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terça-feira, outubro 07, 2014

5 de Outubro, os antecedentes

* Janeiro de 1890. Na sequência da partilha de África da Conferência de Berlim (1885) o Ultimato inglês ordena a Portugal a retirada dos territórios africanos definidos no Mapa-Cor-de-Rosa. Populares vandalizam o consulado britânico em Lisboa. D. Carlos pede desculpas. O banco londrino Baring Brothers, que coloca a dívida portuguesa nas praças financeiras entra em insolvência. Regista-se uma corrida aos depósitos bancários. Portugal, cuja dívida representa 75 por cento do PIB e paga metade da receita em juros declara bancarrota. O orçamento comtempla 3 por cento para as despesas de educação e assistência social, enquanto o rei se dedica à pintura e a velejar.
* 31 Janeiro de 1891. Insurreição militar proclama a República no Porto, mas é derrotada. 
* Agosto de 1901. É publicada a última Lei Eleitoral da Monarquia, a qual pretende restringir a representação na Câmara aos Republicanos e aos partidários de João Franco. No quadro dessa lei foram sendo suprimidas as comissões de recenseamento eleitoral e alargados os circulos aos suburbios das cidades por forma a que os republicanos, de maioria urbana, fossem sempre colocados em minoria. Essa portaria ficaria conhecida por a "Ignóbil Porcaria". Encerraram-se repressivamente câmaras de representação, suprimem-se jornais, intensificam-se intervenções violentas das policias, há anarquistas deportados para as colónias.
 * Setembro de 1902. Publicação de um decreto-lei que determina o reforço da segurança interna. Contra o "terrorismo", dir-se-ia hoje. Realiza-se em Aveiro o Congresso das Associações de Classe, dominado pelos Socialistas, de onde saiu uma moção declaradamente anti-Grevista.
* Novembro de 1903. O rei D. Carlos viaja para Inglaterra onde assina servilmente o Segundo Tratado de Windsor
* Março de 1906. Termina a fase de alternância partidária "entre os dois partidos do arco da governação" (1). João Franco é nomeado chefe de um governo ditatorial. Em Maio a população de Lisboa adepta dos partidos de esquerda é perseguida e chacinada no Rossio. Em Novembro realiza-se o primeiro Campeonato de Futebol entre clubes de Lisboa.
* Abril de 1907. Aprovada a Lei Contra a Imprensa que institui a censura. Brito Camacho funda o jornal "A Lucta". Surto de greves. Encerramento de universidades e munipios.
* Janeiro de 1908. Tentativa de golpe revolucionário para derrubar a Monarquia. Os principais lideres da revolta que pertencem ao Partido Republicano Português são presos. A 1 de Fevereiro o rei D. Carlos e o Principe Real herdeiro são assassinados.
A agitação torna-se irreprimivel, mas a repressão continua. D. Manuel II sobe ao trono e João Franco é exilado. O novo rei, com apenas 18 anos, reclama os seus "indiscutiveis direitos a sentar-se no trono dos nossos maiores que durante séculos fizeram a glória de Portugal e condena a desunião, a anarquia e o terror, verdadeiras significações do bolchevismo".
* Abril de 1909. A 25 de Abril termina em Setúbal o Congresso do Partido Republicano Português, de onde saíu um novo Directório a quem foi confiado o mandato imperativo de fazer a Revolução.

Dos 18 meses que mediaram entre o Congresso de Setúbal e a Revolução de 5 de Outubro multiplicaram-se os trabalhos de organização do movimento, para evitarque se repetissem os malogros de 1891 e 1908. Do comité revolucionário faziam parte João Chagas, Afonso Costa, António José de Almeida e Cândido dos Reis.
* Abril de 1910. Congresso do Partido Republicano no Porto, marcado pelo receio de que a Inglaterra não aceitasse a implantação da República. Em Junho a  Maçonaria criar uma "comissão de resistência" para colaborar de forma activa com a Carbonária. * 3 de Outubro: assassinato de Miguel Bombarda. * 4 de Outubro, os cruzadores São Rafael e Adamastor bombardeiam o Palácio das Necessidades e o Rossio. Temendo o fracasso da operação Cândido dos Reis suicida-se nessa madrugada

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(1) os 2 partidos do Bloco Central na Monarquia tinham-se transformado em quadrilhas de ladrões

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