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quinta-feira, outubro 30, 2014

Portugal ontem era o 25º melhor país do mundo para fazer negócios, hoje Portugal já é o 10º melhor país para criar uma empresa

No estudo designado "Doing Business 2015" que examina em 189 países e de forma comparativa a facilidade de fazer negócios Portugal, que na edição de 2013, ocupava a 31ª posição, surge agora em 25º lugar da tabela, subindo seis posições. Esta classificação foi logo extasiadamente saudada pelo inefável ministro Pires de Lima,
o qual, esfalfando-se na correria dos seus roadshow à volta do mundo a esmolar de cócoras o investimento estrangeiro, se mostra sempre optimista, mesmo que todos os índices verdadeiramente reveladores do estado da economia e da dívida pública sejam, no mínimo, arrasadores (Luta Popular)

Segundo outra noticia de hoje "criar um negócio em Portugal é mais fácil do que nos Estados Unidos; e não só... Portugal ficou à frente de países como Japão, França e Bélgica no 'ranking'. "Imaginem só!", comentou o ministro Pires de Lima, citado pelo neoliberal "Observador". Ontem o ministro inchou: "nós, portugueses, somos melhores a fazer negócios do que todos estes países"... Mas afinal, para grande incómodo das agências de comunicação do governo, a euforia asssenta em mais uma mentira: Portugal caiu duas posições no 'ranking' 'Doing Business 2015', de 23.º para 25.º, e não melhorou seis posições, de 31.º para 25º, ao contrário do que o relatório divulgado ontem quarta-feira pelo Banco Mundial parecia demonstrar (Renascença)
óh tuga, dá cá o meu
a reforma da legislação laboral portuguesa é um dos pontos que os autores do relatório destacam, lembrando as alterações das regras nos contratos a termo certo introduzidas em 2013, mas também a redução dos pagamentos extra por trabalho em dias feriados e a maior facilidade na extinção de postos de trabalho.

quarta-feira, outubro 29, 2014

Relatório da Comissão de Inquérito aos Submarinos concluido com branqueamento da Corrupção

Paulo Morais: "O Parlamento português decidiu confrontar, de forma despudorada, as sentenças dos tribunais alemães que provaram a existência de corrupção na compra de submarinos pelo Estado português. Num patético relatório, a Comissão Parlamentar de Inquérito aos negócios de armamento afirma que "não foram encontrados qualquer prova ou indicio de ilegalidade por parte de decisores politicos e militares nos concursos". Outra coisa não seria de esperar de uma Comissão de Inquérito que nasceu torta. Presidida por Telmo Correia - e tendo como um dos principais visados Paulo Portas, a quem Telmo deve o lugar de deputado - a sua independência estava, à partida, ferida de morte. O relatório que agora produz não é mais que uma tentativa de branqueamanto da corrupção" (artigo completo aqui)

óh da guarda, quem nos acode?
Desde que foi elevado à presidência o regime cavaquista tem dividido de forma assaz equitativa o produto do esbulho ao erário público - o PSD conta com o BPN, os "socialistas" com o Freeport, o CDS com os submarinos. Contudo os ladrões têm-se recusado sistematicamente a ser julgados. Cavaco acumula a sua quota parte em todos estes escândalos, ininputáveis perante a justiça, acrescentando-lhes agora o BES, na tradição do seu amigo com mandato de captura por executar por suspeita de homicidio no Brasil, ou do ex-ministro de Barroso que passou um periodo de descanso numa suite do resort da Carregueira. Toda esta gente andar por aí à solta não configura um golpe-de-Estado perpretado em 2006 que colocou no poder um gang de gente do submundo "democrático" do crime?

PS, a abstenção violenta do Seguro volta a atacar com o Costa

óh mãezinha, o que é o socialismo?
O novo secretário-geral do Partido dito Socialista arrivou à cadeira de chefe emproado no discurso que alguma coisa se teria de fazer a uma dívida que é impagável, reestruturá-la, por exemplo, à semelhança do que tem vindo a sugerir o Bloco de Esquerda. O Parlamento, dominado pela Direita respodeu: "sim, podemos admitir isso a discussão, porém rejeitamos qualquer alteração ou renegociação", quer dizer, os deputados podem falar, falar,mas deixá-los tomar decisões... nem pensar! - e António Costa meteu a viola no saco: "qualquer mudança terá de vir de cima, de um poder superior, da União Europeia". Entretanto, o grupo parlamentar do Bloco de Esquerda fotocopiou o Manifesto dos 74 na sua proposta de resolução, desafiando o PS e desmontando expectativas de mudança da actual politica neoliberal com um futuro governo de António Costa. "A ruptura com a dívida e o tratado orçamental estão no centro de uma alternativa à austeridade e das convergências necessárias à esquerda" comenta um responsável do BE: para bom entendedor, uma abstenção basta. Por sua vez noutra hora e no mesmo local o Bloco de Esquerda abstém-se sobre saída de Portugal do Euro.
a ler
"Livre, a pulguinha por detrás da orelha do elefante neoliberal PS... a gaffe de António Costa é um alerta para aqueles que parecem já dominados pela complacência, perante a perspectiva de umas eleições ganhas à partida" (no Ladrões de Bicicletas)

terça-feira, outubro 28, 2014

e para além do que aqui fica dito, há a questão da Libra como partner do Dólar - contra o Euro (1)

É uma vergonha. Os partidos faz-de-conta-que-são-de-esquerda eleitos para o Parlamento Europeu abandonam à Direita a tarefa de desmontar uma União Europeia anti-democrática e proto-ditatorial

Nigel Farage (UKIP) em directo para o novo comissário Jean-Claude Juncker: “… na Grã-Bretanha não houve um único cidadão que saiba como foi constituída esta Comissão (…)

"… não acredito que os cidadãos ou os jornalistas europeus entendam o que é realmente a Comissão Europeia – a Comissão é um executivo, é o governo da Europa, e tem o poder exclusivo de propor leis, e ela só as faz mediante consulta com 3.000 comissões secretas, compostas principalmente por grandes empresas (multinacionais) e pelo grande capital e todas essas leis são propostas em segredo. E mais uma coisa, convertê-las em direito europeu, é o mesmo que dizer que a Comissão Europeia tem o direito exclusivo de propor a revogação ou a alteração da lei. O método comunitário aqui tão elogiado esta manhã, o processo pelo qual a Comissão Europeia faz e dá poder à lei, é actualmente o verdadeiro inimigo do conceito de democracia… porque isso significa que não há nada que o eleitorado de qualquer Estado-Membro possa fazer para mudar uma única parte de uma lei europeia. Então, hoje nós vamos votar contra a Comissão Europeia, não visando comissários individuais, mas com base no facto de que ela é, basicamente, uma forma de governo anti-democrático"

(…) faço-lhe notar que os conservadores foram muito corajosos na sua intenção de se absterem. Penso que esta será a última Comissão Europeia que governará a Grã-Bretanha, porque antes do final deste mandato de 5 anos a Grã-Bretanha estará fora daqui

.....


