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domingo, abril 19, 2009

"a Pobreza do Homem como resultado da Riqueza da Terra"

Curioso, como na Cimeira das Américas, 33 paises estejam de acordo em que Cuba não deve ser excomungada do seio das nações da região; porém os Estados Unidos têm poder de veto e impediram a participação desse país.

É tempo de se impedir que as decisões possam depender da vontade dos mais poderosos. Só serão admissiveis decisões legitimas, baseadas no voto proporcional consoante a vontade democrática das populações - um homem, um voto, nada mais, nada menos que isso. Apesar da infâmia, o ausente acabou por ser o mais falado, e a "prenda" de Chávez a Obama fala bem sobre isso. O livro é "As Veias Abertas da América Latina" de Eduardo Galeano (1970) editado em Portugal apenas em 1998 graças ao intrépido esforço das Edições Dinossauro. Alguns excertos:

(…) “e veio de repente a crise de 1929. O crash da Bolsa de Nova Iorque, que fez abanar os alicerces do capitalismo mundial, caiu nas Caraíbas como um gigantesco bloco de pedra numa poça de água. Caíram a pique os preços do café, das bananas e do açúcar, e o volume de vendas desceu não menos verticalmente. As expulsões camponesas recrudesceram com uma violência febril, o desemprego propagou-se no campo e nas cidades, desapareceram bruscamente os créditos, os investimentos e os gastos públicos; os salários reduziram-se a metade. Levantou-se uma maré de greves. As botas dos ditadores não demoraram a esmagar as tampas das marmitas.

(…) com uma economia escravizada à sacarocracia, uma economia tão dependente e vulnerável como a de Cuba não podia escapar ao impacto feroz da crise, e continuava com o seu destino amarrado à cotação do açúcar – “o povo que confia a sua subsistência a um só produto suicida-se” havia profetizado o herói nacional José Martí – em 1932, em três anos as exportações reduziram-se a metade e o preço do açúcar chegou a baixar no mercado internacional a menos de 1 cêntimo de dólar.
(…) os novos colonizadores não demoraram a fazer chegar um crédito de 50 milhões de dólares: a cavalo do crédito, chegou também o general Crowder, sob pretexto de controlar a utilização dos fundos; Graças aos bons ofícios deste género de agentes, os ditadores sempre tiveram a vida facilitada, porque eram eles quem de facto governava o pais.
(…) duas décadas depois, Cuba tinha as pernas cortadas pelo estatuto da momocultura da dependência e não foi fácil caminhar por conta própria. Metade das crianças não ia à escola em 1958, porém a ignorância era, como denunciara Fidel Castro tantas vezes, muito mais vasta e muito mais grave do que o analfabetismo. Havia em Cuba nessa época, mais prostitutas registadas do que operários mineiros.

(…) Che Guevara (um tipo de esquerda, como o Obama, passe a piada) dizia que o subdesenvolvimento é um anão de cabeça enorme e barriga inchada: as suas pernas débeis e os seus braços curtos não se harmonizavam com o resto do corpo. Havana resplandecia, zuniam os Cadilacs pelas suas avenidas de luxo; no maior cabaré do mundo (casinos e hotéis eram negócios exclusivos geridos por gangsters e mafiosos americanos), ao ritmo dos Lecuona Cuban Boys, ondulavam as vedetas mais lindas; enquanto isso, nos campos cubanos, só um entre dez operários agrícolas bebia leite, apenas 4 por cento consumia carne e, segundo o Conselho Nacional de Economia, três quartas partes dos trabalhadores rurais ganhavam salários que eram três ou quatro vezes inferiores ao custo de vida”
E foi ao regime que tomou em mãos a gigantesca tarefa de pôr fim ao regabofe, que os Estados Unidos impuseram um embargo comercial – o qual, ao fim de 47 anos, a administração Obama se recusa a levantar incondicionalmente. Leia-se, sem contrapartidas que possibilitem o princípio do retorno às antigas condições de exploração.

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