Pesquisar neste blogue

terça-feira, agosto 22, 2006

Isabel do Carmo responde aos porta-vozes do "povo eleito"





















Esther Mucznik diz no seu artigo “A compaixão como instrumento do ódio” no Publico de 4 de Agosto de 2006 que “Como dizia Gobbels, uma mentira muitas vezes repetida acaba por ser credível. Que o diga Isabel do Carmo que, em absoluta sintonia com a contra-informação árabe, afirma que “Israel nunca esteve em sitio nenhum ou esteve vagamente há 2000 anos”.
Sinto-me no direito de responder, mas também é uma boa oportunidade para falar do que é ser judeu e do que é Israel.
De facto, Israel esteve por ali “vagamente há 2000 anos”, e não no território do Estado de Israel actual. Ou antes disso, no tempo em que foi registado o Antigo Testamento, a população que se designa por judia fazia parte dum puzle de povos, um cladeirão onde havia nómadas e agricultores, com migrações, alianças, cruzamentos. Esse povo acabou por se estabelecer nos reinos de Judá e de Israel, onde é hoje a Cisjordânia, sem acesso ao mar. Houve a ocupação romana, houve invasões. E o caldeirão de povos ficou, distribuindo-se de acordo com movimentações de poder e arranjos tribais. E assim aconteceu durante 2000 anos. Ficaram na região populações dos reinos de fé judaica, populações descendentes directas dos primeiros cristãos, grupos vários que se EM converter à fé islâmica e até bem mais para trás descendentes fenicios (não esqueçamos que Tiro, a bombardeada, é fenicia) e do que se pensa ser a origem dos etruscos. No meio disaso tudo vamos acreditar na fábula da “Terra Prometida” e no “Povo Eleito”? Para povo eleito já nos bastavam os outros, “os arianos”
Outra pergunta a fazer é o que é que têm os judeus da Europa a ver com isso? ÉW incorrecto falar de raças humanas, mas mesmo de acordo com esse conceito ultrapassado, não há “raça judia”. Raça judia só houve para os nazis. Não há narizes nem crâneos tipicos dos judeus, são análises grosseiras e superficiais. Há grupos como os Askenazis que de tanto praticar endogamia (tal como as populações das ilhas) acabaram por ter caracteristicas hereditárias comuns. Ora, por milagre é que os judeus oriundos da Europa Central, geralmente loiros e de olhos claros (como a própria Esther) hão-se ser descendentes de uma população do Médio Oriente, que naturalmente seria tão morena como os que lá estão? De facto, convém considerarem-se descendentes para justificar o regresso à “Terra Prometida”, à terra dos antepassados. Nem sequer se pode falar de uma etnia judaica. Estas comunidades da Euroa Central são populações convertidas à fé judaica, como outras foram convertidas à fé cristã e que, como comunidades relativamente fechadas, criaram a sua cultura. A Inquisição ibérica e as perseguições no resto da Europa reforçaram o seu carácter comunitário. Como fenómeno da cultura e resistência chegam para o orgulho duma comunidade, não é necessário inventar fábulas.
Esse regresso à “Terra Prometida” pretende justificar a ocupação do território do actual Estado de Israel levada a cabo em 1948, pela mão da Administração dos EUA com a cumplicidade da Grã-Bretanha, interessadas em ter uma ponta de lança na região. A minoria de oriundos da fé judaica que estava na região, estava integrada e não havia conflitos religiosos. Os que vieram ocuparam, expulsaram os camponeses das melhores terras, das que eram férteis e tinham água, praticaram terrôr nas aldeias, ocuparam as casas. Querem fazer-nos acreditar que se estabeleceram no deserto ou na floresta virgem? O acto fundador de Israel pode dizer-se que foi o massacre da aldeia palestiniana de Deir Yassine por aquilo que hoje chamaria os terroristas do Irgun, a 9 e 10 de Abril de 1948. A 14 de Maio proclamaram a fundação do Estado de Israel. Hordas de milhares de palestinianos fugiram para onde puderam. Para o sul do Líbano fugiram 400.000, em campos de refugiados, em aldeias. Organizaram-se como puderam. O Líbano é exemplar na integração de todas as culturas. Mas Israel foi atrás deles. Há 20 anos bombardeou Beirute, fustigou campos de refugiados, nomeadamente Chabra e Shatila (ataque da responsabilidade do futuro primeiro ministro Ariel Sharon), usou as milicias cristãs. Hoje volta de novo. Entre outras coisas estão a bombardear as casas que os emigrantes libaneses, tal como os nossos, construiram na terra de origem, com dinheiro economizado. É uma ilusão pensar que os palestinianos podem esquecer. Deixaram lá campos e casas, os jovens ouvem falar os pais e avós. A injustiça e a opressão são sempre uma panela de pressão. O ser humano não esquece.
O Hezbollah, goste-se ou não, é um partido organizado, tem deputados eleitos e foi a forma daquela população se organizar. Tem escolas, hospitais, assistência social. Não é uma organização terrorista e como tal não é considerada pela União Europeia.
Todavia o Estado de Israel é uma situação de facto. E já agora, as resoluções da ONU sobre a necessidade de um Estado Palestiniano também não são uma situação de facto?
EM diz que estou “em completa sintonia com a contra-informação árabe”. O que é que significa a palavra árabe? o Governo do Irão? Não são árabes, são persas islâmicos. Ou quer-se designar os governos corruptos, que estão sentados em cima do petróleo? ou a população indignada das ruas, que jamais esquecerá? “Contra-informação” é isso?
E já agora, a propósito do “crédulo leitor do Publico on-line” que fala das criancinhas judias a “assinarem dedicatórias nos obuses” destinados ao Líbano.

