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quinta-feira, abril 11, 2013

Thatcher, ou o "bater punho" da morta

Foi declarada modelo de liderança feminina para as mulheres de Sião: segundo o órgão de informação da pátria sionista Ha`aretz, “A maioria das mulheres em Israel não podem ou não querem ser margarets thatchers, na sua falta de voluntarismo forçadas a escolher serem fracas ao não procurar os seus direitos legítimos”. Imagine-se se mesmo assim as professoras conduzem as crianças à escola de metralhadora às costas!. Thatcher não era assim apenas a primeira mulher brilhante “líder de uma democracia ocidental”, ela é um exemplo. Hordas de admiradores, desde os órfãos de Pinochet aos pseudo sociais democratas, admiram a santinha padroeira do neoliberalismo. As feministas brasileiras deliram igualmente com a ex-ministra britânica entre 1979 e 1990, citando uma frase sua: “Em política, se você quer algo como retórica peça-a a um homem; Se quer que algo seja feito, peça-o a uma mulher". Ainda enquanto morta-viva a insigne criatura, perguntada se sentia que a sua herança tivesse sido tomada em mãos por alguém, Thatcher respondeu com um rotundo sim! Por mister Blair

Tamanha popularidade determina, contra a sua própria vontade expressa, que lhe seja feito um funeral de Estado. A ela que se via mais como se fosse uma carmelita descalça; a ela que pediu que não se realizassem passagens de aviões militares sobre o local das cerimónias fúnebres por considerar que isso seria "esbanjar dinheiro". Bom, até ela própria parece ter-se esquecido que se trata da morte da Baronesa Margaret Hilda Thatcher de Kesteven.

Como executiva de uma classe social rica e sem escrúpulos, a sua primeira medida foi baixar os impostos para os escalões superiores, a segunda, demonstrar uma obcessão pelas privatizações pondo biliões em negócios nas mãos dos ricos, depois, manifestar uma prepotência sem precedentes ao destruir literalmente os centros industriais do norte de Inglaterra, (recordada ainda hoje pelos mineiros); a batalha contra os sindicatos dos mineiros foi economicamente irracional, fez perder ao país 2,5 mil milhões de libras, mas a anti-ferrugenta “dama de ferro” estava a combater por mais que contra mineiros, ela combatia uma classe. Face ás greves procedeu à criminalização policial dos “maus”, incrementou a guerra contra os militantes da Irlanda do norte, prendendo e mandando assassinar nacionalistas do IRA; agiu com a missão de destruir os sindicatos, os quais considerava serem uma ameaça letal para o capitalismo que não devia ser permitida; ou seja, “trabalhou” para aumentar os privilégios dos ricos e abater a classe operária.

Com os seus discursos sobre a supremacia e beneficio dos individuos, sobrepondo-se sobre a colectividade, logrou legalizar a venda das casas municipais para favorecer os especuladores, os indivíduos, que são aqueles que importam, enriqueceram com a especulação sobre bens que eram na realidade comunitários, património municipal. Em 1979 a taxa de famílias habitando casas de renda social baixa era de 42%, em 1990 o índice de casas próprias adquiridas a crédito bancário era de 70% enquanto a habitação social nunca mais seria reposta. Um dos efeitos dessa inflação monetarista conjugada com a especulação no imobiliário foi o principio da catástrofe que hoje as classes médias no Ocidente estão a pagar. O incremento de indigentes e sem-abrigo foi notável: com a chegada ao poder da Baronesa, o índice de pobreza que era de 13,4%, quando deixou o cargo havia alcançado uns terríveis 22%. Com este currículo temos que ser compreensivos com o Cavaco e o Passos quando estes rastejarem até às exéquias de um espectáculo degradante; bons alunos do Thatcher-Reaganomics, irão rezando a máxima dos padroeiros: “a Economia é o Método, a Finalidade é mudar o coração e a alma dos indivíduos”, ou talvez melhor: “não existe tal coisa chamada Sociedade, o que existe é o dinheiro dos contribuintes”. E no entanto a prosápia fraudulenta do “mítico sucesso do thatcherismo” deve-se exclusivamente às plataformas petroliferas da British Petroleum no Mar do Norte que começaram a facturar em pleno precisamente em princípios da década de 1980.


No plano da politica nacional alinhada incondicionalmente com o imperial keynesianismo militar dos Estados Unidos, Thatcher aplicou falsas sanções económicas contra o regime de apartheid na Àfrica do Sul, por forma a não prejudicar o regime racista de Pretória, na sua visão com a coerência xenófaba de diferença de classes, procurando sacar benefícios económicos para os seus com as situações de guerra social. Ainda hoje os poderes executivos da rede de banqueiros na África do Sul estão nas mãos dos antigos colonizadores britânicos. Para a “dama do lucro” Nelson Mandela foi classificado como terrorista, alvo de desmesurados e injustificados ataques.

Enquanto entabulou amistosas relações com o ditador Pinochet, que sabe-se mais tarde pelos arquivos desclassificados recentemente (1), se relacionavam com a compra e venda de armamento. Apressando o fim do embargo da UE, de 1980 até 1982 o Chile comprou armas ao Reino Unido no valor de 21 milhões de libras. Navios, aviões, canhões e equipamento de telecomunicações foram alguns dos produtos vendidos em transações secretas. Segundo um relatório de 2004, as vítimas do regime de Pinochet estão quantificadas em 40.000 mortos, dos quais 28 mil são relacionados a detenções ilegais, tortura, execuções e desaparecimentos.

Segundo se sabe agora, Thatcher nos seus trabalhos esforçados em prol da recuperação de popularidade junto das classes médias, durante a campanha bélica contra as Malvinas planeou atacar o território continental da Argentina, ludibriando assim as boas relações que mantinha com a ditadura militar. Para culminar, sobre o conflito na Palestina, Tatcher disse ao seu embaixador em Telavive em 1980 , que caso houvesse ameaça de forças árabes (isto apesar do controlo económico e militar desses paises por décadas) ou perigo de ataque, Israel deveria usar a arma nuclear.


(1) a Wikileaks publicou agora quase dois milhões de documentos diplomáticos secretos dos Estados Unidos, incluindo vários que revelam a cumplicidade do Vaticano no golpe de Estado patrocinado pela CIA contra Salvador Allende no Chile (1973) e sua colaboração e apoio à ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990). O então secretário de Estado do Vaticano, Giovanni Benelli, expressou a diplomáticos dos EUA a “sua grande preocupação, e do papa Paulo VI, pela exitosa campanha internacional esquerdista para falsear completamente as realidades da situação chilena” (sic)
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1 comentário:

Bate n'avó disse...

A baronesa hilda, esteve a um passo de carregar no botão com um ataque nuclear à soberana Argentina:
http://www.naval.com.br/blog/tag/malvinas/#axzz2QAVjxwox

http://www.aereo.jor.br/2012/03/31/segundo-jornal-raf-tinha-planos-de-bombardear-a-argentina-em-1982/