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domingo, julho 05, 2009

Dal Molin

Vicenza sob ocupação militar:
fogo sobre toda a contestação global (ver videos)

A noticia de 30 segundos transmitida (ontem na Euronews, hoje na SIC e que a RTP acometida do coma alcoólico CR olvidou) sobre “confrontos da policia com manifestantes nos arredores da histórica cidade de Vicenza (norte de Itália) dias antes da cimeira do G8 que protestavam contra a ampliação de uma base militar”, dá a entender que se trataria de mais uma acção dos tão diabolizados “movimentos anti-globalização”. Na verdade não foi, nem tão pouco se trata de qualquer “ampliação”. Trata-se da criação de uma nova base militar norte americana que prevê a apropriação do antigo presídio de Dal Molin com 500 mil m2 e com 1524 metros de uma pista de aviação civil existente no local e de trazer mais 3.000 novos soldados, presentemente estacionados em Bamberg e Schweinfurt na Alemanha – tudo isto noutro local que não a Base já existente em Camp Ederle com 600 mil m2 e uma aldeia residencial de 332 mil m2 para alojamento de 6.000 soldados americanos.

Ver diariamente centenas de tipos de pele cor de rosa criados a papinha Heinz com fatiotas camufladas a fazer “jogging” perto dos muros dos nossos quintais deve ser um trauma passível de violento protesto, tanto mais que se tratava do dia da liberdade yankee, o 4 de Julho – idiossincracia realçada por Obama no discurso de Chicago de 4 de Novembro de 2008 quando ainda era apenas candidato e rezou hipocritamente aos seus maiores desejos: "Serei presidente de um governo do povo, pelo povo e para o povo”, segundo diz a Constituição (a government of the people, by the people, and for the people) E ouvi-los-ei sempre, especialmente quando nós discordarmos” disse Obama – americanos sim, italianos não, pensou Obama.

Para a Itália trata-se de uma questão de independência nacional face à presença das Forças Militares estrangeiras (1) desde o final da II Grande Guerra quando o povo erradicou o regime fascista de Mussolini.

A política militar dos Estados Unidos é votada no Congresso. É por essa razão que os EUA não mudaram, nem tencionam mudar, a politica imperialista na transição de George W. Bush para Barack Obama.
A Congressista republicana Loretta Sanchez, (deputada eleita pela Califórnia), disse numa visita recente a Itália no âmbito das negociações de Dal Molin que esta base tinha de ser aceite por ter uma localização perfeita e ser imprescindível para novas missões no Médio Oriente, sendo igualmente muito conveniente para ataques a regimes hostis em África (no âmbito da criação do Africom). Esta é a chave para a instalação da nova Brigada de Combate (Brigade Combat Team) que passará a ser a maior força de assalto na Europa com os 6 Batalhões estacionados em Vicenza.

As “grandes obras do keynesianismo militar” atraiu à Itália do neofascista Berlusconi outra presença notável. São como moscas em volta de balde de merda. Imediatamente a seguir chegou o presidente de Israel Benjamin Netanyahu (conotado com a extrema direita). Imagine-se como sorrirá o anterior carniceiro responsável pelo genocidio em Gaza, cujo nome Yitzhak, a forma hebraica de Isaac, significa literalmente “Aquele que se Rirá” (Génesis 21,6). Obama, sem que se desmarque do balde de moscas, chega na próxima quinta feira a Ancona, Itália.

(1) A história da dependência militar obrigatória de Itália tem sido uma constante desde que Andreotti no anos de 1954 negociou a institucionalização da presença das tropas norte americanas, sem que tal acordo desde aí tenha sido alguma vez aprovado pelo Parlamento, como explica Valério Volpi neste artigo, é nestes termos que existem instalações como a Base aérea de Aviano, nos arredores de Pordenone, não muito longe da fronteira da Eslovénia, massivamente usada para os bombardeamentos da Sérvia em 1999 e o Afeganistão em 2001. Existe ainda Campo Pluto em Longare onde estão armazenadas bombas nucleares desde há mais de 20 anos, a Base de Tormeno, o quartel general norte americano em Torri e a concentração de bases e polígonos de tiro na Sardenha, Santo Stefano, Decimomannu, Salto di Quirra, Capo Teulada e Capo Frasca, onde cerca de 3 quartas partes da ilha estão submetidas a juridisção como reserva militar
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