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domingo, dezembro 08, 2013

Heróis da Grande Burguesia (Nelson Mandela)

Mandela enquanto mito criado pelo Poder
Mandela foi prémio nóbel da paz, não se devendo porém esquecer que ex-aquo com o simbolo do racismo, Pieter Botha, uma personagem de extrema-direita (a quem Madiba perdoou), e grande amigo do regime colonialista português, partner nas operações militares contra os nacionalistas angolanos. Talvez seja esta a razão pela qual o Cavaco vai estar presente de corpo vivo nas exéquias. Como Mandela na sua fase livre serviu de freio à chamada extrema-esquerda do ANC, casou bem com Botha e foram os dois muito felizes ao Centro. Coisa nunca vista, existe uma unanimidade atroz em torno da figura que ficou a servir de mote ao fim do apartheid. Os panegíricos copiam-se a resmas de hipocrisia, desde Cavaco a Clinton, de Bush a João Almeida (o do fascismo higiénico).

Ora o Centro é uma abstração tramada, uma pantanosa aglutinação de interesses, onde não existem classes sociais, onde a história acabou, onde o Estado (mínimo para os pobres, de teta máxima para os ricos) parece ter-se evaporado num sofisticado cozinhado de fusão entre peidos de galinha com folhado de perdiz. As capas dos jornais são gloriosas na exaltação do heroismo mandeliano; a mais à esquerda é a do pasquim da Sonae, o punho ao alto, que comoveu Francisco Louçã e lhe fez um rasgado elogio.

Mandela enquanto boneco decorativo para alugar
Tudo que seja anti-comunista é de aproveitar como bom. Na mesma linha, a mais perversa é a dissertação de Ramalho Eanes (SIC Crespo) que, face a tamanho “exemplo de magnanimidade perante o efémero dos problemas da vida, que é um fenómeno passageiro” (hablam los jesuítas de Navarra), “ainda assim em Portugal parece não conduzir todas as nossa forças a unir-se para levar o país por diante, todos juntos, com um objectivo comum”. Quer dizer, numa sociedade onde o homem de rua é igual ao administrador do Pingo Doce que leva o capital a refugiar-se nos off-shores; qualquer cidadão com rendimento abaixo dos 600 euros tem os mesmos interesses da chusma de "executivos" com salários superiores a 3000 euros ou dos reformados de luxo do regime; onde qualquer leitor comum perdendo aqui tempo a ler estas bizarrias, tem uma vida igual à maioria dos nativos que roubaram uma rica vida ao erário público; os que têm casas de férias nas Coelhas e mal sobrevivem com os rendimentos proporcionados pelo BPN são equipados à maioria dos que são esfolados pelo banditismo fiscal para pagar a fraude; onde qualquer Mexia administrador no sector energético é igual ao consumidor que paga facturas astronómicas para que uma empresa que devia ser pública faça investimentos com os lucros em jogos de bolsa; enfim, eu humilde bramante de fundo de escadaria, sou igual ao deputado europeu que ao fim de uma década se reforma com 9000 euros mensais.

Mandela enquanto indigena
Esclarecidas estas dúvidas, quilómetros de escrita e prédicas à frente, a unanimidade é muda sobre o essencial; não diz que Nelson Mandela esteve preso 27 anos porque era comunista; quem desferiu o golpe mortal que abateu o regime racista sul-africano foi a politica posta em prática de solidariedade internacionalista de Fidel Castro (que não é prémio nóbel) na batalha do Cuito Canavale; e por último, depois da intervenção do imperialismo norte-americano que ajudou a conciliar as partes, vencidos e vencedores-derrotados, esconde que o apartheid não foi de todo extirpado (1). Efectivamente Mandela parece ser eterno; infelizmente a rede de Bancos Centrais que rege o capital internacional sobre o neoliberalismo também parece eterna. O que é certo é que a supremacia branca (white anglo-sax) no controlo financeiro, não acabou, antes pelo contrário, reforçou-se (2)

Mandela enquanto comunista
Dando subsidios para a criação de uma nova e abastada burguesia negra perfeitamente integrada no sistema de exploração capitalista, que colocou negros ricos contra negros pobres – que ao Centro serve de intermediário a um tipo de racismo ainda mais feroz: o apartheid económico. Num país rico, a pobreza é latente, hoje ninguém pode andar nas ruas das cidades sul-africanas mais de 500 metros que não seja assaltado – nesta sociedade perfeita, o Cavaco elogiar o legado do ex-terrorista Mandela faz todo o sentido. Afinal o próprio George Soros reconheceu em 2008 que o regime sul-africano era um parceiro financeiro seguro do neoliberalismo. Citando o Mandela enquanto jovem: "Um dia o povo acordará e os impostores serão detidos!"
Mandela enquanto preso politico
(1) “If there is a country that has committed unspeakable atrocities in the world, it is the United States of America. They don’t care for human beings” (Nelson Mandela, enquanto preso politico)

(2) Mais uma Tribo no reino neoliberal. Quem é Jacob Zuma, o sucessor de MandelaZe'ev Krengel, chairman of the South African Board of Governors, mentioned that thanks to the "contacts between Goldstein and Zuma, "the Jewish community could enjoy improved accessibility to the presidency"

1 comentário:

Anónimo disse...

HIPÓCRITAS!