O que é que as crianças que vimos na televisão estavam afinal a fazer? O que é que elas estavam a escrever nos obuses? Serão objectos próprios para escrita de crianças sorridentes? Saberão elas o que é que aquilo vai produzir?
É pena que a comunidade judaica que se poderia orgulhar de uma cultura tão importante na Europa, com pensadores determinantes na nossa história – só falando de exemplos nos séculos XIX e XX, Freud, Marx, Einstein, Walter Benjamin, que aliás nunca se puseram debaixo do chapéu de chuva judaico – se volte para o mito sionista e se encarregue de fazer o “trabalhinho” da Administração americana na zona. Impedindo que as correntes democráticas e a revolução democrática ocorram naqueles paises.
É deselegante que EM meta Goebbels ao barulho para falar daquilo que chama as minhas “mentiras”. Mas já agora, de tanto se repetir a mentira de que aquela terra já era dos judeus, pretende-se fazer crer, sobretudo aos mais novos, que assim sempre foi? E de tanto se querer confundir anti-Sionista com anti-Semita, pretende-se prender as consciências do horror do holocausto e tolhê-las no combate aos senhores da guerra de Israel?

No rodapé da artigo a direcção do jornal redigiu a seguinte nota:
"NR – o Publico não alterou a grafia deste texto, designadamente o facto da autora escrever Holocausto com caixa baixa".
Sabe-se que o holocausto dos judeus, enquanto se ignora os assassinados por serem comunistas, ou de outras etnias como p/e os ciganos, se tem prestado a uma manipulação gigantesca no pós-guerra, tendo em vista branquear os crimes sionistas na Palestina. As antigas vítimas aprenderam na perfeição os métodos de genocidio e são hoje carrascos abjectamente exemplares.
Aqui fica um video que desmistifica a tese do exterminio dos judeus na única câmara de gás existente em campos de exterminio nazis - a de Auschwitz.

http://vho.org/dl/ENG/DavidColeatAuschwitz.wmv

“Se existiu um programa de exterminio organizado para matar todos os Judeus, como foi possivel sobreviverem tantos?”
David Irving, historiador britânico
"Para incinerar seis milhões de pessoas seriam precisos 15 anos, por isso há muito que explicar e contar"
Mohammed Taheri, embaixador do Irão em Lisboa

Sem comentários: