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segunda-feira, abril 07, 2014

do "Estado Novo" passando pelo Revisionismo até ao "Liberalismo Novo" (II)

Segundo a teoria marxista-leninista existem três condições básicas para a insurreição proletária, e nestas outras tantas subdivisões: 1. a Estratégia e Táctica como ciência da direcção do proletariado na luta de classes 2. as Etapas para o socialismo 3. os Fluxos e Refluxos do movimento revolucionário 4. a Direcção estratégica 5. a Direcção Táctica 6. distinguir o Reformismo da via Revolucionária.
O primeiro preceito é a concentração contra o ponto mais vulnerável do adversário. E esse ponto é a Guerra e a degradação provocada por esta; foi-o em 1917 na Rússia, assim foi em 1974 com a guerra colonial em Portugal (quando o MRPP foi o único partido a lançar a palavra de ordem "Nem mais um soldado para as colónias"), assim é hoje com o envolvimento nas guerras de agressão imperialista levadas a cabo pela Nato/Estados Unidos.

é o social-fascismo que estigmatiza os Comunistas
Se no 25 de Abril a insurreição foi travada pela concertação dos partidos reformistas com uma burguesia nacional que mais não pretendia senão "modernizar" a exploração capitalista socorrendo-se do apoio da grande burguesia transnacional, tal aconteceu porque nenhum dos partidos ditos de esquerda, com o Partido dito Comunista à cabeça, teve como linha de acção uma prática marxista-leninista: "Uma vez começada a insurreição, deve-se agir com a maior decisão, passar à ofensiva. A defensiva é a morte de qualquer insurreição armada... É preciso surpreender os adversários enquanto as suas forças estão dispersas (…) em suma, seguir as palavras de Danton, o maior mestre de táctica revolucionária até agora conhecido: “de l'audace, de l'audace encore de l'audace" (Marx, Ensaios Históricos, 1850).

E no contexto do 25 de Abril, o que fez Álvaro Cunhal? tentou conciliar os interesses da classe dos trabalhadores com os interesses dos capitalistas - os quais se apressaram a fazer uma conferência de imprensa para declarar que "o capital podia ser posto ao serviço da revolução" (sic) uma infantil manobra de diversão para os que não estavam nada interessados em abrir mão dos monopólios, antes pelo contrário, ávidos de os expandir, como se viria a verificar a partir do 25 de Novembro de 1975 - por outro lado, o PCP de Cunhal também não perderá muito tempo e em breve se relacionará com os diplomatas norte-americanos colocados em Lisboa, transmitindo-lhes que “não pensava que este fosse o momento para realizar negociações sobre a retirada da base das Lajes e que elas deviam ser adiadas até o assunto poder ser tratado no contexto mais amplo da détente entre Leste e Ocidente” (Como sempre sob a tutela da União Soviética através para financiar e promover o revisionismo dito comunista, isto numa altura em que se tornava evidente a cisão ideológica Sino-Soviética) na sequência do que o embaixador elogia o lider do PCP afirmando que "ele fala com sensatez, com cuidado e em tom contido (…) na minha inocência, deixou-me a impressão de um homem com quem se pode tratar franca e directamente do outro lado da mesa" seguindo-se uma “homilia” sobre a justeza das reivindicações operárias e, finalmente, (segundo Stuart Nash Scott e conforme divulgado pela wikileaks nos "Kissinger Cables") por um ataque à extrema-esquerda, rotulada por Cunhal como sendo o “inimigo fundamental”.