Apoio ao UKIP, partido anti-União Europeia pela Independência da Grã-Bretanha, atingiu novo recorde após recente esforço de Bruxelas para cobrar 1,7 mil milhões de libras de contribuições extra ao gigante inglês.

segunda-feira, outubro 27, 2014

Brasil. a mesma actriz, o mesmo filme

Foi uma vitória à tangente diz a imprensa burguesa; ainda assim Vitor Dias na sua qualidade de militante do PCP, faz as habituais continhas às cruzinhas dos votantes notando uma diferença de mais de 3 milhões de votos. Pois sim, mas tal perspicácia não apaga o facto da Direita ter obtido cerca de 75 milhões de votos, quase metade do eleitorado. Numa revolução de facto cuja intenção fosse erradicar de vez a criminosa desigualdade social existente no Brasil, onde é que o voto popular iria permitir este renascimento da direita que usufrui da propriedade? Mesmo assim, dir-se-á, é importante que a Direita não tivesse passado (passado para onde?, se ela já está onde está e não mudou de sítio?) Pode-se também falar no papel que o Brasil, embora com este regime dito progressista moderado, tem no seio do bloco anti imperialista dos países da América do Sul. Mas com a propriedade concentrada nas mãos de não mais de 4 por cento dos brasileiros (+-15 milhões de individuos, a Direita afinal e a multidão de alienados que arrasta), quem decide se a politica externa do Brasil é desenhada em nome da maioria-à-rasquinha que votou no Partido dito dos Trabalhadores alinhada com a libertação dos paises da América Latina, ou se é feita em nome dos negócios das elites subservientes aos seus interesses e aos da potência neo-colonialista da América do Norte?

domingo, outubro 26, 2014

o Trabalho contra o Capital na globalização

Em termos de poder de compra, a China tem agora a maior economia em todo o planeta, mas essa não é a única área em que a República Popular da China ultrapassou os “nossos aliados” Estados Unidos da América do Norte. Segundo Li Delin, autor da obra "A Conspiração Goldman Sachs", no ano 2040 a economía da China, a manter-se as actuais tendências, atingirá um PIB de 123 triliões de USDolars, isto é, triplicará em relação à dos Estados Unidos. Em 1850, enquanto os emigrantes eslavos e anglo-saxónicos nos EUA se digladiavam entre si e ambos exterminavam os nativos, a China era a maior potência de produtos manufacturados do mundo, supremacia derrubada pela invasão estrangeira nas Guerras pelo Ópio. Em 2010 a China recuperou a liderança como maior produtor mundial.
Shangai, 1950. Desfile comemorativo do 1º aniversário da Revolução Popular. 
(gravura da Escola Estatal de Arte de Hangzhou)

Em termos de PIB bruto, os EUA ainda são o número um, pelo menos por agora. Mas de acordo com o FMI, a China ultrapassou-os em vários outros índices de desenvolvimento. A China contribui para o comércio mundial (soma das importações e exportações) mais que os EUA contribuem; a China consome e paga (sem guerras de pilhagem) mais energia que os EUA; a China agora produz mais bens reais transacionáveis do que os EUA produzem (com a sua economia assente em papel-moeda fictício). Por outras palavras, a era da dominação económica norte-americana está a acabar rapidamente.
O poder económico global está a fazer neste momento uma mudança dramática para leste, o que vai ter enormes implicações para o nosso futuro como europeus. O valor das exportações dos EUA para a China en 2013 foi de 121 milhões de dólares, enquanto as da China para os EUA atingiram 440 milhões. Com os défices acumulados os Estados Unidos já devem à China bem mais de um trilião de dólares, e como a sua infra-estrutura económica se está a desmoronar todos os países aliados estão febrilmente a emprestar mais dinheiro (comprando títulos financeiros) numa tentativa desesperada para sustentar um padrão de vida que está em queda livre. Com o nosso actual sistema não podemos competir com a ética de trabalho, criatividade e determinação da China e outras nações asiáticas, conforme vem sendo demonstrado. Se continuarmos por este caminho, que futuro para as gerações seguintes no ocidente? A pobreza nos subúrbios das cidades norte-americanas subiu 64 por cento na última década.
40 anos depois da Revolução, a força do Trabalho produtivo. Shangai 1990

A lógica comparativa é que os preços não são os mesmos em cada país: uma camisa, um quilo de carne ou uma propina escolar tem um custo muito menor em Xangai do que em São Francisco, por isso não é inteiramente razoável comparar os dois países sem levar isso em conta. Embora um chinês ganhe em média muito menos do um individuo médio nos EUA, ao converter um salário chinês em dólares subestima-se o poder de compra que esse indivíduo, e portanto os habitantes médios do país podem ter. O Índice Big Macda revista The Economist é um grande exemplo dessas disparidades. Segundo os dados estatísticos do FMI ambos os PIB em termos de taxas de mercado estão equiparados, mas com base no poder de compra a China já ultrapassa os EUA, tornando-se a todos os níveis a maior economia do mundo - a China tem as maiores reservas mundiais de divisas estrangeiras sendo o maior produtor e importador de ouro do mundo. Em Paridade de Poder Aquisitivo (PPA), em 2005 a economía da China representava menos de metade da estado-unidense (em PPA), porém em 2011 alcançou 87 por cento da economía de EUA - em 2014 o PIB de China totalizará o equivalente em trabalho a 17,6 mil milhões de dólares, enquanto a dos EUA estagna nos 17,4 mil milhões de papel-moeda especulativo
Desenvolvimento, cosmopolitismo, desafio ao modelo capitalista ocidental, Shangai, 2013 

Em 1998 os Estados Unidos controlavam 25% do mercado mundial de alta tecnología, enquanto a China contava com apenas 10 por cento. Na actualidade o gigante asiático supera em mais do dobro os EUA; a China hoje controla mais de 90 por cento do mercado mundial de metais raros, essenciais para a principal exportação para o Ocidente que são os equipamentos informáticos. Uma investigação do Senado revelou que a China fornece mais de 1 milhão de diferentes tipos de componentes para a industria de Defesa (e de ataque) dos EUA. Apesar da ascenção permanente, 93 por cento das transações mundiais continuam a ser feitas em dólares e não em yuans. Ora para a definição de imperialismo o que deve contar é o volume de capitais exportados (a maioria puramente especulativos) contra a exportação de bens e mercadorias produzidos na economia real. Para obviar esse incómodo, de em termos globais o Capital render mais que o Trabalho, Pequim está a criar um banco de investimento asiático para competir com instituições globais como Banco Mundial. ¿ Adeus aos petrodólares? a Rússia e a China, parceiros na Organização de Shangai, trabalham neste momento num sistema análogo ao SWIFT, a plataforma cambial que gere as trocas desiguais entre os paises economicamente dependentes.
Na indústria da construção e obras públicas a China consome anualmente mais cimento que os outros paises todos juntos, ao mesmo tempo que as escolas superiores de engenharia chinesas já formam o dobro de licenciados nessa área nos EUA.  Opiniões propagandisticas como a do semanário pró-imperialista Expresso alertam para a formação de um bolha no imobiliário chinês similar à que destrói valor no ocidente desde 2008, mas tal spin é deduzido em termos capitalistas. Na verdade a economia chinesa tem bases socialistas. As cidades construidas para dar trabalho às pessoas enquanto as exportações para o Ocidente não aumentam (porque os paises capitalistas não têm dinheiro para as pagar) são pensadas como um investimento para o futuro que entretanto providenciam o pleno emprego a toda a população.

