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sexta-feira, abril 28, 2006

Angola, o revivalismo colonialista (II)

O BES apoia Angola nos grandes negócios; o BPI/BFA, BTA, e a CGD, tiveram em 2005 lucros liquidos superiores a 138 milhões de euros; o BCP coligado com o Santander até 2010 assumem o controlo do BTA. Outras parcerias em formação são com os CTT, a CGD/Saúde e a Pharma Portugal

O principal colaborador na área da Defesa Nacional a ESCOM, do grupo Espirito Santo (BES) é o principal investidor “nacional” em Angola, com interesses relevantes na mineração (diamantes) Imobiliário, Saúde, Obras Públicas, Trading, Aviação, Pescas (uma frota de 7 barcos), Águas e Saneamento. A empresa, dita nacional, mas que tem a sede nas Ilhas Virgens para se escapar ao pagamento de impostos, tem em mãos investimentos superiores a 500 milhões de euros, 90% dos quais em Angola (2800 colaboradores). Em 2004 o volume de negócios cifrou-se em 51 milhões de euros, dez vezes mais do que no ano anterior. Em 2005 aliou-se às principais holdings de capitais angolanos: a Endiama e Hipergesta e à empresa russa Alrosa na exploração da 5ª maior mina diamantifera do mundo, o Luó com acordos de know-how com os australianos da BHP. A ESCOM e o Estado Chinês partilham a empresa CHINA BEIYA ESCOM por onde passam todos os vultuosos investimentos chineses em Angola e no Congo Brazaville. Os lucros para a Escom nesta parceria cifraram-se em 2005 em 170 milhões de euros.
Os grandes negócios em Angola estão ligados à nomenklatura do Estado, aos nomes relacionados com o poder politico e o regime. Em Portugal, recentemente tem-se destacado o nome da filha do Presidente do MPLA. Isabel dos Santos, licenciada como engenheira informática em Londres, que é parceira de empresas portuguesas como a PT e tem-se associado a empresas e empresários portugueses como parceira estratégica para negócios como a Banca, as Telecomunicações e o Mobiliário onde comparticipa na empresa bracarense Iduna que projecta construir a maior fábrica de aço em Angola.
A filha do Presidente prepara-se também para comprar a participação de 49% da Cimpor na maior empresa de cimentos angolana, a Cimangola, devendo a Cimpor depois de reaver o investimento de 52,6 milhões de euros que fez em Angola, preparar-se para sair do mercado angolano.

Isabel dos Santos iniciou-se nos negócios em 1997 à frente da empresa Urbana 2000 que monopoliza um negócio de limpeza e saneamento de Luanda, com contratos anuais de 10 milhões de dólares. É proprietária da Geni, sociedade fundada com o brigadeiro Leopoldino Fragosos do Nascimento, chefe se comunicações da Presidência, tendo como outros sócios António Van-Dúnem, ex-secretário do Conselho de Ministros, e Manuel Augusto da Fonseca, do Gabinete juridico da Sonangol; em conjunto com a Portugal Telecom detem 50% da Unitel a maior operadora de telefones móveis angolana.
Américo Amorim que é sócio da filha do presidente angolano, no Banco Internacional de Crédito (BIC), formou um Consórcio com a Sonangol para entrar numa primeira fase no capital da GALP com 15%, com a promessa de vir a ficar com mais de 30%. Os negócios de Isabel dos Santos passam tambem pelos diamantes, ramo onde é accionista da Ascorp, e pela Hotelaria. Nestes negócios de milhões nunca é referida a origem do dinheiro destes investimentos, facto a que óbviamente não será estranho o oligarca José Eduardo dos Santos ser um dos homens mais ricos do mundo.
“Quem pensa que não corre riscos (ao investir em Angola) está completamente enganado,,, aquilo que digo é que não devemos investir noutro país o que faz falta em Portugal” – disse Fernando Pinho Teixeira, presidente da empresa Ferpinta, o nosso maior fabricante de tubos metálicos e chapa perfilada, já com uma unidade fabril instalada em Luanda (79 milhões de euros) e em vias de instalar outra em conjunto com a Secil no Lobito (65 milhões de euros); a Unicer investe 150 milhões de euros para construir uma nova cervejeira com capacidade para 700 milhões de litros.

Perante toda esta azáfama, e com os sectores-chave todos postos com dono à ordem da Multinacionais, como é boa regra do neoliberalismo em todo o mundo - situação que neste caso resultou da concertação durante as três décadas de guerra entre os NEOCONS nacionais (começou com o então ministro dos Negócios Estrangeiros Durão Barroso e Cavaco Silva aos pulos nos comicios do Zedu) e os oligarcas angolanos do MPLA (acessorados pela Escom/BES/empresas militares Israelitas) que aniquilaram literalmente toda a oposição num autêntico genocidio étnico – que sentido faz o apelo de Sócrates aos investimentos portugueses em Angola? - o que eles querem lá é clientes (consumidores)!
Faça-se as contas à parte percentual por cada investidor/trabalhador emigrante que reverte para os bolsos da Corrupção instalada, de cada vez que se deslocar, dormir, comer, telefonar, etc. Outra situação curiosa que resulta da análise destes números é que para que se obtenham estas pseudos facilidades de acesso a (pequenos) negócios, a moeda de troca tenha sido a do Consórcio Politico/Empresarial do Estado português dar como contrapartida a entrada na economia portuguesa ao braço corrupto da Oligarquia angolana,,,

Esta é a Angola que os Portugueses não quiseram ver:
"Não basta descrever a beleza da marginal de Luanda. Era preciso dizer que 70% do nosso povo (sobre)vive na miséria. Os jornalistas portugueses, bem como os políticos e demais membros da comitiva que acompanhou o primeiro-ministro José Sócrates na visita a Angola não sujaram os sapatos para ver, in loco, os nossos descalços e famintos cidadãos. Ficaram, contudo, com a alma bem suja. Se é que a têm. Sócrates correu na marginal de Luanda, comeu e bebeu do melhor, conheceu a parte dos poucos que têm muitos milhões. E o povo? E os muitos milhões que têm pouco ou nada? Que os políticos e empresários portugueses assim se comportem, ainda vá que não vá. São todos iguais. Mas então os jornalistas? Desses, nós – o povo angolano, esperávamos muito, muito mais".
Jorge de Castro, jornalista do Noticias Lusófonas, para ler mais aqui.

2 comentários:

Anónimo disse...
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