O Reformismo é uma ideologia transviada pela qual o movimento operário em Portugal se deixou iludir, razão pela qual se fundará na década de 70 o "Movimento Reorganizativo do Partido do Proletariado"(MRPP). Tratava-se, como se trata ainda hoje, de debelar uma doença crónica:
Em 1964 Álvaro Cunhal, secretário-geral do PCP apresentou as tarefas do partido na revolução democrática e nacional, com o titulo “Rumo à Vitória”. A páginas 122-23 dessa tese publicada nas edições Avante, pode ler-se:
“Ultimamente, tem-se falado muito nas relações do governo fascista de Salazar, com o governo da República Popular da China. Sabe-se que uma das colónias portuguesas ainda existentes é a cidade chinesa de Macau. Pode parecer estranho que, num momento em que os povos das colónias africanas, apesar da desvantajosa situação geográfica, se levantam de armas na mão na luta pela sua independência, o governo da República Popular da China (RPC), ao mesmo tempo que tem uma posição de solidariedade para com os povos africanos, faça silêncio sobre o domínio colonialista fascista em Macau e tenha aí com o governo de Salazar as relações mais cordiais (…) nós podemos compreender essa posição da RPC e esteja interessada em manter em Macau uma porta aberta para o seu comércio, por onde recebe anualmente mercadorias no valor de meio milhão de contos e por onde vai fazendo sair os seus próprios produtos a troco das divisas que lhe são necessárias. (…) Já de há muito os salazaristas, fazem aberto namoro à República Popular da China. Os ministros, os deputados, os jornalistas fascistas constantemente tecem elogios ao exemplo de “boa vizinhança” e compreensão, às relações amistosas com o governo da China. Dum ministro das colónias pudemos ouvir palavras agradáveis acerca do camarada Mao Tsé-Tung (Adriano Moreira em 4-3-62). No “Diário da Manhã”, órgão do partido fascista, pudemos ler a defesa apaixonada da posição da China no conflito sino-indiano, pondo-se também em contraste a posição da China respeitando a soberania de Macau e a posição da ìndia libertando Goa, Damão e Diu (“Diário da Manhã”, 17-11-62). E, ainda que por considerações diferentes, em Portugal circula, mais ou menos livremente, o jornal “Informação de Pequim”, ao mesmo tempo que são ferozmente proibidas quaisquer publicações marxistas
Marxistas, dizem eles 
Cunhal enfiou no aparelho de Estado burguês o máximo que conseguiu de militantes do partido, onde fizeram carreira... Marimbando-se para o básico da prática marxista sobre a Insurreição: “Não brincar nunca com com a insurreição e, uma vez iniciada, saber firmemente que é preciso ir até ao fim. É necessário concentrar no lugar e momentos decisivos forças muito superiores às do inimigo; de contrário este, melhor preparado e organizado, aniquilará os insurrectos. Uma vez começada a insurreição, é preciso proceder com a maior decisão e passar, custe o que custar, à ofensiva, mantendo a todo o custo a superioridade moral. A defensiva é a morte da insurreição armada,” (Lenine, “Conselhos de um Ausente”, 1917). “Pode-se considerar que chegou o momento da batalha decisiva quando todas as forças de classe que nos são adversas estiverem completamente mergulhadas na confusão. E é preciso que a vanguarda não perca de vista o objectivo fundamental da luta… seguir uma conduta errónea é aquilo a que os homens do mar chamam perder o rumo (...) Foi como se o Partido, no caso o PCP, se tivesse esquecido, naquele momento, de que as manobras para montar um Parlamento era uma tentativa da burguesia de desviar o país do caminho as assembleias de trabalhadores (o equivalente aos “sovietes”) para o caminho do parlamentarismo burguês. Na revolução russa, o erro de se transplantar para ali a palavra de ordem “Todo o Poder aos Sovietes” foi corrigido com a retirada dos bolcheviques do Parlamento. "Devemos participar nesses trabalhos, com a finalidade de facilitar aos trabalhadores a compreensão, por experiência própria, da inutilidade de um tal tipo de Parlamento, explicar pacientemente os erros dos partidos pequeno-burgueses, as manipulações ocultas dos programas da grande burguesia. A classe revolucionária aprende a compreendê-lo pela sua própria e amarga experiência” da impossibilidade de se chegar a uma conciliação com o czarismo" (Lenine, “Sobre a Importância do Ouro”, 1922). No nosso caso, com o neoliberalismo.

Em 2004, Arnaldo Matos, ex-secretário geral do MRPP no tempo da Revolução pós-25 de Abril, dava uma entrevista a um jornal…estas três respostas a três perguntas – tão actuais – contrapõem-se excelentemente a uma lacrimejante revisão da história
P. "Qual foi o papel do PCTP/MRPP em todo o processo de mudança em Portugal?
Arnaldo Matos - Foi o papel de um pequeno partido marxista-leninista: denunciar o revisionismo e o oportunismo, organizar a classe operária e mobilizar o povo para as tarefas da Revolução. Por isso, foi sempre visto como o figadal inimigo do MFA, do PCP, do PS, do PPD, do CDS e da UDP e de todos quantos apareceram para se instalar no poder e ainda lá estão instalados.
P. Na sua opinião, o que é que falhou na Revolução?
Arnaldo Matos - Não falhou nada. Não estavam reunidas na altura, e não o estão hoje, as condições objectivas e subjectivas para ir mais além. Mas a Revolução, como uma velha toupeira, continua a socavar o seu caminho, e haverá de ressurgir, mais cedo ou mais tarde, precisamente na luta contra a globalização.
P. Que análise faz à participação e actuação dos sindicatos e partidos, quer em termos de parlamento, quer no discurso dirigido à sociedade civil?
Arnaldo Matos - Os sindicatos ainda não perceberam qual é o papel que lhes cabe hoje. Não compreenderam as modificações profundas que se operaram nas suas bases de apoio, não alcançaram o significado das alterações nas relações de produção da mais-valia e não entenderam, designadamente, o sentido e o alcance das novas tarefas política internacionalistas que a globalização lhes impõem. Quanto aos partidos, estamos conversados: os da direita estão satisfeitos, porque estão no poder, e os outros estão satisfeitos, porque lambem as migalhas do poder". É fartar, vilanagem!

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