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sexta-feira, julho 13, 2007

As eleições em Lisboa e o azar do13º candidato










"vamos embora camaradas que ainda temos muita luta para fazer hoje" - hilariante, na demolição dos candidatos " inocentes" Telmo, Costa, Negrão e Carmona, principalmente quando o Jel e o Falâncio apanham este último à porta do luxuoso Clube dos Empresários:
(video via Spectrum)

Os pressupostos em que assentou a convocação deste simulacro de eleições estão em grande parte viciados. Independentemente da participação dos eleitores, será uma infernal maquinaria oculta dominada pelo dinheiro, pela demagogia e pela corrupção quem vai, em última análise, decidir quem vão ser os eleitos.
Pelas notícias que vão vindo a lume, percebe-se que as grandes linhas estratégicas de desenvolvimento da cidade já foram previamente definidas e, sendo o motor o mesmo de sempre, o investimento em tijolos (agora empreendendo uma nova Expo08 lá para as bandas de Algés na zona ribeirinha, e densificando a construção no interior) torna-se evidente que os reais interesses dos munícipes são simplesmente marginalizados.

A entrega da “reabilitação do Chiado” (a Baixa só para turistas) a uma militante despedida do irrelevante partido do portas, a extinção da Portela como pretexto para a enormidade de pêtas como “fabulosas zonas verdes”; a anedota do Tgv que pára em todas as estações como os comboios suburbanos páram nos apeadeiros, enfim o “novo aeroporto” cuja única utilidade é os lucros que proporciona aos investidores no imediato da sua construção – tudo está a ser friamente pré-defenido à revelia de qualquer programa de conjunto, coerente e racional, posto a discussão aberta, para que se conhecessem as opções de voto, saídas da síntese das diversas propostas. Pelo contrário, como tudo se está a arquitectar nas costas dos “lisboetas”, o 13º candidato, pese os milhares de sms que o PS está a enviar aos militantes ameaçando-os com medidas retaliatórias caso não compareçam ao piedoso acto, a Abstenção vencerá. Justamente, diga-se.
E afinal, quem são os poucos mais de meio milhão de Lisboetas? – vestigios residuais da antiga Lisboa que resiste nos bairros populares e as élites que gravitam em torno do Governo ( para quem o resto do país é paisagem, só desistindo das políticas de trapaça quando se vislumbram novas eleições – depois da terra queimada)

Assim, a matéria prima de que se poderia ter construido Lisboa (à semelhança de muitas outras capitais de países que adoptaram o neoliberalismo como doutrina) já foi de há muito expulsa para os subúrbios. Só faria sentido eleições que contemplassem a Grande Lisboa como um todo, região onde vivem mais de 2 milhões de pessoas que não terão a mínima influência, muito menos interferência, na tomada de decisões sobre assuntos que afectam directamente as suas vidas. Aliás, a resolução dos grandes problemas da civilização do século XXI, virão, como veremos, dos subúrbios das grandes metrópoles – em acções para pôr cobro às ilhas de prosperidade artificial construídas sobre um mar de escombros
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