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quinta-feira, outubro 04, 2012

Brincando com o empobrecimento de milhões de pessoas

"Isto é um bombardeamento fiscal de um governo sem palavra" (Paulo Portas, 13 de Maio de 2010, sobre o governo de José Sócrates).

Por altura da demissão do governo do Partido dito Socialista, a Dívida Externa do Estado situava-se nos 100% do PIB. Um ano depois, com o Governo de Passos/Portas, a Dívida situa-se nos 124% do Produto Interno Bruto.

No dia 3 de Maio de 2011 Portugal pedia ajuda financeira à troika, constituída pelo Fundo Monetário Internacional, pelo Banco Central Europeu e pela União Europeia. Dois funcionários da escrita em jornais de referência que parecem mover-se bem dentro das entourages do Poder publicam agora uma crónica dos bastidores desse pedido de intervenção externa que conduziu o país à perda da soberania nacional. Para os meios de comunicação que se alimentam dos níveis de audiência contada sobre um vasto número de ignorantes, esta questão deixa de ser politica, para passar à categoria de fait-divers. Ainda assim, permanece com a idiota utilidade de queimar os neocons de esquerda, em beneficio dos neocons de direita que usurpam neste momento o poder, com se não fossem ambos farinha do mesmo saco estragado. Eis um extracto do livro:

“Ao fim da tarde, Sócrates saiu do Palácio de Belém, onde fora informar o Presidente da República dos termos finais do acordo. Nesse minuto, com um sinal verde do primeiro ministro, o gabinete de imprensa divulgou uma nota, informando que José Sócrates faria uma comunicação ao país naquela noite. Seria às 20,30, no intervalo do Real Madrid-Barcelona. Quando chegou a São Bento estavam todos à sua espera: Teixeira dos Santos, Pedro Silva Pereira e os três chefes da missão – Jurgen Kroger, Rasmus Ruffer e Paol Thomsen. Para os da casa, a sala de reuniões de São Bento parecia meio vazia. O terminal da Reuters já não estava lá. O pedido de ajuda tornara a evolução dos juros num problema menor – pelo menos até Setembro de 2013, altura em que o próximo inquilino teria de se preocupar de novo com o assunto. Sócrates sentou-se e pôs o seu ar mais sério. “Meus senhores, temos um problema. Estive agora com o Presidente e temos aqui três pontos que ele não aceita. Temos de reformular isto e temos pouco tempo” Esperou alguns segundos a contemplar a reacção. Do seu lugar viu os três homens da troika a esticarem o braço na direcção das respectivas pastas para tirar os cadernos como quem vai tomar nota. Não prolongou a angústia. “Estava a brincar! Está tudo ok, temos acordo” (pag. 221)
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