sábado, outubro 25, 2014

Sob o governo de Getúlio Vargas, o ideário de Hitler influenciou políticas e seduziu uma boa parte da população brasileira

Quais as razões do Brasil estar infestado pela iliteracia politica que não deixa o país libertar-se do jugo colonial imperialista, o sistema responsável pela maior desigualdade social num dos paises mais ricos do mundo? São razões cujas origens provavelmente o filme "Getúlio" que anda por aí estrelado por um artista de telenovelas não explicam. Sabendo-se como dado adquirido que é o regime de propriedade, dos latifundios e meios de produção industrial, que determinam as relações sociais, como foi e é possivel no século XXI manter uma riquissima elite de 4 por cento dos brasileiros disfrutem de um dos mais elevados niveis de vida do planeta, enquanto os restantes 96 por cento vegetam na maior das precaridades da ausência dos mais elementares direitos humanos? (saúde, educação, habitação) Como resolver? Eleição controlada pela burguesia ou Revolução comandada pelo proletariado?


Maria Luiza Tucci Carneiro, Historiadora: "Persiste um certo silêncio sobre a presença e actuação dos nazis no Brasil. Não se sabe nem o número de partidários de Hitler que se refugiaram no país depois da Segunda Guerra Mundial, acusados de crimes contra a humanidade. Governado por Getúlio Vargas entre 1930 e 1945, o Brasil converteu-se numa espécie de seara livre para a circulação de nazis, fascistas e integralistas. Mesmo antes do golpe militar liderado por Getúlio Vargas, o Estado apelou para um conjunto de leis de excepção. Na sua essência, elas prepararam o Brasil para receber as propostas "revolucionárias" do fascismo italiano e do nazismo alemão como “novidades da modernidade”. A imprensa brasileira cuidou de reportar, com alguma admiração, as conquistas de Mussolini a partir de 1922 e de Hitler a partir de 1933. Os nacionalismos alemão e italiano transformaram-se em fontes de inspiração para o modelo de nação que se pretendia construir no país: forte e homogénea. A propaganda oficial emergiu como instrumento para o exercício do poder mascarado de “política trabalhista”, controlada por leis rígidas e um tribunal de excepção. Os conceitos e os partidos de extrema-direita proliferavam e conquistaram segmentos importantes da população. As ideias de Hitler começaram a aportar no Brasil já em 1929, quando imigrantes alemães recém-chegados formaram os primeiros núcleos nazistas. Após a ascensão do Führer ao poder, em 1933, esses grupos foram integrados na Auslandorganisation der NSDAP – a Organização do Partido Nacional-Socialista para o Exterior (AO). No ano seguinte, o governo alemão organizou um sistema de infiltração e de propaganda com os alemães radicados no estrangeiro. Em 1937, Ernest Wilhelm Bohle, responsável pela AO, assumiu também funções diplomáticas na Embaixada Alemã no Brasil, permitindo que o Partido Nazista cumprisse ostensivamente a missão de “proteger” os alemães do exterior" (ler estudo completo aqui)

Carlos Haag: "Quando se fala em nazis no Brasil, a imagem que nos vem à cabeça é de um bando ridículo de gaúchos louros levantando o braço direito no meio da fumaceira dum churrasco. Em verdade, a presença nazi foi menos folclórica e de uma importância política notável, em especial para a consolidação do Estado Novo varguista, que completa, neste ano, 70 anos". Um legado de Nazismo tropical?
 
ler também: 
Otto Braun cita os nomes dos lideres estaduais refugiados do partido nacional-socialista alemão em 8 Estados brasileiros, subordinados ao directório central em São Paulo comandado pelo nazi alemão Hans Henning von Cossel à frente de 2.900 membros militantes (in "A Caça às Suásticas)

sexta-feira, outubro 24, 2014

Brasil, a Corrupção como Arma de combate eleitoral

Alberto Youssef, ex-administrador da Petrobrás que está preso acusado de ser um dos chefes do esquema de burla e lavagem de dinheiro que teria desviado cerca de 10 mil milhões de reais da empresa desde 2006, afirmou em depoimento em tribunal que a presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva “sabiam de tudo” sobre o esquema de corrupção na Petrobras. Youssef, que foi nomeado para o cargo pelo social-democrata Lula da Silva, afirma que para além do PT, também o PMDB e o PP estavam envolvidos no esquema de corrupção na Petrobras que consistia na cobrança de comissões em dinheiro vivo a empreiteiros de construção civil pelo tesoureiro do Partido dos Trabalhadores PT João Vaccari e pelo pe-eme-debista Fernando Soares. As obras da empresa estatal eram escolhidas por um cartel de dez empresas, que inflacionavam os preços em cerca de 20%, dinheiro que era dividido por políticos e directores da empresa pública.


A campanha para a re-eleição da presidente do Partido dito dos Trabalhadores, Dilma Roussef, afirma que a revelação deste depoimento pela revista Veja se trata de um golpe-bomba publicitário pago pela campanha do conservador tucano Aécio Neves em vésperas de eleição presidencial – ao fazer passar por credível as declarações de “um notório bandido que será premiado (caso Aécio vença) por se ter prestado a este papel de delator premeditado”. Declarações que teriam violado a legislação eleitoral e, por isso, susceptivel da proibição de circulação deste tenebroso número da Veja, cuja capa contém as fotos em fundo negro de Lula e Dilma ladeando o título a vermelho “Eles sabiam de Tudo”. A divulgação do escândalo do “Petrolão” é contudo bem anterior. E se é mentira porquê proibir? Por outro lado, o envolvimento da imprensa na compra e venda de influências é evidente. O editor-executivo da revista Veja é ao mesmo tempo um dos responsáveis pela comunicação da campanha presidencial do ultraconservador Aécio Neves e o biografo que publicou um livro sobre a vida do ex-ministro José Dirceu, outra personalidade incriminada no anterior escândalo do Mensalão que envolveu o PT. O dono do jornal “O Estado de S. Paulo” foi visto numa manifestação por Aécio pelas ruas de São Paulo com o cartaz: “Foda-se a Venezuela”. Por fim, a hipotética lisura do processo de voto electrónico está na mão de empresas privadas.

Dilma vs Aécio, algumas comparações

O pai de Dilma era um imigrante búlgaro, Pedro Rousseff, advogado e empresário. Aécio vem da família de políticos do seu avô materno Tancredo Neves, que foi ministro da Justiça de Getúlio Vargas, governador de Minas Gerais e primeiro presidente civil eleito pelo partido Arena que apoiava a ditadura militar. A jovem Dilma lutou como guerrilheira contra a ditadura militar, foi presa e barbaramente torturada.

