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quinta-feira, fevereiro 01, 2007

Não Tenhas Medo

todo o Poder em si constitui um abuso, tanto maior quanto diz cinicamente representar as vastas maiorias e afinal governa em nome e para defesa de uma ínfima minoria. Nesta situação de tirania, o Poder de abuso comum, que sempre se verificou historicamente, só pode recuar quando outro Poder o obrigar a reconhecer os seus limites. Resta-nos, como cidadãs e cidadãos, assumir o Poder que temos. Só assim se aperfeiçoará a Democracia e se evitará a barbárie;
mas,,, a propósito, vale a pena recordar uma parábola sobre o Medo:
“uma bela manhã ofereceram-me um coelho da Índia. Chegou a casa enjaulado. Ao meio dia, quando saí, abri-lhe a porta da jaula.
Voltei a casa ao anoitecer, e encontrei-o tal e qual como o havia deixado: com a porta aberta, dentro da jaula, pregado às barras de arame, tremendo de susto perante a Liberdade”.

Quem anda a tramar o coelho?












"Os que trabalham
têm medo de perder o trabalho
Os que não trabalham
têm medo de não encontrar trabalho
Quem não tem medo da fome
tem medo da comida
Os automobilistas têm medo de andar
e os peões têm medo de ser atropelados.
A democracia tem medo de recordar
e os que falam têm medo de dizer
Os civis têm medo dos militares
os militares têm medo da falta de armas
as armas têm medo da falta de guerras.
Este é um tempo de medos.
Medo da mulher à violência do homem
e medo dos homens às mulheres sem medo
Medo dos ladrões, medo da Policia,
medo da porta sem fechadura,
do tempo sem relógios, da criança sem televisão
Medo da noite sem pilulas para dormir
e medo do dia sem pilulas para despertar
Medo das multidões, medo da solidão
medo daquilo que já foi e do que pode vir a ser
Medo de morrer, medo de viver".

(Eduardo Galeano)

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