estreia-se hoje com
“Fantasia Lusitana” de
João Canijo, uma obra que, ao que se diz, pretende retratar
o alheamento dos portugueses perante a realidade violenta da II Grande Guerra quando um enorme fluxo de refugiados chegava a Lisboa – “um oásis de paz totalmente alheio a uma guerra longínqua que dizia respeito a outros” –
imagina-se pelas imagens fantasistas da propaganda salazarista dos anos 40. (a que o realizador recorre para recriar a época). A foto abaixo foi publicada nesse tempo no DN, e pelo andar da carruagem e pela natureza dos patrocinadores do festival, decerto não aparecerá no filme.
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A obra fundamenta-se também em testemunhos escritos de refugiados célebres em trânsito para os Estados Unidos ("
à espera do barco que os livre do nazismo” segundo realça o intróito ao filme) “expressando
a bizarra noção de realidade dos portugueses. Canijo recorre a três depoimentos de personagens tidas hoje como progressistas:
Alfred Döblin o romancista “alemão” que era afinal judeu polaco de tendência socialista (Berlim Alexanderplatz, 1929);
Erika Mann, a filha do autor da Montanha Mágica, actriz e produtora teatral anti-fascista e o célebre escritor aristocrata que foi o terceiro filho do visconde Jean
Saint-Exupéry.
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Se se ficar por aqui, teme-se mais um retrato parcial e desfocado da estafada causa do judeu coitadinho fugido dos Nazis. Mas, o que é um facto é que,
"refugiados" também os vieram nazis; e não foi coisa pouca - a saber: enquanto durou a supremacia dos submarinos alemães no Atlântico era habitual atracarem ao cais da Rocha de Lisboa barcos de cruzeiro com trabalhadores em férias da “
Força da Alegria no Trabalho” (de que copiámos a FNAT, cujo nome original em alemão era "
Kraft Durch Freude”); ali os recebiam os meninos do Colégio Alemão cantando o “Deutchland uber Alles” e o hino Nazi. Outros objectos recebidos, causa de escândalos recentes, foram as remessas de Ouro proveniente da Alemanha Nazi que Portugal recebeu na durante a guerra, alvo depois de prolongadas negociações do pós-guerra com os Aliados para se averiguar da legitimidade da posse (1945-1958). Embora a
recensão do filme termine com uma ironia: “
o Cristo-Rei foi feito para agradecer a salvação de Portugal da Segunda G.Guerra (e presume-se que também da Terceira), o que constitui outro facto é que graças ao
nome do Pai, do Fuhrer e do Santíssimo Reich,
o ouro nazi também passou por Fátima! É por esse autêntico milagre que até ao fim do século XX o Vaticano se tem desde sempre negado rotundamente a cooperar com a investigação da
Comissão Bergier. A acção acusou então o Banco do Vaticano em conjunto com a Ordem Franciscana e o Banco Nacional Suíço da lavagem de centenas de milhões de dólares em ouro.
leituras relacionadas:
* bibliografia publicada pelo historiador António Louçã.
1 comentário:
E já agora alguém investigava a história das centenas de portugueses que combateram e morreram pela Alemanha e pela Europa integrados da Divisão Azul e nas Waffen SS na frente leste, alguns condecorados com medalhas de bravura:
http://nonas-nonas.blogspot.com/2009/07/revista-serga-voluntarios-portugueses.html
http://imageshack.us/photo/my-images/295/194263vm.gif/
http://2.bp.blogspot.com/_7q4EA36PsHQ/R2g917RMHbI/AAAAAAAABso/jtjvTX2lN2I/s400/2.bmp
http://2.bp.blogspot.com/_naOyPcYjA6g/THxWJowtlBI/AAAAAAAAAGo/_BlezY90HAI/s1600/ano1938mpy.jpg
Glórias do passado.
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