O primeiro emprego de Dilma foi aos 28 anos, como funcionária da Fundação de Economia e Estatística, de onde seria demitida pela ditadura. Aécio foi nomeado para o seu primeiro emprego aos 17 anos, como oficial de gabinete do ministério da Justiça, Aos 19 anos tornou-se assessor do gabinete do próprio pai, deputado federal em Brasília. Em 1983 Aécio é nomeado secretário particular do avô, o governador Tancredo Neves. Quando foi eleito presidente, Tancredo indicou o neto como secretário de Assuntos Especiais da Presidência. Só em 1990 a prática de nomear parentes para cargos de chefia foi proibida. Em 2002 Aécio Neves foi eleito governador de Minas Gerais e reeleito em 2006. Como governador tem uma longa lista de acusações de corrupção, de mentiras e práticas censórias. Dilma é odiada pelos militares que participaram ou aprovaram a ditadura. Aécio recebe o apoio deles. Dilma chama o golpe militar de “golpe”. Aécio chama o golpe de “revolução”. O padrinho político de Aécio (além do avô Tancredo) é o ex-presidente do PSDB Fernando Henrique Cardoso (grande amigo do nosso "socialista" Mário Soares), cujo politica no Brasil foi marcada pelas privatizações de empresas públicas, pela recessão, pelo desemprego, pela desigualdade, pela fome no Nordeste, pelo salário mínimo em queda, pela dependência do FMI (Fundo Monetário Internacional), pelo sucateamento do ensino e pela política externa de subserviência aos Estados Unidos. Lula da Silva e Dilma Roussef popularizaram-se pela atribuição de um subsidio que permitiu a todos os brasileiros tomarem o pequeno almoço, mas carimbaram a mesma subserviência aos EUA pela assinatura em beneficio da burguesia do agronegócio da soja e do etanol com George W. Bush.

O PT de Lula e Dilma tem o "Mensalão" e o "Petrolão" no curriculo, havendo contudo diferenças quantitativas, Aécio é acusado de roubar 4,3 mil milhões, cerca de 78 mensalões. Ambos os processos foram arquivados, sem que nenhum dos principais responsáveis fossem condenados. Mas quando Dilma sobe nas sondagens, os especuladores não gostam e a Bolsa cai. Quando Aécio sobe nas sondagens, os especuladores comemoram e a Bolsa sobe. Aécio foi blindado pela imprensa local e nacional durante toda a sua carreira política, mas é acusado de censurar e perseguir jornalistas. O PT de Lula e Dilma foi acusado seguidas vezes pela mesma imprensa de “atentar” contra a liberdade de expressão. Na primeira volta da eleição Dilma teve mais votos entre os mais pobres e negros. Aécio teve mais votos entre os mais ricos e brancos. Ambos diferentes mas iguais, existem diferenças. Contudo, ao invés da escolha para o mais elevado cargo politico no Brasil, a disputa mais parece uma escolha entre dois gangs de trapaceiros e oportunistas.

quinta-feira, outubro 23, 2014

na medida em que a República Popular da China ganha ascendência na economia mundial, começa a campanha de diabolização do chinês

a Moura Guedes, Raquel Varela, o Nilton e a deputada Moreira...

a historiadora Raquel Varela diz dos seus amores e desamores por Lisboa: "do que menos gosto é da invasão de turistas, hostels, fast food, lojas de chineses, do iva e da lei das rendas (...) não gosto das mercearias asiáticas em Lisboa, não gosto mesmo, podiam ser asiáticas, do magrebe, brasileiras, há um racismo social gravissimo que está a gentrificar a cidade (...) não é racismo (tout-court), qualquer dia Lisboa tem tudo menos Lisboetas, que são expulsos para os subúrbios" -  Francisco Louçã comenta: "Gentrificar é afastar os pobres dos bairros de uma determinada área, por via do aumento dos preços dos consumos e da habitação ou de outro meio de pressão social, e substitui-los pelos mais afortunados. A pergunta é então pertinente: as lojas dos chineses e as mercearias asiáticas (“podiam ser asiáticas, do magrebe, brasileiras”), estão mesmo a fazer expulsar os pobres e atrair os afortunados, a trocar os muitos e remediados pelos poucos e ricos, impondo este “racismo social gravissimo que está a expulsar os lisboetas de Lisboa”? Ou seja, se assim for, os ricos são uma surpresa, e que surpresa agradável: são mais abertos à diversidade cultural do que as nossas preconceituosas suspeitas jamais poderiam conceber (...) As lojas do chinês para turistas? Onde é que viu isso? E esses turistas ficam, compram as casas dos pobres e expulsam-nos para a periferia… Este romance não corresponde à realidade, pois não? (ler o artigo completo)

Dias depois o nosso mega-merceeiro e um dos três homens mais ricos do país, mecenas das estatisticas, sai-se com mais um manifesto: "detesto investimento chinês porque não traz coisíssima nenhuma" e mais adiante: "Nós andamos permanentemente a mudar, sem saber para onde queremos ir", argumentou, considerando urgente "um acordo político" para 10 ou 15 anos entre os dois partidos do Bloco Central (tal e qual é exigido pela Troika) . (aqui).
Mas, troikistas àparte, em contrapartida, os Holandeses gostam imenso dos investimentos portugueses porque lhes levam muita coisa, mormente dinheiro roubado aos impostos em Portugal... mas, para disfarçar, este empresário de merda lança bocas racistas para induzir o povo consumido pelo consumo a culpar o chinês

"Os povos do mundo não são racistas. A burguesia – a classe dominante – é que instila a ideologia racista nas massas, para lançar os povos uns contra os outros: dividir para reinar" (Luta Popular)

"A imprensa pode causar mais danos que a bomba atómica e deixar cicatrizes no cérebro" (Noam Chomsky)

um mundo desigual?


