“toda a gente sabe, ou devia saber, que aconteceu debaixo de nós um Deslocamento da Placa Tectónica […] Os partidos políticos ainda têm os mesmos nomes; ainda temos uma CBS, uma NBC e um NYT, mas
não somos a mesma nação que tinha todas essas coisas antes”
(George W.S. Trow, “Within the Context of No Context”)
Na
Itália de Berlusconi, mais ou menos
o modelo para a Europa do Tratado de Lisboa regida por personagens
autocráticas, os governos “de esquerda ou direita” podem fazer o que se queira. O presidente Sílvio é dono de 80% da Informação e ele, ou alguém do rol da sua troupe de contratados políticos podem ocupar e usar como lhes for útil as televisões, sejam elas privadas ou públicas. Na semana anterior às eleições regionais em Itália suprimiram 4 programas com convidados diferentes partidos onde se discutiria
a Corrupção (localmente conhecida por Máfia) com o pretexto que “
em período eleitoral a televisão deve ser neutra”. No terreno a “Liberdade” vai andando ao sabor da teologia vigente: na Câmara de Goito controlada pela Liga Norte criou-se um decreto que
proíbe o acesso de crianças não cristãs às escolas do Estado. António Tabucchi escreveu um artigo denunciando o presidente do Senado,
Renato Schifani, um advogado que
foi sócio de empresas mafiosas cujos gestores foram condenados em processos judiciais, e foi processado, pedindo “o lesado” uma indemnização de 1,3 milhões de euros!. O processo, contra a pessoa de Tabucchi e isentando o jornal que publicou o artigo, irá a tribunal em Outubro.
(fonte: Ionline). Em
Treviso colocam-se sinais de trânsito a avisar “Cuidado, prostitutas na estrada”
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No centro do Império Obama recebe o presidente tipo do modelo europeu, Nicolas Sarkozy, e comunica-lhe que “não está interessado em esperar meses (em compllicados processos democráticos) para
ver aplicadas sanções ao Irão; “estou interessado em ver as sanções aplicadas ao regime iraniano em poucas semanas” -
o Iraque de Bush também começou assim. E como se sabe, ao contrário dos lideres da Alemanha e França de 2003 que
não acataram a ordem, Sarkozy é agora (segundo a Time)
uma das personalidades mais influentes do mundo, junto com Lady Gágá, Cristiano Ronaldo
e outros… Ao contrário das eleições regionais em França, onde Sarkozy perdeu a face, em Itália a vitória de Berlusconi foi entendida como um teste à popularidade do presidente, que irá aproveitá-la para proceder a reformas constitucionais, como a de o presidente passar a ser eleito pelos deputados no Senado (em vez do voto directo e universal) e a
reforma da justiça que vai finalmente limpar e
pôr a zeros o curriculo criminal do 1º ministro.
Controlo da Informação na democracia de marionetasEmidio Rangel,
saneado da RTP pelo ex-ministro da propaganda do governo Barroso, ouvido pela Comissão Parlamentar de Ética esclarece:
“Não me esqueço do atrevimento insensato e estúpido de José Eduardo Moniz quando ele estava na RTP, onde praticava uma informação tendenciosa e desavergonhada". Do mesmo Moniz, diz o ex-patrão da TVI, que “trabalhou para a queda do governo de Santana Lopes (com uma televisão posso construir ou destruir presidentes ou marcas de dentríficos, disse uma vez Emidio Rangel) e tem trabalhado ultimamente com afinco no derrube do governo Sócrates, mantendo Moura Guedes no ar com o seu estilo tablóide pouco dignificante para a profissão de jornalista.
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Enfim, faça-se nomear um Gestor de confiança, dêem-lhe uma televisão e
terão uma arma eficaz nas suas mãos, para ser usada ao modo estipulado segundo as decisões de entes de poderes ocultos. E para se fazer uma ideia do que acontece a eventuais jornalistas inconvenientes, nada melhor que transcrever o diálogo dos operadores do helicóptero americano que
abateram dois repórteres da Reuters em Bagdade:
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01:33 “Tenho indivíduos com armas à vista”
01:41 “Yup. Este também tem uma arma”
01:43 “tenho 5 ou 6 individuos com AK47s. Peço permissão para intervir”
01:51 “isso Roger. Uh, não temos pessoal nosso a leste da nossa posição. Então, uh, és livre para actuar. Ouço”
02:00 “Está bem. Estamos em acção”
02:19 “Tenho um individuo com RPG na mira. Fiquem prontos para fazer fogo”
02:36 “Yeah. Temos um gajo alvejado – está agora por trás do prédio”
02:39 “Manda foder isso. Desde que entrámos a matar, estamos a matar”
02:49 “Bora disparar. Luzes no máximo. Comecem a disparar”
As “
Armas”
avistadas eram Câmaras fotográficas com objectivas. Duas das vítimas foram
Namir Noor-Eldeen e Saeed Chmagh que foram confundidos (ou não) com “
terroristas”.
Carlos Fino,
outro repórter saneado da RTP, diz que
a situação é recorrente.
Tal e qual como em quaisquer bastidores de governos e canais de televisão em tempo de paz (Podre)
1 comentário:
E mesmo que fossem armas? Não seria legitimo, num clima de guerra cívil, os populares portarem armas para contralarem o seu bairrro. Aliás era práctica comum os jornalistas no terreno terem protecção de empresas privadas à excepção dos embebed...
amsf
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