Pesquisar neste blogue

quinta-feira, dezembro 02, 2010

As nunorogeirices em defesa de Luís Amado

“... Amado will continue* to reiterate what the investigation has revealed - the government has no evidence of illegal CIA flights on/through Portuguese territory (…) underscores the delicate balancing act Amado is confronting in minimizing damage to his government - however unwarranted - due to the CIA Rendition investigation while trying to convince it to grant our request to repatriate Guantanamo detainees through Lajes. Right now, it would be to our advantage to stroke him a lot” (cable da Wikileaks)

O termo empregue, “stroke”, significa acarinhar Luis Amado “no sentido deste continuar a ser um remador de popa” (Dicionário Webster) Ora “se continua”* é porque já vinha exercendo a colaboração com o amigo americano desde antes. Os aviões fretados pela CIA realizaram mais de mil vôos secretos sobre território europeu entre Janeiro de 2002 e Julho de 2006 fazendo escala na Base das Lages transportando presos sujeitos a tortura, segundo testemunhas identificadas na altura (ver dossier Ana Gomes)

Desde 2005 que Luís Amado era ministro da Defesa. De 2006 para cá exerce o cargo de Ministro dos Negócios Estrangeiros. Deve presumir-se que a incompetência do ministro em exercício continuado em 2 ministérios não lhe teria permitido conhecer os factos mencionados? – numa primeira fase, antes do escândalo ter sido tornado público pela Associação Reprieve, Amado mentiu para proteger Durão Barroso actor consciente na caça e transporte de prisioneiros, numa segunda fase Amado não pode ignorar a verdade: “o governo português teve «um papel de apoio de relevo» no transporte ilegal de 728 dos 774 suspeitos de terrorismo para o campo de detenção da base norte-americana de Guantanamo".

Os agentes dos governos neocon na comunicação social pretendem agora que os telegramas divulgados pela Wikileaks só têm a ver com o regresso no repatriamento às escondidas desses prisioneiros inocentes sobre os quais não existem provas de incriminação (1) – “a actuação deste ministro, no caso do trânsito por Portugal de voos da CIA com detidos de Guantanamo «reflecte a pressão contínua política e dos media relativamente a este assunto» e «tornam os esforços de assistência do Governo de Portugal (GOP) à repatriação de detidos de Guantanamo ainda mais difíceis», ou seja, fala na conivência publicamente negada do Governo português para a passagem de vôos da CIA com detidos por território nacional” (traduzido pela Attac)

A prisão indiscriminada de pessoas era crime antes de Durão Barroso ter alterado a legislação nacional em 2003 cumprindo as ordens de Washington sobre o terrorismo inventado pela Administração Bush. A prisão indiscriminada de pessoas, o seu rapto e transporte para prisões secretas e campos de concentração, a detenção dos prisioneiros sem culpa formada e a submissão destes à prática de técnicas de tortura aprovadas em tempo pela anterior secretária de Estado norte americana Condi Rice foi seguida pela administração Obama que manteve os dois responsáveis por estas "legislações" e práticas herdadas de Bush: transitaram da anterior administração Michael Hayden, o director da CIA e Mike McConnell director da National Intelligence.
Aos dois principais responsáveis nacionais por estas politicas ilegais, Durão Barroso e Luís Amado, não basta apresentar a demissão para eventualmente se redimirem, terão de responder perante a Justiça como agentes activos coniventes com a prática de crimes à luz do direito internacional. Por enquanto vão estando safos... mas não estarão se algum dia chegar a vez de Bush ser enviado para o Tribunal de Haia

(1) O primeiro julgamento “civilrealizado na Base Militar de Guantanamo foi o de Ahmed Ghailani que respondia por 285 crimes, mas foi condenado apenas pelo crime de conspirar para destruir propriedade dos Estados Unidos no estrangeiro (fonte). O veredicto deve ser anunciado em Janeiro. Mas continua a não haver qualquer base legal para a sua expatriação para um território em Cuba que nem sequer é legalmente reconhecido como norte americano

adenda
* "Embaixada dos EUA disse que houve um "pedido" a Portugal relativo aos prisioneiros de Guantánamo. 15 meses depois Sócrates garantia o contrário na Assembleia da República"
.

2 comentários:

Anónimo disse...

Se o Assange conseguir publicar os 251 MIL documentos espero encontrar algumas referências entre os setecentos e tal documentos sobre Portugal sobre estes opinion makers!

amsf

amsf disse...

Tenho o prazer e o alívio de informar que o Wikileaks está aqui:

http://213.251.145.96/