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quarta-feira, outubro 22, 2014

Itálica

O primeiro povoado romano no sul da Hispânia foi Itálica, fundada no ano 206 antes da nossa era, no final da 2ª Guerra Púnica contra Cartago, por iniciativa de Publio Cornelio Cipião, cognominado “o Africano”, com a finalidade de servir de assentamento aos feridos da batalha de Ilica e de colonos veteranos de guerra. Com a vitória sobre os cartagineses Roma assumiu a posse da exploração das imensas riquezas minerais, cobre, prata e ouro, de todo o sudoeste da peninsula ibérica.

terra de coelhos, dela diziam os romanos
Depois do imperador Augusto, a partir do século I, Itálica converteu-se em município (Colónia Élia Augusta Itálica) sendo-lhe conferida a prerrogativa de cunhar moeda. Na prestigiada Itálica nasceram os imperadores Trajano e Adriano usufruindo então a cidade de tempos economicamente esplendorosos que a fizeram desenvolver-se arquitectonicamente, erigindo-se novos edificios públicos como o Anfiteatro com capacidade para 25.000 espectadores, o Templo de Trajano, mansões como a Casa de las Hilas, a Casa de Neptuno, a Casa de Exedra e em geral um luxuoso conjunto residencial decorado com mosaicos nos pavimentos, ornamentos em mármore, estatuária importada da Grécia e da Mauritânia e ruas amplas ligando entre si os diversos bairros. O primeiro núcleo mais antigo fundado pelo general Cipião encontra-se actualmente debaixo dos caboucos da cidade contemporânea de Santiponce (9km a norte de Sevilla pela E803). A zona da cidade nova erigida pelo general Adriano é a parte do conjunto arqueológico preservado que se pode visitar, incluindo as muralhas, o teatro, o templo de Trajano, o anfiteatro e as termas. Presume-se que Itálica tenha sido aabandonada no século XII. As escavações arqueológicas iniciaram-se entre 1751 e 1755, dirigidas por Francisco de Bruna. Desde então, até aos nossos dias, os trabalhos arqueológicos nunca foram interrompidos. As suas ruinas foram declaradas Conjunto Arqueológico de Interesse Cultural por Decreto da Junta da Andalucía en 1989.

terça-feira, outubro 21, 2014

conversas de submarinos “indiciariamente inverdadeiras”

No nosso tempo uma das ideias básicas, dizem, é a do estabelecimento do primado do Direito como condição prévia para a manter fluorescente ou recuperar de uma catástrofe a economia de um país.

Contudo, o Poder de hoje impede o recurso aos tribunais para julgar ilícitos económicos em que está envolvido , preferindo “comissões de inquérito” parlamentares. Juizes em causa própria, enredadas nas jogadas partidárias, estas comissões chegam a conclusões surpreendentes. Desta vez, a investigação sobre o caso dos submarinos do Portas pariu uma não concordância por parte da oposição: os socialistas dizem que depoimentos à dita cuja comissão do ex-primeiro ministro Durão Barroso e do ex-ministro da defesa Paulo Portas à data do negócio são “indiciariamente inverdadeiros”. O deputado que presidiu às 165 horas de reuniões foi um pouco mais conciso: considerou que as conclusões do relato final da comissão de inquérito são “tendenciosas, parciais e mentirosas (...) trata-se de um relatório ‘fio dental’, não tapa absolutamente nada". Mas os restantes membros lamentaram os incidentes criados pela oposição e a maioria afirma “que não foram encontrados indícios de ilegalidades após ouvirem as 50 testemunhas”. Ao falar em “mentiras” o deputado José Magalhães foi imediatamente queimado na praça pública: “acusou Portas e Barroso de mentirem sem apresentar provas”, isto quando existem registos concretos de uma conversa entre o então primeiro-ministro Durão Barroso e o administrador Hanfried Haun da empresa alemão Ferrostaal, negado por Barroso no depoimento por escrito que enviou aos parlamentares.

Na verdade a politica da austeridade começou com estes dois personagens não-arguidos eternos. Quando Barroso se saiu em 2002 com a conversa do “país que está de tanga”. Desde então está à vista que o que está associado à austeridade é o roubo. Barroso subiu na vida, Portas reincidiu em ministérios. Não porque estes dois sejam os mais fortes que tiram partido da seleção natural. Não foi isso que Darwin disse. Nesta politica suja e vigarista dos negócios privados em cargos públicos singram os que melhor se adaptam ao meio. Neste caso dos submarinos houve gente na Alemanha que foi condenada em tribunal por corrução activa. Em Portugal não se consegue encontrar quem foi corrompido. Considerando que este esquema faz jurisprudência, é impossível portanto manter uma actividade comercial fluorescente em condições de tal modo precárias.
Segue-se a pergunta: para que serve a existência de Juizes quando estes podem ser levados a pactuar com fins governamentais ilegítimos?

relacionado
* Segunda Semana de Greve nos Tribunais - Forte Adesão à Greve Expressa a Revolta e Indignação dos Funcionários Judiciais (Luta Popular)
* No negócio dos submarinos, Grupo Espirito Santo recebeu mais do que 30 milhões de comissões. Os cinco clãs da familia Espirito Santo receberam 5 milhões. Ricardo Salgado afirmaria na reunião do Conselho Superior do GES: "vocês têm todo o direito de perguntar: mas como é que aqueles três tipos receberam 15 milhões? sim houve uma sexta pessoa que recebeu uma parte da comissão da Escom, paga pela empresa German Submarine Consortium no negócio...". Mesmo assim ainda faltam 10 milhões...

segunda-feira, outubro 20, 2014

Descascando a batata d`“O Capital no Século XX” (III)

Para Thomas Piketty não se passa nada de anormal na natureza da composição do Capital. Ou por outra, passa, mas apenas na economia clássica, a sua “investigação histórica” passa ao lado da prática política, da descrição dos agentes provocadores das guerras, dos negócios ocultos que não entram na contabilidade das nações, da economia paralela gerida pelas burguesias nacionais, enfim, pela luta de classes. Por estas pequenas minudências, a obra está repleta de imprecisões, omissões, ou até, dir-se-ia, manipulações grosseiras. Citando dois parágrafos sobre o processo de acumulação de capital no Novo Mundo, vê-se exaltada desde logo a importância dos Estados (colónias de origem anglófona) que se Uniram:

Começando no negócio da "Louisiana Purchase" e na transação comercial de compra do Texas e do Novo México e da subsequente guerra de exterminio dos nativos doravante chamados de "indios",  os Estados Unidos tinham esgotado as suas capacidades de ocupação do território contíguo disponível dentro da sua área continental. Empresariaram-se novas guerras, como a guerra hispano-americana que conduziu à aquisição da ex-colónias espanholas. A indústria e a agricultura dos Estados Unidos tinham crescido além de sua necessidade para o consumo, precisam de mercados, de ganhos de hegemonia, como diria Hitler: Lebensraum . A ideia de que uma grande nação deveria ter um grande poder naval, filosofia desenvolvida pelo almirante Alfred Thayer Mahan, que dirigiu o Naval War College. Mahan construiu um novo paradigma baseado no seguinte princípio: o poder marítimo constituiria o vértice da supremacia das nações na história contemporânea - a nova politica de expansão por todo o continente americano daria pelo nome de "Doutrina Monroe".

