Pesquisar neste blogue

segunda-feira, setembro 13, 2010

as "bombásticas" declarações de Fidel, a Indústria do Holocausto e o Irão

Será possivel, dentro de um mesmo contexto, ouvir Fidel Castro, José Manuel Fernandes e os broncos do Blasfémias dizerem uma mesma coisa? Ou seja, nas circunstâncias presentes “que o Estado não deve ter demasiado tamanho nem ser dominante”?... dedução implícita para as luminárias neoliberais: “Fidel disse que “o Comunismo já não serve”. Ora, por menos que isso, uma blogueira medíocre “que transmite coisas para o exterior” recebeu um prémio “Herói Mundial da Liberdade de Imprensa”. “Cairá um Muro em Havana, (a tal ficção que impede a entrada de capitais estrangeiros de mercado livre na economia do país), clamam os agentes da propriedade privada na ingerência nos assuntos internos de outros povos, que fizeram (fazem) livremente uma escolha: a recusa ao capitalismo neoliberal, pois é com a sua outra face (por muito erroneamente que se pense), a do capitalismo possível de rosto humano num modelo de tendência socializante, que Cuba, sujeita a um feroz bloqueio, se vai atamancando.

A ideia de que o “Mercado de Acções em Bolsa” é que deve reger os destinos do Mundo é tão louca e irracional, como antes o foram a imposição do Poder pelos desígnios de Deus na pessoa do Rei, ou havia sido antes a legitimização da força das tribos selvagens na pilhagem e escravização de populações de cidade inteiras.

Obviamente, os insignificantes piolhos do comentário nacional, a Gente(inha) do DN, etc. ficam milhas aquém da eficiência dos activistas fornecedores de spins primários. Simples e eficaz, Jeffrey Goldberg, o jornalista americano que entrevistou Fidel Castro neste caso, logo que voltou usou os Simpsons no seu blogue para ridicularizar o entrevistado. Apesar do desmentido, foi isto o que foi repercutido na imprensa burguesa transnacional – foi a narrativa do jornalista, não a transcrição do teor da entrevista de Fidel Castro.

o Contexto

Indigitado anualmente por milhões e milhões de pessoas para o Prémio Nobel da Paz, Fidel é um bem intencionado. Recentemente tem-se preocupado e escrito sobre a ameaça nuclear que paira sobre o Médio Oriente. Ele tem a experiência de ter estado à beira de se carregar no botão durante a Crise dos Mísseis de 1962. Sabe do que fala, agora que paira no ar o cheiro de novas tecnologias nucleares ávidas por serem experimentadas contra o Irão. E eis que surge na revista norte americana “The Atlantic” (aquela cuja versão em português em boa hora faliu) o artigo de Jeffrey Goldberg O Ponto de Não Retorno onde se advoga que Israel (ou os EUA, ou ambos) devem bombardear o Irão quanto mais depressa melhor. Lido isto, Castro através da Secção de Interesses dos EUA em Havana faz saber a Goldberg que está disposto a conceder-lhe uma entrevista-debate sobre o tema. Sobre a ameaça nuclear, nada mais que isso.

Quem é Jeffrey Goldberg?

Apresentado como jornalista americano em lado nenhum se leu que Goldberg é um Judeu de ideologia Sionista (ver video no ColbertShow). No tempo em que “trabalhou” na “The New Yorker” militou no sentido de encontrar evidências da ligações da Al-Qaeda com Saddam Hussein. Enfim, as posições de Goldberg são exactamente as mesmas dos extremistas no governo de Israel. Em 2003 argumentou a favor da validação da famigerada tese das “armas de destruição em massa” (fornecidas antes pelos EUA ao regime bahasista de Saddam para o extermínio da dissidência Curda). Nunca desistiu de alertar para o perigo do Iraque vir a possuir armas nucleares, (a história repete-se) encomendadas ali numa qualquer esquina próxima. Antes disso, como judeu-israelita Jeffrey Goldberg cumpriu serviço militar nas Forças Armadas (ditas biblicamente) de Defesa de Israel onde como policia militar desempenhou funções de guarda prisional na prisão de Ketziot, um campo de concentração para prisioneiros palestinianos no meio do deserto do Negev, durante a Primeira Intifada (1987-1993). Sobre este episódio, Norman Finkelstein acusa formalmente Goldberg de ter torturado Palestinianos. Questionado, Jeffrey Goldberg respondeu simplesmente: “Isso é ridículo. Eu nunca toquei com uma mão em ninguém. Uma das minhas regras de conduta era assegurar-me de que os prisioneiros dispunham de fruta fresca” – perante a história que vai sendo conhecida, parece incrível, mas foi mesmo isto que ele disse textualmente.

O Aviso

As referências aos judeus referidas como tendo sido expressas pelo ex-presidente de Cuba mereceriam uma melhor e mais minuciosa explicação por parte de Fidel Castro. A interpretação mais correcta parece ter sido que foram um aviso a Ahmadinejad no sentido de que este deve (para salvar o Irão do ataque) abandonar as críticas à essência do Sionismo judeu, procurando obter uma situação de consenso legitimando a sobrevivência de Israel como Estado Judeu que provavelmente admitiria em circunstâncias de igualdade outras etnias que na prática tem vindo a subjugar (dissidência interna sobre Judeus não sionistas, incluida). Castro teria dito inclusivé que “os judeus viveram uma existência muito mais perigosa que a nossa. Nada se compara ao Holocausto” (Time Magazine nº de 20 Setembro, pag. 14). Sabemos que Israel jamais considera qualquer acordo como definitivo; cinicamente promove-os para os romper na primeira oportunidade e obter mais hegemonia na zona que aspira controlar militarmente. Voltando a Norman Filkenstein, é precisamente disso que Israel é acusado na Indústria do Holocausto,,, de manobrar no sentido da vitimização perante as opiniões públicas para obter e legitimar ganhos financeiros e políticos
.