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sábado, julho 01, 2006

Edificios Impossiveis

"o país divide-se, por estes dias, em dois tipos de pessoas: as que só falam de futebol e as que acusam amargamente as outras de só falarem de futebol"
Ricardo Araújo Pereira, Visão 29/6

O discurso maniqueista, rudimentar e básico, de “quem não é por nós é contra nós” ou do “eixo do mal contra o eixo do bem”, “alto e baixo”, “gordo e magro” “pêésses contra pêéssedês”, pretende reduzir a compreensão do mundo apenas a dois pólos contraditórios que se opõem – e dessa sintese (hegeliana) resultaria a legitimidade do poder instituido para impôr a sua dominação.
Em boa verdade as coisas são bem mais complexas, pela quase infinidade de combinações e interacções com que se podem relacionar os diferentes conceitos que aparentemente pareciam apenas opostos.


O que é um facto é que, com a forma actual de produção de informação, e sob a batuta do jornalismo oficial como correia de transmissão do Poder que, transmite de cima para baixo impulsos controlados, as opiniões públicas e o eleitorado se encontram simétrica e artificialmente divididos em duas partes iguais que se opõem, ou dito de outra forma, como diriam no Texas, estão fifty-fifty, gladiando-se uns contra os outros. Resulta daqui claro que o Poder que emana deste estado de coisas é ilegítimo. Um Poder legitimamente democrático só pode ser legitimado junto das bases organizadas onde se produzem os acontecimentos, daqui partindo e subindo, sempre de forma democrática e dispondo de mecanismos de controlo de proximidade, para os outros patamares nas hierarquias superiores. Óbviamente quanto maior fôr a participação em formas de democracia directa, e mais elevado o numero de cidadãos que comparticipam na vida social e nas decisões, mais rica será uma Sociedade (Comunidade) no seu todo.

M.C.Escher, Edificios Impossiveis

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