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10 Razões pelas quais Jerusalem não pertence a Israel (Juan Cole)
“O 1º ministro Israelita Benjamin Netanyahu disse na semana passada na associação de Negócios Públicos Israelo-Americanos (AIPAC - American Israel Public Affairs) que “Jerusalem não é um Colonato”. Continuou afirmando que há uma ligação histórica entre o povo judeu e a terra de Israel que não pode ser negada”. Acrescentou também que ninguém pode negar a ligação entre os judeus e Jerusalem, insistindo: “o povo judeu construiu Jerusalem há 3.000 anos e o mesmo povo judeu está a construi-la hoje como a capital de Israel”. Ele disse isto perante os mais altos representantes politicos norte americanos e foi freneticamente aplaudido por 7.500 pessoas, espectadores activistas que têm assegurado a prossecução das politicas de todos os governos de Israel desde a conquista de Jerusalem em 1967 na Guerra dos Seis Dias
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1. Segundo a Lei Internacional, Jerusalem Oriental é um território ocupado, assim como partes da Margem Ocidental da Cisjordânia que Israel unilateralmente anexou ao distrito de Jerusalem. A Quarta Convenção de Genebra de 1949 e as regulamentações de Haia de 1907 proibem a forças ocupantes alterar o modo de vida de populações civis cujos territórios sejam ocupados, e proibem a transferência e colonização por povos oriundos do país ocupante dos territórios ocupados. A expulsão de Palestinianos das suas casas em Jerusalem Leste, a usurpação de propriedades palestinianas ali, e a construção de colonatos Israelitas em terras da Palestina são todos actos de violação grosseira da lei internacional. A reclamação de Israel de que não estão a ocupar terrenos na Palestina porque os palestinianos não constituem um Estado é cruel e tautológica. A afirmação de que estão a construir em terrenos desocupados é desconcertante. O meu quintal está vazio, mas isso não dá a Netanyahu o direito de pôr lá um complexo de apartamentos.
2. Os governos israelitas não têm sido de facto consistentes acerca do que fazer com Jerusalem Leste e a Margem Ocidental, ao contrário do que Netaniahu afirma. O “Plano Galili” para os colonatos na Cisjordânia foi adoptado em 1973. O primeiro ministro Yitzhak Rabin cedeu a compromissos como parte do processo de paz nos Acordos de Oslo abrindo mão de territórios palestinianos por forma a garantir o Estado da Palestina, promessas pelas quais foi assassinado por elementos da extrema direita israelita (elementos esses que estão agora a apoiar o governo de Netanyahu). Não muito antes do ano 2000, o então primeiro ministro Ehud Barak afirmou ter dado o seu consentimento verbal que os Palestinianos poderiam ter toda a Cisjordânia e poder-se-ia também negociar um acordo pelo qual Jerusalem Leste poderia ser a capital do Estado da Palestina. Netanyahu tenta dar a impressão que a politica dos extremistas do Likud tem sido partilhada por todos os anteriores governos, mas tal simplesmente não é verdade
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4. Jerusalem foi fundada em honra do antigo deus Shalem. A palavra não significa “Cidade da Paz” mas antes qualquer coisa como “os construtores do lugar de Shalem”
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6. Jerusalem não só não foi construida pelo então não existente “povo judeu” no ano 1.000 a.C., como tampouco o sitio de Jerusalem não era até habitado nessa altura da história. Jerusalem aparece como tendo sido abandonada entre o ano 1.000 e 900 a.C., as datas em que seguindo a tradição biblica foi unificado o Reino sob David e Salomão. Logo, Jerusalem não era ainda nada parecido com a “cidade de David”, dado que não existia cidade quando e onde ele dizia que tinha vivido. Não existem sinais de magnificos palácios ou sequer os grandes testemunhos encontrados pela arqueologia deste periodo; e as tabuinhas cerâmicas Assirias, nas quais se gravaram ainda menos acontecimentos sobre o Médio Oriente, tais como as acções de Rainhas da Arábia, nada registam acerca do “grande reino de David e Salomão” em terras que geograficamente pertencessem à Palestina.
