Pesquisar neste blogue

segunda-feira, janeiro 20, 2014

Conferência de imprensa de François Hollande...


… investido em funções de alta responsabilidade em cargos institucionais Hollande teria de se dar ao respeito. Um perigo; segundo um professor universitário investido em colunista de jornal as escapadelas clandestinas de um presidente são um risco, porque segredos do Estado podem cair nas mãos de terroristas - e uma mentira grosseira (o Presidente da França foi de lambreta guiada pelo seu guarda-costas de confiança, tão competente que no intervalo do alegado coito, foi comprar croissants para o seu empregador se refazer do desgaste físico (atitude que foi elogiada até pelo Financial Times)… Tanto chinfrim por nada?, ou tudo para desviar as atenções de algo que um tipo “de esquerda” que ainda por cima é “um fraco” e não terá coragem de lavar a cabo?. Veremos o quê. Entretanto vejamos o ridículo de se meter aqui (como Hollande na sua vida privada meteu acolá) as questões securitárias do Estado.

Por acaso as carpideiras pela queca sem pecado de encornanço se queixaram da mesmíssima coisa por Clinton usufruir dos seus belos fellatios devido à sua simpatia pessoal enquanto em funções? Do bidon Ieltsin que nem se endireitava porquanto aparecia regularmente bêbado? De Sarkozy que utilizou uma conferência de imprensa oficial para anunciar um negócio de alcova com madame Carla Bruni Tedesco? De Berlusconi, porque sendo o mais alto magistrado representante da Lei andou a papar menores infringindo com gravidade a lei? Do nosso Portas, referenciado algures na União de imoral peruca que lhe dava ares de actriz francesa?

Em termos de cobrição “jornalística”, por vontade de algumas beatas almas, voltaríamos assim ao tempo anterior ao de Ovidio, que pela sua Ars Amatoria foi proscrito e exilado de Roma para o gulag da Sibéria (lol, para Olbia no Mar Negro) por o imperador Augusto achar imoral este não ter mantido o devido distanciamento sobre as intrigas sexuais que envolviam as mulheres da família imperial.

Contas feitas ao affaire, que se trata de encobrir? (1) que Hollande confessou "não ter Ideologia" mas que, por outro lado, o seu "verdadeiro adversário á a Alta-Finança"!, as duas boutades juntas conjugam-se num oximoro: há interpretação possível para combater o capitalismo na sua forma fascista agravada da especulação financeira sem que se manifeste possuir uma ideologia ou sequer uma intenção de combate a uma tal perversidade? (2) - Hollande é mais um escroque neoliberal, que nada tem a ver com a noção de esquerda. Dramatizando a situação Hollande vem agora anunciar uma "nova politica" para a França. Em que consiste essa "nova politica"? no anúncio das bem conhecidas dos portugueses velhas agora "novas" medidas de austeridade: Corte de 15 mil milhões já no orçamento deste ano, chegando a 2017 com menos 50 mil milhões na redução do “peso do Estado”, ao mesmo tempo que baixa os impostos a cobrar às empresas privadas - em nome da competividade, só aqui, o Estado fica com menos 30 mil milhões de euros. Diz-se que para vencer a estagnação, leia-se a impossibilidade do presente modo de acumulação de capital, é preciso esta “aceleração”. A esquerda denuncia a maior viragem à direita desde o "socialista" Guy Mollet, a direita quer mais, e desconfia da vontade para executar o programa proposto. Ambas as tendências (neoliberais) são elogiadas pela “Europa” (isto é a dos patrões e da banca), Berlim e Bruxelas saúdam viragem de Hollande “no bom sentido”. O ministro alemão dos negócios estrangeiros veio anunciar que “esta é uma política corajosa, o bom caminho para a França (…) que ajudará a Europa a sair mais forte da crise”. Barroso copiou a frase e anda por aí a repeti-la.

No final, o que se pretende é o acasalamento da França com a Alemanha (vencedor e vencido de uma Europa ocupada pelo capitalismo desde o final da 2ª Grande Guerra), doravante em parceria para implementar a criação de uma mega empresa para a transição no sector da energia, a homogenização fiscal que possibilite uma “convergência económica e social” organizada pelos ricos, por fim e essencialmente missões militares conjuntas para defesa do modelo em nome da “União Europeia”. Tudo isto, claro, às custas de mais sacrifícios a impôr à população, mais cortes salariais virão a seguir, etc. Devolvendo a palavra a Hollande: “desejo que haja um casal franco-alemão que possa agir pela Europa na sua defesa. Devemos mostrar uma responsabilidade comum para a paz e segurança no mundo”. A seguir à dos povos da Europa do sul, é mais uma declaração de guerra contra um povo, contra os povos. Mas, se bem nos lembramos da tradição da luta de classes em França, os direitos dos cidadãos franceses não serão facilmente derrubados.

(1) "I haven’t paid much attention to François Hollande, the president of France, since it became clear that he wasn’t going to break with Europe’s destructive, austerity-minded policy orthodoxy. But now he has done something truly scandalous" (Paul Krugman)
(2) Uma contradição na filosofia hegeliana resolvia-se metafisicamente pela conciliação dos dois contrários; a filosofia marxista acrescentou-lhe a superação da contradição pelo método dialético, eventualmente pela ruptura que origina um novo conteúdo de uma nova contradição elevada a nível superior. Na contradição de Hollande (foi nomeado por uma estrutura construida pelo poder financeiro e, chegado a presidente, diz que o seu adversário principal é... a alta finança (!) Sendo a macro-estrutura que sustenta a alimária intocável, na novilingua neocon a contradição é um oximoro e não tem solução.

2 comentários:

Anónimo disse...

Economia socialista(ou estatal) progride na base do endividamento, endividamento com quem? Com os grandes bancos internacionais. Ou seja, onde há um regime socialista há um cliente maravilhoso dos grandes bancos internacionais, então eles reduzem o povo à miséria e aquela elite que está a governar o país torna-se cada vez mais amiguinhas dos grandes bancos internacionais, é por isso que a oposição aos grandes bancos não é feita por gente de esquerda, mas por conservadores como o Ron Paul, Nigel Farage. Se não acreditam, procurem a foto do Sr.Fidel de mãos dadas com o David Rockefeller.

xatoo disse...

o Socialismo será (é, vai sendo) construído com base no internacionalismo proletário, contra as relações internacionais burguesas assentes no sistema de trocas desiguais. Obviamente, se o grande capital está nas mãos da burguesia transnacional i.e os meios de produção, a classe trabalhadora nacional tem um problema para além do mais próximo que é tomar o poder aos burgueses locais que mais não são que meros lacaios dos interesses estrangeiros, que aliás são quem os sustenta comprando-os miseravelmente com comissões irrisórios face ao dinheiro que roubam ao povo.
Vendo a questão pelo lado contrário, Cuba é um bom exemplo, quando vemos toda a espécie de escumalha capitalista a pretender filar os dentes numa população de 10 milhões de pessoas para as transformar em meros consumidores, escravizando-os em seu beneficio.


David Rockefeller recebeu Fidel Castro quando este se deslocou a Nova York para discursar na ONU na década de 60 - no contexto de tentar cooptar o novo regime saído do derrube do ditador Fulgêncio Bautista para a "democracia de mercado" o que, como se viu não viria a acontecer por pressão do povo cubano; Povo que andou décadas a fio a eleger Fidel... nunca tendo votado nos lacaios do Rockefeller, essa é que é essa, para grande desgosto do Anónimo das 4:08