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segunda-feira, outubro 20, 2014

Descascando a batata d`“O Capital no Século XX” (III)

Para Thomas Piketty não se passa nada de anormal na natureza da composição do Capital. Ou por outra, passa, mas apenas na economia clássica, a sua “investigação histórica” passa ao lado da prática política, da descrição dos agentes provocadores das guerras, dos negócios ocultos que não entram na contabilidade das nações, da economia paralela gerida pelas burguesias nacionais, enfim, pela luta de classes. Por estas pequenas minudências, a obra está repleta de imprecisões, omissões, ou até, dir-se-ia, manipulações grosseiras. Citando dois parágrafos sobre o processo de acumulação de capital no Novo Mundo, vê-se exaltada desde logo a importância dos Estados (colónias de origem anglófona) que se Uniram:

Começando no negócio da "Louisiana Purchase" e na transação comercial de compra do Texas e do Novo México e da subsequente guerra de exterminio dos nativos doravante chamados de "indios",  os Estados Unidos tinham esgotado as suas capacidades de ocupação do território contíguo disponível dentro da sua área continental. Empresariaram-se novas guerras, como a guerra hispano-americana que conduziu à aquisição da ex-colónias espanholas. A indústria e a agricultura dos Estados Unidos tinham crescido além de sua necessidade para o consumo, precisam de mercados, de ganhos de hegemonia, como diria Hitler: Lebensraum . A ideia de que uma grande nação deveria ter um grande poder naval, filosofia desenvolvida pelo almirante Alfred Thayer Mahan, que dirigiu o Naval War College. Mahan construiu um novo paradigma baseado no seguinte princípio: o poder marítimo constituiria o vértice da supremacia das nações na história contemporânea - a nova politica de expansão por todo o continente americano daria pelo nome de "Doutrina Monroe".

Cuba. A ilha do Caribe obtém a independência pela luta liderada pelo patriota José Marti, um burguês radicado nos Estados Unidos, dos quais não teve a minima dificuldade em obter generosa ajuda militar e financeira: A política económica da ilha caiu refem da tutela de Washington desde a independência cubana em 1898. Ainda hoje nas paredes do Hotel Nacional se podem ver fotografias da época com as tropas yankes assentadas em tendas de campanha na Plaza d`Armas em La Habana. As tropas dos EUA procederam a diversas ocupações: em 1906, 1912, 1913, 1917 e 1933. Segundo a Constituição cubana, tais ocupações eram legítimas, pois a Emenda Platt assegurava o direito de intervenção militar norte-americana. Em 1934, essa prerrogativa foi substituída por um acordo comercial. Mas os yankees permaneceram, sendo que no inicio da década de 60 cerca de 90 por cento da propriedade e da economia cubana estava nas mãos das corporações e da máfia estado-unidense. Surgiu Fidel y las cosas se iriam a cambiar. Porém os EUA ao abrigo dessa antiga "ajuda", respaldada por uma concessão de deveria durar apenas 50 anos, ainda hoje permanecem em Guantanamo, um triste simbolo para vergonha da humanidade. (dados na wikipedia)

de novo, o que diz Piketty:

Em 1913 nos Estados Unidos o Congresso reuniu e votou a Lei da Reserva Federal  que autoriza a um consórcio de bancos privados, liderado pela familia Rothschild a proceder à emissão da moeda que mede toda a economia em nome dos interesses do Estado. Seria entre a 1;30 e as 4;30 da madrugada do dia 22 de Dezembro de 1913  quando a lei foi aprovada. Outro banqueiro de origem judaica, Jacob Schiff, lidera na ocasião a Liga Anti-Difamação (Anti Defamation League), nos Estados Unidos. Esta organização foi formada em paralelo com a liberdade de criar dinheiro por privados para difamar como "anti-semita" qualquer cidadão que questione ou desafie a conspiração que esteve e está na origem da chamada globalização. Em 1920, Winston Churchill fez uma distinção entre os emigrantes judeus integrados no espirito nacional e os "judeus internacionais". Disse ele que estes últimos "estão por trás de "uma conspiração mundial para derrubar a civilização e reconstituirem a sociedade com base no desenvolvimento da tirania, de malevolência invejosa e igualdade impossível...". Refere-se, claro está, à ascenção do espirito revolucionário internacionalista do comunismo que na época triunfa na Rússia.

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Segundo o autor, há que pôr cobro aos rendimentos sobre o Capital já acumulado, que cresce exponencialmente mais que os rendimentos do Capital produtivo. Remédio proposto: lançar mais um imposto de 80%  sobre o património dos ricos acima de meio milhões de dólares. Contabilidade. Mas não há expropriações, nacionalizações, criminalização dos proprietários de bens adquiridos ilegalmente, nem sequer a suspensão imediata da política de emissão exponencial de mais papel-moeda que sustenta um sistema económico artificial e provoca o endividamento dos países submetidos ao capitalismo. Ora, Thomas Piketty andou a dormir enquanto George Soros o ajudava a compilar o calhamaço. Então, ao longo desta estória não foi mesmo mais impostos que os Estados Unidos lançaram? só que em vez de o fazerem aos seus ricos, exportaram-nos criando pobres por todo o mundo. Exportando capitais e guerras como modo de acumulação capitalista. Mal anda portanto de novo Piketty ao circunscrever "O Imperialismo Último Estádo do Capitalismo" a época e às circunstâncias temporais da 1º Grande Guerra em que Lenine o escreveu

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