiras:

* Crença: o Irão é uma sociedade militarizada repleta de armas perigosas e uma ameaça crescente para a paz mundial
* Realidade: O orçamento militar do Irão é de pouco mais de 6.000 milhões de dólares por ano. A Suécia, Singapura e a Grécia têm todos orçamentos militares maiores. Além disso, o Irão é um país de 70 milhões de habitantes, de modo que os seus gastos per capita na Defesa são ínfimos quando comparados com esses países, já que são países com uma população muitíssimo menor. O Irão gasta menos com as suas forças armadas que qualquer outro país da região do Golfo Pérsico, com excepção dos Emiratos Árabes Unidos, que alberga o Comando Militar Regional e a 5ª Esquadra Naval dos Estados Unidos













* Crença
: o Irão ameaça Israel com um ataque militar que o “limpe do mapa”
* Realidade: Nenhum dirigente iraniano em funções executivas fez qualquer ameaça de actos agressivos de guerra contra Israel, já que isso contradiria a doutrina internacional de “nenhum primeiro ataque” à qual o país aderiu. O presidente do Irão apenas disse explicitamente que o Irão não constitui uma ameaça para nenhum pais, Israel incluído.

* Crença: mas o presidente Mahmud Ahmadinejad não ameaçou com a célebre frase “limpar Israel do mapa”?
* Realidade: Ahmadineyad citou o ayatola Komeiny quando disse “este regime de Ocupação de Jerusalém deve desaparecer nas páginas do tempo” (in rezhim-e eshghalgar-i Qods bayad as safheh-e ruzgar mahv shavad). Não foi uma promessa de fazer rolar tanques, de invasão ou de lançamento de mísseis. Esta é uma expressão de esperança em que o regime que ocupa a Cidade Santa caia por si mesmo, como sucedeu p/e com a URSS. Não é em absoluto uma ameaça para matar ninguém (tanto mais que o plano de partilha da Palestina previsto nas resoluções da ONU em 1948 previa Jerusalém como cidade património cultural administrada por uma força de paz internacional)

* Crença: ¿ espera lá!, mas não são os iranianos negacionistas do Holocausto?
* Realidade: Alguns são, outros não. O ex-presidente Katami criticou Ahmadinejad por questionar o empolamento dos números do Holocausto, que qualificou como “crime do Nazismo”. Muitos iranianos educados no regime têm perfeita consciência dos horrores propagandeados. Em todo o caso, apesar do que implicam essas acções de propaganda, nem a negação do Holocausto (por mais malévola que seja) nem os insultos e ofensas contra Israel são a mesma coisa que existir um compromisso de um ataque militar contra esse país.

A acreditar no crescente tom de ameaças, é o contrário que se aproxima mais da verdade: será Israel mais uma vez a cumprir a tarefa de testa de ferro num ataque ao Irão em nome da defesa dos valores democráticos, isto é, os do Mercado livre “ameaçado pela Al-Qaeda”, outra falsidade que o “Observer” inventou
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