Cuba. A ilha do Caribe obtém a independência pela luta liderada pelo patriota José Marti, um burguês radicado nos Estados Unidos, dos quais não teve a minima dificuldade em obter generosa ajuda militar e financeira: A política económica da ilha caiu refem da tutela de Washington desde a independência cubana em 1898. Ainda hoje nas paredes do Hotel Nacional se podem ver fotografias da época com as tropas yankes assentadas em tendas de campanha na Plaza d`Armas em La Habana. As tropas dos EUA procederam a diversas ocupações: em 1906, 1912, 1913, 1917 e 1933. Segundo a Constituição cubana, tais ocupações eram legítimas, pois a Emenda Platt assegurava o direito de intervenção militar norte-americana. Em 1934, essa prerrogativa foi substituída por um acordo comercial. Mas os yankees permaneceram, sendo que no inicio da década de 60 cerca de 90 por cento da propriedade e da economia cubana estava nas mãos das corporações e da máfia estado-unidense. Surgiu Fidel y las cosas se iriam a cambiar. Porém os EUA ao abrigo dessa antiga "ajuda", respaldada por uma concessão de deveria durar apenas 50 anos, ainda hoje permanecem em Guantanamo, um triste simbolo para vergonha da humanidade. (dados na wikipedia)

de novo, o que diz Piketty:

Em 1913 nos Estados Unidos o Congresso reuniu e votou a Lei da Reserva Federal  que autoriza a um consórcio de bancos privados, liderado pela familia Rothschild a proceder à emissão da moeda que mede toda a economia em nome dos interesses do Estado. Seria entre a 1;30 e as 4;30 da madrugada do dia 22 de Dezembro de 1913  quando a lei foi aprovada. Outro banqueiro de origem judaica, Jacob Schiff, lidera na ocasião a Liga Anti-Difamação (Anti Defamation League), nos Estados Unidos. Esta organização foi formada em paralelo com a liberdade de criar dinheiro por privados para difamar como "anti-semita" qualquer cidadão que questione ou desafie a conspiração que esteve e está na origem da chamada globalização. Em 1920, Winston Churchill fez uma distinção entre os emigrantes judeus integrados no espirito nacional e os "judeus internacionais". Disse ele que estes últimos "estão por trás de "uma conspiração mundial para derrubar a civilização e reconstituirem a sociedade com base no desenvolvimento da tirania, de malevolência invejosa e igualdade impossível...". Refere-se, claro está, à ascenção do espirito revolucionário internacionalista do comunismo que na época triunfa na Rússia.

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Segundo o autor, há que pôr cobro aos rendimentos sobre o Capital já acumulado, que cresce exponencialmente mais que os rendimentos do Capital produtivo. Remédio proposto: lançar mais um imposto de 80%  sobre o património dos ricos acima de meio milhões de dólares. Contabilidade. Mas não há expropriações, nacionalizações, criminalização dos proprietários de bens adquiridos ilegalmente, nem sequer a suspensão imediata da política de emissão exponencial de mais papel-moeda que sustenta um sistema económico artificial e provoca o endividamento dos países submetidos ao capitalismo. Ora, Thomas Piketty andou a dormir enquanto George Soros o ajudava a compilar o calhamaço. Então, ao longo desta estória não foi mesmo mais impostos que os Estados Unidos lançaram? só que em vez de o fazerem aos seus ricos, exportaram-nos criando pobres por todo o mundo. Exportando capitais e guerras como modo de acumulação capitalista. Mal anda portanto de novo Piketty ao circunscrever "O Imperialismo Último Estádo do Capitalismo" a época e às circunstâncias temporais da 1º Grande Guerra em que Lenine o escreveu

domingo, outubro 19, 2014

Gelem, gelem...

"Caminhei, caminhei", foi declarado internacionalmente como hino internacional do povo cigano durante o Primeiro Congresso Mundial Romani, celebrado em Londres em 1971, quando se pensou ser necessário unificar as diversas comunidades ciganas dispersas por todo o mundo. A melodia faz referencia à condição nómada do povo romani. Também menciona a "Legião Negra" (Kali Lègia), em alusão à cor dos uniformes das SS alemãs que participaram no genocidio do povo cigano durante a Segunda Grande Guerra Mundial, o que se entende de modo simbólico como uma memória da secular perseguição (dir-se-ia holocausto) do povo cigano, um povo não eleito, sem direito fisico a uma nação, à semelhança da que o banqueiro Rothschild inventou

As imagens  utilizadas neste clip pertencem ao filme soviético "os Ciganos vão para o Céu" (Tabor uhodit v nebo) de Emil Lotyanu, 1976, inspirado no conto "Makar Tschudra", a primeira obra de Maximo Gorki escrita em 1892. O filme foi visto em cinema na URSS no ano da estreia por 64,9 milhões de espectadores. (na wikipedia) Tal êxito procede da tradição cigana russo-eslava-germânica, cuja obra mais popular será talvez "o Barão Cigano" de Johann Strauss

sábado, outubro 18, 2014

a Pobreza é um Crime organizado

No corrente ano, Portugal soma já mais 10.777 milionários, num total de 75.903 de adultos com uma riqueza superior a um milhão de dólares... e no entanto hoje os trabalhadores portugueses ganham hoje menos do que em 1974. Se acrescentarmos a isso, a brutal carga fiscal que recai sobre quem trabalha (só de IVA, que não existia em 1974, são 23%, e a esfolar), ficamos com uma ideia mais precisa do que tem sido os 38 anos de governação PS, PSD, CDS. E ainda por cima, é surreal que seja o mega-merceeiro que enriqueceu com o regime que seja o mecenas da Pordata que contabiliza estatisticamente os pobres criados pelo regime. Por fim, ontem 17 de Outubro - Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza - declarado pela Unesco relembrou-se que «a erradicação da pobreza deve ser a prioridade absoluta de qualquer política de desenvolvimento. A extrema pobreza é um impedimento ao pleno exercício dos direitos humanos, um obstáculo ao desenvolvimento e uma ameaça à paz, blá, blá, blá... seguem-se mais estatisticas. Mas há mais: a dotação do Parlamento, com o próximo Orçamento conforme revela a agência Lusa, eles dizem que "sofre", mas beneficia de um acréscimo de 5,9 milhões de euros pela "inscrição dos encargos com as subvenções estatais aos partidos políticos pela realização das campanhas" das eleições previstas para 2015. E ainda, está prevista a descida das prestações sociais, mas, ao invés, temos um aumento de 864 mil euros em despesas com os Gabinetes dos Ministros... "... os gastos dos ministérios, em comparação com o primeiro Orçamento do Estado deste governo, entregue por Vítor Gaspar, cresceram 4,3 milhões de euros.

relacionado:
* Há 8 países da União Europeia em deflação
* Portugal vai demorar muitos anos até reparar danos causados pelo actual governo
* (não contabilizando os danos a causar pelo próximo governo xuxa no futuro)
 * A pobreza é um crime organizado. O limiar abaixo do qual na Europa é definida a pobreza corresponde ao rendimento mensal de 406 euros.
 * a ameaça de Pobreza pesa mais sobre os mais jovens: 18,7% dos portugueses estava em risco já em 2010 (expresso).
* Sendo as crianças as que mais sofrem
* as Multinacionais da Caridade, um Negócio em expansão 

sexta-feira, outubro 17, 2014

DocLisboa 2014

Com o filme escolhido para a inauguração do evento, “a Praça”, voltamos aos tempos em que as boas-almas funcionárias da censura prévia engendravam títulos completamente idiotas para que não fosse desviada, muito menos corrompida, a boa moral do simplório espectador. O filme chama-se “Maidan” e o tema é a revolta de grupos organizados, pagos pelo Ocidente, actuando na praça da Independência na capital da Ucrânia tendo como objectivo derrubar um presidente eleito democraticamente pelo voto de 44 milhões de ucranianos.

