"Por mais que as coisas tenham mudado desde o tempo de Karl Marx, as suas percepções fundamentais sobre a conexão entre trabalho, exploração e lucro continuam sendo o melhor guia para a compreensão do capitalismo e da sua crise. Teóricos vêm e vão, alternando revisões elaboradas ou alternativas baseadas em conceitos de subconsumo, superprodução, desequilíbrio, etc. Muitos têm encontrado nas características mutantes do capitalismo – como monopolização, automação, integração vertical, descentralização, inovação em chips e robôs, globalização, financiarização, etc. – a alternância entre a lógica da produção capitalista e sua inclinação à disfunção. Outros ainda têm visto as mudanças nas relações gerenciais e de propriedade como mudanças na dinâmica da acumulação capitalista. Ainda que tudo isso reflicta verdades e perspectivas úteis, perdem de vista ou obscurecem o mecanismo que dirige todos os processos capitalistas: a busca do lucro pela exploração da empresa capitalista. Para Marx, a expressão desse mecanismo e da sua propensão para errar o alvo reside na luta para manter lucros mesmo com sua tendência intrínseca ao declínio. Chamem-me de fundamentalista, mas eu acredito que isso era, e ainda é, o melhor, se não o único, caminho para entender a crise capitalista, incluindo a recente profunda recessão".
(Zoltan Zigedy, no Resistir)
leituras aconselhadas:
"Os Problemas da Lei da Queda Tendencial das Taxas de Lucro", Cap. 10.1 in "Anatomia da Crise, Crónica de um Desastre Anunciado", Guilherme da Fonseca-Stratter, Edit. Zéfiro
(com uma recensão do autor, aqui)
ver também a mesma questão em:
"a Análise Marxista na Economia dos Estados Unidos do Pós Guerra"
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3 comentários:
Marx, e a teoria dele, têm quase duzentos anos.
pois tem. E o Liberalismo tem quase o mesmo, desde Adam Smith. E o Neoliberalismo desde Hayek já leva 80 anos...
Nos países socialistas deixou de haver extracção de mais-valia?
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