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segunda-feira, julho 07, 2014

o banco do branqueamento de capitais da ditadura angolana

As rela­ções políticas do MPLA com o PSD ganharam visibilidade logo desde Setembro de 1991, quando Cavaco Sil­va, então de visita a Angola como primeiro-ministro participou num comício partidário do MPLA na cidade de Luena.
A subsidiária Escom do grupo BES deteve a intermediação de todos os fornecimentos de armas ao MPLA durante a guerra civil (em paralelo com o mesmo exclusivo que sempre deteve no que respeita às Forças Armadas portuguesas). Outro notável do PSD, Durão Barroso é amigo pessoal da família Eduardo dos Santos.
E estes relacionamentos têm-se casado na perfeição com as ligações do MPLA à "Internacional Socialista".

Soares, dos Santos, Cavaco, 1987
Cavaco Silva em Dezembro de 2013 afirmou que "os tribunais portugueses não podem ser usados como instrumentos de luta política em Angola”. A declaração visava repudiar as denúncias de corrupção e branqueamento de capitais feitas por cidadãos angolanos contra dirigentes angolanos, mas que envolvem empresas portuguesas e o uso de Portugal como lavandaria para o branqueamento de capitais saqueados em Angola. Na sequência dessas denúncias, a justiça portuguesa abriu vários inquéritos preliminares contra dirigentes angolanos e seus familiares suspeitos de branqueamento de capitais, fraude e outros crimes financeiros. Processos que caíram como habitualmente no arquivo "cesto dos papéis" (...) As declarações de Cavaco Silva são alarmantes porque deliberadamente procuram misturar questões de foro judicial, como são as suspeitas de branqueamento de capitais, com as de natureza meramente política (...) Os angolanos devem resolver os seus problemas políticos no seu país. Os angolanos também devem usufruir das suas riquezas no seu país. Assim, Portugal deve repatriar os fundos saqueados ao Estado angolano e depositados em bancos portugueses, investidos em empresas portuguesas e em propriedades nesse país. A Angola o que é dos angolanos! (...) Por conseguinte, as riquezas e os investimentos em nome de Manuel Vicente (Sonangol), Isabel dos Santos, general Kopelipa e outros agentes intocáveis do Estado angolano, que se acham em Portugal, devem imediatamente ser retornados a Angola, para que as suspeitas de branqueamentos de capitais sejam um problema exclusivo da justiça angolana. (Rafael Marques)

O tráfico de influências do MPLA corrompeu políticos portugueses. Estão nessa situação 27 membros de governos portugueses, onze dos quais do PS, segundo o estudo publicado no livro “Os Donos An­golanos de Portugal”. São empresas de capitais angolanos (Fi­nertec, Banco Atlântico, BAI), de maioria ango­lana (Multitel) ou filiais angolanas de empresas portuguesas (Millenium, Mota Engil) ou brasilei­ras (Camargo Correa), que incluem no seu ca­pital “parceiros locais” angolanos. (William Tonet)

"Ricardo Salgado e o seu braço-direito, Morais Pires, estarão entre os beneficiários directos do pipeline do dinheiro do BES-Angola. Segundo o Expresso, entre o final de 2009 e Julho de 2011, o BES-Angola transferiu para contas suas no Crédit Suisse mais de 27 milhões de dólares. Ambos eram clientes da Akoya, gestora de fortunas em Genebra que esteve no centro do caso Monte Branco"

As primeiras informações sobre este escândalo surgiram no contexto de denúncias feitas por Duarte Lima, após a sua prisão, acerca de um esquema de fuga ao fisco e branqueamento de capitais entre Lisboa e a Suíça, envolvendo antigos quadros do UBS ligados a Portugal na Akoya. Quando é detido em Portugal, Michel Canals, da Akoya, faz o seu primeiro contacto legal com a advogada Ana Bruno. Nesta altura, além de ser testa-de-ferro de Álvaro Sobrinho à frente da Newshold (proprietária do jornal Sol), Ana Bruno representava dezenas de empresas, onde surgem membros das famílias Champalimaud e Horta e Costa (resort Vale do Lobo, Algarve) ou Hélder Bataglia, o presidente da Escom a quem Cavaco Silva atribuiu um dia a comenda da Ordem do Infante.

A Akoya, propriedade da parceria Escom (Helder Bataglia) e o BES-Angola (Álvaro Sobrinho) surge também referenciada no processo-crime sobre tráfico de informação privilegiada na privatizações da EDP e da REN em 2011. Foram noticiados também indícios de utilização de pelo menos 15 milhões de euros em negócios conduzidos por “pessoas próximas de intervenientes nos procedimentos de privatização” (Sábado , 25.10.2012).

Também em 2012, depois das notícias sobre investigações judiciais pela compra de seis apartamentos milionários no edifício Estoril Residence, Álvaro Sobrinho sai dos órgãos do banco, substituído no lugar de chairman por Paulo Kassoma, primeiro-ministro de Angola entre 2008 e 2010. Em Abril de 2014, o site Maka Angola, de Rafael Maques, noticia “graves problemas” no BES-Angola, com um buraco de 6,5 mil milhões. Três meses depois, a notícia chega ao Expresso e o governo de Angola acciona o resgate. Em Junho, o ex-ministro socialista Manuel Pinho, vice-presidente da holding BES-África (que inclui o BES-Angola), pede a reforma antecipada a Ricardo Salgado, mediante uma indemnização de 3,5 milhões de euros" (Jorge Costa)
o presidente, a filha do presidente e o chefe da casa militar do presidente

Adenda esquizofrénica: "Ricardo Salgado acaba de receber o grau de Doutor Honoris Causa pelas mãos do Reitor do ISEG por serviços prestados à cultura, à ciência e à economia. No discurso de agradecimento, reconhecendo-se enquanto ex-emigrante, aproveitou por elogiar Mário Soares por nos anos 80 ter reaberto o país à iniciativa privada, que permitiu o regresso da família Espirito Santo a Portugal. (Diário Económico)

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