Mas não é isto que a “Praça” mostra. De velha prática comum, a passagem do titulo real do acontecimento ao estado gasoso apela sem um pingo de vergonha na cara à ignorância do espectador. Em nome da “democracia europeia e norte americana” manifestantes “We Love UÉ” e “We Love US” de coraçãozinho a dar-a-dar agitam estandartes e fazem uma barulheira do catano com som off sobreposto à gravação. É uma encomenda. E são duas exaustivas horas bem medidas disto, monocórdicas, trauliteiros que vagueiam entre o arrancar de pedras do chão e o enfrentamento das forças de segurança cuja atitude é completamente passiva, para que a integridade do cidadão não seja molestada.

Há um super-palco à maneira dos concertos rock para massas pagantes, que aqui não pagam, painéis audiovisuais gigantes, coloridos raios laser, apelos disléxicos à pátria contra os bandidos que governam, aparelhagens acústicas sofisticadas, cantatas que usam o “Bella-Ciao” adulterado com letras foleiras contra o usurpador russo. Um terço dos ucranianos fala russo e a memória dos reaccionários cossacos está bem viva. De quando em vez sobe ao palco um gang de padres trajando a rigor de negro, cruz de ouro ao peito, que recitam mega-missas apelando à paz. Filhos da Puta. Aparecem armas e balas mas o filme não as mostra. Policias são atingidos, há feridos e mortos. Fosse no Ocidente e onde é que os “revoltosos” já estariam, ou com um governo a sério que zelasse pela ordem. Nem por uma vez o bem remunerado realizador mostra uma única opinião do contraditório. O outro não existe. Pronto, missão cumprida, temos um governo de energúmenos nazi-fascistas pró-Ocidental instalado na Ucrânia.
Os infelizes programadores doDocLisboa (deste e dos outros anteriores) bem que avisaram logo na panegírica homilia de apresentação da coisa: neste momento há activistas presos na usurpada Crimeia por andarem a dar milho aos pombos, desafiando o jugo da tenebrosa Rússia. Crimeia “ocupada” por vontade do voto democrático da maioria que não aceita ser governada por nazi-fascistas. Por Vladimir Putin, cujo governo merece a aprovação de 80% dos 142 milhões de russos. Lido nas entrelinhas porque os sacanas não o disseram deste jeito. Confortavelmente instalados na alcatifa vermelha do mecenato da Caixa Geral de Depósitos (uma instituição pública) da Câmara Municipal de Lisboa (outra que tal), da EDP, e as mais que pinguem, os tipos do DocLisboa suam as estopinhas, mesmo com o pestilento ar condicionado, para irradicar da face da terra as suas ferozes ditaduras de estimação. Coitados dos tenrinhos tugas que esgotaram a sala, foram avisados de cima do palco: têm pela frente a épica tarefa de exportar, contornando a sanção aplicada à pêra-rocha, em vez dela a nossa democracia, não só para a Rússia, mas para os habitués povos oprimidos da República Popular da China, para as dissidentes repúblicas populares de Donetz e Lugansk, enfim, derrubar os ferozes islamistas do Irão. Sic. Foi mesmo isto que ali se disse. Peanuts ou pipocas como mastigam evadidos no éter os obamaníacos cá do sitio, afinal são apenas 1,64 milhões de criaturas. Força almas jovens portuguesas em idade escolar (sem escola). Vão na conversa destes esquizofrénicos alarves e não tardará muito que, em defesa do sub-Imperialismo da Alemanha, estejam envolvidos num conflito mundial em grande escala. Afinal é o que dá lucro aos que mandam, né?

quinta-feira, outubro 16, 2014

Portugueses no Mundo (III)

Para que as abéculas oportunistas dos concursos de cantorias light possam corar de vergonha por servirem imbecilmente um regime de encher chouriços nas programações televisivas com trabalho não pago, a Susana Silva mostra-nos o caminho de quem tem talento é o quer utilizar de forma honesta:
Emigrar.  
"não me abandones!"  
óh gentes da minha terra

quarta-feira, outubro 15, 2014

Passa a 19 de Outubro, mais um aniversário do Crash bolsista de 1987

Para aqueles que perderam esse evento, ou para outros que já não se lembram dele, num pequeno vídeo recorda-se como foram vistos então os acontecimentos desse dia (Black Monday). O "especialista" aqui entrevistado é Paul Tudor Jones, um grande trader de "futuros" dessa época que continua a exercer esse "comércio" hoje. Segundo ele, o Crash de Outubro de 1987 foi o maior colapso do mercado na moderna história do mercado de acções.
Maior ainda que o de 1929 (Black Tuesday), considerando-o numa base percentual. Lições para o futuro a que se deveria e deve prestar atenção:
1. O mercado faz o que sempre faz, que é sempre para enganar 99% das pessoas. É essa a natureza do mercado.
2. Depois, ele o "mercado", essa estranha agremiação interactiva de pessoas sem rosto, pede ao governo para intervir a socorrer as coisas. E é o que o Governo (de pessoas com rosto) fez e tem feito continuamente desde então. Colmatar as sucessivas quedas do dinheiro fictício criado a partir do nada em bolsa, com dinheiro real criado com o trabalho acumulado pelos contribuintes.

Selecção recebeu milhões do BES
A falência do Banco Espirito Santo é mais uma pequena amostra do tal sujeito "mercado". O governo intervencionou o BES afirmando a pés juntos (com os pés p`rá cova) que os 4,9 mil milhões ali enterrados não teriam custos para os contribuintes. Passados escassos dois meses os mesmos "governantes" vêm dizer que afinal já há. E claro, Cavaco desmente os mentirosos mentindo ele mesmo. A falência afectou ainda mais o défice, cujo cumprimento exigido pela Troica é mandado às urtigas (tudo bons rapazes) sendo previsivel que se situe no final deste ano nos 7,5 por cento do PIB. Enquanto se fazem contas a uma taxa de crescimento que não existirá (1,5%) Governo PSD/CDS chuta os prejuizos do BES para 2015, isto é, para o mais que certo próximo governo de Bloco Central PS-PSD. Aonde é que já ouvimos esta conversa dos novos empossados virem dizer "áh e tal, afinal isto estava pior do que nós pensávamos", desculpem lá mais qualquer imposto. Entretanto, havendo pipas de indicios de procedimentos criminais na falência do BES, os irresponsáveis a soldo dos "mercados" são obrigados a nomear uma Comissão de Inquérito, mas que afinal vai ser controlada pelos próprios agentes da quadrilha que levaram o banco à falência. O lider parlamentar Montenegro do PSD indicou Fernando Negrão, ex-ministro do PSD, para presidir à coisa com o descaramento mais diáfano da corrupção que usurpou as instituições do Estado. É assim que funciona o roubo por esticão, um corre e grita agarra que é ladrão e acabam por fugir os dois... (enquanto o Mercado, negro, negrão, de mascarilha preta, empocha o produto do roubo)

terça-feira, outubro 14, 2014

Justiça em Portugal: o estado do Citius

Desta vez apareceu uma opinião Contra no Prós-e-Prós do canal de serviço público.



