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sábado, setembro 09, 2006

Jornalismo (IV) o Silêncio Ensurdecedor dos Jornalistas Portugueses

"Entre a falta de coragem e o acomodamento, em tempo de "informação espectáculo", os jornalistas portugueses – aqueles que poderiam ainda merecer esse nome – dão-nos o espectáculo patético da sua agonia".
José Mário Branco, na revista "Politica Operária"



O mundo mediático mudou, o seu papel na sociedade também - "Jornalistas embedded (ou "na cama com")

"O mundo pós-queda do muro de Berlim, este mundo mais declaradamente obsceno, genocida e mafioso, o mundo da ditadura do conglomerado finança-bomba-droga, o mundo da liberdade das raposas nos galinheiros, conseguiu impor o seu discurso único com a indispensável ajuda dos jornalistas, devidamente enquadrados no mundo empresarial mediático. O que nos deve preocupar não são os que gostam disso, os que lucram com isso, os que têm o preço na montra – esses são, nos dias de hoje, o que eram Moreira das Neves, Pedro Moutinho, José Augusto ou Manuel Múrias antes de 1974. São claramente megafones da ditadura, que nem pestanejam perante os terríveis crimes dos impérios, para quem mais ou menos 100.000 mortos, mais ou menos um milhão de desempregados, mais ou menos umas megatoneladas de urânio e uns milhões de cancros não aquecem nem arrefecem. São corruptos e capazes de tudo: de mentir, de caucionar os piores crimes, de censurar as informações, de caluniar e de provocar, sob a capa rota da "independência", da "isenção", e de palavras vagas ou secretas como "a nossa fonte", "o alegado criminoso", "segundo os comentadores", etc. – nas mãos deles, puras muletas para fins de impunidade judicial. (...)
Mas, talvez mais grave que o papel desses "jornalistas", é o dos que se vendem muito mais discretamente, os que não estão na montra, mas cujo silêncio é precioso para que o sistema funcione bem. Digo que "se vendem" porque, nas profissões, como esta, que deveriam implicar um particular compromisso ético ou deontológico com a sociedade – como é, por exemplo, o caso dos médicos, dos artistas e escritores, dos professores e de certos cientistas –, a cumplicidade por inacção ou por omissão é quase tão grave como a dos cúmplices directos".

(Ler o artigo completo, aqui)

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