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quarta-feira, novembro 19, 2014

Sair do Euro; a União Europeia não é a Europa (III)

Vivemos numa economia globalizada controlada pelo Dólar. Este sistema é uma hidra que não quererá que lhe cortem a cabeça. Voltar a usar o padrão-ouro seria desastroso para as elites globais e apêndices locais que controlam a economia actual. Mas perpetuar a situação em que o padrão é papel-impresso por falsários está a revelar-se catastrófico. Talvez a unidade de medida da economia deva finalmente ser "o tempo de Trabalho socialmente necessário para produzir determinado bem. É nesse sentido que terão de se desenvolver as politicas dos paises dependentes do sul da "Europa"  

«... nós temos o que é conhecido por "Sistema de Reserva Federal" . Esse sistema não é propriedade do Governo. Muitas pessoas pensam que é, porque se chama "Federal Reserve", mas de facto pertence aos bancos privados, às corporações privadas; portanto, temos de viver para o Sistema de Reserva Bancária Federal, que é de propriedade exclusiva, total, a 100 por cento, dos bancos privados - portanto, entregámo-lhes o privilégio de emissão de moeda do Governo. Se lhes tomássemos de volta esse privilégio, poderíamos poupar o montante em dinheiro que indiquei apenas nos enormes custos de juros»... (Parte Final de um Discurso do Congressista norte americano Wright Patman, em 1941) - Jacques Sapir sobre a saida da França da moeda única da União Europeia: (onde está França, pode ler-se Portugal, porém no nosso caso agravado pela destruição do tecido produtivo):

Imagine tudo a 1 Escudo
"Uma saída do Euro e uma forte depreciação da moeda (o Franco/o Escudo) também teriam inconvenientes, que entretanto não se podem exagerar. Primeiramente, haveria um aumento de preço dos produtos importados quando provêm de países em relação aos quais o Franco se teria depreciado (Alemanha, países da zona Dólar). Isto é aliás o objectivo de toda depreciação da moeda. Mas este inconveniente é fortemente super-estimado por políticos sem escrúpulos que não procuram senão aterrorizar a população para defender o Euro. Assim, no caso dos combustíveis, tendo em conta o peso imenso dos impostos, uma depreciação de 20% da taxa de câmbio do Franco em relação à taxa actual do Euro frente ao Dólar, não provocaria senão uma alta de 6% do preço junto à bomba. Vê-se que isto é muito razoável. Há a seguir a dimensão financeira das consequências de uma tal depreciação. Examinemos primeiro o que se passa quanto à dívida pública. Sabe-se que as Obrigações emitidas pelo Tesouro Público, quando elas são emitidas a partir do território francês, devem ser reembolsadas na moeda que tem curso legal em França. Esta é a única obrigação legal que as afecta. Se esta moeda não for mais o Euro mas sim o Franco/Escudo, elas serão reembolsadas em Francos/Escudos. E, se o Franco depreciou-se em relação ao Euro os detentores estrangeiros de obrigações francesas assumirão suas perdas, assim como um detentor francês de títulos do Tesouro americano assume suas perdas quando o Dólar se deprecia fortemente frente ao Euro. Entretanto, é claro que isso provocará de imediato uma alta das taxas de juro (o que no jargão financeiro chama-se um "prémio de risco") para todas as novas emissões. Mas pode-se perfeitamente contornar este problema. Será preciso reintroduzir o mecanismo que existia até ao começo dos anos 1980 e que obrigava os bancos franceses (ou qualquer banco que desejasse trabalhar em França) a ter no seu balanço um certo montante de obrigações do Tesouro (mecanismo da colocação obrigatória dos efeitos públicos). (Resistir)

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