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segunda-feira, dezembro 09, 2013

alors, de vista à cidade luz, dos Inválidos até aos Mortos célebres

Meios criativos

a Academia Militar francesa foi um projecto de Louis XV que proporcionou ensino gratuito aos jovens nobres de toda a Europa central. Em 1777 foram admitidos os primeiros cadetes, continuando as obras até ao período pré-revolucionário.

O mais famoso licenciado foi o corso Napoleão Bonaparte, que aos dezassete anos foi promovido a tenente de Artilharia. No seu parecer de aprovação encontra-se uma frase profética, à la futebolista: “Se as circunstâncias o permitirem , temos pela frente um grande futuro”. O edifício de autoria do arquitecto Jacques-Ange Gabriel funciona actualmente como Universidade Militar no âmbito da NATO.

O Panteão Nacional
o Tumulo de Napoleão
Desabando sobre a cabeça dos vivos, o Pêndulo de Foucault é o epicentro desse lugar de gente ilustre que é o Panteão, o clube mais exclusivo do mundo. Para obter ali residência é necessário ter alto estatuto, ser francês e claro, estar morto. Também ajuda ser-se do sexo masculino, porquanto apenas dois dos cadáveres ali enterrados são de mulheres: Marie Curie e Sofie Berthelot, esta última à boleia do esposo, o químico Marcellin Berthelot. Velando por cima deles, uma das obras de arte mais famosas do mundo: “o Pensador” do escultor Rodin, que também aqui assentou arraiais, embora no exterior do edificio. Aqui jazem igualmente os maiores escritores de França: Diderot, Rousseau, o Marquês de Arouet petit nom Voltaire, Vitor Hugo e Emile Zola; cientistas como o casal Curie, filósofos como Renè Descartes depois de um passeio post-morten pela Suécia… e políticos, incluindo o ex-presidente Sadi Carnot assassinado em 1894 e Honoré Gabriel Riqueti dito conde de Mirabeau que faleceu naturalmente por administração de veneno. Outras personalidades percorreram um caminho mais longo para obter uma cripta na confraria: André Malraux foi reavaliado e re-enterrado aqui em 1996, trinta anos depois da sua morte… e Alexandre Dumas, que ascendeu a este ilustre trono em 2002 num caixão forrado de veludo azul com o emblema dos 3 Mosqueteiros - Um por Todos e Todos por Um - o lapso entre a morte e a consagração nacional aconteceu igualmente ao próprio designer do Panteão: Jacques-Germain Soulflot teve de se aguentar cá fora 59 anos.
os Cemitérios 
Le Mur des Fédérés
Construído em 1804, o Pere Lachaise é um cemitério com uma atmosfera tranquila onde se convive com malta porreira. É um jardim, com 5300 árvores, 25 espécies de aves e montes de mortos ilustres. Ali repousa Edith Piaf, aka Giovanna Gassion, aka Madame Lamboukas por parte do marido, Maria Callas, Chopin, Oscar Wilde, Ivo Livi aka Yves Montand, Gericault, etc. A um extremo pouco badalado e avesso a celebridades fica o “Mur des Fédérés” http://www.paris-a-nu.fr/887/ contra o qual em 1871 foram fuzilados os últimos defensores da Comuna. Saindo do cemitério, o que não é coisa fácil para os habitués, um pouco mais a sul encontra-se o ainda menos conhecido “Cimetière de Picpus” (telefone 01 43441854, aberto de terça a domingo) que alberga ossários de milhares de guilhotinados nos massacres de Julho de 1794. Porém o local, sendo igualmente um bonito jardim, não vive só de vitimas anónimas que continuam a penar pela História. Aqui coexistem belos jazigos propriedade de famílias como os LaFayettes, os Montalemberts, Rochefoucaults, Chateubriands, os Crillons e outros. Fora destes luxos, albergam-se os cacifos em gavetas que pretendem fazer reviver memórias como local de reabilitação… a partir dos quais os investigadores continuam a coleccionar relíquias – em 1929, ou seja, 135 anos depois do abate de populares durante o periodo da Convenção e recuperação politico-económica da Burguesia, foram ainda aqui descobertas duas valas comuns com os restos mortais de mais umas quantas centenas de vitimas, entre elas o poeta André Chénier a quem cortaram a cabeça aos 31 anos de idade, dois dias depois de prenderem Robespierre, por sua vez guilhotinado três dias depois.

1 comentário:

Anónimo disse...

Fabulosos!
Imperdoável não procurar e visitar, especialmente Pere Lachaise, a imensa emoção é inesquecível!