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quarta-feira, julho 08, 2015

bate-papo entre liberais em busca da reciclagem do capitalismo

porque o Verão não tem de ser tempo de literatura light, um livro recomendado pelo professor Carlos Fiolhais: onde se aprende sobretudo pelo que fica omisso em relação à disciplina de Economia Politica

respigado da sinopse do livro: 
"Pensando no que aconteceu em 2007 e 2008 —, o certo é que muitos economistas não foram capazes de prever esse momento crítico, tanto à escala dos Estados Unidos como global.

Paul Krugman: não, não previ propriamente… Pensei que alguma coisa iria correr mal, mas a uma escala que nada tinha que ver com a daquilo que realmente se passou. Pensei que a bolha do imobiliário seria feia, mas a escala do desastre foi um choque para mim (…) Não previ a crise, mas fomos muitos a dizer depois: Ouçam, não acreditem naqueles que passam o tempo a dizer‑nos que a emissão de dinheiro pelos bancos centrais vai causar uma inflação galopante, que os défices orçamentais vão repercutir‑se desastrosamente sobre as taxas de juro… Não é assim que as coisas se passam...

não há inflação? e juros sobre a dívida? há?
Joseph Stiglitz: parece‑me, entre outras coisas, que a recuperação económica não tem corrido especialmente bem, e também claro que a política monetária não é uma resposta suficiente. Pouco pode fazer. Penso que o Paul tem razão quando diz que os medos — todo esse discurso que pretendia que a impressão de papel‑moeda, ou como se lhe queira chamar, seria inflacionista eram absurdos, e que isso ficou demonstrado. Mas também é verdade que houve economistas que pensaram que a política monetária resolveria os problemas. Bem, vocês sabem como costumo descrever o raciocínio deles, quer dizer, a ideia de que pôr os bancos e os hospitais durante um ano e meio a darem‑lhes não uma transfusão de sangue, mas uns quantos milhares de milhões de dólares melhoraria as coisas e poria a economia de novo a funcionar. É evidente que não tinham razão e que havia necessidade de uma política orçamental efectiva, de estímulos efectivos, e a verdade é que, em termos fundamentais, a economia estava já em quebra antes da crise, servindo‑se da bolha para continuar a funcionar.

Thomas Piketty: penso que a ideologia faz sentir muito o seu peso entre os economistas e que muitos deles têm uma visão do mercado que não só é idealista e ingénua, como tenta sobretudo demonstrar que os mercados funcionam eficazmente, funcionam perfeitamente bem. Julgo que é igualmente por razões ideológicas que os economistas perdem por vezes muito tempo a construir modelos matemáticos complicados, tentando provar a eficiência dos mercados de um modo que impressione as outras disciplinas por meio dessas construções que dão uma aparência mais científica às suas ideias

Paul Krugman: Pode parecer uma brincadeira, mas é isso mesmo que se passa.

Thomas Piketty: A nossa única vantagem por comparação com as outras pessoas é que somos pagos para recolher dados e tentar compreender os mecanismos ou modelos sociais e económicos que possam explicá‑los, e teremos de ser modestos, de nos contentar com progressos limitados, se quisermos ser úteis, embora nem sempre seja evidente que os economistas produzam um trabalho muito útil".

1 comentário:

Thor disse...

que o capitalismo é nojento, todos concordamos.
agora a solução e alternativa não pode ser capitalismo selvagem de estado, vulgo comunismo. isto segundo palavras do dissidente da KGB Thomas Schuman A.k.a. Yuri Bezmenov. como ele esteve lá dentro e conhece aquilo por dentro, julgo ter ele alguma credibilidade.