António Cluny chama-lhe "o Sucateamento do Estado" por uma Administração pública inquinada pela rede de tráfico de influências, "incapaz de enfrentar o que é ilegal, o poder dos que protagonizam os negócios escuros" (no jornal-I)

segunda-feira, outubro 13, 2014

Consequências da medicina neoliberal. As origens da crise do Ébola

«Não podemos aceitar a reedição dum negócio das arábias à custa da boa fé ingénua e da desinformação do incauto cidadão.» (Manuel Pinto Coelho, Médico, doutorado em Ciências da Educação).

Tariq Ali: O sistema, como funciona em todo o mundo capitalista, é basicamente não a favor de serviços de saúde pública, mas favoráveis a soluções privatizadas, instalações privatizadas, o que significa que na maior parte países cada vez mais tem-se um sistema de duas ou três camadas. Há hospitais de muito boa qualidade para os ricos e pessoas que podem pagá-los, há uma segunda camada mais para pessoas da classe média que também podem pagar mas não tanto e suas instalações não são tão boas e a seguir há hospitais públicos, não só na África mas em países como a Índia, Paquistão e Sri Lanka, os quais estão numa desgraça total e nada é feito acerca disto a nivel global (pela comunidade internacional) porque não é uma prioridade.

Allyson Pollock: como é que issso se poderá reconstruir quando realmente há directores estrangeiros a chegarem e parceiras público-privadas e gradnes fluxos de dinheiro a saírem e não há qualquer mecanismo de redistribuição, porque redistribuição significa que se está a tentar construir uma sociedade mais justa e a tentar colocar os recursos outra vez no país (...) Mas vacinas não são realmente o que estes países precisam. Todas as grandes reformas, todos os grandes colapsos de doenças infecciosas epidémicas não foram realmente debelados com drogas e vacinas, foram-no através de medidas redistributivas, as quais incluíam saneamento, nutrição, boa habitação e na verdade, acima de tudo, uma democratização real. E com isto chega-se à educação e todas as outras medidas (...) ONGs muito poderosas, como a GAVI – Global Alliance for Vaccine Initiative, as quais em conjunto com grandes companhias como a GSK e Merck, estão determinadas a conseguir patentes; e a razão porque elas gostam de vacinas é porque elas são um meio de imunização em massa e isto significa números e números significam dinheiro. E naturalmente estão a ser pagas pelo ocidente e governos ocidentais quando este dinheiro podia muito mais facilmente fluir para os próprios governos [africanos] para reconstruírem os seus sistemas de saúde porque estamos a falar acerca da reconstrução da infraestrutura de saúde pública (...) isto começa com a economia, começa com o que está a acontecer à terra, começa com o facto de o óleo de palma, o cacau e a borracha serem importantes culturas para a obtenção de dinheiro e a terra, a sua propriedade, incluindo os serviços públicos que lhes estão associados terem sido transferidos para investidores e accionistas estrangeiros.

Tariq Ali: Será perfeitamente legítimo fazer enormes lucros a partir das necessidades básicas de pessoas comuns?
Allyson Pollock: Isto começou com uma indústria farmacêutica e da produção de vacinas que acha ser perfeitamente aceitável fazer lucros com elas; então porque não deveríam agora fazer lucros com as doenças e os cuidados prestados? Naturalmente o SNS na Inglaterra foi estabelecido para ser redistributivo. É financiado através da tributação, a qual deve ser progressiva e o dinheiro deve fluir de acordo com o necessário. Mas o que estamos a começar a ver agora é que o dinheiro fluirá de acordo com as necessidades dos accionistas e não dos pacientes, e isso é uma preocupação muito real. Naturalmente, isto é tudo questão de vontade política. Tudo pode ser revertido mas é basicamente político, para a democracia e o povo fazerem com que as suas vozes sejam ouvidas".

Ribeiro Santos - A História do assassinato

Garcia Pereira conta a História do assassinato de Ribeiro Santos. Estudante morto pela PIDE
 em 12 de Outubro de 1972:
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a História do assassinato de Alexandrino de Sousa. Morto pelos social-fascistas da UDP em 9 de Outubro de 1975.

sábado, outubro 11, 2014

AliBabá no reino dos 40 milhões de ladrões

"... peço-te que esvazies, uma vez mais, a tua taça, tu vais para Oeste, além fronteiras, e não tens lá amigos" (poema da dinastia Tang, 618-907)

É voz corrente entre nós (a da propaganda anti-comunista assimilada pelos Media) que a República Popular da China vive hoje debaixo de um regime capitalista atroz, pior, que o Partido Comunista determinaria uma politica imperialista no contexto do mercado global, igual a qualquer outra forma de exportação de capitais. Será assim? o Capital com origem no Trabalho e nos outros factores de produção da China é da mesma natureza do Capital que inflaciona e irradia a corrupção financeira a partir de Wall Street?

Quantos conflitos com origem nos seus negócios estrangeiros já provocou a China?... ao contrário, os Estados Unidos para defender os seus interessses económicos imperialistas já provocaram 201 conflitos e invasões militares nos últimos 60 anos. Trata-se da dominação de uma estrutura global sobre todos os paises; estrutura essa que cria e aproveita a divisão internacional do Trabalho para os dividir e explorar através da emissão de moeda puramente especulativa. Ao contrário a China faz investimentos no Ocidente com Capital que, em termos marxistas, corresponde a trabalho acumulado sobre a produção de bens e serviços na ecomomia real. Portanto, há uma diferença, a acusação de imperialismo feita aos dois casos como se fossem iguais é desajustada... porque vemos 93 por cento das transações mundiais serem feitas em dólares e não em yuans. Será admissivel a existência de capitais especulativos na economia interna da China? o caso do lançamento da Alibaba na bolsa de Wall Street vem ajudar-nos a perceber a questão. Parece que essa operação não foi admitida na bolsa de Hong Kong porque não cumpria as regras exigiveis, aka, não ser de indole especulativa.  Mas ninguém melhor que o comediante Jon Stewart para, a brincar a brincar, nos explicar coisas sérias: 
"Foi a maior estreia de sempre em Bolsas mundiais - a Alibaba do empresário chinês Jack Ma, poucos minutos depois de ter entrado em Wall Street, já valorizava 47 mil milhões de euros,
 atingindo um valor de mercado que ultrapassa a Amazon, o Facebook, o JP Morgan Chase, a Petrobás, a Coca-Cola e o PIB anual português":

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afinal, segundo a inteligentsia ocidental a coisa parece ser coisa boa: "Bolsas mundiais em euforia com estreia de empresa tecnológica chinesa" (SIC-Noticias)