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quinta-feira, agosto 01, 2013

era uma vez um país onde a realidade tinha passado a ser imaginária

Parafraseando o filósofo do gato fedorento, no que diz respeito ao deserto económico em que se degradou Portugal, com a recauchutagem deste governo quando fazemos a travessia desse deserto já não vemos apenas miragens, vemos viragens“em menos de uma década, e tendo em conta apenas a opinião do punhado de especialistas que nos têm governado, de Sócrates a Cavaco e Passos, a economia portuguesa já passou, pelo menos, por 8 viragens e 5 inversões”

Cavaco, Loureiro e Lima. 3 em 1: Presidente, Gestor BPN e Vigarista
Como nota outro filósofo, e desta vez a sério, não se limitando a tirar o barrete a altos representantes do conto do vigário, houve de facto viragem, “mas não voltámos à estaca zero, mas aquém do zero, porque estamos mais pobres, mais fragilizados e sem sementes de futuro”. Que aconteceu afinal, se nada aconteceu? A “crise politica nunca existiu”: Vitor Gaspar confessou o seu fracasso e desapareceu; Paulo Portas demitiu-se e desapareceu como pretexto para voltar a aparecer; o compromisso de “salvação nacional” evaporou-se, para voltar a aparecer agora apenas com o PSD/CDS substituindo a maioria de 2/3 no Parlamento necessária para mudar a Constituição – a necessidade é imposta aos lacaios interinos da Troica para poderem despedir mais 30 mil funcionários públicos, assim se completando o actual paradigma neoconservador que visa converter Portugal num pais com direitos sociais pagos segunda vez que capitalizem a favor de privados, de mão-de-obra ao nivel dos chineses da Europa, precarizado, sem direitos laborais e sem capacidade de reivindicação de quem trabalha – eis o meta-objectivo de Cavaco e sua clientela desde 2006 prestes a estar concluído.

José Gil:Pegue-se num pouco de real, imagine-se-lhe o oposto que se lhe sobrepõe e o anula: cria-se o plano de não inscrição, onde a realidade é imaginária e tudo e o seu contrário são possíveis e verosímeis. É uma técnica.

Por exemplo, a ministra das Finanças sobre as trocas de swaps nas empresas públicas para maquilhar as contas públicas onde ela própria interveio quando foi gestora da Refer, mente ao dizer que não mentiu (1) Isto apesar de nova prova através da carta do ex-secretário de Estado do anterior governo. Noutro exemplo (2), o actual secretário de Estado, Joaquim Pais Jorge então na qualidade de funcionário do Citigroup, tentou vender ao executivo de José Sócrates mal este tomou possetrês contratos de swap tóxicos escondidos das estatísticas para melhorar o rácio Dívida/PIB das contas públicas no curto prazo (370 Milhões de euros em 2005 e 450 M de euros em 2006) entalando as contas públicas no longo-prazo: um isco seguido de um risco. (3)

Dentro do pote onde se enfiaram em conjunto com os governantes os funcionários da banca internacional, quiçá os mesmíssimos personagens travestidos uns nos outros, o esquema operativo é o seguinte: o Estado português receberia 370 ou 450 milhões num ano, que repagaria no ano seguinte, com hipóteses de ocultar essa verba quer do défice quer da dívida pública, isto é, cobrindo com a jogada um risco do aumento dos juros, mas provocando prejuízos colossais nos anos seguintes caso os juros se mantivessem baixos, como é o caso (0,5% ao ano) conforme determinado pela banca privada internacional e garantido por Mário Draghi – exactamente a mesma que oferece estes empréstimos no “mercado” com a obrigatoriedade do Estado pagar um valor mínimo de 3,7%. E em Portugal subsiste uma ministra que não sabia nada sobre um esquema que já provocou 3 mil milhões de prejuízo, mas que a ministra já conseguiu maquilhar como sendo de apenas 1,3 mil milhões

(1) Ministrados Swaps voltou a defender-se mas desta vez num tom invulgarmente exaltado (video)
(2) Revista Visão - Artigo detalhado aqui
(3) o Citigroup e o PSD são recorrentes nestes jogos de roleta viciados: A operação de cedência de créditos fiscais e da Segurança Social ao Citigroup, realizada por Manuela Ferreira Leite enquanto ministra das Finanças do Governo PSD/CDS-PP, está a ficar cara ao Estado: dos 11, 44 mil milhões de euros cedidos ao Citigroup em 2003, mais de 3,74 mil milhões foram substituídos por outros créditos cobráveis dos anos seguintes.(fonte)

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