Hoje e sempre: guerras de Conquista
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Os Muçulmanos conquistaram Jerusalem em 638 e governaram-na até 1.099 quando os Cruzados a tomaram. Os cruzados mataram e expulsaram judeus e muçulmanos da cidade. Mas os muçulmanos sob o comando de Saladino reaveram-na em 1.187 e deram permissão aos judeus para voltarem. E assim os muçulmanos a governaram até ao final da 1ª Grande Guerra Mundial, ou seja, por um periodo total de cerca de 1.192 anos. Os aderentes ao Judaismo não fundaram Jerusalem. A cidade existe talvez por 2.700 anos antes que qualquer coisa parecida que possamos reconhecer como Judaismo tivesse aparecido. O governo dos Judeus pode não se ter verificado por mais de um periodo de 170 anos, ou seja, durante o reinado dos Hasmoneus.
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a) os Muçulmanos, que a governaram por 1.192 anos
b) os Egipcios, que a governaram como Estado vassalo por muitas centenas de anos no segundo milénio antes de Cristo.
c) os Italianos, que a governaram por cerca de 444 anos até à queda do Império Romano no ano 450.
d) os Iranianos, que governaram por 250 anos sob a dinastia Acadiana, por três anos sob os Partos (não considerando que o reino Hasmoneu era também seu vassalo) e por mais 15 anos sob a dinastia Sassânida.
e) os Gregos, que governaram a cidade por 160 anos, se contarmos os Ptolomeus e Selêucidas como povos gregos. Se os considerarmos Egipcios e Sírios, isso aumenta os direitos do Egipto e introduz uma reevindicação da Síria.
f) os Estados sucessores dos Bizantinos, os quais tanto podem ser os Gregos como os Turcos, que governaram 188 anos; pensando considerar a herança Grega e somarmos o tempo do periodo das dinastias helenisticas, dará aos Gregos um tempo de governo de 350 anos sobre Jerusalem.
g) Existe também um direito do Iraque baseado na posse da cidade pelos Assírios e Babilónicos, assim como talvez pelo governo dos árabes Ayyubids (a dinastia de Saladino), que eram Curdos do Iraque.
9. Com certeza, os Judeus são historicamente conectados com Jerusalem pelo "Templo", qualquer que tenha sido a data em que essa ligação possa ter existido. Mas esse elo de ligação apenas pode ter sido efectiva quando os Judeus não possuiam o controlo politico da cidade, sob governos Iranianos, Gregos ou Romanos. Isso não pode todavia ser utilizado para fazer a reclamação de poder politico sobre toda a cidade.
10. Os Judeus de Jerusalem e do resto da Palestina não foram pela maior parte do tempo obrigados a sair dos sitios onde viviam até à falhada revolta de Bar Kochba contra os Romanos no ano 136 C.E. Eles continuaram a viver e trabalhar as terras na Palestina sob os governos de Roma e de Bizâncio. Gradualmente foram-se convertendo ao cristianismo. Depois de 638 quase todos (excepto uns estimados 10 por cento) converteram-se gradualmente ao Islão. Na actualidade os Palestinianos são os verdadeiros descendentes dos antigos Judeus e têm todo o direito de viver onde os seus ancestrais sempre viveram durante séculos”
Giovanni Demin (1789-1859)
(1) Segundo as descrições da biblia hebraica, as actuais reconstituições mostram um templo de configuração quadrada, enquanto as gravuras do periodo medieval o descreviam como de planta circular. Mas o que decerto uma investigação mais detalhada revelará é que o Templo apareceu "concretamente" pela primeira vez quando os grandes arquitectos da dívida do homem para com Deus resolveram fundar a Grande Loja cuja constituição foi promulgada em França no ano maçónico de 5.723 (ano 1723 da era comum), herdeira da geometria especulativa de Villard de Honnecourt (1250) e do código das profissões de William Shaw (a Guilda dos artifices Pedreiros de 1598). É no moderno emblema da Maçonaria que se apoia a sabedoria universal e a luz dos construtores sobre as duas colunas do Templo de Salomão - ou seja, a ruptura entre o conhecimento alienado pela religião e a ética. Fiat lux e um mundo novo foi criado...
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