Pesquisar neste blogue

domingo, abril 19, 2015

a imprensa mainstream pretende fazer crer que é coisa pouca, que todos se abotoam com "uns trocos" - e liga Rodrigo Rato a outros casos de corrupção no FMI. Não, não é só isso...

Foi ministro de Economía entre 1996 e 2004 ( melhor de sempre segundo Rajoy), 2ºvice-presidente no governo de Aznar (o das Lages) e como tal recompensado com o cargo de director do FMI entre 2004 e 2007. Posteriormente assumiu o cargo de presidente das instituições financeiras Caja Madrid e Bankia , em cuja gestão está implicado em diversos ilicitos. or exemplo, o DN relativiza a gravidade do caso ligando a noticia a outros três directores do FMI que também tiveram azar, incluindo Christine Lagarde implicada noutros crimes enquanto ministra em França. Repositório que é  todo um modo de vida e pretende safar o Rato de outras ratoeiras.
Grande esperança da direita neoconservadora espanhola, o Partido Popular de José Maria Aznar (2) viu-se agora na contigência de expulsar o seu ex-vice-primeiro ministro Rodrigo Rato, já indiciado por fraude, apropriação indevida, delitos fiscais, "improbidade", branqueamento de capitais e outros crimes financeiros. Rato e outros ex-directores do banco Bankia estão a ser investigados sobre a entrada do Bankia na Bolsa em Julho de 2011 e subsquente gestão que levou o banco à falência, obrigando a Espanha a recorrer... ao FMI (2). Ao todo, a Rodrigo Rato e a outros quatro imputados caberá pagar uma fatia de 133,3 milhões de euros conforme apurado no âmbito das investigações. Além de tudo isto, o Fisco pretende saber de onde provém e como foi legalizado o património de Rato calculado em 26,6 milhões de euros (3). Para principio de conversa com as autoridades, teria utilizado contas em nome de três filhos para ocultar cerca de 2,6 milhões de euros, através de uma sociedade sediada no off-shore de Gibraltar. Mas não só. Tal como no caso BES em Portugal o Rato espanhol tem uma rede empresarial e filiais off-shore que terão de ser quantificadas. Detido na tarde de quinta-feira, três horas depois foi libertado, porém à espera que prossigam as buscas de documentos na sua mansão El Molino.
Na abissal gruta neoliberal global, o Alí Babá espanhol passou por um gestor milagroso, quando existem 705 pessoas com exposição politica em altos cargos politicos e judiciais que estão também sendo investigados por corrupção e delitos graves contra o Erário Público, um número residual em relação aos 40.000 prevaricadores que em 2012 foram perdoados por uma Amnistia Fiscal (3). Mas na lista de nomes de delinquentes ficais que subsistem não estão referenciados nem autarcas nem empresários, pelo que o número de indiciados poderia ser enormíssimo (4). Poderia esta lista caso levada às últimas consequências remover em definitivo o cimento que alicerça o regime espanhol transmitido directamente do Fascismo para uma Monarquia corrupta em 1978?.

notas
(1) Para entender os "passarões" do Partido Popular, o partido da Opus Dei.
(2) a presidente Cristina Kirchner comentou a performance de Rodrigo Rato no FMI: "um dos que nos vieram dizer a nós como teríamos de dirigir a nossa politica económica... está agora preso por lavagem de dinheiro (...) mesmo assim, atreveram-se a falar de corrupção na política argentina"
(3) No mesmo conferência de imprensa em que foi alvo da palhaçada da jovem Josephine Witt, no minuto seguinte, Mario Draghi avisou a Espanha que teria de aprofundar as reformas nas leis laborais, presumivelmente porque o dinheiro para pagar salários não abunda em Espanha
(3) A directora da Agencia Tributária que em 2012 se negou a investigar a corrupção na Amnistía Fiscal foi chefe de gabinete de Rato
(4) Governo de Mariano Rajoy sabia desde Setembro que a Agência Tributária tinha indiciado Rato

Sem comentários: